Um grupo de franceses que partiu da Bolívia em uma balsa artesanal pretende chegar a Macapá (AP) até o fim de setembro. A travessia faz parte da Expedição Pipilintu, criada para homenagear os 200 anos da independência boliviana com uma jornada dos Andes ao Atlântico.
A embarcação é feita de totora — planta típica da região andina — e foi construída entre maio e junho de 2025 pela família Esteban, especialista em balsas tradicionais. O barco tem dois cascos, formando um catamarã de 6 metros de comprimento por 2,5 metros de largura e 6 metros de altura.
Recepção aos franceses nas comunidades ribeirinhas
Na Bolívia, a expedição foi acompanhada de perto pela Armada Boliviana e recebeu apoio técnico e logístico. Já no Brasil, o início foi mais solitário, mas logo moradores do Rio Madeira se aproximaram.
Muitos ajudaram com acampamentos, alimentação e apoio logístico. A expedição virou atração local, com visitas diárias de curiosos e moradores.
“Cada dia chega alguém de barco para conversar, tirar foto, oferecer ajuda. A recepção no Rio Madeira tem sido incrível”, contou Fabien.
A jornada será registrada em um documentário previsto para 2026. O filme vai mostrar a travessia, o contato com comunidades ribeirinhas e destacar a importância ecológica e cultural da expedição. As atualizações estão disponíveis no site pipilintu.com.
Além da aventura esportiva, o projeto busca promover o uso de embarcações sustentáveis e valorizar o patrimônio marítimo boliviano. “Esse tipo de barco está desaparecendo. Poucas famílias ainda sabem construir com totora”, explicou Fabien.
Foto: Divulgação/Expedição Pipilintu
Desafios e logística
Os primeiros dias foram os mais difíceis, com correntezas fortes e ondas perigosas. Outro trecho crítico foi a passagem da fronteira entre Bolívia e Brasil, onde há corredeiras, narcotráfico e usinas que impedem a navegação.
A solução foi transportar a balsa por caminhão até Porto Velho, com apoio da Marinha brasileira. O maior desafio técnico agora é concluir o trajeto dentro do tempo de vida útil da balsa, que é de cerca de quatro meses. A equipe precisa avançar cerca de 50 km por dia para cumprir o cronograma.
Construção da embarcação
A construção começou com a coleta de mais de 200 pacotes de totora no lago Titicaca. A planta foi trançada manualmente por dois meses, com ajuda da família Esteban, do Altiplano Boliviano.
O barco foi lançado em 21 de junho, durante o Ano Novo Aimará, com cerimônia tradicional e participação da comunidade.
Um estudo realizado em Rondônia tem buscado avaliar qual o impacto da polinização de abelhas sem ferrão na produção de açaí (Euterpe oleracea) no estado. O projeto ‘Produção do açaí (Euterpe oleracea) integrada a diferentes densidades de colmeias de abelhas sem ferrão, Jataí (Tetragonisca angustula), em Rondônia’ é desenvolvido pelo pesquisador Henrique Silva Sérvio.
O objetivo é entender como diferentes densidades de colmeias da espécie Jataí (Tetragonisca angustula) podem influenciar diretamente a produtividade, a qualidade do fruto e a preservação das abelhas nativas. Além disso, comparar o cultivo de açaí em cenários com e sem colmeias, medindo os efeitos da polinização e identificando práticas capazes de elevar os padrões de produção.
Entre os desdobramentos previstos, está o desenvolvimento de uma metodologia automatizada para determinar a quantidade ideal de colmeias por área, com possibilidade de registro de patente e novas referências tecnológicas para o setor.
O estudo é financiado com recursos do Programa de Apoio à Pesquisa e Soluções Inovadoras (PAP), do governo de Rondônia por meio da Fundação de Amparo ao Desenvolvimento das Ações Científicas e Tecnológicas e à Pesquisa (Fapero) e recebeu R$ 180.905,00.
Estudo apresenta relevância social, ambiental e econômica
Foto: Divulgação/Fapero
A iniciativa se destaca pela relevância social e ambiental ao propor a integração sustentável da criação de abelhas sem ferrão com os açaizais de Rondônia. Diante do crescimento da demanda nacional e internacional pelo fruto, o estudo busca fortalecer a agricultura familiar e ampliar o valor agregado da produção local.
