Navegar pelo rio Madeira se torna desafio diário no Amazonas no período de estiagem. Foto: Raolin Magalhães/Rede Amazônica AM
Mesmo com chuvas isoladas, o Sul do Amazonas enfrenta o período de vazante dos rios. Em Manicoré, a seca já começa a impactar a rotina de quem depende da navegação fluvial. O Rio Madeira, um dos principais corredores de transporte da região Norte, volta a sofrer com os efeitos da estiagem. A baixa no nível da água dificulta o tráfego de embarcações.
“Tem que redobrar a atenção, ir bem devagarzinho pra não topar em alguma coisa”, alerta Matias Lima, prático e comandante de embarcação que atua na região.
Segundo a Marinha do Brasil, o nível atual do Rio Madeira é de 2,16 metros — bem acima da marca histórica registrada no mesmo período de 2024, quando o rio chegou a apenas 36 centímetros e a navegação foi interrompida. Apesar da melhora, autoridades reforçam que o risco continua alto.
Apesar de o rio estar um pouco mais cheio que no ano passado, o risco é constante. Por esse motivo, as autoridades emitiram uma portaria.
“A portaria estabelece uma série de recomendações técnicas com o objetivo de preservar a segurança da navegação, prevenir acidentes e preservar o meio ambiente”, explica o capitão da Marinha, Alessandro Freitas dos Santos.
Gerente de navegação Cleiton Nascimento fala sobre os desafios para manter escoamento de produtos durante a seca. Foto: Raolin Magalhães/Rede Amazônica AM
Para quem trabalha com transporte fluvial, como o gerente de embarcação Cleiton Nascimento, o desafio é manter os serviços funcionando. No ano passado, ele precisou suspender as operações por causa da seca.
“Ano passado tivemos que parar. A seca foi muito forte, e caiu bastante o número de fretes. A produção era pouca, mas mesmo assim, a gente segurou: não aumentou nem passagem e nem frete”, disse Cleiton.
A navegação no Rio Madeira é essencial para o escoamento da produção e o transporte de passageiros na Amazônia. Com a estiagem cada vez mais intensa, o cuidado precisa ser constante para evitar acidentes e garantir que o rio continue sendo uma via de vida para milhares de pessoas.
O curta-metragem ‘A Bota de Lama‘ (2024), inspirado no livro homônimo da escritora amazonense Mabrini Muniz e dirigido pelo estreante Fernando da Silva, foi selecionado para a 24ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, que acontece entre os dias 10 e 18 de outubro, na capital catarinense.
Gravado em Concórdia (SC), o filme apresenta a delicada história de Taís, uma menina que precisa lidar com as transformações trazidas pela mudança de cidade devido à profissão da mãe. Entre a saudade dos amigos e a dificuldade de adaptação, a personagem reencontra a alegria durante um piquenique, quando descobre um par de botas de lama que transforma sua forma de ver o mundo e de se relacionar com o novo.
O elenco reúne jovens talentos e atores locais, como Lívia Brito, Layse Wanderlei, Ágata Maziero, João Vitor Barbieri, Marisete Kapsell e Laura Chiarello, que dão vida aos personagens com naturalidade e sensibilidade.
A estreia na direção e no roteiro de Fernando da Silva é marcada por uma abordagem intimista. Ele também assina a câmera e edição do curta, que contou ainda com a captação de som realizada por Isadora Mathias e Cleiton da Silva, e o trabalho de Beatriz Rogovski da Silva na claquete.
A produção local foi feita por Layse Wanderlei e Isadora Mathias, sob a coordenação da Mabrini Produções e da produção executiva de Mabrini Muniz. A equipe conta ainda com Karla Klaus (assistente de produção) e Carina Schoulten (intérprete de Libras).
Um dos diferenciais do projeto é o compromisso com a acessibilidade: o curta conta com legendas, tradução em Libras e audiodescrição, garantindo que a obra possa ser apreciada pelo maior número possível de pessoas, reforçando a ideia de que o cinema deve ser inclusivo e para todos.
Para Mabrini Muniz, a seleção da ‘A Bota de Lama’é uma conquista marcante: “Levar a história de A Bota de Lama para um festival tão importante é um reconhecimento do poder da literatura quando se encontra com o cinema. É também uma oportunidade de aproximar crianças e famílias da nossa produção cultural”.
