Centro de lançamentos espaciais do Maranhão é um dos mais bem localizados do mundo

O motivo é porque a Base de Alcântara está a dois graus da Linha do Equador, o que ajuda até mesmo no impulsionamento de foguetes.

O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no município de Alcântara, a 30 km de São Luís, no Maranhão, é um espaçoporto administrado pela Agência Espacial Brasileira (AEB). É o primeiro centro responsável por lançamentos espaciais no Brasil e localizado em um município que faz parte do grupo de cidades que compõem a Amazônia Legal.

A construção da base começou em 1982 e 1° de março de 1983 é considerada a data oficial de inauguração do CLA, quando foi ativado o Núcleo do Centro de Lançamento de Alcântara (NUCLA).

A base de Alcântara é uma das mais bem localizadas do mundo por estar a dois graus da Linha do Equador, uma vez que a velocidade de rotação da Terra é maior que em latitudes mais elevadas, o que ajuda no impulsionamento de foguetes, proporcionando economia no combustível para o lançamento. A região também possui condições geográficas e climáticas propícias para essas atividades.

Foto: Warley de Andrade/TV Brasil

Dois testes de lançamento ocorreram antes do primeiro lançamento oficial, que aconteceu em 21 de fevereiro de 1990, quando o foguete de sondagem Sonda 2 XV-53 foi lançado. Desde então, cerca de 50 lançamentos, alguns com falha, já foram realizados na base. Um deles, o terceiro VLS-1 (XV-03), lançado em 22 de agosto de 2003, acabou tendo uma explosão que causou a morte de 21 pessoas.

No início de 2018, o governo brasileiro ofereceu a possibilidade de uso do espaçoporto para empresas internacionais. Em 2019, a Câmara dos deputados aprovou um acordo no qual os Estados Unidos utilizam a área para pesquisa científica e lançamento de foguetes, espaçonaves e satélites a partir da base brasileira. Em novembro do mesmo ano, o Senado Federal publicou um decreto que aprovou o texto com salvaguardas.

Wikileaks

Em 2011, o Wikileaks movimentou o mundo com revelações sobre a condução política norte-americana para manter sua soberania sobre outros países. E a base maranhense estava no meio dessas notícias. 

Isso porque os EUA não queriam que o Brasil desenvolvesse seus próprios foguetes. E o fato foi divulgado por conta do vazamento de um telegrama enviado pelo Departamento de Estado dos EUA à embaixada de Brasília falando da importância de garantir que a Ucrânia (parceira espacial do Brasil até então) não transferisse tecnologia para a construção de foguetes nacionais.

Mas muito além das possibilidades comerciais e de desenvolvimento nacional ou internacional, é preciso lembrar que o impacto das instalações da base afetam as comunidades ao redor. Em 1983, mais de 300 famílias de povoados da região foram movidas para agrovilas no interior. No entanto, essas comunidades quilombolas viviam da pesca e acabaram prejudicadas.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Primeiro lançamento comercial

O primeiro lançamento de foguete por uma empresa privada no Brasil estava previsto para ocorrer em 19 de dezembro de 2022, mas a operação foi adiada para o dia seguinte (20), por causa da previsão de chuva e ventos fortes, mas foi cancelado novamente.

No dia 21 de dezembro, o lançamento do foguete Hanbit-TLV, da empresa sul-coreana Innospace, foi cancelado mais uma vez, devido a uma falha no acendimento do motor, segundo a Agência Espacial Brasileira (AEB). Foi a terceira tentativa de lançamento e anunciaram que aguardam as análises da Innospace para a definição de uma nova tentativa. 

Foto: Sargento Petherson/DCTA

Será a primeira vez que o Brasil realiza um lançamento experimental em conjunto com uma empresa privada de outro país. A Força Aérea Brasileira (FAB) e a AEB participam do procedimento. 

A missão é levar ao espaço o Sistema de Navegação Inercial (Sisnav), desenvolvido por militares brasileiros com apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Agência Espacial Brasileira (AEB), vinculadas ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação. Esta é a primeira oportunidade de avaliar o comportamento da tecnologia em ambiente real de voo.


*Com informações da FAB, AEB, Agência Brasil e TV Brasil

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