Com foco no fortalecimento da fruticultura rondoniense, a Fapero está financiando por meio do programa PAP Fruticultura, sete iniciativas, cada uma voltada ao fortalecimento de uma cadeia produtiva específica, entre elas: banana, maracujá, açaí, abacaxi, mamão, melancia e acerola.
Para o governador de Rondônia, Marcos Rocha, pesquisas como essas são fundamentais para o fortalecimento da fruticultura rondoniense: “O futuro do setor está na união entre conhecimento científico, manejo sustentável e a adoção de tecnologias que aumentem a produtividade e a qualidade dos frutos, garantindo competitividade e preservação dos recursos naturais”.
O relógio marca o início da tarde na comunidade indígena de Boa Vista, no Médio Rio Negro, Amazonas. À mesa, cará roxo, beiju, peixe moqueado, buriti, abacaxi e outras iguarias da floresta recebem os visitantes. Seguindo a tradição, os anfitriões indicam que os turistas se sirvam primeiro, uma forma de demonstrar respeito e acolhida.
Assim começam asExpedições Serras Guerreiras de Tapuruquara, viagens de experiência criadas para apresentar o território e os modos de vida dos povos indígenas da região. O projeto, desenvolvido pela Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (ACIR) em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), o Instituto Socioambiental (ISA) e a ONG Garupa, com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estruturou o turismo comunitário como alternativa de renda e como ferramenta de monitoramento territorial.
Dormir em rede, tomar banho de rio, navegar em canoas tradicionais, percorrer trilhas na mata e subir serras com vistas de tirar o fôlego fazem parte da programação. A imersão vai além do contato com a natureza: festas, danças, rituais, cultivo tradicional da farinha e do beiju, confecção de artefatos de fibra e cerâmica e histórias ancestrais revelam a profundidade cultural das comunidades.
À sombra após o almoço, enquanto o calor amazônico convida ao descanso, um encontro inesperado: Seu João Vieira Brazão, do povo Baré, rascunha uma pequena gramática ilustrada de nheengatu.
Desenha rostos, escreve palavras, reçá (olho), tym (nariz), yakãga (cabeça), yorou (boca) — e ensina frases como se akãga sacy (“minha cabeça dói”). A aula improvisada não faz parte do roteiro oficial, mas sintetiza a essência do projeto: aprendizado mútuo e convivência genuína.
Foto: Reprodução/ISA
Roteiros oferecidos nas Serras Guerreiras de Tapuruquara
Para obter produtos sustentáveis a partir de amêndoas da região amazônica, um grupo de pesquisadores, de diversas regiões do País, reuniu-se em torno do projeto ‘Aproveitamento integral das amêndoas de cupuaçu, castanha da Amazônia e de pracaxi: produção de óleos para uso alimentar e de produtos sustentáveis de alto valor agregado’.
A equipe de pesquisadores vem trabalhando na produção de tortas (biomassas) residuais a partir das das três matrizes. A finalidade é gerar extratos ricos em compostos bioativos. A pesquisa é apoiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa).
Os extratos passam por um processo de microencapsulamento em spray-drier, uma técnica que ajuda a conservar suas propriedades. Em seguida, eles são enviados para análise em laboratório do Rio de Janeiro (RJ). Nesta etapa, os pesquisadores avaliam a composição química dos extratos e realizam testes (in vitro), para verificar atividades biológicas, como ação anti-inflamatória, antioxidante e possíveis níveis de toxicidade, entre outros.
Estudo envolve instituições nacionais
A equipe completa do projeto tem como coordenador geral, o doutor Otniel Freitas Silva, da Embrapa – Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro), que conta com uma rede de contribuição extensa, a exemplo do doutor Anderson Junger Teodoro, da Universidade Federal do Fluminense (UFF) e Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição (UNIRIO); e dos pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ), Andréa Madalena Maciel Guedes, Antonio Gomes Soares e Renata Galhardo Borguini.
Foto: Divulgação/Fapespa
Também participa do projeto, apoiado pela Fapespa, a doutora Valéria Saldanha Bezerra, do Amapá, como pesquisadora líder, e os professores doutores Heloísa Helena Berredo (UFPA) e Renan Chisté (UFPA/ UFMG).