A Mabrini Produções, produtora responsável pelo curta, é uma empresa amazonense com atuação em todo o Brasil, especializada em elaboração e execução de projetos culturais, com foco em iniciativas que promovem a arte, a educação e a diversidade cultural.
A Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis é uma das mais relevantes do país e reúne produções nacionais e internacionais voltadas ao público infantojuvenil, reafirmando seu papel na difusão e valorização do audiovisual voltado às crianças.
O curta foi realizado com apoio da Lei Paulo Gustavo (Lei nº 195/2022), por meio do Edital de Seleção de Produções Culturais do Audiovisual em Concórdia (SC).
Para mais informações e novidades, acesse a página@mabriniproducoes.
Cafezal dentro da Terra Indígena Sete de Setembro. Foto: Emily Costa/Rede Amazônica RO
Um café cultivado na Terra Indígena Sete de Setembro, em Cacoal (RO), recebeu a pontuação máxima em um protocolo internacional de avaliação. Produzido pelo povo Paiter Suruí, o grão da espécie Coffea canephora foi apresentado em São Paulo durante a 6ª edição do Concurso Tribos.
Os robustas amazônicos são resultado do cruzamento dos cafés Conilon e Robusta especialmente selecionados.
O café premiado é cultivado na Linha 09, propriedade do cacique Rafael Suruí. Segundo os avaliadores, o grão se destaca pelo aroma doce e intenso, com notas sensoriais de rapadura e mel.
A análise foi feita por um júri composto por nove especialistas independentes, que identificaram 50 atributos positivos entre os 100 possíveis.
O café faz parte do Projeto Tribos, que envolve cerca de 160 famílias das Terras Indígenas Sete de Setembro (Cacoal) e Rio Branco (Alta Floresta d’Oeste), impactando diretamente mais de 1,2 mil pessoas em Rondônia. A iniciativa busca valorizar a agricultura indígena e promover a sustentabilidade e o protagonismo dos povos originários no mercado de cafés especiais.
Durante o evento, uma comitiva de produtores Paiter Suruí o apresentou para convidados especiais, incluindo especialistas do setor e artistas como o DJ Alok, que prestigiaram a noite de celebração da cultura e da produção indígena.
A TI Sete de Setembro, que é habitada por indígenas Paiter Suruí, está localizada entre os estados de Rondônia e Mato Grosso, em uma área de 248.146 hectares. O modo de vida tradicional do povo Suruí está ligado ao uso da floresta e às atividades extrativistas.
Cerca de 150 famílias estão envolvidas no cultivo do café em 25 aldeias que ficam dentro da TI. A qualidade do fruto é resultado dos conhecimentos sobre a floresta e práticas sustentáveis adotadas pelos indígenas.
Iniciativas como o reflorestamento feito pelos indígenas em seu território, que envolvem o plantio de frutos nativos (técnica conhecida como “agrofloresta”) próximo às plantações, é fundamental para garantir o melhor cultivo do grão.
Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Uma tecnologia simples, desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), pode transformar o transporte de produtos em comunidades isoladas da Amazônia. Trata-se de um sistema de cabos aéreos que funciona como uma “tirolesa de carga” com o objetivo de escoar produtos extrativistas. Segundo os pesquisadores, o sistema pode reduzir em até 80% o esforço físico e os custos de produção.
O equipamento usa cabos de aço esticados entre árvores e pode transportar até 500 quilos, o que possibilita vencer terrenos íngremes em poucos segundos. Em um dos testes, uma carga de 180 quilos percorreu o trajeto em menos de 30 segundos.
“Esse projeto tem nos ajudado muito a testar essa tecnologia que atende a milhares de áreas extrativistas na região amazônica”, disse Kátia Emídio da Silva, pesquisadora da Embrapa.
Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Durante um curso de capacitação, os participantes aprenderam a instalar o sistema, esticar os cabos e fazer os nós necessários para garantir segurança no transporte.
Segundo o instrutor técnico Alacimar Viana, o treinamento mostrou como a tecnologia pode ser aplicada de forma prática. “Verificar desde o básico, desde a instalação, como esticar o cabo de aço. Se for contar toda a questão de limpeza da área, esticar os cabos de aço, em um dia foi feita a manutenção do ramal e a instalação da linha de transmissão pra escoar a produção extrativista”, explicou.
