O Banco Mundial aprovou um projeto para proteger florestas no estado do Pará e incentivar o desenvolvimento sustentável na região do Baixo Xingu. O Baixo Xingu, onde fica a cidade de Altamira, por exemplo, abriga também terras indígenas, áreas protegidas e comunidades quilombolas.
Segundo as Nações Unidas, a grande biodiversidade dessas áreas ajuda a regular o clima e serve para a subsistência.
O projeto aprovado pelo Banco Mundial deve ajudar a aprimorar o uso da terra em mais de 11 milhões de hectares, beneficiar mais de 6 mil pessoas, além de diminuir a emissão de 2,4 milhões de toneladas de CO₂ equivalente.
Floresta amazônica na região sudoeste paraense. Foto: Bruno Cecim/Agência Pará
Projeto do Banco Mundial conta com 5 frentes de atuação
A ação aprovada terá financiamento de cerca de US$ 8,5 milhões, cerca de R$ 46 milhões, e envolve o Ministério do Meio Ambiente, em parceria com o governo do Pará.
Serão cinco frentes de atuação:
gestão e conservação;
sociobioeconomia;
território e políticas públicas;
educação e comunicação; e
gestão e monitoramento.
Para tudo isso, a parceria com o Banco Mundial inclui o Serviço Florestal Brasileiro (ICMBio) e a Fundação Getúlio Vargas.
O Governo do Amapá apresentou as oito candidatas ao título de Rainha da 54ª Expofeira do Amapá no dia 26 de agosto. O concurso escolhe a representante oficial da maior feira de negócios da Amazônia e, durante a campanha, as candidatas tem ensaios oficiais até o concurso.
“A escolha da Rainha da Expofeira é um momento tradicional que valoriza a beleza, o talento e a cultura do povo amapaense, agregando ainda mais brilho a este evento que movimenta a nossa economia e atrai milhares de visitantes”, afirmou o vice-governador, Teles Júnior.
As candidatas se apresentaram em traje country estilizado e foram avaliadas nos quesitos beleza, simpatia, desenvoltura, fantasia e temática. Veja a vencedora:
Expofeira na Rede
A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.
Com menos de 5% da área continental do planeta, a Bacia Amazônica responde por 18% da água doce que chega aos oceanos e distribui umidade para outras regiões da América do Sul por meio dos chamados “rios voadores”, que são grandes volumes de vapor d’água liberados pelas árvores e transportados por circulações atmosféricas, que ajudam a formar chuvas em áreas distantes.
Cerca de um terço da Amazônia é formada por áreas úmidas, incluindo as várzeas e os igapós, compondo paisagens que se estendem por centenas de milhares de quilômetros quadrados.
Os dados resultam de projetos coordenados com participação do Grupo de Pesquisa em Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (GP-MAUA), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em parceria com instituições nacionais e internacionais.
Entre eles está o Projeto Ecológico de Longa Duração (Peld-Maua), que investiga os impactos de distúrbios naturais, como cheias e secas extremas, e de ações humanas, como queimadas e hidrelétricas, sobre áreas úmidas de igapós de água-clara e campinaranas.
Pesquisador do Inpa, Jochen Schöngart. Foto: Igor Souza/Inpa
Esses estudos têm revelado que a Amazônia abriga uma imensa diversidade de paisagens úmidas que ainda necessitam de aprofundamento científico, incluindo os igapós de rios de água-clara — menos conhecidos que os igapós de águas escuras —, os buritizais e as campinaranas. Somadas, essas áreas representam entre 15% e 20% de todas as áreas úmidas do planeta, reforçando a dimensão global desse patrimônio natural.
O coordenador do Peld-Maua, o pesquisador Jochen Schöngart, chama atenção para a importância das áreas úmidas não apenas como ecossistemas de riqueza natural, cultural e econômica para toda a região, mas também por outros benefícios que prestam à sociedade.
“Paisagens úmidas fornecem serviços ecossistêmicos vitais para a sociedade e diversos setores públicos e privados, como armazenar e purificar a água, tamponar a descarga dos rios mitigando cheias e secas severas, recarregar as águas subterrâneas, além de reter sedimentos e manter os ciclos biogeoquímicos”, explicou.