No Pará
O líder da pesquisa, no Pará, professor doutor Fagner Aguiar, da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), afirma que “é fundamentalmente necessário esse apoio para geração do conhecimento científico, para que os institutos de pesquisa possam gerar e transferir esses conhecimentos às comunidades para uma melhor vivência e bem-estar destas”.
“Além de propiciar à academia, grandes oportunidades curriculares aos discentes que executam as atividades, incentivados por bolsas de pesquisa. Hoje, na equipe Pará, temos cinco bolsistas de Iniciação Científica, em andamento, e um pós-doutorado concluído no projeto”, explica.
Com o apoio formal de associações e cooperativas que trabalham com Produtos Florestais Não Madeireiros (PFNM), o projeto concentra suas pesquisas e a coleta de materiais, em regiões do Pará e Amapá.
Aproveitamento integral das amêndoas amazônicas
O pesquisador Fagner Aguiar explica que “o aproveitamento de biomassas residuais lignocelulósicas é um grande desafio para as grandes e pequenas escalas industriais, e pode ser incrementada para maior valorização junto aos pequenos produtores e comunidades tradicionais da região. Desta forma, agregará ainda mais valor às cadeias produtivas de pracaxi, cupuaçu e castanha da Amazônia”.
Fotos: Divulgação/Fapespa
No Amapá, a Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru (Comaru) fica localizada na Comunidade São Francisco do Iratapuru, às margens do Rio Iratapuru, no município de Laranjal do Jari. Ela foi criada para organizar a venda dos produtos e aumentar o poder de negociação com os clientes.
Os produtores locais trabalham, há mais de cinco décadas, com a coleta de castanha na área, que hoje é a Reserva de Desenvolvimento do Rio Iratapuru (RDSI). Outra parceria é com a Associação das Mulheres Extrativistas do Limão do Curuá (Amelc), no distrito do Bailique, onde é coletado e produzido óleo de pracaxi de forma artesanal. Lá são produzidos cerca de 1,5 mil litros por safra, utilizados nas indústrias de fármacos e cosméticos.
Associações comunitárias também participam da pesquisa
Foto: Divulgação/Fapespa
No Pará, a Associação dos Pequenos Produtores Rurais Extrativistas e Pescadores do rio Ipanema (APREPRI), do município de Curralinho, na Ilha do Marajó, trabalha com o pracaxi e o cupuaçu. Já a Cooperativa Agrícola de Tomé-Açu (Camta), no município de Tomé Açu. Estas organizações comunitárias participam de todas as etapas da execução da proposta, bem como colaboram com o fornecimento de matérias primas (amêndoas, óleo e torta) e com as instalações físicas para o desenvolvimento do projeto.
As parcerias entre as unidades da Embrapa, universidades, associações e cooperativas serão oficializadas, por meio de um contrato de cooperação técnica, que firmará o compromisso entre as instituições envolvidas e estabelecerá as bases para o desenvolvimento conjunto do projeto, e de ações em benefícios do setor na região amazônica.
Reconhecimento em publicações científicas
Os avanços nas pesquisas do projeto obtiveram reconhecimento nacional e internacional. Resultados parciais do estudo foram publicados em importantes eventos de iniciação científica como: o 29° Congresso Brasileiro de Ciência e Tecnologia de Alimentos, em Florianópolis-SC (2024), o 3rd International Congress on Bioactive Compounds, em Campinas-SP (2024) e o 7th Symposium on Medicinal Chemistry of the University Moinho, Portugal (2025).
Em 2025, a pesquisa segue com resultados promissores, como a obtenção de extratos fenólicos microencapsulados, e aplicados em filmes comestíveis para aumento da vida útil de frutas, podendo ser aplicado no açaí para maior conservação do fruto no período pós-colheita, fase crítica de manuseio para agricultores da região amazônica. Além disso, a equipe constituída no Pará obteve resultados acerca das atividades antimicrobiana e biológica destes compostos, tendo como foco o uso para prevenção da diabetes.
