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Maria de Nazaré: saiba onde encontrar igrejas de Nossa Senhora Aparecida nos estados da Amazônia Legal

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Na Amazônia Legal, mas de 10 igrejas homenageiam a padroeira do país. Foto: Reprodução/Arquidiocese de Manaus

O dia de Nossa Senhora de Aparecida, uma das maiores representações do catolicismo no Brasil, é celebrado em 12 de outubro.

Considerada a Padroeira dos brasileiros, a santa recebe homenagens e celebrações por todo o país durante o mês de outubro, em comemoração, este ano, aos 308 anos da aparição de sua imagem.

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De Norte a Sul, milhares de fiéis demonstram sua fé nesta data, que é tomada de eventos como missas solenes, procissões e shows em homenagem à santa.

Leia também: Conheça as principais igrejas católicas da Amazônia

Quer prestar sua devoção à Padroeira e não conhece a igreja mais próxima da sua região?

Confira uma lista com algumas das instituições católicas dedicadas à Nossa Senhora Aparecida na Amazônia Legal:

Acre

  • Santuário de Nossa Senhora Aparecida: Rua Nossa Senhora Aparecida, Conjunto Manoel Julião, em Rio Branco.
Maria de Nazaré: saiba onde encontrar igrejas de Nossa Senhora Aparecida nos estados da Amazônia
Foto: Reprodução
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Avenida 25 de agosto, n° 2901, bairro Aeroporto Velho, em Cruzeiro do Sul.
Maria de Nazaré: saiba onde encontrar igrejas de Nossa Senhora Aparecida nos estados da Amazônia Legal
Foto: Reprodução/Diocese Cruzeiro do Sul

Amapá

  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Rua Guanabara, n° 612, bairro Pacoval, em Macapá.
Foto: Reprodução/Instagram-igrejanossasenhoraaparecida

Amazonas

  • Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida: Rua Alexandre Amorim, n° 341, bairro Aparecida, em Manaus.
Foto: Reprodução/Arquidiocese de Manaus
  • Paróquia Santos Mártires e Nossa Senhora Aparecida: Rua Angelim, n° 1913, bairro Centro, em Presidente Figueiredo.
Foto: Reprodução
  • Área Missionária Nossa Senhora Aparecida: Estrada Manoel Urbano, n° 2650, no Cacau Pirêra, em Iranduba
Foto: Reprodução/Arquidiocese de Manaus

Mato Grosso

  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Avenida Sagrada Família, n° 876, bairro Vila Aurora, em Rondonópolis.
Foto: Reprodução/Diocese de Rondonópolis
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Avenida Planalto, n° 550, bairro Centro, em Água Boa.

Leia também: Nossa Senhora da Amazônia, guardiã da Floresta e do povo Amazônico

Pará

  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Avenida Marechal Rondon, n° 2485, bairro Aparecida, em Santarém.
Foto: Reprodução/Arquidiocese de Santarém
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Rua Nossa Senhora Aparecida, n° 79, bairro Centro, em Rondon do Pará.
Foto: Reprodução/Diocese de Bragança

Rondônia

  • Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida: Rua José Amador dos Reis, n° 2810, bairro JK I/JK II, em Porto Velho.
Foto: Reprodução/Arquidiocese de Porto Velho
  • Santuário Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Avenida Daniel Comboni, n° 826, bairro Jardim Tropical, em Ouro Preto do Oeste.
Foto: Reprodução/Santuário Diocesano de Ouro Preto do Oeste

Roraima

  • Santuário Nossa Senhora Aparecida: Rua Roberto Costa, n° 519, bairro Aparecida, em Boa Vista.

Tocantins

  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Praça João XXIII, s/n, bairro Centro, em Colinas do Tocantins.
Foto: Reprodução/Movimento Mães que oram pelos filhos
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Praça José Eurico Costa, s/n, bairro Centro, em Aparecida do Rio Negro.
Foto: Reprodução/Arquidiocese de Palmas

Maranhão

  • Igreja Nossa Senhora Aparecida: Rua da Geografia, n° 1, bairro Cohafuma, em Foz do Rio Anil.
Foto: Reprodução/Arquidiocese de São Luís
  • Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Rua Santa Rita de Cássia, n° 246, bairro São José, em São Luís de Montes Belos.
Foto: Reprodução/Diocese de São Luís

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Conheça os livros favoritos dos pequenos leitores da Amazônia

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A leitura abre portas e, muitas vezes, caminhos inteiros. É o que acontece com a pequena Júlia Rodrigues, de Uarini (AM), que utiliza a biblioteca comunitária do município, gerenciada pela Associação Vaga Lume. “Agora eu vou me interessar muito mais pelos livros. Acho que vou passar todo o intervalo da escola na biblioteca”, diz ela, com brilho nos olhos.

A Lei nº 11.899/09, que institui o Dia Nacional da Leitura e a Semana Nacional da Leitura e da Literatura, reforça a importância de cultivar o hábito da leitura desde a infância e de incentivar a convivência da sociedade com a produção literária nacional. Com isso, a Vaga Lume encontrou uma oportunidade para valorizar ainda mais o universo dos livros, divulgando a lista dos títulos mais queridos pelas crianças que frequentam as bibliotecas da rede na Amazônia.

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Em Uarini (AM). Foto: Kleber José Jr/Vaga Lume

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O levantamento é fruto de uma pesquisa anual que analisa mais de 45 indicadores — desde a quantidade de leitores atendidos até as histórias por trás de cada empréstimo — além de aspectos como estrutura das bibliotecas, engajamento dos voluntários, mediações de leitura, atividades culturais, encontros virtuais e a satisfação das comunidades com o acervo. 

“O que descobrimos em nossas visitas é um universo leitor vibrante, repleto de crianças e jovens que só precisam de acesso aos livros para se tornarem grandes leitores. Não por acaso, em 2024 nossas bibliotecas registraram 52.727 empréstimos”, afirma Felipe Cincinato, coordenador de Comunicação da Vaga Lume. 