Inclusão das árvores: solução sustentável para o extrativismo
Inspirado nas tirolesas, o sistema foi criado na Amazônia com o objetivo de atender às necessidades da própria floresta. A iniciativa une tecnologia, sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida de quem depende do extrativismo.
Tecnologia utiliza cabos e cordas para transportar cargas pesadas pelas árvores. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
O sistema foi criado para o transporte de produtos não madeireiros, como castanha-da-amazônia, açaí e breu. A proposta é levar a tecnologia para comunidades onde o acesso é difícil e o trabalho físico ainda é a única forma de transporte.
A agroextrativista Sandra Amazonas destacou que o equipamento vai facilitar a rotina de quem trabalha na floresta. “Lá na aldeia, a maioria das mulheres leva as castanhas nas costas, o saco de farinha, o saco de mandioca. A gente não tem transporte pra tirar do mato e levar pra casa pra fazer o beneficiamento da castanha. Isso daí vai facilitar muito. Tecnologia muito legal,eu gostei”, afirmou.
Durante o curso, os organizadores doaram três kits completos com cabos e materiais para uso nas comunidades.
Para Sandra, que nasceu e cresceu em uma reserva extrativista, a inovação representa uma mudança significativa na rotina das famílias. “Nasci e me criei dentro da reserva e no interior. Pra mim, foi ver levando nas costas. Então isso aí pra mim é excelente”, concluiu.
A limpeza segue um cronograma fixo, e todo o material recolhido recebe o destino ambientalmente correto. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV
Com a chegada do verão, a Prefeitura de Boa Vista reforça o pedido de colaboração da população e dos banhistas que frequentam as praias da capital. A iniciativa busca fortalecer o trabalho das equipes de coleta terrestre e fluvial, que atuam durante todo o ano na retirada de resíduos dos rios, igarapés e praias da cidade.
Diariamente, cerca de 300 kg de lixo são retirados dos cursos d’água, por meio da coleta fluvial. Já nas praias, a média chega a 2.600 kg de resíduos por semana, principalmente às segundas-feiras, após o grande movimento do fim de semana.
Entre os resíduos mais comuns estão garrafas PET, isopor, marmitas e até materiais de construção e elétricos. Foto: Fernando Teixeira/PMBV
De acordo secretário municipal de Conservação Pública, Daniel Lima, é feito um cronograma fixo de limpeza e todo o material recolhido é encaminhado para o destino correto. Dentre os materiais encontrados, estão garrafas PET, talheres descartáveis, isopor, marmitas, resíduos de construção e até material elétrico que acabam indo parar nos rios.
“Precisamos que cada morador e visitante faça a sua parte. O trabalho das equipes de limpeza é contínuo, mas só teremos resultados duradouros se houver colaboração de todos. Quando o lixo é descartado corretamente, evitamos que ele chegue aos rios, preservamos nossas praias e garantimos um ambiente mais limpo e seguro para toda a população”, destacou Daniel.
A coleta fluvial ocorre de segunda a sexta-feira, percorrendo as margens dos rios Branco e Cauamé. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV
Boa Vista conta com seis praias: Cauamé, Curupira, Polar, Caçari, Cachoeirinha e Praia Grande. A limpeza desses locais é feita regularmente às segundas, terças e sextas-feiras, garantindo que os espaços estejam sempre prontos para receber os banhistas.
Já a coleta fluvial ocorre de segunda a sexta-feira, percorrendo as margens dos rios Branco e Cauamé. Durante o trabalho, são recolhidos diversos tipos de resíduos, como garrafas de vidro, latas de alumínio, sacolas plásticas e outros materiais que prejudicam o meio ambiente e comprometem a beleza natural da cidade.
Conhecido como “ave fantasma” por seus gritos assustadores e incrível capacidade de camuflagem, um urutau foi resgatado desorientado no dia 10 de outubro no Centro de Porto Velho (RO), durante uma forte chuva que atingiu a capital.
O empresário Matheus Corrêa, de 27 anos, que atua há seis anos no resgate de animais silvestres, foi acionado para prestar socorro. Segundo ele, a ave caiu de uma árvore e estava desnorteado devido às condições climáticas.
“Como a ave é noturna, ficou bastante confusa com a tempestade. Não pude deixar de ajudá-la”, relatou Matheus.
