Debates em torno do novo plano científico também consideraram metodologias que serão empregadas.
O AmazonFACE estabeleceu cinco áreas prioritárias de pesquisa do programa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A decisão ocorreu durante a reunião anual do comitê diretivo científico que foi realizada em Manaus (AM), em outubro. Os debates também incluíram o novo plano científico e as metodologias para obtenção de dados que serão estabelecidas para a fase de testes do experimento.
Cerca de 70 pessoas participaram da reunião, incluindo membros do comitê científico do AmazonFACE, pesquisadores, conselheiros, representantes dos financiadores do projeto e da fundação que gerencia os recursos recebidos pelo governo britânico.
O AmazonFACE é o experimento científico que envolve o aumento da concentração de dióxido de carbono na atmosfera (CO2) sobre um ambiente controlado de uma pequena parcela de floresta para compreender como a Amazônia vai reagir. A combinação da experimentação na floresta e modelos matemáticos (modelos ecossistêmicos) trarão respostas-chave para entender o futuro da floresta amazônica perante as mudanças climáticas. Esta é a primeira vez que a tecnologia FACE (Free-air CO2 Enrichment) será aplicada em uma floresta tropical hiperdiversa.
“É preciso pensamento revolucionário para pensar ciência revolucionária”, afirmou o diretor do Departamento para o Clima e Sustentabilidade da Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do MCTI, Osvaldo Moraes, durante a reunião.
Para o coordenador científico do programa e pesquisador sênior do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, Carlos Alberto Quesada, o projeto dedica-se a compreender o que acontecerá com a maior floresta tropical no futuro. “O AmazonFACE é um programa dedicado a olhar por uma janela para o futuro e tentar entender o nosso futuro, o que vai acontecer com a Amazônia”, disse.
A pesquisa abrange diversas questões ecossistêmicas e, após nove anos de trabalho, o comitê científico reorganizou os grupos em cinco áreas prioritárias:
– carbono, liderada pelo professor Richard Norby, da University of Tennessee Knoxville, nos Estados Unidos;
– água, liderada pelo professor da USP de Ribeirão Preto Tomás Domingues;
– nutrientes liderada pelo professor Ian Hartley, da University of Exeter, no Reino Unido;
– biodiversidade, liderada pela professora Adriane Esquivel-Muelbert da University of Birmingham, do Reino Unido;
– socioambiental, liderado pelo professor da Unicamp, Marko Monteiro.
“Apesar de termos hipóteses, simplesmente não sabemos o que vai acontecer, como elas [as plantas] vão se adaptar”, afirmou Izabela Aleixo, pós-doutoranda no Inpa, ao explicar que o rápido aumento na concentração de CO2 é uma condição que a atual vegetação nunca teve de se adaptar e que experimentalmente é a única forma de se obter essas respostas.
Transferência das torres
O projeto busca financiamento adicional para o fornecimento de dióxido de carbono para os dez anos de duração do experimento.
“O processo de armazenamento de carbono é um processo lento e, por isso, precisamos de dez anos de experimento para ver alguma mudança significativa”,
ressaltou o pesquisador da Unicamp e também coordenador científico do AmazonFACE, David Lapola.