Foto: Divulgação/Fapespa
Ainda neste ano, a expectativa é realizar um scale-up sobre o processo de fermentação das biomassas, para obtenção de maiores rendimentos em compostos bioativos. Ou seja, futuramente, o foco é a ampliação da escala do processo, buscando sair da fase experimental de laboratório e passar para fase da produção a nível comercial e industrial, adaptando e validando o processo, para que ele funcione em níveis e quantidades maiores.
Essa é uma transição fundamental para a pesquisa, onde se transforma a descoberta científica em produtos ou tecnologias que possam ser comercializados. Essas iniciativas reforçam o potencial da bioeconomia amazônica, aliando inovação tecnológica, sustentabilidade e valorização dos recursos naturais da floresta.
Mudas em testes. Foto: Pedro Henrique Oliveira Simões/Acervo pessoal
Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Sinop, estão à frente de uma inovação para transformar a silvicultura brasileira. Trata-se do projeto de pesquisa ‘Ecotubete – Plantando o Futuro’, que busca substituir os tradicionais tubetes plásticos utilizados em viveiros florestais por alternativas biodegradáveis, de baixo custo e com menor impacto ambiental.
Atualmente, a produção de mudas no Brasil depende quase exclusivamente de recipientes de polipropileno e polietileno, derivados do petróleo e de difícil degradação. O projeto aposta em alternativas sustentáveis feitas com fécula de mandioca, fibras naturais, ceras vegetais e resíduos vegetais de baixo custo para o plantio de algumas espécies, como o eucalipto, pinus e teca.
O plástico feito a partir de fontes naturais (PLA-poliácido láctico) está sendo utilizado exclusivamente para a construção de modelos 3D que permitem avaliar diferentes formatos geométricos, estrias internas e reduções no volume de substrato, etapa essencial para definição do melhor design antes da produção em materiais biodegradáveis
Foto: Pedro Henrique Oliveira Simões/Acervo pessoal
O projeto é coordenado pelo professor doutor em Ciências Florestais, Pedro Henrique Oliveira Simões, em parceria com o Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica/UFMT, e Cooperação nº 0140/2025, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT/UFMT/Bolsa IT 2025), para formação de recursos humanos.
A pesquisa está estruturada em três fases:
A primeira já em andamento, avalia diferentes modelos de tubetes impressos em 3D para identificar o melhor design, incluindo estrias internas e redução do volume de substrato. Os testes utilizam três híbridos de clones de mudas de eucalipto.
Já a segunda fase consiste na produção em larga escala, com a avaliação de cinco resíduos vegetais de baixo custo para compor os tubetes, buscando a combinação ideal entre resistência, biodegradação e viabilidade econômica.
E na fase final, prevê a avaliação da biodegradabilidade dos tubetes confeccionados com diferentes resíduos vegetais, observando seu desempenho no solo ao longo do tempo.
Foto: Pedro Henrique Oliveira Simões/Acervo pessoal
Benefícios ambientais e produtivos para as mudas
A expectativa é que o Ecotubete proporcione redução significativa do uso de plásticos, elimine a necessidade de lavagem e retorno de recipientes ao viveiro e reduza os riscos de contaminação por pragas e doenças. Além disso, pode diminuir o tempo de permanência das mudas em viveiro, otimizando a produção e reduzindo custos.
“Estamos desenvolvendo uma solução que une inovação, sustentabilidade e aplicabilidade prática para a produção florestal em escala industrial”, destaca o professor Pedro Simões.
Um futuro mais verde
A silvicultura brasileira, que responde por mais de 1 bilhão de mudas produzidas anualmente, poderá se beneficiar diretamente dessa tecnologia, que alia ganhos operacionais à preservação ambiental. O Ecotubete é um passo importante para que a produção florestal avance rumo a um modelo mais sustentável e inovador.
Além dos testes em andamento, o projeto está em busca de parceiros comerciais interessados na transferência de tecnologia, visando acelerar o processo de desenvolvimento e viabilizar a adaptação da solução para produção em escala industrial.
O projeto conta com a participação dos professores doutores. Cassiano Spaziani Pereira e Karoline Carvalho Dornelas Simões, e dos discentes (bolsistas) Suellen de Paula, Lívia Grapégia, Samuel Rodrigues, Gabriel Spaziani e Maria Simoneto.O desenvolvimento também conta com a parceria estratégica do setor privado, o Viveiro Flora Sinop.