O resgate chamou a atenção de quem estava no local, mas foi realizado com tranquilidade e sem incidentes. Após o atendimento inicial, o urutau foi levado a um médico veterinário, que realizou uma triagem e constatou que o animal estava saudável e apto a retornar à natureza.
A soltura ocorreu à noite, em uma área afastada da cidade, respeitando o comportamento noturno da espécie. Apesar da aparência incomum, o urutau não representa risco às pessoas, e todo o processo de resgate foi feito de forma segura.
Urutau resgatado em Porto Velho. Foto: Matheus Corrêa/Arquivo pessoal
O que é um urutau?
O urutau é uma ave noturna encontrada em grande parte da América do Sul, incluindo a Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado, e também em regiões da América Central. Seu nome popular está associado ao canto melancólico e misterioso, que inspirou diversas lendas e superstições, muitas vezes relacionadas ao mau agouro ou ao amor.
Uma das características mais impressionantes do urutau é o seu mimetismo: ele se camufla perfeitamente em troncos e galhos secos, permanecendo imóvel com o corpo ereto, o que o torna praticamente invisível aos predadores.
Carnívoro, o urutau se alimenta exclusivamente durante o voo, capturando insetos com a boca aberta, um comportamento que dificulta sua sobrevivência em cativeiro. Solitário por natureza, apresenta um comportamento reprodutivo minimalista, a mãe cuida do filhote apenas enquanto ele “cabe” por perto, e o pai não participa dos cuidados.
Essas características, somadas à dificuldade de criação em cativeiro, ajudam a proteger a espécie do tráfico de animais. No entanto, o desmatamento continua sendo sua principal ameaça.
Desde o dia 9 de outubro, agricultores do Amazonas tem acesso a uma nova variedade de mandioca desenvolvida para as condições de solo e clima da região. Trata-se da BRS Jacundá, cultivar criada pela Embrapa Amazônia Ocidental (AM), que promete impulsionar a produção ao oferecer produtividade mais de 300% superior à média estadual, além de resistência a pragas e doenças e características que atendem ao gosto tradicional da população local.
Com características agronômicas superiores, a BRS Jacundá ainda possui polpa amarela, ideal para a produção de farinha de mesa.
Lançamento durante dia de campo
A nova cultivar foi apresentada ao setor produtivo durante um dia de campo, realizado na sede da Embrapa, em Manaus (AM). O evento conta com a presença de produtores rurais, técnicos da extensão rural, produtores de maniva-semente, representantes da agroindústria e parceiros institucionais. Na ocasião, foram divulgados dados compilados a partir das experiências de produtores que já testaram a mandioca em seus plantios.
Segundo o pesquisador da Embrapa Ferdinando Barreto, a nova cultivar é adaptada ao ambiente de terra firme e tem potencial para fortalecer a cadeia produtiva da mandioca, especialmente em regiões como o Médio Solimões, onde a cultura é base da economia agrícola.
A cultivar apresenta produtividade de raízes superior a 30 mil quilos por hectare (kg/ha) se comparada à média estadual atual de 10,560 kg/ha, ou seja, é praticamente 300% mais produtiva.
Segundo Barreto, com um manejo adequado, as características qualitativas de raiz e a sua tolerância às principais pragas e doenças tendem a favorecer a adoção da nova cultivar, especialmente em regiões de terra firme.
“Com isso, ela deve contribuir para a segurança alimentar e para o fortalecimento da cadeia produtiva da mandioca no estado do Amazonas”, acredita o pesquisador.
Foto: Maria José Tupinambá
A importância da mandioca para o Amazonas
No Amazonas a mandioca tem sido fundamental no fornecimento de carboidratos, principalmente à população rural de menor renda, contribuindo para a segurança alimentar, a geração de trabalho e renda pela venda do produto ou de seus derivados. Por isso, a cultura possui papel estratégico na vida de milhares de agricultores.
Pesquisas em melhoramento genético de mandioca, desenvolvidas pela Embrapa Amazônia Ocidental, em parceria com a Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), têm por objetivo identificar materiais genéticos com características agronômicas superiores em comparação aos tradicionalmente em uso pelos produtores do estado.
No Amazonas é hábito consumir farinha de mandioca brava de polpa de coloração amarela. A condição de cor de polpa amarela da BRS Jacundá foi um dos critérios definidos por agricultores para adoção da mandioca, principalmente no processamento da farinha e do tucupi.
