Em Manaus (AM), um estudo apoiado pelo Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), busca estabelecer uma população base para o melhoramento genético do açaí do Amazonas (E. precatoria). A pesquisa, realizada por cientistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Ocidental), pretende obter cultivares do açaí-do-Amazonas para contribuir no aumento de produtividade e qualidade do fruto dos plantios do açaizeiro no estado.
Coordenado pelo doutor em Agronomia, Ricardo Lopes, da Embrapa Amazônia Ocidental, o projeto “Formação de população base para o melhoramento genético do açaí-do-Amazonas”, amparado pelo Programa Estratégico de Desenvolvimento do Setor Primário Amazonense (Prospam/Fapeam), Edital Nº 008/2021, avalia progênies (descendência de um indivíduo) de meios-irmãos, provenientes de coletas realizadas em diferentes municípios do estado e que representam a variabilidade genética da espécie.
O projeto já conta com aproximadamente 60 progênies em campo, provenientes de coletas em dez diferentes municípios do Amazonas. Segundo o pesquisador, a espécie E. precatória, conhecida popularmente pelos nomes de açaí-do-Amazonas, açaí-solteiro ou açaí-da-mata, tem ocorrência natural nos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Roraima e em parte do Pará.
O método de melhoramento genético que o projeto propõe é a seleção recorrente, cujo objetivo é obter ganhos genéticos aumentando a frequência de genes favoráveis em uma população através de sucessivos ciclos de seleção a partir de uma população inicial de plantas.
A seleção é baseada em procedimentos genéticos-estatísticos usando dados da avaliação fenotípicas das plantas, ou seja, da avaliação das características de interesse agronômico e ou agroindustrial.
O coordenador da pesquisa destaca que entre os fatores que motivaram o desenvolvimento da pesquisa está o potencial produtivo e a qualidade diferenciada dos frutos da espécie E. precatória, que é nativa, portanto adaptada às condições locais, e principal fonte do açaí produzido no Amazonas.
Além dos ganhos econômicos para os produtores, que serão obtidos com aumento de produtividade e qualidade dos frutos, por apresentar ciclo de produção diferenciado das cultivares do açaizeiro E. oleracea (Açaí-do-Pará), o pesquisador destaca que as agroindústrias poderão fazer melhor aproveitamento das instalações de processamento e armazenamento, que ficam ociosas no período de entressafra dessa espécie.
Processo
O primeiro plantio foi realizado em 2019. Atualmente, as plantas mais velhas estão saindo da fase vegetativa e entrando na etapa produtiva, emitindo as primeiras inflorescências (conjunto de flores), que vão produzir os cachos que serão avaliados para determinar o potencial produtivo e a qualidade dos frutos.
Ricardo Lopes enfatiza que a atividade é recente e pioneira, uma vez que ainda não existem cultivares melhoradas da espécie. Para a maioria das culturas agrícolas de expressão econômica, o melhoramento genético foi responsável pela maior parte dos ganhos em produtividade e qualidade já obtidos, mas ele reforça que o melhoramento genético é um processo longo e que exige recursos constantes para manutenção das populações em campo.
O grupo de pesquisa tem registrado informações relacionadas acerca do crescimento das plantas, ocorrência de deficiências nutricionais, pragas e doenças, além de entender como a espécie se comporta em condições de cultivo.
Além disso, o projeto também contribuiu para despertar o interesse de pesquisadores de outras áreas para realizar estudos com a espécie. No momento, o projeto conta com a parceria de cientistas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) de Manaus e de Itacoatiara, e também do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), que tem auxiliado na identificação e coleta de sementes nos municípios do interior do estado.
Prospam
O Programa apoia pesquisa científica, tecnológica e/ou de inovação, ou de transferência tecnológica, que representem contribuição significativa para o desenvolvimento do setor primário do estado do Amazonas, visando à produção sustentável e adequada à realidade regional.
*Com informações da Agência Amazonas