Entre os dez livros favoritos estão: A árvore Generosa, de Shel Silverstein (Companhia das Letrinhas); Bruxa, Bruxa, venha à minha festa, de Arden Druce (Brinque-Book); Chapeuzinho Vermelho, de Charles Perrault (Companhia das Letrinhas); Diário de um Banana, de Jeff Kinney (VR Editora); Gildo, de Silvana Rando (Brinque-Book);O Grande Rabanete, de Tatiana Belinky (Moderna Literatura);O Grúfalo, de Julia Donaldson (Brinque-Book); O Menino Baleia, de Lulu Lima (Mil Caramiolas); O Sapo Bocarrão, de Keith Faulkner (Companhia das Letrinhas); e Vai embora, Grande Monstro Verde!, de Ed Emberley (Brinque-Book). 

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Crianças conhecendo o acervo durante a implantação das bibliotecas de Novo Airão (AM). Foto: Kleber Jr/Vaga Lume

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Essas obras revelam a diversidade literária que compõe os acervos da Vaga Lume, resultado de uma curadoria anual que privilegia diferentes autorias, formatos, narrativas e experiências de leitura. Cada título traz um encantamento único: O Sapo Bocarrão, por exemplo, surpreende com imagens em 3D que saltam das páginas e despertam risadas; já O Menino Baleia, de Lulu Lima, convida o leitor a mergulhar no universo sensível de Roger, um menino autista que aprende a lidar com o mundo por meio da metáfora de uma baleia que habita dentro de si.

Desde 2001, a Vaga Lume constrói pontes entre livros e crianças na Amazônia Legal. Hoje, está presente em 23 municípios, com 97 bibliotecas comunitárias em funcionamento. Ao longo dessa jornada, já foram doados 195 mil livros e formados mais de 6 mil mediadores de leitura — voluntários que transformam o momento da leitura em encontros de afeto e descobertas. Esse trabalho já impactou a vida de mais de 111 mil crianças e jovens. Em 2025, a rede cresceu ainda mais com a inauguração de três bibliotecas em Uarini (AM) e outras duas em Barreirinhas (MA), ampliando o alcance das histórias que inspiram sonhos e futuros. 

Como conclui Cincinato: “o acesso ao livro e à leitura é também acesso à cidadania e a futuros possíveis. Através da literatura, descobrimos novos mundos, mas também reconhecemos e aprofundamos nossas raízes. Por isso é tão importante incentivar a leitura desde cedo e valorizar as culturas locais do Brasil, ampliando o contato das crianças com a diversidade de temas, narrativas e autores que refletem quem somos como sociedade.”

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Mediação de leitura durante a implantação da nova biblioteca em Axipicá, Oriximiná (PA). Foto: Vaga Lume

Sobre a Vaga Lume

Criada em 2001, a Vaga Lume está presente em 23 municípios da Amazônia Legal com 97 bibliotecas comunitárias em funcionamento. Em 2025 foram construídas cinco novas bibliotecas, sendo três em Uarini (AM) e duas em Barreirinhas (MA). Desde de sua fundação, já doou 195 mil livros e formou mais de 6 mil mediadores de leitura, voluntários que leem para as crianças, trabalho esse que já impactou a vida de 111 mil crianças e jovens. O seu propósito é empoderar crianças e jovens de comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais com a leitura, a escrita e a oralidade para ajudar a formar pessoas mais engajadas na transformação de suas realidades.

Selo de Direitos Humanos e Diversidade

Em 2024, a Associação Vaga Lume recebeu, pela terceira vez, o Selo de Direitos Humanos e Diversidade da Prefeitura de São Paulo. Em 2023, foi eleita pela terceira vez, sendo duas consecutivas, como a Melhor ONG de Educação do Brasil pelo Prêmio Melhores ONGs do Instituto Doar. No mesmo ano foi contemplada pelo novo prêmio United Earth Amazônia, na categoria ESG, da sigla em inglês Environmental, Social, and Corporate Governance (Ambiental, Social e Governança) e, também, foi uma das organizações selecionadas em todo o mundo para receber uma doação da filantropa MacKenzie Scott. Em 2022 foi vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura.

*Com informação da Associação Vaga Lume

Amazon Sat, Portal Amazônia e G1 Amapá transmitem a terceira edição do Círio na Rede em Macapá

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Foto: Reprodução/Governo do Amapá

O Círio de Nazaré, uma das maiores celebrações de fé na Amazônia, acontece neste domingo (12), e, em Macapá (AP), os fiéis que não puderem acompanhar presencialmente, poderão vivenciar a fé por meio da transmissão do projeto Círio na Rede, da Fundação Rede Amazônica (FRAM). 

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A procissão, que homenageia Nossa Senhora de Nazaré, será transmitida a partir das 6h (horário de Brasília), em TV aberta pelo canal Amazon Sat para os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima. Além disso, os fiéis também podem acompanhar o evento pelo Portal Amazônia e pelo G1 Amapá.

Segundo o coordenador do Amazon Sat, Lemmos Ribeiro, o projeto com transmissão do Círio de Macapá destaca que a grandiosidade da celebração na Amazônia é de suma importância para a cultura. 

“Transmitir esse evento é uma oportunidade única de preservar e divulgar uma das mais belas expressões de fé e tradição da nossa região. A fé no Círio está profundamente ligada à nossa identidade e à nossa linha editorial. Para muitos, essa transmissão também é uma chance de reviver a tradição, especialmente para aqueles que estão distantes de sua cidade natal”, afirma.

Iniciativas com os fiéis  

Além da transmissão, o Círio na Rede lança uma série de iniciativas para ampliar a participação dos fiéis e garantir acessibilidade e sustentabilidade durante a celebração. 

Entre as principais ações está a campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis, realizada com apoio da Diocese de Macapá.

As doações podem ser trocadas por brindes promocionais com a marca do Círio na Rede, como forma de incentivar a solidariedade e beneficiar famílias em situação de vulnerabilidade.

