Greenpeace realiza sobrevoo na região afetada pela seca severa do Médio Solimões, no Amazonas

Além das zonas urbanas, a vazante do rio já isolou mais de 30 comunidades ribeirinhas e indígenas, o que impactou em centenas de crianças que não podem mais ir as escolas.

Rio Solimões vem batendo recordes de seca neste ano de 2024. Foto: Reprodução/Greenpeace

Uma equipe de ativistas ambientais do Greenpeace Brasil realizou um sobrevoo na região central do Amazonas. A ação registrou a seca severa que atinge a região do médio Rio Solimões. Todos os oito municípios próximas a área sobrevoada estão em situação de emergência.

Além das zonas urbanas, a vazante do rio já isolou mais de 30 comunidades ribeirinhas e indígenas, o que impactou em centenas de crianças que não podem mais ir as escolas.

“Umas 500 a 800 crianças estão fora de sala de aula devido a estiagem, porque hoje não tem como chegar, esse calendário de hoje teve que parar”, explicou Tomé Fernandes Cruz , conselheiro de educação indígena do Médio Solimões.

O Lago Tefé, que banha o município, em período normal chega a medir 5 metros, mas de acordo com a Defesa Civil Municipal, atualmente a cota está abaixo de 1 metro.

O ambientalista do Greenpeace, Rômulo Batista, afirmou que esse cenário vai ficar mais comum e fez um alerta.

“Se a gente não cuidar, não diminuir o desmatamento, na verdade zerar o desmatamento no Brasil, que é a principal fonte de gases de efeito estufa, a gente pode sofrer ainda mais os efeitos dessa crise climática”, disse o ambientalista.

Lago Tefé. Foto: Reprodução/INPE

Protesto

No dia 20 de setembro, o Greenpeace fez um protesto exibindo, em um banco de areia, a mensagem ‘Who Pays’? que em tradução literal significa “quem paga?”. A manifestação ocorreu em um dos principais rios da bacia amazônica que sofre com a pior seca já registrada.

A seca reduziu o nível da água do Rio Solimões a níveis sem precedentes, expondo o leito do rio em frente à cidade de Manacapuru, um pouco rio acima da capital Manaus, onde se junta ao Rio Negro para formar o poderoso Amazonas.

É o segundo ano consecutivo de seca crítica que tem deixado marcas na floresta tropical, alimentando grandes incêndios florestais e deixando comunidades ribeirinhas isoladas por falta de transporte, pois os rios se tornaram muito rasos para a passagem de barcos.

Seca severa

O Amazonas vive um cenário ambiental crítico devido à combinação de seca dos rios e queimadas. Segundo dados divulgados pelo governo estadual em agosto, a seca já afeta mais de 560 mil pessoas. Cidades têm dificuldades de receber insumos, há aumento no preço de produtos e comunidades indígenas e ribeirinhas podem ficar isoladas.

Todos os 62 municípios do Amazonas foram declarados em estado de emergência devido à seca severa e às queimadas que afetam o estado este ano. A informação foi divulga pelo governador Wilson Lima, que também assinou um decreto para declarar situação de emergência em saúde pública em razão do período de vazante dos rios.

*Por Karla Melo, da Rede Amazônica AM

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