Estudo analisa floração de cianobactérias em 3 praias no Pará

Análise buscou compreender a extensão e os impactos de uma floração de cianobactérias, avaliando a presença de toxinas associadas e seus possíveis efeitos ambientais e à saúde pública.

Coleta de amostras de água em Alter do Chão. Foto: Divulgação/Acervo da pesquisa

A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) divulgou relatório técnico com os resultados das análises da concentração de microcistinas (toxina de cianobactérias) e da abundância de cianobactérias presentes nas águas das praias de Ponta de Pedras e Alter do Chão (em Santarém) e Pindobal (em Belterra), situadas na margem direita do rio Tapajós.

A ação investigou uma floração de cianobactérias ocorrida em janeiro deste ano, quando uma densa massa verde foi identificada nessas praias, causando preocupação na população.

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O estudo foi realizado por meio do projeto Águas do Tapajós, coordenado pela pesquisadora Dávia Talgatti, do Campus Oriximiná da Ufopa. A análise da água coletada mostra que as florações foram formadas predominantemente por cianobactérias (filo Cyanobacteria) das ordens Chroococcales e Nostocales.

Os parâmetros limnológicos analisados apresentaram variações dentro dos padrões esperados para o rio Tapajós, indicando condições relativamente estáveis de balneabilidade e preservação da fauna aquática das praias em que foram colhidas as amostras.

No entanto, a presença de florações de cianobactérias sinaliza alterações na qualidade da água, evidenciadas pelas concentrações de microcistinas detectadas e pela quantidade de indivíduos do grupo das cianobactérias.

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“Embora os valores observados estejam abaixo do limite recomendado para águas recreacionais segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), eles ultrapassam o limite estabelecido para consumo humano, indicando potenciais riscos à saúde das populações ribeirinhas que utilizam a água para consumo, banho e outras atividades domésticas”, destaca o relatório.

Riscos à saúde humana e impactos ecológicos

As concentrações de microcistinas (MCs) nas praias de Ponta de Pedras, Alter do Chão e Pindobal estão dentro do limite de segurança para águas recreacionais recomendado pela OMS, porém dentro do nível de alerta 1.

É necessário que a população fique atenta a possíveis formações mais densas de cianobactérias, que poderiam vir a formar maiores concentrações de MCs. No artigo Recomenda-se evitar atividades que podem favorecer a ingestão de água pela boca e pelo nariz, especialmente crianças.

Coleta de amostras de água em Alter do Chão. Foto: Divulgação/Acervo da pesquisa

O estudo reforça que, sob a perspectiva recreacional, essas águas não representam um risco imediato para turistas e banhistas, mas evidenciam uma preocupação significativa quando se considera o uso dessa água para consumo humano – uma realidade comum entre as comunidades ribeirinhas da região.

O estudo

O estudo foi feito por professores, técnicos e alunos do Laboratório de Águas e Plantas da Amazônia (Lapam), situado no Campus Oriximiná, e do Laboratório de Estudos de Impactos Ambientais (Leia), situado no Campus Santarém, ambos da Ufopa.

“Os dados discutidos no relatório técnico estão diretamente relacionados à ocorrência de uma floração de cianobactérias registrada no dia 6 de janeiro de 2025, um evento de grande relevância para a qualidade da água na região”, afirma o técnico do Leia, Fernando Abreu Oliveira.

A pesquisa buscou compreender a extensão e os impactos dessa floração, avaliando a presença de toxinas associadas e seus possíveis efeitos ambientais e à saúde pública. Além disso, o relatório destaca a importância do monitoramento contínuo e sugere medidas para a mitigação dos riscos decorrentes desse fenômeno.

“Os resultados obtidos oferecem informações essenciais para o desenvolvimento de estratégias de gestão ambiental, prevenção da contaminação e mitigação dos impactos associados à proliferação de cianobactérias. Assim, esse estudo busca contribuir diretamente para a formulação de políticas de conservação e para a segurança hídrica das comunidades locais e visitantes do rio Tapajós”, explica Mayerly Alexandra Guerrero Moreno, doutoranda do Programa de Pós-graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND) da Ufopa.

Confira mais detalhes da análise: Relatório Técnico: Análise de microcistinas nas águas das praias de Ponta de Pedras, Alter do Chão (Santarém – PA) e Pindobal (Belterra – PA)

*Com informações da Ufopa

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