Leia também: Fundação Rede Amazônica promove terceira edição do Círio na Rede em Macapá

Círio
Foto: Reprodução/Acervo Amazon Sat

O evento contará também com um espaço exclusivo e adaptado para para pessoas com deficiência (PCDs) na missa do evento, realizada na Praça Santuário de Fátima. A estrutura contará com equipe de apoio, garantindo conforto, segurança e participação plena para todos os fiéis.

O projeto também prevê distribuição gratuita de água ao longo do percurso da procissão, ações de coleta seletiva de resíduos e campanhas educativas em diferentes plataformas. 

O Círio de Nazaré em Macapá é considerado um dos maiores eventos religiosos da Amazônia, reunindo cerca de 250 mil fiéis todos os anos.

A celebração ocorre sempre no segundo domingo de outubro, e inclui missas, procissões e apresentações culturais que expressam a devoção e a fé dos devotos de Nazaré. 

Foto: Reprodução/Acervo Amazon Sat

Círio na Rede

O projeto Círio na Rede chega a sua terceira edição e é uma realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM) com o apoio de: Prefeitura de Macapá, Geap Saúde, Grupo Equatorial; e apoio institucional de: Diocese de Macapá, Águas da Amazônia, Exército Brasileiro e Tratalyx.

Mãe e filha transformam sabores regionais em espaço inspirado nos povos indígenas

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Mãe e filha se uniram para criar um espaço diferente, mas mantendo a identidade acreana — Foto: Hellen Monteiro/g1 AC

Com a ideia de transformar a experiência de saborear a comida regional, mãe e filha se uniram para criar um espaço diferente, mas mantendo a identidade acreana. Utilizando a temática indígena, desde às louças até à customização do espaço, Beatriz Castro, de 27 anos, e a mãe Anny Castro montaram seu próprio negócio e realizaram o sonho de empreender no ramo alimentício.

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Tudo começou na pandemia, quando a mãe, que trabalhava como gerente de recursos humanos, saiu da empresa onde era empregada. A partir de então, a filha Beatriz e a companheira de Anny começaram a incentivá-la a fazer a rabada para vender. Em resumo, uma entrou com o tempero e a outra com o investimento.

Caldinho no tucupi já era conhecido pelos acreanos que frequentam eventos públicos — Foto: Hellen Monteiro/g1 AC

“A princípio, pensamos em outro ramo, mas com a pandemia ficou inviável. Como eu já conhecia a rabada dela, achava gostosa e eu sou chata para comida, comecei a incentivá-la e falei para ela fazer e vender que ia dar super certo”, contou Beatriz.

Em 2021, a mãe decidiu seguir o conselho da filha e, junto com a companheira, fazer sua famosa rabada para vender através do sistema de delivery. A primeira fase do empreendimento durou dois anos.

“Mas eu tinha muito problema com entregador. Era muito difícil achar funcionário responsável nessa época e, depois de dois anos, a gente teve a ideia de levar o caldo para um carnaval. Vimos que deu super certo e decidi fechar o delivery para começar a levar o carrinho a diversos eventos”, relatou Anny.

Do delivery ao carrinho

Com a empreitada das empreendedoras, elas decidiram fechar o delivery e levar o carrinho com o caldo a diversos eventos, entre Expoacre, festa junina, carnaval, festas privadas e comemorações de final de ano.

Um item do cardápio que é um dos mais vendidos são os bolinhos de macaxeira com rabo bovino e vem acompanhados de maionese criada por mãe e filha — Foto: Hellen Monteiro/g1 AC

“Era só rabada, aquele caldinho, que é nosso carro-chefe e todo mundo gostava. No começo, a gente só tinha um carrinho e agora temos três. Agora, mesmo com o espaço que temos, não vamos parar de levar o caldo para os eventos da cidade”, pontuou a mãe.

A filha, que deu a ideia inicial, preferiu dar apenas apoio moral no início, mas sempre teve a vontade de empreender em algo. Vendo o sucesso da mãe, a advogada conversou com o marido e os dois decidiram investir no negócio e reestruturar o empreendimento.

“As pessoas gostavam e procuravam um ponto, muita gente no pós-pandemia começou a querer sair, porque ficou muito tempo no isolamento, e a minha mãe tinha essa vontade de ter um espaço. Como a gente tinha a curiosidade de empreender, eu convidei ela: ‘vem com seu tempero e seus clientes que eu entro com o espaço’“, contou ela.

Do carrinho ao local próprio, com outras novidades

O caldinho no tucupi por si só já tem fama. Mas, para abrir um local, as duas não queriam que o espaço servisse apenas rabada e tacacá, como já ocorre em outros estabelecimentos locais.

“O caldinho muita gente já conhecia, mas para os outros pratos, nós fomos buscar a inspiração em Manaus, para conhecer um pouco mais da cultura nortista. A gente não queria que o cardápio ficasse simples. Queríamos implantar umas novidades. Algumas nós criamos, e outras nós buscamos a inspiração de outros lugares”, relatou Beatriz.

Mãe e filha se uniram para criar um espaço diferente, mas mantendo a identidade acreana — Foto: Hellen Monteiro/g1 AC

Uma das inovações trazidas pelas duas é um prato que não é comum no estado, mas que faz sucesso na capital amazonense: o açaí com peixe “Tem gente que gosta, tem gente que se assusta, porque o açaí é picante mas continua sendo doce. Então aqui já está no subconsciente que o açaí é um sobremesa e é doce. Tem muita gente que acha massa [sic.], e que também é de Manaus e vem aqui só comer esse prato. Tem dado super certo também”, comemorou ela.

Outro item do cardápio e que é um dos mais vendidos, segundo as empreendedoras, é o bolinho de macaxeira com recheio de rabo, que é uma releitura da rabada e utiliza a macaxeira, que é muito consumida na região.

“Nós quem inventamos e fizemos essa combinação. Os bolinhos são muito pedidos e muita gente não sai daqui sem experimentar. Também criamos uma ‘maionese fake’ para acompanhar. Isto porque ela [a maionese] não vai óleo, achamos que pesava muito. A maionese tradicional vai muito óleo e nessa, nós fizemos com o jambu”, mencionou Beatriz.