Riqueza natural e social da Amazônia
De acordo com a análise do pesquisador, além de serem complexos paisagísticos que funcionam como refúgios de biodiversidade e de uma série de espécies endêmicas, as áreas úmidas são ecossistemas profundamente ligados à história humana na Amazônia.
“A maioria dos sítios arqueológicos deixados pelas populações indígenas encontra-se nas regiões de transição entre áreas alagáveis e a terra firme adjacente ou dentro das paisagens úmidas. Manejos tradicionais das populações ribeirinhas, como pesca, agricultura, pecuária extensiva e extração de madeira e produtos florestais não madeireiros, foram adaptados à subida e descida regular previsível dos rios, contribuindo para a subsistência e economia dessas populações e agregando valor econômico aos recursos manejados localmente”, detalhou Schöngart.
Amazônia e áreas úmidas: lições para o clima na COP 30
Com a proximidade da COP 30, que acontece no mês de novembro em Belém (PA), o mundo volta sua atenção para a Amazônia. Mais do que palco do encontro, a região será apresentada como peça-chave para o equilíbrio climático global, reforçando a urgência em proteger as áreas úmidas da Amazônia, cujo impacto afeta diretamente o cotidiano de milhões de pessoas, dentro e fora do Brasil.
“Precisamos ter uma visão holística que engloba aspectos paisagísticos, ecológicos, econômicos, sociais, culturais e políticos para desenvolver estratégias de conservação e proteção. A ciência ainda necessita de informações sobre como as paisagens úmidas amazônicas respondem e se adaptam à intensificação do ciclo hidrológico”, pontuou.
Foto: Kelvin Uchoa/PeldMaua Inpa
“Para isso, a ciência precisa avançar na compreensão da vulnerabilidade e resiliência das diversas paisagens úmidas nas regiões que são sujeitas às tendências de aumento das secas extremas, como na região sul, e às cheias severas, como na região norte, e nos dois extremos da porção central da bacia”, completou o pesquisador do MAUA.
Isso são desafios para o recém-criado Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Rede de Paisagens Úmidas Brasileiras (INCT WETSCAPE), que vai obter e integrar os diversos conhecimentos das paisagens úmidas amazônicas do Interflúvio Negro-Branco na região norte (dominada por igapó de água-preta, buritizais e campinaranas), da Amazônia Central (caracterizada por várzea) e do Araguaia no sudeste da bacia na região de transição com o Cerrado (composta por igapós de água-clara, campos de murunduns, ipucas e outras tipologias de áreas úmidas).
O pesquisador do Inpa defende que as estratégias de conservação devem levar em conta a variedade de espécies de fauna e flora, suas interações biológicas e funções nos ecossistemas, os serviços que esses ambientes oferecem e também os aspectos sociais, econômicos e ambientais.
Na perspectiva do cientista, a abordagem multi- e interdisciplinar é fundamental para garantir o uso sustentável desses ambientes críticos, que representam grandes desafios para a ciência, para os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais (PIQCTs), além da formulação de políticas públicas em diferentes níveis.
“Somente assim seria possível orientar ações nacionais e internacionais voltadas ao uso racional das paisagens úmidas e à adaptação desses ecossistemas à mudança do clima em curso”, salienta.
A sala é equipada com telas que geram mapas em tempo real. Foto: Rosa Rodrigues – Ascom/Ufopa
A Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) inaugurou a Sala de Situação Meteorológica. A sala, equipada com telas que geram mapas, apresenta informações de modelos meteorológicos para a previsão do tempo e monitoramento da atmosfera, ainda congrega várias fontes de dados.
Professor Alex Santos na Sala de Situação Meteorológica. Foto: Rosa Rodrigues – Ascom/Ufopa
Haverá dados gerados na própria Universidade medindo gases estufas, variáveis meteorológicas e variáveis ambientais de qualidade do ar, e também dados de satélite em parceria com outras agências como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e Nasa, instituições que estão ligadas ao Observatório Atmosférico da Amazônia, instalado na Fazenda Experimental da Ufopa.
A partir das informações apuradas na Sala de Situação Meteorológica, será possível ter previsões de tempo mais precisas com a geração de boletins agroclimatológicos que serão fornecidos a pequenos agricultores da região como suporte para as ações do setor agrícola.
