Autor diz que morte do seringueiro foi “um grito ouvido no mundo”.
O jornalista e sociólogo Nilo Sérgio de Melo Diniz, de São Paulo (SP), atuou como técnico do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em 2019 lançou, pela editora Applis, a biografia “Chico Mendes — um grito no ouvido do mundo” em que mostra como a imprensa cobriu, na época dos fatos, a luta dos seringalistas. No próximo dia 19 o autor estará em Porto Velho, capital de Rondônia. Nilo Diniz oferecerá uma sessão de autógrafos e conversará com o público no Mercado Cultural (centro histórico), a partir das 18h.
Quase 34 anos após seu assassinato, Chico Mendes continua “rendendo” — e sua representatividade é atual. Seu nome divide opinião, a ponto de uma candidata à senadora por Rondônia ter defendido, durante a campanha deste ano, a extinção do ICM-Bio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), autarquia vinculada ao MMA.
Chico Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988. Três anos antes, em outubro de 1985, Chico e seus companheiros fundaram o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, em Brasília.
O livro de Nilo Diniz relata em detalhes como a informação restrita ou controlada, no período militar no Brasil (1964 a 1985), e mesmo anos depois, prejudicou o movimento em defesa da floresta e das comunidades extrativistas, tornando o Chico Mendes reconhecido e premiado fora do Brasil, um ilustre desconhecido — na época — no seu próprio país. Hoje, o nome dele está no livro de ouro os heróis da Pátria, no Panteão da Pátria e Liberdade, em Brasília (DF).
O texto de Nilo demonstra como aquele crime contra o seringueiro significou, para a frustração de seus algozes, um verdadeiro “grito no ouvido do mundo”. A notícia da morte de Chico Mendes, aos fundos de sua humilde casa de madeira nos arrabaldes da cidadezinha de Xapuri (AC), correu o mundo. O caso fez dele um ícone na defesa de suas ideologias e causas que se contrapõem ao discurso desenvolvementista na Amazônia defendido pelo seus opositores, hoje, em sua maioria, ligados ao agronegócio.
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