Sobre os produtos a base de tucupi, que tem um sabor muito presente nas receitas, Anny contou que, inicialmente, aprendeu a fazer sozinha a rabada que era sucesso entre amigos e família.

“Até hoje eu me pergunto como foi que eu aprendi a fazer essa rabada. Só sei que foi no dia a dia mesmo, fazendo para mim. A gente ia fazer uma festinha, eu ia e fazia a rabada e todo mundo gostava. Diziam: ”Nossa, que gostoso, que delícia essa rabada’. Aí fui experimentando, mudando minha própria forma de fazer e aprimorando até chegar como é servida hoje”, relembrou.

Ambiente mais personalizado

Dentro do restaurante, para ambientar à temática indígena, mãe e filha decidiram decorar e pintar com grafismos próprios utilizados pela cultura dos povos tradicionais e com a imagem de uma indígena e suas araras.

Até mesmo a louça é feita de cabaça e cerâmica, toda produzida por um oleiro local. Na parede, há também um cocar produzido por um artista acreano.

mãe e filha se uniram para criar um espaço mantendo a identidade acreana
Mãe e filha se uniram para criar um espaço mantendo a identidade acreana

As duas decidiram que a temática homenageada seria a indígena por conta dos ingredientes utilizados na rabada e no tacacá, que são, em sua maioria, vindas dos povos originários.

“A gente queria uma coisa mais personalizada, então a nossa escolha foi por algo mais artesanal. Em relação às cuias e esses copinhos, buscamos artistas que fizessem com a cabaça. Encontramos em Manaus e pedimos tudo de lá. Cada grafismo desse tem um significado e escolhemos esses para compor parte da decoração”, pontuou.

Cabaça é um fruto seco da planta da cuieira, muito comum no Brasil, utilizado há séculos como recipiente para água, alimento ou na produção de artesanato.

Futuro

Sobre os próximos passos, as empresárias contam que pretendem ampliar o negócio que, segundo elas, ainda é pequeno, com menos de 10 mesas “Agora os clientes dizem que o local é pequeno e aconchegante, e sentimos isso também, mas o plano é ter um local maior, talvez outros pontos. No futuro, queremos fazer um ambiente com brinquedoteca para os pais levarem suas crianças”, revelou Beatriz.

A advogada pontuou que trabalhar entre mãe e filha é desafiador, porém acredita que o negócio só tende a crescer “A convivência intensa entre família e trabalho gera um pouco de estresse. Mas aos poucos, a gente aprende a estabelecer limites e tem dado certo”, afirmou a advogada.

Por Hellen Monteiro, g1 AC — Rio Branco

Calculadora fornece dados de estoques de carbono presentes na vegetação

A nova versão da CCAL (Calculadora de carbono) consegue fornecer dados. Foto: Sara Leal/IPAM

A nova versão da CCAL (Calculadora de carbono) consegue fornecer dados que apoiam a implementação de programas jurisdicionais de créditos de carbono e na otimização de processos judiciais por dano climático. A plataforma é um mecanismo gratuito que calcula os estoques de carbono presentes na vegetação brasileira.

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O apoio a programas jurisdicionais de carbono é feito por meio da produção de relatórios com dados regionais. Esses programas são realizados por governos federais e estaduais, possibilitando o financiamento da proteção de florestas, ao vender o carbono capturado e armazenado na vegetação por meio do mecanismo de REDD+ (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal).

Pesquisa avalia impacto das mudanças climáticas na mortalidade de árvores e emissão de carbono. Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

“O CCAL fornece o que o mercado de crédito exige: dados com robustez e integridade climática a partir de uma redução comprovadamente atingida das emissões, promovendo transparência ao dado, uma vez que ele é facilmente acessível pela plataforma. Além de ser alinhado com os dados oficiais do governo federal informados à UNFCCC [Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas]”, indicou Gabriela Savian, diretora de Políticas Públicas do IPAM, em sua participação no painel sobre MRV (Mensuração Relato e Verificação).

Já a contribuição em processos judiciais de responsabilização por crimes ambientais se dá por meio da determinação da indenização de processos decorrentes do desmatamento ilegal. Calcula-se o valor monetário do impacto climático, também chamado de dano climático, que é estabelecido de acordo com a quantidade de carbono perdido na supressão vegetal, medida pela CCAL. O carbono perdido é precificado seguindo o valor da tonelada determinado pelo Fundo da Amazônia.

“A floresta é diferente de um acidente automobilístico em que você paga o reparo e, na semana que vem, seu carro está pronto de novo — talvez ela demore 30 anos para chegar na sua condição de biodiversidade original. Durante todo esse período em que ela não estiver atuando, por exemplo, para a regulação do clima, o desmatamento vai estar contribuindo para o agravamento das mudanças climáticas”, pontuou Ana Carolina Bragança, procuradora da República, ao defender a ampliação da incorporação do dano climático à reparação de danos ambientais.

Calculadora de Carbono 2.0 é lançada pelo IPAM
Oficina de introdução à plataforma foi realizada durante o evento. Foto: Nikole Cantoara/IPAM

Leia também: Estudo mostra que café robusta de Rondônia captura mais carbono do que emite

Lançada há dez anos, a CCAL foi criada para apoiar o monitoramento das políticas climáticas do país, que tem 46% de suas emissões de gases de efeito estufa provocadas pelo desmatamento, conforme dados do SEEG (Sistema de Estimativa de Gases de Efeito Estufa).

“O interessante da CCAL é que ela reúne, em uma plataforma, todas as informações que os pesquisadores precisam ao monitorar os estoques de carbono. É possível ver o fluxo do elemento, onde aconteceram os eventos de desmatamento e degradação. Tudo isso de forma acessível, gerando estatísticas e relatórios de maneira flexível para o usuário.”