Foto: Sara Rangel
Os pesquisadores acreditam que a polpa amarela aliada a outras vantagens como a alta produtividade de raízes, alta disponibilidade de manivas-sementes, alto teor de amido, e tolerância às principais pragas e doenças deve favorecer a ampla adoção da nova cultivar no estado.
A recomendação da BRS Jacundá para o Amazonas também está relacionada ao seu potencial no processamento de farinha. Espera-se que ela seja plantada principalmente em áreas representativas no cultivo de mandioca, como a microrregião do Médio Solimões, de abrangência dos municípios de Tefé, Uarini e Alvarães.
Na microrregião do Médio Solimões, o cultivo de mandioca é a principal atividade agrícola e econômica, atualmente concentrando seus plantios em praticamente uma única variedade: “Catombo”. Tendo como premissa que os cultivos estão permanentemente expostos a estresses bióticos (pragas e doenças) e abióticos (calor, seca, chuvas…), essa situação pressupõe que variedades de mandioca estão em processo de erosão genética, que é a perda gradual da diversidade de genes de uma espécie.
Como foi desenvolvida a nova mandioca?
A BRS Jacundá é resultado de mais de duas décadas de pesquisa e melhoramento genético, iniciadas com a coleta de germoplasma no município de Uarini em 1997. Desde então, passou por rigorosos testes de rendimento, resistência e estabilidade.
Os bancos ativos de germoplasma de mandioca, associados a programas de melhoramento da cultura, contêm material genético que estão sob constante avaliação, e que são usados como base para o desenvolvimento de novas cultivares adaptadas a condições ambientais locais específicas.
A BRS Jacundá é resultante de expedição de coleta de germoplasma realizada no município de Uarini. Esse material genético foi incorporado em 1997 ao Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de Mandioca da Embrapa Amazônia Ocidental. De acordo com os agricultores da época, o material genético era de ciclo precoce e fora selecionado em ambiente de terra firme.
Os pesquisadores, então, aplicaram o método de seleção massal no melhoramento da cultivar. Nele, as plantas em campo passaram a ser caracterizadas e avaliadas no BAG da Embrapa, em Manaus (AM), utilizando descritores padronizados para manejo de recursos genéticos da mandioca.
As pesquisas em campo foram iniciadas em 1998 e repetidas por vários ciclos de produção. Em anos subsequentes, a BRS Jacundá participou de diversas avaliações em provas de rendimento agronômico e testes específicos de resistência a pragas e doenças. Também foi submetida a testes de distinguibilidade, homogeneidade e estabilidade (DHE), em ambiente de terra firma de diferentes regiões do estado do Amazonas.
Espaçamentos adequados e populações de plantas ideais são práticas culturais de baixo custo e de fácil adoção pelos agricultores. Em sistemas de plantio solteiro na terra firma, deve-se adotar o espaçamento de 1 m x 1 m, para uma densidade de 10 mil plantas por hectare, situação que também deve ser adotada em plantios mecanizados. Independentemente do sistema de cultivo adotado, recomenda-se evitar plantios sucessivos em uma mesma área, devido ao aumento de podridões de raízes. A cultura da mandioca tem crescimento inicial lento. Quando consorciada, a cultura consorte deve ter crescimento rápido, protegendo o solo, enquanto a mandioca desenvolve a sua copa.
Recomendação de rotação com gramíneas e leguminosas
A produção em sistema de monocultivo, por mais de dois anos na mesma área, provoca degradação física, química e biológica do solo, diminuindo a produtividade da cultura. Na rotação, são usadas outras espécies de plantas na área antes ocupada pela mandioca, evitando a incorporação de novas áreas ao processo produtivo. As espécies recomendadas para uso na rotação são as gramíneas milho e sorgo; e as leguminosas: feijão-caupi, mucuna, tephrosia e flemingia.
O plantio da BRS Jacundá deve ocorrer no início do período chuvoso (novembro e dezembro). Caso necessário, ele pode ser estendido a outros meses, exceto àqueles de menor precipitação pluviométrica.Já o período ideal de colheita da BRS Jacundá varia de oito a dez meses após o plantio. Se necessário, pode ser estendido até 12 meses.
