Conheça a história de cinco personalidades acreanas representadas em estátuas públicas

Figuras como seringueiros e poetas foram homenageados com estátuas e esculturas, que representam a formação cultural e social de uma região.

Estátuas, esculturas e monumentos ganham destaque em diversas cidades e países porque geram interesse e despertam curiosidade para descobrir mais sobre a cultura local e formação de uma comunidade.

No Acre, por exemplo, existem algumas que homenageiam figuras que foram importantes para a conquista de direitos sociais, principalmente durante o ciclo da borracha. 

Figuras corajosas, defensores de causas sociais e símbolos regionais fazem parte de uma verdadeira coleção que pode ser observada em diversos pontos de Rio Branco

O Portal Amazônia encontrou cinco estátuas que representam fragmentos da história da formação e disputa territorial no Acre e conversou com o historiador Marcos Vinicius Neves, responsável pela revitalização de alguns pontos turísticos acreanos. 

Foto: Reprodução/ Departamento de Patrimônio Histórico do Acre

Estátua de Chico Mendes

Referência nas causas de preservação da natureza, Francisco Alves Mendes – Chico Mendes – ganhou notoriedade pela sua coragem na defesa de causas ambientalistas no Estado do Acre. Chico Mendes é filho de migrantes nordestinos que chegaram no Acre em busca de novas oportunidades. Durante a sua infância e adolescência, ele trabalhava ajudando seu pai no seringal.

Com seu empenho em lutar pelo fim da exploração dos seringalistas, o ambientalista ganhou notoriedade na luta pelo direito à terra dos povos extrativistas. Já na fase adulta, começou a sua luta com os seringueiros de Xapuri pelo direito de posse das terras em que já viviam.

No dia 15 de dezembro de 1988, Chico Mendes foi assassinado a tiros a mando do fazendeiro Darly Alves. Atualmente, a sua estátua fica localizada na Praça Povos da Floresta, no Centro de Rio Branco.

“No caso do Chico Mendes, o monumento foi construído em homenagem a luta do Chico em defesa das florestas e populações tradicionais da floresta, uma luta que foi reconhecida no mundo inteiro, por isso ele foi premiado, reconhecido e assassinado por defender esses povos. Então, ele representa esse período tão difícil do Acre e a devastação da floresta”, acrescentou Marcos.

Em 1990 foram criadas reservas extrativistas na região, sendo uma das primeiras a Reserva Extrativista Chico Mendes. A área de proteção ambiental engloba regiões de Assis Brasil (AC), Brasiléia (AC), Capixaba (AC), Epitaciolândia (AC), Rio Branco (AC), Sena Madureira (AC), Xapuri (AC).

Em 2004, Chico Mendes foi reconhecido Herói da Pátria e teve seu nome incluso no Livro dos Heróis da Pátria. 

Foto: Reprodução/ Lúcia Helen

Estátua do Presidente Galvez

O diplomata e jornalista espanhol Luís Galvez foi intitulado como ‘presidente da República do Acre’, após ter fundado o movimento República Independente do Acre, quando o Estado ganhou o título de “País da borracha”.

Galvez proclamou a República Independente do Acre, que governou por aproximadamente 100 dias até ser destituído pelo Exército Brasileiro. A ação brasileira visava respeitar o Tratado de Ayacucho, assinado entre os dois países em 1867, que reconhecia o Acre como território boliviano.

“Aqui no Acre, tanto o Galvez quanto o Plácido de Castro tiveram um papel muito importante na anexação do Acre ao Brasil, já que antigamente o Acre pertencia à Bolívia e Peru. Na época, teve uma guerra para conquista do Acre a anexação ao Brasil, onde se destacaram Galvez como presidente da República, durante a independência do Acre. Já Plácido de Castro foi o responsável pela vitória final dessa guerra acreana”, segundo o historiador.