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade do Pará (Semas-PA) consolidou, no dia 16 de setembro, um novo acordo de cooperação com a Alcoa, o ZooUnama e o Instituto Igarapé Nhamundá para ampliar as ações de conservação do peixe-boi na região.
A iniciativa integra o componente de biodiversidade do licenciamento ambiental e prevê apoio direto a políticas públicas de proteção da espécie e de ordenamento territorial.
Uma das frentes da parceria envolve o ZooUnama, em Santarém, instituição ligada à Universidade da Amazônia que atua no resgate e reabilitação de animais silvestres. O projeto prevê a implantação de uma estrutura flutuante dedicada ao peixe-boi no Igarapé do Costa, com dois tanques de reabilitação aquática, maloca para apoio veterinário, píer de atracação e aquisição de veículo. O espaço será destinado ao cuidado dos animais nos últimos anos de tratamento, antes da reintegração ao habitat natural.
“Estamos fortalecendo estruturas existentes, como o ZooUnama, e apoiando novas bases, como a do Instituto Nhamundá, ampliando a capacidade de resgate, reabilitação e proteção da espécie em regiões do Baixo Amazonas. A cooperação com a Alcoa e essas instituições garante que os esforços sejam mais eficientes e que o trabalho de conservação se fortaleça no Estado”, afirmou Rodolpho Zahluth Bastos, secretário adjunto de Gestão e Regularidade Ambiental da Semas.
O professor Hipócrates Chalkidis, supervisor administrativo do ZooUnama, destacou que a parceria amplia a capacidade de atuação da instituição.
“É um divisor de águas em nossa trajetória. Mais de uma centena de animais já passaram por nossos cuidados, e essa cooperação agora forma uma força-tarefa essencial para proteger uma espécie ameaçada de extinção, beneficiando também outros animais silvestres da região”, ressaltou.
Foto: Jamille Leão/Semas PA
Projeto SOS peixe-boi da Amazônia em Oriximiná
O acordo também contempla o Instituto Igarapé Nhamundá, em Oriximiná, com o fortalecimento do Projeto SOS peixe-boi da Amazônia. A iniciativa atua no resgate, reabilitação e destinação de filhotes órfãos, além de promover atividades educativas com comunidades ribeirinhas. O projeto está estruturado em três eixos: construção de uma base física, manejo especializado de filhotes e ações de educação ambiental, reforçando a integração entre conservação da biodiversidade e participação comunitária.
“É uma honra participar deste projeto e contribuir para a preservação de um dos principais ícones da região, o peixe-boi. Essa iniciativa reforça nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e com a proteção de espécies tão relevantes para o Pará”, destacou Lucila Ribeiro, diretora de Relações Governamentais e Comunicação da Alcoa no Brasil.
Segundo a Semas, a união de esforços entre governo estadual, empresas e instituições de pesquisa fortalece as políticas públicas ambientais do Pará e garante avanços significativos na conservação do peixe-boi, espécie ameaçada de extinção e símbolo da biodiversidade amazônica.
Historicamente, o cultivo de uvas é tradicionalmente relacionado a regiões de clima temperado ou semiárido, como o Vale do São Francisco no nordeste do Brasil. No entanto, na Amazônia Legal, esse tipo de cultivo tem ganhado força, com avanços que sinalizam um potencial na fruticultura regional.
Em uma iniciativa destacada no Maranhão, o Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Campus Caxias, na cidade de Caxias (Distante 367 quilômetros de São Luiz), onde está uma região de transição entre os biomas do Cerrado e da Floresta Amazônica, está liderando um relevante avanço no cultivo da fruta.
É o que aponta o estudo ‘Cultivo de uvas no Maranhão: IFMA Caxias desenvolve protocolo de produção de mudas’, projeto que busca “viabilizar a introdução da viticultura comercial e fomentar a fruticultura regional”.
O trabalho abrange produção de mudas em laboratório, casa de vegetação e campo experimental, com cultivares de copa em combinação com três porta-enxertos diferentes, além do manejo fitossanitário adequado para controle de pragas como a Xanthomonas campestris pv. vitícola, causadora do cancro bacteriano da videira.
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) na Amazônia Legal, esse tipo de iniciativa representa pioneirismo, considerando as restrições ambientais, o clima predominantemente equatorial e a ausência de tradição vitícola na região.
