Apicultor transforma tradição do pai em fonte de renda em Rondônia. Foto: JMF Camargo
O som das abelhas é parte da rotina de Lucas da Rocha Ribeiro, produtor rural de Cacoal (RO). Aos 30 anos, ele mantém 27 colmeias e transformou o que era um aprendizado de infância em seu principal meio de vida.
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Lucas contou que o trabalho com as abelhas começou como uma herança familiar. Desde criança, ele acompanhava o pai nas primeiras colmeias do quintal.
“Meu início na atividade apícola começou aos seis anos ajudando o meu pai, que tinha algumas colmeias. Peguei o gosto e continuei até hoje”, lembra.
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O que começou como uma tradição familiar virou a principal fonte de renda da casa. A virada aconteceu quando ele decidiu se associar à Cooperativa dos Produtores e Agricultores Familiares de Cacoal (Cooper Cacoal), entidade que reúne produtores de mel e outros alimentos da agricultura familiar.
A mudança trouxe resultados imediatos. O contato diário com outros produtores e o apoio técnico transformaram a forma como Lucas via a apicultura. “Minha safra foi praticamente toda vendida por meio da cooperativa. Chegou um momento em que eu não podia nem anunciar mais que trabalhava com o mel, por não ter mais o produto”, conta.
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Proteção e cuidado no manejo
Hoje, Lucas trabalha com abelhas Apis mellifera, conhecidas popularmente como abelhas europeias, espécie mais comum na produção de mel no Brasil. No sítio dele, o resultado é o mel silvestre, típico da região, feito a partir do néctar de diferentes flores nativas de Rondônia.

Ele e a esposa dividem o cuidado com as colmeias. O casal segue o ritmo natural das abelhas, que passa por três fases ao longo do ano: a pré-safra, quando preparam as caixas e alimentam os enxames; a safra, período mais intenso de coleta; e a entressafra, quando fazem a manutenção e cuidam da saúde das colônias.
“O que eu mais gosto de ver é a organização que as colmeias têm, onde todos os indivíduos têm seu trabalho, e nem mesmo a rainha foge das suas obrigações”, disse.
No apiário, Lucas veste o macacão branco de apicultor, luvas grossas e um chapéu com tela de proteção que cobre o rosto e o pescoço. Os equipamentos são essenciais para evitar picadas durante o manejo das colmeias.
Durante o trabalho, Lucas manuseia cuidadosamente as molduras de cera onde o mel é armazenado e acompanha o comportamento das abelhas para garantir uma coleta segura. O processo exige paciência e tranquilidade, pois qualquer movimento brusco pode agitar as abelhas e comprometer o trabalho. “É preciso respeitar o ritmo delas”, explica Lucas.
Após a coleta, o mel é vendido de diversas formas. O produtor rural aproveita os programas institucionais da cooperativa, mas também usa outros meios. “Na cooperativa normalmente é por meio de programas institucionais e eu também tenho a venda porta a porta e entrega em mercados”, explicou.
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Como funciona a cooperativa?

No coração de Cacoal, município de Rondônia, a Cooper Cacoal reúne pequenos produtores que apostam na força coletiva para valorizar o que produzem no campo.
O presidente, Valdemir de Oliveira Bastos, explica que a entidade é composta por dez apicultores associados, embora apenas um deles comercialize o mel diretamente pela cooperativa — no caso, o próprio Lucas.
“Temos dez sócios apicultores. A cooperativa dá apoio na comercialização do mel industrializado, que passa pela associação do mel, e fazemos a venda aqui pela Cooper Cacoal”, detalha Valdemir.
Além do mel, a cooperativa também atua com hortifruti, atendendo escolas municipais, estaduais e o Instituto Federal por meio de programas de alimentação escolar.
Segundo Valdemir, essa diversificação fortalece os produtores familiares e mantém a cooperativa ativa durante todo o ano.
*Por Amanda Oliveira, da Rede Amazônica RO