*Com informação do IPAM

Pesquisa propõe biorrefinaria para ampliar o potencial econômico de espécies amazônicas

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Foto: Reprodução/Fapespa

A Amazônia se destaca como a maior reserva mundial de biodiversidade e variabilidade genética de plantas, animais e microrganismos, com mais de 30 mil espécies vegetais ainda pouco exploradas. Apesar de todo esse potencial, a cadeia produtiva dos recursos vegetais da região ainda é limitada. A maior parte da produção está voltada ao fornecimento de ingredientes de alto valor agregado, destinados, principalmente, a grandes indústrias nacionais e internacionais.

Nesse contexto, a iniciativa da biorrefinaria busca estudar a biodiversidade amazônica por meio do aproveitamento total de matéria-prima extraída da floresta, inclusive dos resíduos, visando ao reaproveitamento de todos os recursos naturais, promovendo a melhoria da qualidade de vida das comunidades, a oferta de novos produtos, a diminuição do impacto ambiental e o estímulo à sustentabilidade e à bioeconomia regional.

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A adoção do conceito de biorrefinaria para frutos amazônicos prevê o uso de técnicas ambientalmente inovadoras, como os processos de alta pressão, para extrair diferentes frações dessas matérias-primas. O objetivo, futuramente, é gerar bioprodutos de alto valor agregado, como óleos essenciais, extratos bioativos e funcionais, que poderão ser utilizados em embalagens biodegradáveis, alimentos, cosméticos, medicamentos ou bioinsumos agrícolas.

Biorrefinaria busca sustentabilidade 

Essa proposta inovadora, financiada pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), objetiva agregar valor a todas as etapas da cadeia produtiva dos vegetais, aplicando tecnologias sustentáveis que possam ser utilizadas tanto pelas empresas, quanto pelas comunidades que produzem a matéria-prima, reaproveitando resíduos, e assim permitindo a geração de renda para esses produtores durante todo o ano, e não apenas na entressafra.

A pesquisadora Luiza Helena Meller da Silva, da Universidade Federal do Pará (UFPA), está à frente do estudo BIORE-AMAZÔNIA – Biorrefinaria das cadeias de frutos Amazônicos: uma abordagem para intensificação da recuperação de óleos essenciais, moléculas bioativas e produtos de alto valor para ampliar o retorno econômico e social para os produtores do Pará.

Ela lidera uma equipe de pesquisadores da Universidade de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), que trabalha em parceria com a empresa 100% Amazônia, localizada no município de Abaetetuba, na Região de Integração Tocantins, no nordeste paraense.

Leia também: Pesquisadores desenvolvem projeto de valorização de resíduos florestais com nanomateriais

Pesquisa propõe biorrefinaria para ampliar o potencial econômico de espécies amazônicas
Foto: Reprodução/Fapespa

A partir dos resultados dos estudos, a pesquisa mostrou que a ucuúba, árvore típica da Amazônia, pode ser usada de forma sustentável para produzir tanto uma manteiga estável e rica em compostos benéficos, quanto extratos antioxidantes de alto valor.

O pracaxi, outra árvore amazônica, de cujas sementes se extrai óleo, também foi estudado pelos pesquisadores, que manipularam o óleo e os resíduos. Esse aproveitamento integral abre caminho para novos produtos nas áreas de cosméticos e saúde, trazendo benefícios econômicos e ambientais para a região.

O projeto da biorrefinaria foi iniciado em 2023, de acordo com a liberação dos recursos do Programa Amazônia +10, uma vez que as FAPs (Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa) foram repassando os fomentos gradativamente, conforme o andamento das pesquisas.

Amazônia +10 

O projeto faz parte da primeira chamada da Iniciativa Amazônia +10, Programa que oportunizou os estudos de 500 pesquisadores, em 20 estados. Os investimentos foram viabilizados por meio das FAPs, totalizando R$ 41,9 milhões, distribuídos entre as 39 propostas apresentadas por 18 estados da Federação e pelo Distrito Federal.

Estas Instituições atuam em sinergia no estudo de propostas de biorrefinarias para matérias-primas selecionadas, viabilizando o uso integral dos resíduos do processo. Com os resultados expressivos das pesquisas, houve o desenvolvimento de equipamentos específicos para as matrizes amazônicas, elaboração de material didático para a coleta, armazenamento e transporte dos resíduos gerados no processo de produção em cadeia de frutos amazônicos, e treinamento dos profissionais em boas práticas de fabricação.

Leia também: Multifunções? Potencial do caroço de açaí é estudado no Amapá: do asfalto a produção de energia

Construção coletiva 

A bioeconomia baseia-se no uso sustentável para gerar produtos e serviços, sendo alternativa para combater o impacto ambiental e gerar renda para comunidades locais. A proposta do estudo parte da construção coletiva das demandas regionais, e está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização das Nações Unidas), e aposta na integração entre grupos de pesquisa, gestão pública e setor privado para promover uma bioeconomia mais inclusiva e sustentável na Amazônia.

O destaque na importância do estudo com a proposta da biorrefinaria é “gerar processos e produtos que possam promover a ampliação de renda e a diminuição do impacto ambiental através da agregação de valor, principalmente, dos resíduos que até o momento são descartados como lixo”, reforçou a pesquisadora Luiza Helena Meller da Silva.

Foto: Reprodução/Fapespa

Para o presidente da Fapespa, Marcel Botelho, “agregar valor aos produtos da sociobioeconomia é a chave para avançarmos na geração de renda local. Atrelado a isso, teremos mais empregos para nossa população e um fortalecimento de todos os elos das cadeias produtivas”.

O governo do Estado impulsiona projetos sustentáveis, e “a Fapespa, como financiadora, tem papel fundamental na viabilização das etapas experimentais e pagamento de bolsas de pesquisa para os discentes do projeto”, completou a pesquisadora.

