Transitando entre o velho e o novo poder

Cada um de nós transformou-se potencialmente em sujeito da sua própria história. Cada um de nós é um potencial revolucionário. A velocidade das transformações, que já era crescente, acelerou enormemente.

Vivemos uma revolução desde a invenção do smartphone. Já tínhamos antes os computadores, a internet e os celulares, mas nunca tanto poder foi colocado na mão de tanta gente no mundo. Cada um de nós transformou-se potencialmente em sujeito da sua própria história. Cada um de nós é um potencial revolucionário. A velocidade das transformações, que já era crescente, acelerou enormemente. Faz apenas 25 anos e já nem lembramos como as coisas funcionavam antes.

Para quem chegou depois, é difícil até imaginar. É uma turma que está no mercado, nas empresas e nas nossas casas, como consumidores, colegas ou como filhos. Já existem entre eles, embora não em maioria, os que são chefes ou empreendedores e até os que são pais. É um pessoal, porém, que funciona de uma maneira muito própria. Neste período, as gerações ficaram mais curtas em termos de tempo.

Em todos os lugares, pessoas de diferentes tribos convivem dia a dia, falando línguas diversas e “rodando em diferentes softwares”. Muitos, como eu, nasceram analógicos e, mesmo com versões atualizadas, jamais funcionarão no mesmo “sistema operacional” da última geração, “produzida com genes 5G”. No entanto, nos relacionamos, frequentamos os mesmos ambientes respiramos o mesmo ar. Dele emerge um novo tipo de poder. Se você, caro leitor, é pai, líder de pessoas ou simplesmente alguém procurando ser feliz, fazendo o seu melhor, precisa conhecer como funciona o que os autores Henry Timms e Jeremy Heimans defendem no livro ‘O novo poder’.

Foto: Reprodução/Freepik

Segundo os autores, o velho poder é hierarquizado, baseado em regras e atende a metáfora da máquina: cada peça em seu lugar. Ele é exercido por poucos, fechado, inacessível e impulsionado por um líder. O comportamento do velho poder é cada um fazer a sua parte, obedecer e consumir. No velho poder as pessoas não se engajam com tanta facilidade, mas são bom seguidores e fiéis. O conhecimento está com os especialistas e as graduações e certificações têm um especial valor, pois representam a “prova real” deste conhecimento. Valoriza-se a confidencialidade e a competição.

O novo poder envolve comportamentos como: “compartilhar, afiliar-se, adaptar, financiar, produzir e moldar”. É um tipo de poder horizontalizado e disseminado. Não há papéis estáticos e o consumidor é também produtor. A obediência não é uma virtude. É um poder que vem do engajamento, mas que não é duradouro. Não há expectativas de longo prazo e nem de fidelidade. Valoriza-se a transparência, o reconhecimento e a colaboração.

Este novo poder pode ser percebido na relação entre pais e filhos, entre professores e alunos, entre os noivos que se casam, não mais até que a “morte nos separe”. Em processos de consultoria, mentoring ou coaching, o profissional não tem mais as respostas, mas boas perguntas e a capacidade de pensar junto, em um processo de compartilhamento de ideias e de expertises.

Não há que se destacar a virtude e os defeitos de um ou de outro tipo de poder. Há situações em que são necessários, a hierarquia, o conhecimento especializado e uma determinada maneira para fazer as coisas, sejam em nossas vidas ou na gestão de empresas. São valores do velho poder. Noutras, o melhor caminho poderá ser a informalidade, a quebra de regras, o compartilhamento e, principalmente, o engajamento. São valores do novo poder.

E para nós, caro leitor, como lidamos com estes poderes? Quando fazer uso de um ou de outro? Transitar bem entre um e outro poder também pode nos ajudar a construir felicidade, para nós mesmos e para as diferentes tribos com quem vivemos e convivemos diariamente.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC, ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livroFelicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 


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