Cacau na Transamazônica: 30 pesquisas sobre a cacauicultura estão em curso na região

Segundo dados do IBGE, a cacauicultura é a principal atividade agrícola geradora de renda da região.

Se o Estado do Pará tem destaque como responsável por 53,3% da produção nacional de cacau, isso se deve ao cultivo existente na Região de Integração do Xingu, composta por 10 municípios localizados às margens da Rodovia Transamazônica, no Sudoeste do estado do Pará.

Juntos, os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, Senador José Porfirio, Uruará e Vitória do Xingu possuem uma área cultivada de 113,5 mil hectares, representando uma produção de aproximadamente 120 mil toneladas de amêndoas. Os dados fazem parte da base de dados Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) relativa ao ano de 2022, que considera a cacauicultura como a principal atividade agrícola geradora de renda nessa região.

É nessa área que estão sendo desenvolvidos 30 Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação sobre a cadeia produtiva do cacau, a partir de uma turma ofertada fora de sede do Programa de Pós-graduação em Agronomia (PgAGRO) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). 

Os estudos são realizados em parceria com a Universidade Federal do Pará (Ufpa), campus Altamira e financiados com recursos do Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (PDRSX), do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).

Aulas ocorrem na região de integração do Xingu. Foto: Reprodução/Arquivo do programa

Segundo o professor Marcos Santos, coordenador do programa pela Ufra, essa região responde por 19,2% da área total cultivada e detém 43,2% da produção brasileira de cacau. 

“Essa região é um dos principais polos de produção de cacau do Brasil e da América Latina e também se destaca em termos de produtividade. A média nacional é de apenas 465 kg de amêndoas por hectare, mas na Região do Xingu, em municípios como Medicilândia, essa média é de aproximadamente 1.200 kg por hectare”, explica o professor. Segundo ele, ainda há potencial de ampliar substancialmente essa produtividade a partir da adoção de inovações tecnológicas nos sistemas de produção. 

Projetos 

Entre os dias 19 e 24 de fevereiro, as pesquisas serão apresentadas no município de Altamira e passarão por uma avaliação prévia dos docentes do PPGAGRO e da UFPA. No total, 21 mestrandos e 09 de doutorados concentram suas pesquisas nas áreas de Ciência do Solo; Fitotecnia; Fitossanidade; Engenharia Agrícola; Economia Agrária e dos Recursos Naturais. 

“Essas áreas e as demandas pelos estudos foram apresentadas por produtores, agricultores, técnicos e demais integrantes que atuam no cultivo do cacau, e refletem as necessidades da cadeia produtiva para aumentar seus níveis de competitividade e sustentabilidade”, explica o coordenador. 

Projetos foram pensados a partir das necessidades da cadeia produtiva do cacau. Foto: arquivo do programa

Além de temas como diversidade genética, uso de biofertilizantes naturais e fermentação de amêndoas, pensados como forma de tornar a produção mais eficiente e competitiva, as pesquisas também envolvem estudos sobre sucessão familiar rural e até um mapeamento do potencial de uma rota turística “do cacau ao chocolate” nas fazendas da transamazônica.

“A cadeia produtiva do cacau na região do Xingu tem experimentado um crescimento expressivo, mas é necessário avançar em termos de competitividade e sustentabilidade, a fim de impulsionar a autossuficiência do Brasil no setor e permitir que os produtores acessem mercados internacionais exigentes, que demandam um produto com rastreabilidade e qualidade que atendam aos padrões internacionais”, explica.

A formação de capital humano, ou seja, de pesquisadores que moram e atuam com cacau no Xingu, é um dos principais objetivos do programa. “Das áreas de plantio de cacau na região, pelo menos 95% é agricultura familiar. São municípios com a economia voltada para essa cultura, então é muito importante ter profissionais preparados para compreender sobre fitotecnia, fitossanidade, agregação de valor e mercado cacaueiro”, diz.

Pesquisadores em formação moram e atuam com cacau no Xingu. Foto: Reprodução/Arquivo do programa

Cacau no Pará 

A cadeia produtiva da cacauicultura é uma das mais importantes do agronegócio paraense. Segundo dados do IBGE, o cacau é a quarto produto mais importante na composição do valor da produção agrícola paraense, sendo suplantado apenas pelas culturas da soja, açaí e mandioca. O relatório “Previsão de Safra de Cacau no Estado do Pará”, produzido em 2023 pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e Fundo de Desenvolvimento da Cacauicultura no Pará (Funcacau) destacam que 86% da representatividade na produção de cacau no estado do Pará tem a sua prevalência na região da Transamazônica, seguido pelo Sudeste Paraense (7%), Nordeste Paraense (4%), Ilhas (2,0%) e Oeste Paraense (1,0%).

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