*Com informações da Fapespa

Cinema amazonense cruza fronteiras: ‘Dasilva Daselva’ é destaque no Festival Internacional FIFAC 2025

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Foto: Divulgação

Após conquistar três prêmios no Festival de Cinema da Amazônia – Olhar do Norte, o documentário amazonense “Da Silva da Selva”, dirigido por Anderson Mendes, dá mais um passo importante em sua trajetória, pois foi selecionado para a competição internacional de curtas-metragens do Festival International du Film documentaire Amazonie Caraïbes (FIFAC), que acontece de 7 a 11 de outubro de 2025, na cidade de Saint-Laurent-du-Maroni, na Guiana Francesa.

Leia também: Documentário recria mundo imaginário do artista amazonense Da Silva da Selva

O filme será exibido na tarde deste sábado, 11 de outubro, no histórico Théâtre Kokolampoe, um dos principais palcos culturais do país e sede das mostras do FIFAC. Em Manaus, “Dasilva Daselva” conquistou os prêmios de Melhor Roteiro, Melhor Atuação (para o ator Moacy Freitas) e Prêmio Especial do Júri na 7ª edição do Festival Olhar do Norte, consolidando-se como uma das produções mais reconhecidas da recente safra do cinema amazonense.

Saiba mais: Festival Olhar do Norte 2025: confira todos os ganhadores

Um mergulho no universo de Da Silva da Selva

O documentário retrata o universo do artista plástico amazonense Da Silva da Selva, autodidata e visionário, cuja obra revela um mundo amazônico fantástico, onde ciência, espiritualidade e imaginação se entrelaçam. Mesmo diante da perda progressiva da visão, o artista manteve uma produção intensa e simbólica, criando um legado que transcende o tempo e o espaço.

Realizado com recursos da Lei Paulo Gustavo, o filme conta com apoio do Governo do Amazonas, do Conselho Estadual de Cultura e da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, por meio do Ministério da Cultura e do Governo Federal.

“Estar no FIFAC 2025 é uma honra imensa para nós”, afirma o diretor Anderson Mendes. “Depois do reconhecimento em Manaus, levar o filme para um festival internacional na Guiana Francesa é um passo simbólico e potente.

documentário Dasilva Daselva
Foto: Divulgação

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O FIFAC é uma vitrine da produção documental da Amazônia e do Caribe, territórios com histórias e culturas únicas. Exibir a obra de Da Silva da Selva no Théâtre Kokolampoe é celebrar sua coragem artística e a força da arte amazônica”.

O ator Moacy Freitas, que também participa do filme, ressalta a importância do reconhecimento: “Ver ‘Dasilva Daselva’ alcançar um festival como o FIFAC me enche de orgulho. É uma oportunidade de mostrar o que se faz aqui na Amazônia com arte e alma. Levar nossas cores e nossa cultura para um público tão diverso fortalece nossa produção e nos inspira a continuar criando”.

Sobre o festival

O FIFAC chega à sétima edição consolidado como o principal festival de documentários da Amazônia e do Caribe francófono. A programação reúne filmes de 18 territórios diferentes, incluindo 32 produções — entre longas, curtas, séries e webdocs — que exploram temas ligados à identidade, meio ambiente, diversidade e cultura amazônica.

As exibições acontecem em espaços históricos do Camp de la Transportation, como o Manguier, o Lavoir e o Théâtre Kokolampoe, com entrada gratuita. Além das sessões competitivas, o festival promove encontros profissionais, debates, mostras temáticas e atividades formativas.

Mais informações e a programação completa estão disponíveis no site oficial: festivalfifac.com.

Sobre Saint Laurent-du-Maroni

Localizada às margens do rio Maroni, na fronteira com o Suriname, Saint-Laurent-du-Maroni é uma cidade marcada pela história e pela diversidade cultural.

Conhecida por abrigar o antigo presídio da Guiana Francesa, hoje transformado em espaço cultural, o município tornou-se um polo de convivência entre tradições amazônicas, caribenhas e europeias — cenário ideal para o FIFAC, que reflete essa pluralidade de vozes e olhares.

Aleam apresenta leis voltadas às mudanças climáticas e desastres naturais no Amazonas

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Foto: Danilo Mello/Aleam

A forte chuva registrada no início da tarde de domingo (5/10) em Manaus, que durou aproximadamente 40 minutos, causou alagamentos em vários pontos do Centro da cidade. Também houve desabamento de casas, queda de árvores e destelhamento de imóveis devido à força dos ventos.

Em sintonia com medidas voltadas a amenizar os impactos das mudanças climáticas e dos desastres naturais, a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) apresenta Leis e Projetos de Lei (PLs) para proteger a população amazonense.

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O presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (União Brasil), afirmou que o Parlamento Estadual tem compromisso com a proteção da população e do meio ambiente.

“Nosso papel é criar leis que previnam desastres naturais, garantam respostas rápidas em situações de emergência e assegurem o apoio necessário às comunidades atingidas. Atuamos com responsabilidade e sensibilidade, conscientes de que cuidar das pessoas e do nosso território é uma prioridade permanente”, afirmou.

O deputado destacou que encaminhou reiteradas indicações à Prefeitura de Manaus, por meio do Requerimento nº 3.898/2024, solicitando a criação de um Comitê Municipal Permanente de Crise, com o objetivo de monitorar e atuar de forma antecipada diante de situações emergenciais.

A solicitação teve como base dados do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que aponta Manaus como a capital brasileira com o maior número de alertas de desastres emitidos em 2024.

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Outra medida defendida pelo parlamentar é a Lei nº 6.528/2023, de sua autoria, originada do PL nº 289/2023, que estabelece diretrizes gerais para a elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas.

“No Amazonas, as cidades localizadas às margens dos rios convivem com a realidade da subida e descida das águas, principalmente aquelas situadas em áreas planas, o que acarreta mudanças bruscas na vida das famílias. O município de Barreirinha, situado no Baixo Amazonas, é exemplo desse processo. Localizada em área de várzea, a cidade é atingida todos os anos pelo fenômeno natural das cheias, sofrendo constantes impactos ambientais, sociais e econômicos”, explicou o deputado.

