Cultura não dá voto?

Candidatos rondonienses não defendem a bandeira das artes e da cultura.

A música “Comida”, de 1987, da banda paulistana Titãs virou mantra naquele tempo quando o assunto era cultura: “A gente não quer só comida”. Era um protesto contra a falta de políticas públicas para áreas vitais para a humanidade: a cultura, a arte, a diversão.

E o que mudou depois de 35 anos?

A poucos dias das eleições gerais de 2 de outubro, vejo atentamente a movimentação dos candidatos rondonienses. Constato com clareza: cultura não é prioridade para ninguém.

No horário eleitoral gratuito na TV e no rádio e nas intervenções nas redes sociais da internet, entre personagens bizarros e alguns com certa credibilidade, nenhum ergue a bandeira da cultura; não com a ênfase que o tema exige e merece.

O jeito de se fazer política está arcaico. No geral. Está claro que faltam conteúdo e originalidade! Em pleno 2022, seguem os modelos clássicos: distribuição de santinhos, fotos produzidas com sorrisos falsos, discursos veementes e sem verdade, vômitos de números e dados decorados, chavões, soluções mágicas para a saúde, a infraestrutura, a educação, a segurança, a assistência social… Mas, nada de falarem — ao menos isso — da vida cultural rondoniense.

Ilustração: Cleidson Freitas

Quem dentre os ditos-cujos conhecem da essência histórica, da memória, do papel das artes como eixos de desenvolvimento integral das pessoas? Rondônia é tão rica! Em todas as áreas do saber. E não pode se resumir a agendas que tratem apenas do viés econômico e busquem curar as mazelas sociais sem a centelha da cultura como fundamento de tudo.

Há artistas e militantes da cultura na disputa deste ano. Mesmo eles, contudo, têm uma participação pífia nas mobilizações e nos espaços em que deveriam ter voz ativa e contribuírem no delineamento de políticas mais transversais e menos reducionistas — aquelas que “coisificam” as pessoas porque pensam que no concreto está a felicidade. O ser humano é mais complexo e subjetivo do que as soluções palpáveis apresentadas pelos candidatos. “A gente não quer só comida”.

Que as propostas para a cultura impliquem a Educação, pois as escolas públicas são salutares no desenvolvimento de atividades artístico-culturais; o sentimento e o sentido de pertencimento devem ser “batizados” na escola para a vida inteira. É questão de sensibilidade, de formação do caráter, de oportunização do conhecimento que transcende o bê-a-bá. É direito! Ou deveria ser! 

Sobre o autor

Às ordens em minhas redes sociais e no e-mail: julioolivar@hotmail.com . Todas às segundas-feiras no ar na Rádio CBN Amazônia às 13h20.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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