“Esses boletins favorecem as tomadas de decisões no campo e aí eles ficam menos vulneráveis aos extremos meteorológicos como secas prolongadas e enchentes, que podem fazer com que eles percam suas lavouras”, explicou o professor Gabriel Costa, coordenador do Lambda.
inaugurada no dia 3 de setembro, a sala de Situação Meteorológica que faz parte do Lambda. Foto: Rosa Rodrigues – Ascom/Ufopa
No âmbito do projeto, de acordo com o professor, serão divulgados boletins semanais, além de visitas às comunidades levando as informações, a partir de dinâmicas estratégicas de divulgação científica do projeto junto aos agricultores da região.
O curso de Ciências Atmosféricas da Ufopa também participa do projeto, tanto com a presença dos professores-pesquisadores nas estratégias, quanto com a participação dos estudantes que terão nesse espaço oportunidades de formação conhecendo como funciona uma sala de situação para as previsões meteorológicas.
Professor Alex Santos, doutor em meteorologia e docente do curso de Ciências Atmosféricas, faz parte do projeto. Ele esteve em Belém, junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), fazendo treinamento para viabilizar o monitoramento que será desenvolvido na Sala se Situação Meteorológica. Segundo ele, o curso de Ciências Atmosféricas participa de forma colaborativa no projeto e será responsável pelas análises técnicas dos mapas meteorológicos.
A sala, equipada com telas que geram mapas, apresenta informações da atmosfera e ainda congrega várias fontes de dados. Foto: Rosa Rodrigues – Ascom/Ufopa
“Meteorologistas e alunos em fase de conclusão do curso terão condições de interpretar as possíveis condições da circulação geral da atmosfera e dar pareceres com antecedência ou mesmo momentâneos em situações de eventos extremos”, disse o professor. Os alunos, de acordo com Alex Santos, terão condições de vivenciar como os profissionais da área atuam na parte operacional.
A reitora da Ufopa, professora Aldenize Xavier, enfatizou que o projeto dialoga com demandas da sociedade porque “esse espaço vem nessa parceria com a prefeitura, a defesa civil, tendo dados da região com previsibilidade sobre as mudanças climáticas mais realistas, possibilitando que os órgãos públicos possam tomar decisões mais eficazes”. Segundo ela, também será importante para consolidar a graduação em Ciências Atmosférica, assim como para o planejamento de cursos de pós-graduação em geociências.
Sala de Situação
inaugurada no dia 3 de setembro, a sala de Situação Meteorológica faz parte do Laboratório de Agrometeorologia com Modelagem da Bioeconomia e Diagnóstico Ambiental (Lambda), ligado ao curso de Agronomia. A Sala fica no Núcleo Tecnológico de Laboratório (NTL), situado à rua Raimundo Fona, em frente ao Restaurante Universitário na Unidade Tapajós-Campus Santarém.
*Com informações da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa)
Áreas de uso privado concentraram 55% do desmatamento na Amazônia ente 2023 e 2024, revelando uma mudança de tendência, já que, nos dois anos anteriores (2021 e 2022), 54% da derrubada se deu em terras públicas.Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) em nota técnica.
O Greenpeace Brasil realizou sobrevoo no sul do Amazonas e no norte de Rondônia para monitorar o desmatamento e queimadas em julho de 2024. Foto: Marizilda Cruppe
Tais áreas de uso privado englobam imóveis rurais e assentamentos, responsáveis por 34% e 21% do desmatamento, respectivamente. Já as terras de uso público correspondem a áreas que pertencem à União, estados ou municípios, como florestas públicas não destinadas, unidades de conservação e terras indígenas, cuja gestão cabe ao poder público nas diferentes esferas.
Pesquisadoras avaliam que a migração da supressão vegetal é consequência da redução de 59% do desmate em áreas públicas em 2024, em comparação com 2022. A redução do desmatamento iniciou em 2023, mas foi mais expressiva em 2024.