Foto: Michel Castro/Rede Amazônica AM

A Lei nº 6.186/2023, originada do PL nº 460/2021, também de autoria de Roberto Cidade, isenta o cidadão do pagamento de taxas para emissão da segunda via de documentos danificados ou extraviados em decorrência de desastres naturais.

“A proposta isenta o cidadão que sofreu perdas em virtude de catástrofes naturais, notadamente por inundações ou incêndios, do pagamento de taxas para solicitar a confecção da segunda via de documentos emitidos pelo Estado do Amazonas”, detalhou o parlamentar.

Semana de conscientização

A Aleam também aprovou a Lei nº 7.707, de 16 de julho de 2025, originada do PL nº 917/2024, de autoria do deputado Comandante Dan (Podemos), que institui a Semana Estadual de Conscientização e Prevenção contra Desastres Associados a Fenômenos Naturais e à Ocupação Urbana.

O parlamentar destacou que, nos últimos anos, o Amazonas tem sido palco de eventos climáticos extremos que evidenciam a urgência de ações preventivas e de conscientização sobre os desastres associados a fenômenos naturais.

“A cheia histórica de 2022 submergiu cidades inteiras, deslocando milhares de pessoas e destruindo infraestrutura vital. Em seguida, a estiagem severa de 2023 atingiu os 62 municípios do estado, decretando situação de emergência generalizada. Esse fenômeno reduziu os níveis dos rios a patamares alarmantes, isolando comunidades ribeirinhas e agravando a escassez de recursos básicos, como água potável e transporte fluvial”, afirmou.

Conheça os ‘Bens Culturais Imateriais Registrados’ nos estados da Amazônia Legal

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Ofício, saberes e práticas das parteiras tradicionais fazem parte de bens imateriais do país. Foto: Reprodução

“O patrimônio cultural imaterial é tudo aquilo que dá sentido à memória e à identidade coletiva de um povo, mas que não é físico, concreto, material. Ele aparece nos saberes e modos de fazer, nos rituais, nas danças, nas músicas, nas festas e nos lugares marcados pelos afetos coletivos. É aquilo que não se pega com as mãos, mas se sente na fala, no gesto e no convívio, como os ensinamentos que recebemos dos nossos avós. São os laços e vínculos que sentimos durante uma celebração ou a maneira como se faz um bordado. Esse patrimônio é vivo, transmitido de geração em geração, e está sempre mudando com as pessoas e os territórios onde acontece”.

É com essa descrição e cerca de dois mil documentos relacionados a todo o patrimônio cultural imaterial do Brasil que foi criado um acervo digital público na plataforma ‘Bem Brasileiro’.

A plataforma foi desenvolvida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em parceria com o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (Ibict) e o Laboratório de Inteligência de Redes da Faculdade de Ciências da Informação da Universidade de Brasília (FCI/UnB). 

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No total, 59 Bens Culturais Imateriais Registrados fazem parte da plataforma e boa parte também está presente nos Estados da Amazônia Legal, pois alguns são de abrangência nacional, portanto se repetem em vários estados.

Fotos, vídeos, arquivos em texto e publicações variadas fazem parte do acervo dos bens que foi disponibilizado desde o dia 8 de outubro. O presidente do Iphan, Leandro Grass, destacou que, entre os bens, estão formas de expressão e celebrações como o Círio de Nazaré, do Pará.

Leia também: Patrimônios imateriais: sete manifestações culturais da Amazônia registrados pelo Iphan

Ainda que com o objetivo de manter as informações públicas para acesso geral, de todo cidadão, a plataforma tem como público-alvo pesquisadores, estudantes e também os detentores do patrimônio imaterial.

Confira os bens já registrados que fazem parte dos Estados da Amazônia Legal:

Acre

Grafismos do povo Huni Kuĩ, no Acre, fazem parte de acervo de bens imateriais brasileiros
Grafismos do povo Huni Kuĩ. Foto: Reprodução/Iphan

Amapá

Em uma roda de marabaixo, Danniela Ramos (ao centro) canta em homenagem à avó, Benedita Guilherma Ramos, a Tia Biló, falecida seis meses antes, aos 96 anos. Macapá, Amapá. Junho de 2022. Foto: Reprodução/Iphan

Amazonas

Maranhão

Oficina de percussão – tambor de crioula – com o Mestre Ivan Madeira. 2017. Foto: Roberto Castro/MTur

Mato Grosso

Pará

Círio de Nazaré. Foto: Luiz Braga/Iphan

Rondônia

Roda de Capoeira. Foto: Reprodução/Iphan

Roraima

Projeto Inventário das Parteiras Tradicionais do Brasil. Foto: Eduardo Alcântara

Tocantins

Boneca Karajá. Foto: Telma Camargo

Acesse o acervo completo AQUI.

Rizoma da fé: a Basílica Santuário como ente essencial de Belém

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Foto: Luiza Amâncio/UFPA

Na manhã do segundo domingo de outubro, Belém do Pará acorda em estado de comunhão. Milhares de pessoas, de pés descalços e dispostas a cumprir promessas durante quilômetros, se aglomeram nas ruas. No ar, cheiro de vela e miriti. Um mar de mãos erguidas acompanha a berlinda que conduz a imagem de Nossa Senhora de Nazaré. Nesse instante, a cidade inteira parece se inclinar para um único ponto: a Basílica Santuário, destino e origem do Círio

Leia também: Círio de Nazaré: o material e o imaterial compõe a maior celebração católica do mundo

Para o arquiteto e pesquisador Wagner José Ferreira da Costa, autor da tese ‘A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré: geração, vivificação e retroalimentação das dimensões material e festiva do bairro de Nazaré em Belém do Pará‘, que dedicou mais de dez anos de vida acadêmica ao estudo desse templo, não se trata apenas de uma igreja.

A Basílica é um organismo vivo, uma árvore cujas raízes se entrelaçam no imaginário coletivo e cujas copas se estendem pelas ruas, capelas e instituições do bairro Nazaré. Um rizoma da fé que conecta, torna vívido e retroalimenta a vida material e festiva da cidade.