O órgão destaca ainda que cultivo de uvas nessa área requer adaptações específicas, incluindo seleção de variedades resistentes e protocolos de manejo adequados às condições locais.
De acordo com o estudo do IFMA, diversos fatores limitam a adoção do cultivo de uvas na Amazônia Legal. A diversidade climática da região implica alta umidade, chuvas intensas e solos frequentemente pobres em fósforo e matéria orgânica. Estudos diversos que embasaram a pesquisa destacam que sobre a produção de uvas orgânicas no Brasil há um grande desafio em se cultivar uvas sem agrotóxicos, uma demanda que exige amplo conhecimento técnico, tempo, infraestrutura e apoio institucional — elementos escassos em regiões não tradicionais de viticultura.
Adicionalmente os autores destacam, as normas federais para a Agronomia têm avançado. A Instrução Normativa nº 21, em vigor desde julho de 2024, estabelece requisitos técnicos para a produção integrada de uvas em processamento, com foco na redução de insumos e maior rastreabilidade. Esse tipo de regulamentação oferece suporte para práticas mais sustentáveis, ainda que sua adoção na Amazônia Legal esteja apenas em fase inicial.
Pesquisadores da UFMA em pesquisa de campo de plantio de uvas. Foto: Divulgação/UFMA
Outro ponto de atenção refere-se ao elevado custo das mudas e à dificuldade de aquisição em grandes volumes, como destacou o coordenador do projeto no Maranhão. “A obtenção de mudas para a implantação de parreirais em níveis comerciais no Maranhão é um grande desafio, não só pela dificuldade de contratar grandes volumes, mas também pelo elevado custo, que impacta diretamente os agricultores”, explicou. Para superar esse obstáculo, o IFMA trabalha no desenvolvimento de um catálogo com os principais agentes patogênicos e orientações sobre manejo adaptado às condições locais.
Alternativas regionais: a uva-da-Amazônia
Paralelamente à introdução de espécies como Vitis vinifera, pesquisadores da região têm valorizado espécies nativas com características semelhantes às uvas. O mapati, conhecido popularmente como “uva-da-Amazônia”, tem despertado interesse científico e comercial. O fruto apresenta polpa suculenta, sabor adocicado e é rico em minerais como cálcio, fósforo e potássio.
Estudos feitos por órgãos como a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) indicam que o mapati pode ser cultivado em áreas com solo bem drenado e adubação orgânica, características que se adaptam melhor ao clima tropical úmido da região da Amazônia. Além do consumo in natura, pesquisas exploram seu uso na produção de vinhos, geleias, chás e até cosméticos, ampliando o potencial de aproveitamento dessa espécie nativa.
Em 2022, pesquisadores do Amazonas e de São Paulo desenvolveram um vinho tinto a partir do mapati. O produto experimental demonstrou viabilidade tecnológica e destacou-se pela cor intensa e aroma característico. A pesquisa que teve o fomento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam) mostrou que a biodiversidade amazônica pode fornecer alternativas sustentáveis para diversificação da fruticultura regional, valorizando espécies locais com potencial econômico.
Sob a coordenação do doutor em Fitotecnia-Horticultura, Valdely Ferreira Kinupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam); e da doutora em Ciências de Alimentos Gláucia Maria Pastore, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), os mapatis usados no estudo foram coletados em Manaus e nos municípios de São Gabriel da Cachoeira e Tabatinga.
Valdely Kinupp mostrando uma coleta de mapati para produção de vinhos em 2022. Foto: Divulgação
Segundo Kinupp, pesquisas sobre as plantas alimentícias não convencionais (PANC) frutíferas da Amazônia podem permitir elevados impactos e variados desdobramentos ambientais e econômicos, que vão desde a contribuição para conservação da natureza até estimular a produção de diferentes alimentos não conhecidos e consumidos pela maioria da população.
“Selecionamos essas plantas com potencial para o preparo de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, fermentadas, vinhos, cervejas, chás, hidroméis, eventualmente geleias ou outros produtos. E, assim, fazer a caracterização química de espécies das PANC da Amazônia”, explicou.