“A redução do desmatamento em terras públicas está provavelmente ligada a reestruturação do comando e controle a partir de 2023. De 2022 para cá foram reestabelecidos vários processos relacionados a governança dessas áreas, operações de fiscalização aumentaram, assim como número de embargos e multas, isso tudo acabou gerando resultado. Reduzir a supressão de vegetação em terras privadas é mais complexo, além da fiscalização para prevenir o desmatamento ilegal é preciso estabelecer incentivos para reduzir a retirada legal da vegetação”, comenta Ane Alencar, diretora de Ciência do IPAM.
Ilustração/IPAM
As FPND (Florestas Públicas Não Destinadas) tiveram uma queda de desmatamento de 60% (2,4 mil km²) em 2024, em comparação a 2022, foi a maior redução de área absoluta desmatada entre as categorias fundiárias.
Mesmo concentrando o desmate no período analisado, assentamentos também registraram queda de 50%, ou 1,3 mil km²) e imóveis rurais de 36%, ou 1,2 mil km² no mesmo período.
Já as maiores quedas percentuais do desmate ocorreram em unidades de conservação e Áreas de Proteção Ambiental, respectivamente 72% e 73%. Terras indígenas tiveram queda de 26%.
Em 2024, 80% do desmatamento em terras públicas ocorreu em áreas administradas pelo governo federal e 20% em áreas estaduais. Mesmo nas FPNDs, cuja extensão sob domínio estadual é 63% maior que a das federais, a devastação foi mais intensa em áreas federais, que concentraram 69% da supressão de vegetação das FPNDS no período. Contudo, a redução do desmatamento em FPNDs federais foi de 68%, enquanto nas estaduais a redução foi de apenas 2%.
Ilustração: IPAM
Em 2024, desmatamento bruto no bioma alcançou o menor valor em nove anos, a segunda menor área desmatada desde 2015, quando o bioma teve 5,9 mil km² desmatados. Os 6 mil km² desmatados em 2024 representam uma queda de 51% contraposto a 2022.
“Houve um aumento da fiscalização pelos órgãos de controle e essas ações foram direcionadas para os locais com maior aumento de desmatamento nos anos anteriores, deixando a fiscalização mais eficiente. Esse aumento da fiscalização, com certeza, impacta na redução da grilagem em terras públicas”, explica Rafaella Silvestrini.
Como a pesquisa foi feita
A análise determinou o desmatamento por categoria fundiária e por Estado a partir dos dados do PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite), que reúne informações consolidadas de desmatamento até julho de 2024.
As informações geográficas utilizadas correspondem apenas ao bioma amazônico, desconsiderando as porções de Cerrado e Pantanal presentes em Estados da Amazônia Legal. O método do IPAM considera a área bruta desmatada anualmente pelo PRODES entre agosto do ano anterior e julho do ano subsequente, e não a taxa anual de desmatamento, diferenciando os números de desmatamento da Nota Técnica em relação aos dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
*Com informações Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
A 54ª Expofeira do Amapá, realizada pelo Governo do Estado, oferece múltiplos espaços e atrações culturais, incluindo um palco dedicado ao segmento da literatura, o Miniteatro Caboco. De acordo com a organização, mais de 100 escritores, poetas e contadores de histórias terão visibilidade neste sábado (6).
Até domingo (7), o Parque de Exposições da Fazendinha recebe diversas atrações artísticas, com foco em atrações do Amapá, proporcionando momentos de arte, entretenimento e poesia.
A secretária Estadual de Cultura, Clícia Vieira Di Micelli, reconhece a importância dos fazedores de cultura como agentes ativos de mudança social e como um elo entre as políticas culturais e as comunidades.
“É uma grande felicidade darmos visibilidade à literatura, poesia e aos livros e proporcionar que a comunidade tenha a oportunidade de conhecer nossos escritores e contadores de histórias. Queremos estimular que as crianças, estudantes e a juventude tenham acesso à cultura e a transformação de realidades por meio da arte”, pontua a secretária.
O projeto que destaca os segmentos, livro, literatura e biblioteca tem a proposta de popularizar a leitura, aproximar o público dos nomes por trás das obras e desenvolver o prazer pela literatura.
A poeta e conselheira Estadual de Cultura do Amapá, Patrícia Andrade, que também é uma das idealizadoras do ‘Varal da Pré-Folia Literária Internacional’, que conta com a participação de 84 escritores, celebra esse movimento em que se evidencia as diversas formas de expressão do segmento literário.
