Em todo o mês, 1.224 km² foram destruídos, considerado a pior marca do mês de setembro em 10 anos
Um relatório divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostra que a Amazônia perdeu, diariamente, uma área de floresta maior do que 4 mil campos de futebol durante o mês de setembro. Em todo o mês, 1.224 km² foram devastados, tamanho correspondente a cidade do Rio de Janeiro, considerado a pior marca para setembro em 10 anos.
Desde janeiro de 2021, o acumulado de áreas desmatadas chegou a 8.939 km², 39% a mais do que no mesmo período em 2020. No caso de setembro, o aumento do índice foi de apenas 1% em comparação ao ano passado, que alcançou a marca de 1.218 km² em 2020.
Esses dados mostram que o Brasil precisa apresentar ações mais efetivas para proteger a Amazônia na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP-26), que inicia no dia 31 de outubro em Glasgow, na Escócia.
“A intensificação do desmatamento na Amazônia Legal não favorece a imagem do Brasil na COP-26. É necessário que o país adote urgentemente medidas significativas para combater o desmatamento e, consequentemente, reduzir as emissões dos gases de efeito estufa”, afirma a pesquisadora do Imazon Larissa Amorim.
De acordo com a especialista, entre as mudanças necessárias, estão o aumento da fiscalização nos locais mais afetados pelo desmatamento, embargo de áreas destruídas de forma ilegal e punição dos responsáveis.
“Além disso, um estudo do Imazon indicou que quase 30% da Amazônia Legal é formada por terras públicas que ainda não possuem um uso definido. Ou seja, para reduzir o desmatamento, também é necessário torná-las áreas protegidas, como terras indígenas, unidades de conservação e territórios quilombolas”, completa Amorim.
Desde o mês de maio, o estado que mais desmatou na região da Amazônia é o Pará, com uma parcela de 39% do total da área destruída, com 474 km². Essa área corresponde a quase metade do território de Belém.
Em relação às áreas protegidas, seis das 10 terras indígenas mais afetadas pelo desmatamento em setembro estão em solo paraense. Já na lista das 10 unidades de conservação mais atingidas, metade fica no Pará.
“Entre os municípios, os quatro paraenses que ficaram no ranking dos 10 que mais desmataram na Amazônia, Portel, Pacajá, São Félix do Xingu e Itaituba, concentraram 35% da destruição da floresta no estado”, destaca o pesquisador Antônio Fonseca.
Amazonas e Rondônia foram o segundo e o terceiro estados que mais desmataram em setembro, com 261 km² (21%) e 178 km² (14%) destruídos, respectivamente. Esses dados reforçam o alerta de que a devastação está avançando na divisa desses dois estados com o Acre, que em setembro ficou em quinto no ranking dos que mais desmatam, com 118 km² (10%).