Somente 10 dos 772 municípios da Amazônia Legal foram responsáveis por quase 30% da área desmatada em toda a região nos últimos 12 meses, entre agosto de 2024 e julho de 2025. Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto de pesquisa Imazon, dos 3.503 km² de floresta destruídos no período, 956 km² (27%) foram dentro dos 10 municípios campeões de devastação, embora eles somem apenas 6% do território amazônico.
Os líderes do ranking foram Lábrea e Apuí, localizados no Sul do Amazonas, que perderam respectivamente 140 e 137 km² de vegetação nativa. Isso equivale à devastação de 76 campos de futebol por dia de floresta, somando quase 30 mil nos últimos 12 meses.
Os outros oito municípios que mais desmataram a Amazônia estão em Mato Grosso (Colniza, Marcelândia e União do Sul), no Pará (Uruará, Portel, Itaituba e Pacajá) e no Acre (Feijó).
Municípios Mais Desmatados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
Ranking
Nome
Estado
Área (km²)
1
Apuí
AM
140
2
Lábrea
AM
137
3
Colniza
MT
124
4
Marcelândia
MT
102
5
Uruará
PA
91
6
Portel
PA
89
7
Feijó
AC
78
8
Itaituba
PA
67
9
União do Sul
MT
65
10
Pacajá
PA
63
Ainda entre esses municípios, seis deles também estão entre os dez com maior risco de novas derrubadas apontados pela plataforma de previsão do desmatamento PrevisIA: Apuí, Lábrea, Colniza, Uruará, Portel e Feijó. Esse cruzamento mostra que áreas já identificadas com alta pressão seguem vulneráveis. Ações prioritárias de proteção ambiental nesses municípios e em outros territórios críticos poderiam ter feito o chamado “calendário do desmatamento”, período que por causa do regime de chuvas no bioma vai de agosto de um ano a julho do ano seguinte, fechar em queda na Amazônia. Porém, o que se viu foi praticamente uma estabilidade. No calendário passado, entre agosto de 2023 e junho de 2024, foram derrubados 3.490 km², 0,4% a menos do que no atual.
“Em relação ao registrado entre agosto de 2022 e julho de 2023, o calendário passado representou uma redução de 46% no desmatamento. Porém, agora tivemos esse leve aumento, o que alerta para a urgência em combater a derrubada nessas áreas mais pressionadas”, afirma Larissa Amorim, pesquisadora do Imazon.
Imagem: Divulgação/Imazon
No passado, o maior envolvimento municipal no combate ao desmatamento resultou em reduções significativas da destruição. O exemplo histórico desse esforço foi Paragominas, no Pará, onde um programa criado em 2008, chamado Município Verde, fez com que a cidade registrasse uma redução de 90% na derrubada após um ano de trabalho.
À época, a prefeitura e mais de 30 entidades civis firmaram um acordo de combate ao desmatamento, incluindo os produtores de gado, grãos e madeira. O município passou a usar o monitoramento por imagens de satélite para realizar ações de fiscalização e punição e realizou campanhas ambientais, além de uma força-tarefa para registro de Cadastros Ambientais Rurais (CARs), que chegaram a 80% das propriedades em 2009.
A boa notícia foi que no último mês do calendário atual houve uma redução de 45% na destruição da floresta, que passou de 642 km² em julho de 2024 para 352 km² em julho de 2025.
Degradação aumenta quase quatro vezes em 2025
Já a má notícia foi em relação à degradação florestal, que cresceu quase quatro vezes em relação ao calendário anterior, passando de 8.913 km² entre agosto de 2023 e julho de 2024 para 35.426 km² entre agosto de 2024 e julho de 2025. Diferente do desmatamento, que é a remoção completa da vegetação, a degradação ocorre quando a floresta é afetada pelo fogo ou pela extração madeireira.
Esse salto se explica principalmente pelas grandes áreas afetadas por queimadas nos meses de setembro e outubro de 2024.
“A degradação florestal fragiliza a floresta, aumenta a emissão de carbono e deixa a Amazônia ainda mais vulnerável, ameaçando sua biodiversidade e as populações locais. O salto que vimos em 2025 é um sinal de que precisamos olhar com mais atenção para esse tipo de dano”, alerta Manoela Athaíde, pesquisadora do Imazon.