“Ver a literatura valorizada como linguagem artística, num palco lindo como o Miniteatro Caboco, representa a parte mais bonita do meu trabalho, que é ver materializada o uso das palavras para criar arte. Dá muito orgulho de todos os artistas”, destacou a conselheira.
Expofeira na Rede
A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.
Os rios que atravessam Rondônia são muito mais do que paisagens exuberantes da Amazônia: sustentam a economia, abastecem comunidades ribeirinhas e mantêm ecossistemas vulneráveis às mudanças climáticas. Na comunidade Brasileira, por exemplo, o Rio Madeira é parte essencial da rotina.
Para Simone Alves, ribeirinha, ele representa tudo o que é necessário para viver:
“Do rio a gente pesca, a gente toma banho, pega água de lá pra beber, pra fazer comida: tudo é o Rio Jamari”, explica.
Essa mesma rede de rios que garante a sobrevivência humana também abriga uma das maiores biodiversidades aquáticas da Amazônia — espécies exclusivas, com características únicas, muitas delas ameaçadas ou vulneráveis.
Um exemplo é o pirarucu, o maior peixe de escamas de água doce do mundo, podendo atingir até 3 metros de comprimento e pesar cerca de 250 quilos. O manejo sustentável do pirarucu gera emprego e renda para centenas de famílias.
Outro peixe de destaque em Rondônia é o tambaqui. A produção no Vale do Jamari — a maior do estado — recebeu o selo de Indicação Geográfica (IG), que reconhece que o peixe é criado em uma região com tradição, qualidade e práticas consolidadas na piscicultura.
Além das espécies abundantes, há aquelas que vivem sob risco constante — como o boto-cor-de-rosa. Presente nos rios da Amazônia e no imaginário popular, ele é símbolo do folclore regional. A lenda do boto é uma das mais conhecidas da cultura amazônica e faz parte do folclore brasileiro.
Apesar de ainda possuir uma população relativamente expressiva, o boto enfrenta ameaças como a caça ilegal, a poluição dos rios e os ruídos provocados pelas embarcações, que comprometem sua saúde e colocam em risco sua sobrevivência.
Essas ameaças à fauna aquática se somam a um problema ainda maior: a escassez de água. Quando os rios secam, não é apenas a vida animal que sofre — comunidades inteiras enfrentam uma realidade drasticamente alterada.
O Rio Madeira é o principal rio de Rondônia e um dos mais importantes da Amazônia, com mais de 3 mil km de extensão e uma vazão média que o coloca entre os maiores do mundo em volume de água. Ele é essencial para a economia do estado, funcionando como hidrovia estratégica para o transporte de grãos e fonte de sustento para dezenas de comunidades ribeirinhas.
Todos os rios de Rondônia acabam desaguando no Madeira, formando uma bacia hidrográfica vital para o estado. São eles:
Rio Guaporé: Marca a fronteira com a Bolívia e é essencial para a pesca artesanal e o turismo ecológico.
Rio Mamoré: Também fronteiriço, tem papel histórico no transporte fluvial e na ligação com a região amazônica boliviana.
Rio Machado: Cruza áreas agrícolas e urbanas, sendo importante para irrigação e abastecimento.
Seca e cheia: extremos que castigam
“Quando não é a cheia, é a seca.” A frase de Simone Alves mostra que os ribeirinhos sentem na pele o que os especialistas já perceberam: as mudanças climáticas têm intensificado os eventos extremos.
“Os rios têm tido cheias mais intensas e secas mais severas, dificultando o transporte e o abastecimento de água da população, principalmente a ribeirinha”, explica Daniely da Cunha, coordenadora de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental.
O professor Michel Watanabe, geógrafo e pesquisador, destaca que o equilíbrio dos rios amazônicos depende do chamado pulso de inundação — o ciclo natural de cheias e vazantes que fertiliza o solo, regula a reprodução dos peixes e sustenta a biodiversidade da região. Quando esse pulso se desequilibra e se torna extremo, o sistema entra em colapso.
