COP30: ferramenta digital busca garantir direito territorial dos povos tradicionais no Brasil, afirma MPF

Plataforma de Territórios Tradicionais promove justiça social e contribui para criação de políticas públicas para povos tradicionais e preservação do meio ambiente.

Ilustração: Reprodução/MPF

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), uma das principais contribuições do ministério para o debate sobre justiça social e ambiental é o Projeto Territórios Vivos, desenvolvido a partir da necessidade de reconhecer direitos territoriais dos povos e comunidades tradicionais brasileiros. A iniciativa tem como principal objeto a Plataforma de Territórios Tradicionais (PTT), uma ferramenta digital criada para dar visibilidade e garantir a proteção dos territórios autodeclarados por essas populações. 

Lançada em 2019, a plataforma é um sistema que reúne dados sobre a localização e características dos territórios tradicionais, incluindo informações geográficas, vínculos identitários, histórico de ocupação, demandas, ameaças sofridas e formas de uso da terra.

Os cadastros são feitos pelas próprias comunidades e validados por um comitê técnico interinstitucional e por um conselho gestor formado majoritariamente por representantes das comunidades. Uma inovação que garante segurança, legitimidade e protagonismo às populações envolvidas. 

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

“A Plataforma de Territórios Tradicionais é resultado de um esforço coletivo e permanente do MPF para assegurar que os povos e comunidades tradicionais sejam reconhecidos não apenas como beneficiários, mas como sujeitos ativos na formulação das políticas públicas que impactam seus modos de vida”, coordenadora da Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF, Eliana Torelly.

seringueiros fazem parte de povos tradicionais
Ilustração: Reprodução/MPF

As informações servem de base para a atuação do MPF na defesa desses povos e para a execução de políticas públicas voltadas a essas populações, baseadas na escuta e no respeito aos saberes tradicionais. Parte dos dados também pode ser acessada pelo público em geral. Hoje, mais de 400 territórios já estão cadastrados na plataforma, representando a diversidade dos biomas e das culturas tradicionais do Brasil.

O projeto é coordenado pela Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais (6CCR) do MPF, em parceria com o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT) e a Agência Alemã de Cooperação Técnica para o Desenvolvimento Sustentável (GIZ). Também conta com o apoio técnico de diversas universidades, instituições de pesquisas e organizações da sociedade civil.

Leia também: Portal Amazônia responde: qual a diferença entre povos originários e povos tradicionais da Amazônia?

O território existe quando é ocupado e reconhecido por seu povo

A ferramenta foi criada após o MPF constatar que milhares de comunidades tradicionais – como indígenas, quilombolas, ciganos, ribeirinhos, quebradeiras de babaçu, entre outras –  permanecem invisíveis no processo de construção e execução das políticas públicas pelo Estado, mesmo preservando seus territórios há séculos. A proposta da plataforma parte de um princípio fundamental: o território tradicional é aquele reconhecido por seus próprios habitantes, ainda que o Estado brasileiro não o tenha oficialmente demarcado.

A iniciativa também reconhece a importância dos povos tradicionais para a preservação do meio ambiente ecologicamente equilibrado.

“Protegendo os territórios, protege-se a totalidade existencial dos povos e comunidades, incluídos os bens ambientais a partir dos quais essas comunidades se constituem como sujeitos coletivos particulares, portadores de modos de vida e de conhecimentos essenciais ao futuro sustentável de toda a humanidade”, explica o procurador da República e diretor-geral do projeto Territórios Vivos, Wilson Assis.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Confira a série de reportagens especiais sobre os 28 segmentos de povos e comunidades tradicionais formalmente reconhecidos pelo Decreto 8.750/2016.

*Com informações do MPF. Leia a matéria completa AQUI.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Culinária da Amazônia assusta ou impressiona? Chef paraense defende cultura amazônica

Às vésperas da COP30, um chef paraense chamou atenção por recusar um convite para preparar um jantar vegano que teria a presença do príncipe William, no Rio de Janeiro.

Leia também

Publicidade