A Floresta Amazônica, bioma predominante no estado do Amazonas, abriga a maior diversidade de fauna do Brasil, com mais de 73% das espécies de mamíferos e 80% das aves do país. Além disso, estima-se que existam cerca de 30 milhões de espécies de animais, sem contar as ainda não catalogadas, incluindo mais de 1.300 aves, 311 mamíferos, 273 répteis, 232 anfíbios e 1.800 peixes continentais.
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Além da riqueza natural, a fauna amazônica tem papel essencial na cultura e nos modos de vida dos povos locais, já que práticas sustentáveis como caça, pesca e o uso medicinal de animais são comuns há gerações.
O Portal Amazônia pediu ao biólogo João Pedro Costa Gomes para destacar cinco animais que são a cara do Amazonas e representem essa complexa diversidade característica da Amazônia para a #Série ‘A cara da Amazônia’:
Boto-cor-de-rosa
Animal considerado símbolo do Amazonas, o boto-cor-de-rosa é um cetáceo exclusivo da bacia amazônica. Vive em águas calmas, principalmente nas várzeas durante a cheia, onde se alimenta de peixes e crustáceos. É uma espécie extremamente sensível à degradação dos rios, sendo ameaçada por redes de pesca, poluição e alterações ambientais.
As principais ameaças à espécie são os atropelamentos por barcos, as capturas acidentais por redes de pesca, o risco da poluição química nos rios amazônicos por estarem no topo da cadeia alimentar e a caça que, mesmo proibida desde 1967, ainda é comum.
“Inteligente, brincalhão e cercado de lendas, sua figura está na cultura popular amazônica, como protagonista de histórias que misturam sedução, encantamento e respeito pelas águas”, afirmou o mestre em Ciências Biológicas, João Pedro Costa Gomes, ao Portal Amazônia.
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Sauim-de-coleira
O sauim-de-coleira é um pequeno e ágil primata exclusivo da região metropolitana de Manaus. Com pelagem bicolor, o corpo branco e os membros escuros, ele é carismático, sociável e vive em grupos familiares.
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Infelizmente, é uma das espécies mais ameaçadas de extinção do Brasil, pois seu habitat vem sendo substituído por expansão urbana, estradas e queimadas, uma vez que sem vegetação adequada, a espécie não consegue sobreviver.
Quando combinada com fatores como a caça, o tráfico de animais, doenças, a competição com espécies invasoras e eventos climáticos extremos, a situação se agrava ainda mais.
De acordo com Costa Gomes, a sobrevivência do animal depende da conexão entre fragmentos florestais e da conservação das matas urbanas remanescentes.

Anta-amazônica
A anta, considerada o maior mamífero terrestre da América do Sul, é herbívora e percorre grandes distâncias em busca de frutos e brotos, ajudando na dispersão de sementes de inúmeras espécies arbóreas.
Além disso, sua aparência robusta esconde uma natureza tímida e pacífica, já que ela vive solitária e prefere áreas densas e com água abundante.
“Apesar de ser uma espécie resistente, a anta sofre com atropelamentos em estradas que cruzam seu habitat e com a caça ilegal’, afirmou Costa Gomes.

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Pirarucu
O pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo, pode ultrapassar os 2 metros de comprimento. O animal é um predador de topo nos ambientes aquáticos amazônicos, e seu nome vem de dois termos indígenas: pira, “peixe”, e urucum, “vermelho”, devido à cor de sua cauda.
O peixe possui como característica especial a necessidade de subir à superfície para respirar, já que sua bexiga natatória modificada funciona como pulmão.
De acordo com Costa Gomes, a carne do peixe é saborosa e valorizada, e o animal é uma espécie-alvo da pesca, mas também da conservação, já que várias reservas manejadas no Amazonas estão recuperando suas populações por meio de manejo sustentável, mostrando que é possível conservar e explorar de forma equilibrada.

Aranha-golias-comedora-de-pássaros
A aranha-golias-comedora-de-pássaros é uma das maiores caranguejeiras do mundo, podendo chegar a 30cm de tamanho corporal, incluindo as pernas. As aranhas dessa espécie são predadoras vorazes que se alimentam desde pequenos invertebrados até mesmo pássaros e roedores.
A dieta da espécie é composta por pássaros, cobras, insetos e pequenos vertebrados, como ratos e sapos.
“São aranhas que não oferecem riscos a seres humanos por não possuírem peçonha ativa e por seu comportamento defensivo ser a utilização de cerdas urticantes”, afirmou o biólogo.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar
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