“Secas severas causam mortandade de peixes por falta de oxigênio e levam a floresta a um estado vulnerável, a incêndios catastróficos. Cheias prolongadas encurtam o período de disponibilidade de alimentos para a fauna terrestre, erodem margens e desalojam comunidades inteiras. Torna-se um sistema descompassado, com variações bastante sérias”, compara.
Comboio de 30 barcaças navega o rio Madeira, em Porto Velho. Foto: Reprodução Transportes Bertolini
Esses extremos se tornaram evidentes nos últimos anos. Em abril, o Rio Madeira atingiu 16,67 metros, e mais de 2,7 mil famílias precisaram deixar suas casas por causa da cheia. Quem presenciou a cena talvez não imaginasse que, apenas seis meses antes, o mesmo rio havia registrado o menor nível da história: apenas 19 centímetros.
Segundo a etnoclimatologista Alba Rodrigues, o desmatamento é um fator que influencia diretamente nas mudanças no regime de chuvas da região Norte: “A floresta, além de ser geradora de umidade e micropartículas de água, que formam as nuvens para precipitação em chuvas, também tem o papel de reguladora do sistema e regime das águas”, aponta.
Quando a seca chega, a realidade do estado muda drasticamente. A falta de água afeta a produção agrícola, compromete a alimentação e dificulta até os cuidados básicos com higiene. Esse é o cenário atual: na quinta-feira (4), o rio chegou a 3,22 metros. Essa cota está abaixo da média, mas ainda bem distante da mínima histórica para o período, que é 1,33 metro.
“Muitos aqui tão sem água pra tomar banho, pra fazer comida. A gente fica dependendo de um e de outro pra poder conseguir água, é muito difícil”, lamenta Simone.
Para comunidades como São Carlos, o rio é também o principal meio de locomoção. Durante a seca, esse deslocamento se torna quase impossível, isolando famílias, dificultando o acesso a serviços básicos e comprometendo a economia local. A mobilidade ribeirinha depende da navegabilidade dos rios — e quando ela falha, falha também o acesso à saúde, educação e comércio.
Economia movida a água
Os rios de Rondônia são motores da economia estadual. Segundo Daniely Sant’Anna, eles contribuem de forma decisiva:
Energia: Potencial para grandes hidrelétricas e pequenas centrais.
Transporte: A hidrovia do Madeira é essencial para o escoamento de grãos.
Produção: Agricultura, pecuária, pesca e piscicultura dependem dos corpos hídricos.
Abastecimento e indústria: Garantem água para consumo humano e processos industriais.
Turismo: Atraem visitantes e movimentam a economia local.
Durante a seca de 2024, o nível dos rios da região Norte caiu drasticamente, afetando a geração de energia nas hidrelétricas instaladas no Rio Madeira. A crise hídrica levou ao acionamento de termelétricas e ao aumento na conta de luz dos brasileiros.
O Rio Madeira funciona como uma hidrovia estratégica, sendo um dos principais corredores logísticos da Região Norte. Em 2025, o rio foi palco da maior operação de transporte de grãos no Brasil, considerando o peso da carga. Um supercomboio fluvial levou 75 mil toneladas de soja de Porto Velho (RO) a Santarém (PA).
Esse peso equivale a:
65 Cristos Redentores, considerando que a estátua tem 1.145 toneladas; ou
Mais de sete Torres Eiffel, que pesa cerca de 10.100 toneladas.
Os rios de Rondônia não são apenas caminhos de água — são caminhos de vida. Preservá-los é garantir o sustento de milhares de famílias, a continuidade de culturas ancestrais e o equilíbrio de um dos ecossistemas mais ricos do planeta.
*Por Beatriz Rodrigues, estagiária sob supervisão de Jaíne Quele Cruz, da Rede Amazônica RO
O paraense Gidalti Junior que foi premiado com o Jabuti 2017 por Castanha do Pará também é vencedor de prêmios como CCXP Awards e HQMix com Brega Story, Ele está no time dos artistas. Foto: Divulgação
Em comemoração aos 90 anos de Mauricio de Sousa, a Editora Panini e a Mauricio de Sousa Produções, lançam em outubro a publicação MSP 90, uma obra de capa dura com 240 páginas que reúne uma verdadeira seleção brasileira de quadrinistas. O livro traz releituras inéditas e autorais dos personagens clássicos da Turma da Mônica, em uma homenagem emocionante que celebra o legado do mestre dos quadrinhos nacionais.