“Eu sempre tive essa ideia de entender a Basílica como um livro, mas também como uma árvore. Ela é um ente que gera e regenera, que se conecta a outros espaços e pessoas. É raiz e é copa. É material e é espiritual. Meu trabalho foi tentar mostrar como isso se dá de forma concreta em Belém”, explica Wagner.

A vida de um pesquisador enraizada no sagrado

A trajetória do pesquisador ajuda a compreender a sensibilidade que o levou a mergulhar tão fundo nesse objeto de pesquisa. Nascido em Marituba, cresceu próximo aos rios, às matas e à religiosidade popular amazônida.

“Venho de uma família católica, mas sempre flertei com outras tradições, com o misticismo, com a psicologia e com a antropologia. Essas influências me ajudaram a olhar para a Basílica não apenas como arquiteto, mas também como alguém interessado nos símbolos e na alma do lugar”, conta.

Desde a graduação na UFPA, sua relação com a Basílica foi se fortalecendo, e foi no doutorado que a Basílica se consolidou como centro simbólico e afetivo. “Eu diria que esse templo me escolheu. Não foi só uma escolha racional. A Basílica estava sempre ali, me chamando, me desafiando”, revelou.

Assim, na tese, defendida em 2024, o arquiteto elaborou a metáfora que se tornou marca de sua pesquisa: a Basílica-arborizante. Ele a compara a uma árvore que nasce de uma semente (o imaginário mariano da Virgem), cresce em tronco (Primeira Ermida e Atual Basílica ) e se abre em copa, conectando-se a outros espaços.

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basílica de nazaré em belém
Foto: Reprodução/Basílica de Nazaré

Mas diferente de uma árvore isolada, essa faz rizomas — conceito de Gilles Deleuze e Félix Guattari que se opõe a ideias fixas e hierárquicas (como uma árvore com raízes) e representa uma rede flexível, sem centro, onde tudo pode se conectar a tudo — e se expande. Em resumo, enquanto árvores são sistemas rígidos e hierárquicos, os rizomas são modelos abertos e adaptáveis que atravessam o bairro, conectando-se a outras capelas, instituições e práticas festivas. 

“O bairro Nazaré não pode ser entendido sem a Basílica. Ela é raiz de pertencimento e força de identidade. É o coração que pulsa, mas também as veias que irrigam”, escreveu o pesquisador. E, segundo ele, essas conexões ficam visíveis durante o Círio. As ruas se iluminam, os prédios se enfeitam e arcos se erguem em homenagem a Santa. Cada gesto urbano é um galho dessa árvore simbólica.

“O templo não é só o prédio. É também o entorno, as manifestações, os gestos que acontecem a partir dele. É um sistema arbóreo-rizomático que mantém a cidade unida”, defende Wagner.

O pesquisador destaca, também, o papel de instituições vizinhas, como o Colégio Gentil Bittencourt, que, por exemplo, guarda memórias de gerações que viveram a festa como rito de passagem e, ainda hoje, realiza uma missa que antecede a Trasladação, que é o cortejo de Nossa Senhora até a Igreja da Sé, no sábado antes do Círio. “Esses lugares são raízes secundárias, são outros ‘pontos’ no bairro Nazaré. Todos respondem ao influxo da Basílica”, explica.

Mais que documentos e livros, a pesquisa foi feita de imersão. Wagner participou de quatro Círios consecutivos (2020 a 2023), atuou na Pastoral do Turismo, guiou visitantes estrangeiros em português, inglês e até japonês. Levou fiéis do mundo inteiro a conhecer o templo, enquanto observava como cada gesto, cada olhar, revelava novas dimensões do sagrado. E, até a pandemia de covid-19, que interrompeu cortejos e silenciou ruas, trouxe outro tipo de revelação. 

“Nem mesmo o coronavírus foi capaz de derrubar a força arborizante da Basílica”, escreveu Wagner. Para ele, o templo permaneceu como referência simbólica mesmo quando as procissões não puderam acontecer. Casas continuaram enfeitadas, velas continuaram sendo acesas em silêncio, orações foram transmitidas por telas. O rizoma da fé resistiu.

Mito vivo

Tema central da pesquisa, o Círio é definido por Wagner como mito vivo ao explicar a origem, ao mesmo tempo que se atualiza. “O Círio é mito porque nos conta a história de Nossa Senhora de Nazaré, mas é vivo porque acontece todo ano, sempre igual e sempre diferente. Ele se reinventa sem perder sua essência”, afirma o pesquisador.

Para ele, acompanhar o Círio não é apenas observar um evento religioso, é perceber como a cidade inteira se reorganiza em função dele. O trânsito se altera, os comércios mudam horários, famílias se preparam com meses de antecedência. “É como se Belém inteira fosse atravessada pela corda do Círio. Todos estão conectados a esse mito vivo”, comenta.

Um rizoma que resiste

Ao final, a tese reafirma: a Basílica é um ente essencial. “Primeiro se instalou o imaginário da Santa, depois suas ermidas e a matriz, e então a Basílica. A partir daí, surgiram ambiências festivas, identitárias e afetivas que moldaram o bairro e a cidade. Esse ente arbóreo estende suas raízes e copas para além de sua redoma, arquetipando um verdadeiro sistema Arbóreo-Rizomático”, escreve.

Leia também: Conheça as principais igrejas católicas da Amazônia

Essa árvore simbólica não deixa de crescer. Todos os anos, em outubro, novos galhos se abrem, novas gerações são incorporadas, novas promessas se amarram à corda do Círio. O rizoma da fé continua a se expandir, sustentado por raízes profundas que mantêm Belém fincada  em sua tradição, mas aberta à renovação constante da vida e da festa.

A tese ‘A Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré: geração, vivificação e retroalimentação das dimensões material e festiva do bairro de Nazaré em Belém do Pará foi defendida por Wagner José Ferreira da Costa, em 2024, no Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo (PPGAU/ITEC), da Universidade Federal do Pará, sob orientação da  professora Cybelle Salvador Miranda.

*Com informações da UFPA