Panorama da viticultura adaptada à Amazônia
Comparativamente, o Brasil hoje concentra sua produção vitícola em regiões como o Rio Grande do Sul e o Vale do São Francisco, que juntos respondem por quase toda a produção de uvas para consumo do país e também para exportação. Essas áreas contam com condições climáticas mais favoráveis, infraestrutura consolidada e forte presença de tecnologias de irrigação
Na Amazônia Legal, as condições são distintas, exigindo inovações no manejo cultural e adaptação das variedades cultivadas. No Maranhão, os experimentos do IFMA Caxias utilizam cultivares como BRS Vitória e BRS Núbia, combinadas a porta-enxertos desenvolvidos no Instituto Agronômico de Campinas. Os resultados iniciais são avaliados em blocos experimentais, com monitoramento de estresses hídricos e nutricionais para compreender a resposta da videira em solos de baixa fertilidade.
O projeto também prevê a elaboração de um calendário de podas baseado no Zoneamento Agrícola de Risco Climático, a fim de orientar agricultores sobre os períodos mais adequados para cada etapa do cultivo. Esse conhecimento técnico é fundamental para reduzir riscos e aumentar as chances de êxito no cultivo de uvas na região.
O Amazonas conquistou um marco histórico ao receber uma medalha de ouro e uma de bronze no concurso internacional de queijo ‘Mondial Du Fromage Tours 2025‘, realizado em Paris, na França. A competição, dedicada a produtores e especialistas do setor de laticínios, ocorreu entre os dias 12 e 14 de setembro e reuniu centenas de participantes de diversos países.
Três queijarias amazonenses representaram o Brasil no evento: a Tradição D’Lourdes e a Queijaria Original, ambas do município de Autazes, a 113 quilômetros de Manaus, e a Leiteria Macurany, localizada em Parintins, a 369 quilômetros da capital.
A coordenação da participação coube ao Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), com apoio do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Amazonas (Sebrae/AM).
A Tradição D’Lourdes conquistou a medalha de ouro com o “Queijo Maturado com Café”, produto que combina a tradição da produção artesanal com um ingrediente característico da região amazônica.
Já a Leiteria Macurany recebeu a medalha de bronze com o “Queijo Manteiga Blend”, reconhecido pela textura diferenciada e sabor equilibrado.
Segundo o secretário da Sepror, Daniel Borges, a conquista é resultado de uma articulação para dar visibilidade internacional aos produtos regionais. Durante a cerimônia de premiação, ele destacou o reconhecimento conquistado pelas três queijarias, ressaltando o fortalecimento da produção amazonense no setor de queijo.
A proprietária da Tradição D’Lourdes, Arleane Figueiredo, também destacou a relevância do prêmio em Paris, afirmando que a medalha de ouro simboliza o esforço de produtores de Autazes em oferecer qualidade e inovação.
Já os representantes da Leiteria Macurany enfatizaram que o bronze com o “Queijo Manteiga Blend” demonstra o potencial competitivo do município de Parintins no cenário internacional.
Histórico de conquistas no setor de queijo
As três queijarias amazonenses já acumulam trajetória em premiações nacionais e internacionais. Em junho deste ano, durante a ExpoQueijo 2025 – Araxá International Cheese Awards, realizada em Minas Gerais, o grupo conquistou oito medalhas em diferentes categorias. Além disso, já foram reconhecidas em eventos regionais como a Expoagro, a Feira de Agronegócios da Nilton Lins e as Exposições Agropecuárias de Autazes e Parintins.
Foto: Divulgação/Sepror-AM
De acordo com informações compartilhadas em publicações oficiais, a participação no Mondial Du Fromage envolveu meses de preparação para atender às exigências técnicas do concurso, que avaliou critérios como maturação, textura, aroma, sabor e inovação.
O “Queijo Maturado com Café”, por exemplo, chamou a atenção por incorporar o grão amazônico ao processo de maturação, resultando em um produto inédito entre os queijos apresentados no evento. Já o “Queijo Manteiga Blend” destacou-se pela cremosidade e versatilidade, características que pesaram na avaliação do júri internacional.
Repercussão e reconhecimento
As imagens compartilhadas em redes sociais, incluindo registros do estande amazonense em Paris, mostraram a movimentação em torno dos produtos do estado. O espaço de exposição recebeu visitantes interessados em conhecer os sabores diferenciados dos queijos da região Norte do Brasil.