O amazonense Ademar Vieira é autor de Ajuricaba e Sete Cores da Amazônia, indicado ao Prêmio Jabuti, Mapinguari e HQMix. Foto: Divulgação
Entre os artistas anunciados, quatro nomes da Amazônia integram o projeto, reforçando a força e a diversidade da produção nortista. A quadrinista indígena Tai, do Pará, autora de Onde Habita o Medo — vencedora do Prêmio Mapinguari e indicada ao Troféu HQMix 2025 —, participa ao lado do amazonense Ademar Vieira, autor de Ajuricaba e Sete Cores da Amazônia, indicado ao Prêmio Jabuti, Mapinguari e HQMix, além de ter uma de suas obras adaptada para os cinemas.
A quadrinista indígena Tai, do Pará, é autora de Onde Habita o Medo. Foi vencedora do Prêmio Mapinguari e indicada ao Troféu HQMix 2025. Foto: Divulgação
O paraense Gidalti Junior, premiado com o Jabuti 2017 por Castanha do Pará e vencedor de prêmios como CCXP Awards e HQMix com Brega Story, também está no time de autores. Completando a lista, a quadrinista paraense Karipola, autora de Quase Tudo São Flores — indicada ao HQMix 2024 e vencedora do Mapinguari 2025 —, reforça a representatividade da região nesta edição histórica.
A quadrinista paraense Karipola, autora de Quase Tudo São Flores — indicada ao HQMix 2024 e vencedora do Mapinguari 2025. Foto: Divulgação
Com artistas de todas as regiões do Brasil, MSP 90 não é apenas uma homenagem ao criador da Turma da Mônica, mas também um presente para seus fãs. A obra mostra como os personagens mais queridos dos quadrinhos nacionais podem ser revisitados com novos olhares, estilos e linguagens, mantendo viva a magia que há seis décadas encanta gerações.
O Norte em Quadrinhos é uma iniciativa que busca valorizar, divulgar e fortalecer a produção de quadrinhos da região Norte do Brasil. Atuando como vitrine para artistas e coletivos, o projeto promove as obras e o reconhecimento da diversidade de narrativas e estilos que vem da Amazônia, conectando criadores locais a leitores em todo o país através de eventos, premiações, profissionalização e muito mais.
Defensoria pede ao Judiciário suspensão do uso de explosivos em operações no Rio Madeira. Foto: Junio Matos/DPE-AM
Um relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho Teko Porã – Vida Digna da DPE-AM aponta que as operações da Polícia Federal e do Ibama, que utilizam explosivos para destruir balsas, têm provocado consequências desproporcionais: crianças e idosos traumatizados pelos estrondos, famílias desabrigadas após terem suas casas-balsas destruídas, perda de documentos pessoais, além da mortandade de peixes e contaminação das águas, afetando a principal fonte de alimentação e renda das comunidades.
A desconfiança sobre a qualidade do pescado tem reduzido o consumo e agravado a crise socioeconômica local.
Defensoria pede ao Judiciário suspensão do uso de explosivos em operações no Rio Madeira. Foto: Junio Matos/DPE-AM
Diante disso, a Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM) protocolou um mandado de segurança no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e um agravo de instrumento no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) para que a União e o Estado do Amazonas suspendam temporariamente o uso de artefatos explosivos nas operações de combate ao garimpo ilegal no Rio Madeira, especialmente no município de Humaitá.
A Defensoria argumenta que tais ações, além de ineficazes a longo prazo para combater o garimpo ilegal, violam o devido processo legal, uma vez que os bens são destruídos sem oportunidade de defesa ou contraditório. O órgão defende que o combate à mineração ilegal deve ocorrer de forma firme, mas com respeito aos direitos fundamentais e com políticas públicas que ofereçam alternativas econômicas sustentáveis para os ribeirinhos.
A medida, segundo o órgão, não questiona a necessidade de enfrentar a mineração clandestina, mas busca proteger populações ribeirinhas que têm sofrido graves impactos sociais, ambientais e humanitários com a tática utilizada.