Apenas no último mês, a degradação mais do que duplicou na Amazônia, passando de 175 km² em julho de 2024 para 502 km² em julho de 2025. “Esta foi a segunda maior área degradada desde o início da série histórica, em 2009. O julho mais grave ocorreu em 2016, quando 664 km² foram afetados por esse dano na floresta”, explica Amorim.
Pará, Mato Grosso e Amazonas lideram no desmatamento e na degradação
Os rankings dos estados que mais desmataram e mais degradaram a Amazônia entre agosto de 2024 e julho de 2025 segue a mesma ordem nos três primeiros lugares: Pará, Mato Grosso e Amazonas. Juntos, esses estados foram responsáveis por 76% do desmatamento e 87% da degradação florestal na Amazônia nos últimos 12 meses.
No caso do desmatamento, tanto Pará quanto Mato Grosso apresentaram aumento na área derrubada em relação ao calendário passado, de 6% e de 31%, respectivamente. Outro estado que apresentou crescimento na devastação foi o Tocantins, de 8%.
Estados Mais Desmatados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
Ranking
Estado
Área (km²)
Variação
1
PA
1.170
6%
2
MT
747
31%
3
AM
739
-7%
4
AC
372
-4%
5
RR
182
-14%
6
RO
154
-26%
7
MA
106
-36%
8
TO
26
8%
9
AP
7
-59%
Já em relação à degradação, a maioria dos estados apresentou aumento, sendo os mais expressivos Rondônia (1.200%), Mato Grosso (852%) e Pará (449%). Apenas dois estados tiveram redução na área degradada: Tocantins (-10%) e Roraima (-99%).
Estados Mais Degradados – Agosto de 2024 a Julho de 2025
Ranking
Estado
Área (km²)
Variação
1
PA
18.228
449%
2
MT
9.596
852%
3
AM
3.116
291%
4
RO
2.939
1.200%
5
MA
945
223%
6
TO
321
-10%
7
AC
230
265%
8
AP
35
46%
9
RR
16
-99%
Acesseaquio boletim do desmatamento e da degradação em julho Vejaaquitodos os boletins do SAD Saiba mais sobre o SAD aqui
*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Imazon
Os bonecos da TV no Amazonasse tornaram verdadeiros ícones locais. Conquistaram crianças, adultos e até mesmo o jornal. Eles foram Peteleco, Galerito e Lino, três personagens que, cada um ao seu modo, marcaram a TV amazonense com humor e carisma entre os anos 1990 e 2000.
Cada um dos bonecos, à sua maneira, contribuiu para o cenário da TV e do humor local, criando diversos momentos que até hoje despertam nostalgia e curiosidade.
Peteleco
Criado pelo ventríloquo Oscarino Farias Varjão, no dia 15 de maio de 1957, o Peteleco é um dos personagens mais queridos do Amazonas. Oscarino, aos 20 anos, se apresentava nas ruas de Manaus para completar a renda familiar, o que chamou a atenção do público e o ajudou a conquistar espaço nos palcos e na televisão.
Peteleco encantava crianças e adultos com sua personalidade atrevida, pois o boneco sempre respondia às perguntas de forma rápida e grosseira, se fosse incomodado. Além disso, Peteleco foi batizado pelo pai de Oscarino, Oscar Lopes Varjão.
Oscarino e Peteleco. Foto: Indiara Bessa/Acervo g1 Amazonas
Em 2016, depois de levar humor ao público manauara por 60 anos e por diferentes gerações, Peteleco e Oscarino foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial do Amazonas.
Peteleco e Oscarino fizeram sucesso em todo o país e, em novembro de 2000, a dupla participou do programa ‘Jô Soares Onze e Meia’. Oscarino faleceu em abril de 2018, aos 81 anos, vítima de uma parada cardíaca, em Manaus.
Galerito
Criado pelo intérprete Iserlohn Castro, o boneco fez sucesso no programa ‘canal Livre’, exibido pela antiga TV Rio Negro, nos anos 90 e 2000. O boneco ficou conhecido pelo humor atrevido e provocador, com comentários ácidos e tiradas rápidas.
Foto: Reprodução/Youtube-Tozza
O boneco se tornou ainda mais conhecido depois de um episódio inusitado que se tornou viral. Durante uma apresentação do cantor Nunes Filho no programa, Galerito provocou o vendedor de salgados Gilson Luiz, conhecido como Gil da Esfirra, chamando-o de ‘Rogério’, em referência a uma música de Renato Fechine.
