Greenpeace denuncia garimpo na Terra Indígena Sete de Setembro, em Rondônia

Levantamento foi realizado via sistema de monitoramento remoto e mostra aumento da área acumulada de garimpo nos últimos anos, que tem ameaçado o povo Paiter Suruí.

Registro de garimpo dentro da Terra Indígena Sete de Setembro obtido pelo Greenpeace. Foto: Reprodução/Greenpeace

O Greenpeace Brasil publicou uma denúncia sobre a presença de garimpeiros ilegais dentro da Terra Indígena Sete de Setembro, do povo Paiter Suruí, localizada entre os municípios de Cacoal e Espigão D’Oeste, em Rondônia.

A TI possui área total de 248 mil hectares e sua maior porção (60%) está localizada no município de Rondolândia.

Leia também: Através do cultivo de frutos nativos, povo Paiter Suruí reverteu desmatamento da Terra Indígena Sete de Setembro

De acordo com a organização, através das imagens de satélite, foi identificada uma área de 78 hectares de atividade garimpeira, equivalente a 109 campos de futebol. O garimpo está concentrado principalmente nas ramificações do rio Fortuninha, na região central da Terra Indígena, e nos braços do rio Fortuna, na parte nordeste do território.

“É urgente e necessário que as autoridades tomem medidas de proteção ao povo Paiter Suruí, realizem ações de fiscalização e monitoramento da atividade garimpeira e promovam ações de desintrusão dos invasores”, pontuam na publicação.

Ainda segundo o Greenpeace, o garimpo é um problema na TI Sete de Setembro há mais de uma década. Em 2024, o Greenpeace realizou um levantamento para denunciar o avanço do garimpo no sul do Amazonas. A área destruída dentro da Terra Indígena era de 55 hectares, em 2022, e foi para 72,16 hectares em 2024. O povo Paiter Suruí enfrenta um crescente aumento de conflitos territoriais entre invasores e as comunidades locais, que resistem a diversas formas de pressão para a apropriação e exploração de seus recursos.

Mapa comparativo da área de garimpo entre junho de 2023 e janeiro de 2025. Fonte: Departamento de Pesquisa do Greenpeace Brasil

A Terra Indígena Sete de Setembro é um território rico em diamantes, ouro e cassiterita e por causa disso, tem atraído atenção de garimpeiros que têm migrado de outros estados para dentro do território indígena.

“O garimpo dentro das Terras Indígenas causa inúmeras consequências. Além da desestruturação social, ameaças à saúde e atos de violência contra povos indígenas e comunidades tradicionais, o garimpo destrói o meio ambiente com o desmatamento e contamina, com mercúrio, os recursos hídricos, o solo, os animais e a floresta”, afirma Jorge Eduardo Dantas, porta-voz da Frente de Povos Indígenas do Greenpeace Brasil.

Dados do PRODES apontam que o desmatamento atingiu seu pico em 2021 com a perda alarmante de 1.420 hectares de vegetação. No total, mais de 5.000 ha já foram desmatados no território.

“As escavadeiras, observadas nos registros obtidos, exercem um papel devastador na abertura de novas áreas de exploração. Uma máquina dessas realiza em um dia o trabalho que cerca de três homens levariam quarenta dias para fazer”, ressalta Jorge Eduardo Dantas.

“É necessário, cada vez mais, que as autoridades possam estruturar políticas públicas robustas capazes de atender as populações amazônidas e oferecer alternativas econômicas contrárias a essa prática predatória e criminosa”, completa.  

O mapeamento dos garimpos em Terras Indígenas é realizado por meio de alertas gerados por radar e sensores ópticos, utilizando os sistemas GLAD (Global Analysis and Discovery) e RADD (Radar for Detecting Deforestation) na ferramenta interna do Greenpeace, batizada de ‘Papa Alpha’. A acurácia dos alertas para garimpo é confirmada através das imagens de satélite dos sistemas Planet Lab e Sentinel-2. As informações enviadas por parceiros que estiveram em áreas de garimpo dentro da Terra Indígena entre 10 e 22 de novembro de 2024 e em 22 de janeiro de 2025 reforçam os registros das imagens de satélite.

*Com informações do Greenpeace

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