Defensoria pede ao Judiciário suspensão do uso de explosivos em operações no Rio Madeira. Foto: Junio Matos/DPE-AM
Moradores afetados relatam momentos de desespero durante as operações. “Eles chegam, não dão tempo pra gente se explicar, tirar nada. Chegam tocando o terror, tipo cena de filme, ou corre ou pega tiro”, contou Nilton Braz da Gama, 26, extrativista e morador da comunidade Paraíso Grande, em Humaitá. Ele tem uma filha de seis anos e sustenta toda a família com a atividade.
Já Benedita Moraes, 37, é dona de casa e relatou as perdas materiais e ambientais: “Eles vieram, espocaram as bolsas e não deram satisfação de como a gente poderia sobreviver. Não dão tempo pra nada, só mandam sair e ir pra longe. Os peixes morrem, causa um estrago enorme”.
Pedido judicial
A Defensoria pede que o Judiciário determine a suspensão imediata das explosões até que seja apresentado um plano conjunto entre União e Estado do Amazonas para enfrentar os conflitos socioambientais no Rio Madeira, conciliando a proteção do meio ambiente com a dignidade e a sobrevivência das famílias ribeirinhas.
“O que está em jogo aqui não é a defesa do garimpo ilegal, mas sim a defesa da vida, da dignidade e dos direitos humanos das comunidades que vivem há gerações no entorno do Rio Madeira”, destacou a Defensoria no pedido cautelar.
Violações a direitos básicos
Uma comitiva da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM), por meio do Grupo de Trabalho “Teko Porã – Vida Digna”, realizou em julho uma visita ao município de Humaitá para ouvir moradores e avaliar os impactos sociais e ambientais enfrentados pelas comunidades ribeirinhas da região. O relatório produzido após a inspeção revelou um cenário crítico de vulnerabilidade, marcado por insegurança alimentar, moradia precária e riscos ambientais agravados pelas cheias e secas extremas.
Defensoria pede ao Judiciário suspensão do uso de explosivos em operações no Rio Madeira. Foto: Junio Matos/DPE-AM
Entre as constatações, a equipe identificou que famílias inteiras vivem em balsas improvisadas, muitas vezes em condições insalubres e sem acesso à água potável, saneamento básico ou serviços públicos essenciais. A comunidade Paraíso Grande, por exemplo, abriga 47 famílias em situação de extrema vulnerabilidade, dependendo da agricultura de subsistência e da pesca artesanal, cada vez mais comprometidas pelas mudanças climáticas.
O relatório também destaca os efeitos colaterais das operações de fiscalização contra o garimpo ilegal na região. Moradores relataram que balsas usadas como moradia foram destruídas indiscriminadamente, sem distinção das estruturas voltadas à mineração. A prática tem causado desabrigo, perda de patrimônio construído ao longo de anos e extravio de documentos pessoais, deixando famílias sem acesso a benefícios sociais.
Defensoria pede ao Judiciário suspensão do uso de explosivos em operações no Rio Madeira. Foto: Junio Matos/DPE-AM
Na conclusão, o Grupo de Trabalho ressaltou que o combate ao garimpo ilegal é necessário, mas deve vir acompanhado de políticas públicas integradas que assegurem a moradia, a subsistência e a dignidade das populações atingidas. O relatório recomenda que a Prefeitura de Humaitá e o Governo do Estado adotem medidas urgentes de assistência, reparação e inclusão em programas habitacionais, além de articular soluções sustentáveis que equilibrem proteção ambiental e justiça social.
*Com informações da Defensoria Pública do Estado do Amazonas (DPE-AM)
Com sistemas de som potentes, jogos de luz, lasers, painéis de LED e efeitos pirotécnicos, as aparelhagens carregam nome e identidade própria. Na 54ª Expofeira do Amapá as aparelhagens são atrações confirmadas e imperdíveis.
A programação conta com DJs que comandam essas estruturas, criando uma experiência única ao público. Confira as que vão tocar este ano no Festival das Aparelhagens:
A Expofeira na Rede tem o objetivo de valorizar e ampliar o impacto social, cultural, econômico e turístico da tradicional ExpoFeira do Amapá. É uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM), com apoio do Grupo Equatorial, Tratalyx e Governo do Amapá.