Representantes das queijarias ressaltaram a importância de mostrar que a produção amazonense é capaz de competir lado a lado com países tradicionalmente reconhecidos pela excelência em queijo, como França, Itália e Suíça.
A conquista das medalhas de ouro e bronze reforçou a visibilidade do Amazonas no mercado global, colocando o estado entre os protagonistas de uma das principais competições do setor de queijo.
Vista aérea da cidade de Parintins, no Amazonas. Foto: Lucas Silva/Amazonastur
Professor do curso de Educação Física da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) no município de Parintins (AM), o pesquisador Marcelo Rocha Radicchi lançou o livro ‘Os Sateré-Mawé na cidade: Transição nutricional (excesso de peso e inatividade física) em uma população indígena urbana em Parintins, Amazonas’, resultado de uma pesquisa de campo.
O estudo iniciou por meio de projeto de pós-graduação desenvolvido com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), no âmbito do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-graduados para o Interior do Estado do Amazonas – RH-Interiorização.
Os dados da publicação têm como base a coleta feita durante a pesquisa de campo para o trabalho de doutorado em Epidemiologia em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz/Rio de Janeiro).
Conteúdo do livro foi apresentado aos indígenas
Segundo o pesquisador, o livro traz uma contextualização histórica, sociocultural e geográfica dos Sateré-Mawé em Parintins. A publicação reúne informações sobre aspectos socioeconômicos, demográficos, étnicos e de saúde. O pesquisador apurou informações referentes ao nível de atividade física, perfil nutricional e a presença de doenças como a hipertensão.
O conteúdo do livro foi compartilhado com os participantes da pesquisa em apresentação pública na presença de lideranças indígenas Sateré-Mawé. O objetivo é que a obra ofereça informações contextualizadas e, assim, promova a inclusão a partir da visibilidade estatística e demográfica desta população.
“Ainda há uma visão estereotipada de que o indígena é somente aquele que está em área rural, na floresta, o que impede que o indígena que reside em áreas urbanas seja considerado nas diversas políticas públicas, dentre elas a política pública de saúde”, explicou Marcelo Radicchi.
O deputado estadual Carlinhos Bessa (PV) voltou a denunciar, na Tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), nesta quarta-feira (17/09), a precariedade no fornecimento de energia elétrica no interior do estado. Em seu discurso, o parlamentar citou acidentes graves e as constantes interrupções de energia, que têm causado transtornos e colocado vidas em risco nos municípios.
Bessa relatou um caso recente ocorrido no Lago do Caiambé, no município de Tefé, onde um morador recebeu uma descarga elétrica em razão da má conservação da rede.
“Em alguns locais, as redes estão praticamente na mesma altura de uma pessoa, permitindo que qualquer um encoste ou até tropece nos fios, sofrendo choques que já resultaram em mortes. Isso é criminoso e precisa de providências urgentes”, alertou.
O deputado afirmou que está encaminhando o caso ao Ministério Público para que a empresa seja responsabilizada.
Além dos acidentes, o parlamentar destacou que a Amazonas Energia vem realizando uma “manutenção sem fim”, resultando em 477 interrupções no fornecimento apenas nos últimos meses.
“Houve bairros, como o Abial, no município de Tefé, que ficaram 24 horas sem energia. O Ministério Público já expediu uma recomendação, mas acredito que é preciso ir além. São necessárias punição e medidas mais rígidas contra a empresa”, afirmou.
O parlamentar também criticou a disparidade entre a postura da concessionária diante do consumidor e sua responsabilidade com o serviço.
“Quando o consumidor atrasa alguns dias, o corte é imediato. Mas quando é para garantir energia de qualidade, vemos descaso e negligência. Essa empresa vem causando verdadeiro caos na vida da nossa gente no estado do Amazonas, e não podemos mais aceitar isso”, concluiu.
Carlinhos Bessa disse, ainda, que vai apresentar requerimento para que a empresa traga informações detalhadas sobre as ações da concessionária, a fim de subsidiar a atuação dos órgãos de fiscalização. Ele também pediu apoio dos demais parlamentares para cobrar uma postura mais firme e responsável da Amazonas Energia.