Foto: Reprodução/ Departamento de Patrimônio Histórico do Acre

Estátua de Plácido de Castro

O coronel Plácido de Castro foi responsável por conquistar a vitória durante a Revolução Acreana, movimento conhecido por marcar a disputa pelo controle da comercialização da borracha amazônica. Na época, o Acre abrigava um posto alfandegário boliviano que se tornou um dos motivos da revolta dos seringalistas.

No dia 6 de agosto de 1902, Plácido de Castro formou um exército de seringueiros que batalharam contra o domínio boliviano sobre a economia da região. Depois disso, foi decretado o Tratado de Petrópolis, assinado pelo Barão do Rio Branco, garantindo o Acre como território brasileiro.

Após vitória durante a Revolução Acreana, governou o Estado Independente do Acre, sendo considerado um herói nacional, e recebeu a homenagem de uma estátua localizada na Praça da Revolução, Rua Rui Barbosa, em frente a Prefeitura Municipal de Rio Branco (AC).

Foto: Lúcia Helen

Estátua do Príncipe dos Poetas Acreanos 

O poeta Juvenal Antunes, ganhou notoriedade por seus poemas e livros que retratam histórias acreanas, foi autor de livros conhecidos, como ‘Cismas’ (1908), ‘Acreanas’ (1922) e ‘Poesia Circular’ (1996), que passaram a representar as vivências dos povos acreanos. A estátua de Juvenal Antunes fica localizada no Calçadão da Gameleira.

Juvenal nasceu no dia 29 de abril de 1883, no engenho Oiteiro, no município de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. O poeta sempre demonstrou interesse em letras, foi quando em busca por melhores estudos ele e seu irmão Ezequiel decidiram se mudar para Recife (PE), onde foi considerado um dos alunos mais destacados.

Alguns anos depois, Juvenal decidiu cursar direito e se matriculou na Faculdade de Direito de Recife, concluindo o curso com 19 anos de idade. Em 1909 o poeta já havia um grande acervo de poemas escritos e publicados, foi quando lançou seu primeiro volume, intitulado de Cismas, na cidade de Natal.

O poeta decidiu se mudar do Rio Grande do Norte, na intenção de conhecer novos ares. Com a agitação e movimento na cidade na época da borracha amazônica, o poeta conheceu Rio Branco, no Acre, onde se encantou pela região amazônica.

“O Juvenal Antunes vai representar o lado cultural, ele era um Procurador Público que passava boa parte do seu tempo sentado na mesa, tomando bebidas e fazendo poesias, que as vezes vendia ou presenteava aos passantes, simbolizando essa resistência cultural e artística durante o período da crise da borracha, quando estava difícil viver no Acre”, revelou o historiador.

O monumento foi feito pela esculturista brasileira Cristina Motta e inaugurado em 2010, e fica localizado em frente ao mastro da bandeira do Acre, na Gameleira, no Segundo Distrito de Rio Branco.

Foto: Reprodução/Departamento de Patrimônio Histórico do Acre

Estátuas Gigantes

As estátuas gigantes que representam os trabalhadores acreanos ficam localizadas na praça do Mercado Velho, região central de Rio Branco. Construído em 1929, durante o governo de Hugo Carneiro, o mercado de Rio Branco foi a primeira edificação feita em alvenaria na cidade.

Leia também: Mercado Velho, o primeiro prédio público em alvenaria de Rio Branco

O prédio foi revitalizado em 2006, na gestão de Jorge Viana, quando passou a ser chamado de ‘Novo Mercado Velho’. Para a idealização das estátuas, a artista plástica Christina Mota se baseou em diversas fotografias, com a intenção de valorizar os traços, feições e características dos povos acreanos.

“As estátuas do Mercado Velho foram uma homenagem feita aos trabalhadores e trabalhadoras acreanos, levando a ideia de que eles foram fundamentais para a construção do Acre, e por isso eles tem tamanho maior do que o natural, sendo estátuas gigantes. O papel desses trabalhadores e trabalhadoras acreanos foi gigante do ponto de vista simbólico e histórico”, esclareceu o historiador. 

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