Gil acabou ficando tão irritado e perdeu o controle, reagindo com socos e empurrões, e protagonizando uma cena de briga ao vivo.
O momento foi bastante comentado na época e, anos depois, ressurgiu na internet, chegando a ser exibido na em um documentário na Netflix, intitulado ‘Bandidos na TV’.
A repercussão do episódio levou Galerito a participar de novas atrações, como quando a banda norte-americana Protomartyr lançou o clipe da música ‘Processed By The Boys’, inspirado na cena da briga.
Em dezembro de 2019, Willace Souza criou uma nova versão do programa, com a participação do atrevido fantoche, revivendo a lembrança de muitos espectadores do icônico momento televisivo.
O coelho Lino, personagem do programa Amazonas Evangélico, marcou a programação local e ficou conhecido pelo humor leve e pela forma de interagir com o público. O boneco, que interagia com a missionária Maria José, era interpretado pelo filho dela e conquistou crianças e adultos pelo carisma nas tardes de domingo.
Foto: Reprodução/Youtube-Missionária Maria José
Lino se destacava pela simpatia e pela maneira de transmitir mensagens educativas e religiosas. Embora não tenha alcançado a projeção nacional dos outros fantoches, ele faz parte da memória afetiva de diversos manauaras que cresceram acompanhando o programa.
Peteleco, Galerito e Lino fizeram história com humor, atrevimento e carisma, tornando-se personagens inesquecíveis da cultura amazonense. Você lembra de mais algum boneco famoso na Amazônia?
O fortalecimento dos pequenos negócios transforma a vida de milhares de famílias boa-vistenses. Foto: Diane Sampaio/PMBV
A Agência Municipal de Empreendedorismo (AME BV) atingiu a marca de R$ 8 milhões investidos no fortalecimento de pequenos negócios na capital e 2.089 empreendedores beneficiados. O reflexo desse cenário é sentido não apenas nos números, mas também na vida de milhares de famílias boa-vistenses.
Para se ter uma ideia, dos empreendedores atendidos pela Prefeitura de Boa Vista desde 2022, 44 são da área rural e 109 de comunidades indígenas. As mulheres são maioria: 1.550 empreendedoras, representando 74,2% e 539 homens, atingindo 25,8% do público.
Segundo a diretora-presidente da AME BV, Luciana Surita, a agência não oferece apenas uma linha de crédito, mas uma ponte para a realização de sonhos e autonomia financeira.
“Nosso papel é garantir apoio, capacitação e acompanhamento, para que esses pequenos negócios possam crescer com segurança”, explicou.
As mulheres representam 74,2% do público da AME BV. Foto: Diane Sampaio/PMBV
Empreendedorismo em alta em Boa Vista: os bairros e setores que mais se destacam
Boa Vista segue mostrando sua força no empreendedorismo local, com alguns bairros se destacando pelo número de beneficiários. Cidade Satélite lidera, com 144 empreendedores, seguido pelo Centro (121) e Senador Hélio Campos (110). Os bairros Asa Branca e Dr. Silvio Botelho também aparecem com 56 e 38 beneficiários, respectivamente.
Dentre os setores mais promissores, vestuário e moda estão no topo com 406 negócios ativos, demonstrando grande potencial criativo e comercial. Logo atrás vem o ramo de alimentação, com 399 empreendimentos, provando que o sabor local também é um forte motor da economia. O setor de saúde e beleza mostra sua relevância com 383 negócios, seguido por artesanato (115) e agro (85), que reforçam a diversidade do empreendedorismo na capital.
Cleuciane transformou a panelada em seu negócio de sucesso. Foto: Diane Sampaio/PMBV
Negócios de sucesso
Cleuciane da Silva e Silva, de 36 anos, viu na tradicional panelada a oportunidade de empreender e ajudar nas despesas da família. “Eu queria algo que fosse meu, para não depender só do meu marido e da distribuidora de bebidas que a gente já tinha. Aí pensei: ‘quem bebe, acorda de ressaca. Nada melhor que uma panelada’”, brincou.
Ela começou vendendo só aos sábados, no seu estabelecimento localizado na rua Rio Apiaú, no bairro Professora Araceli Souto Maior, mas hoje já atende também às sextas e domingos. Os pratos variam de R$ 22 a R$ 35. O impulso para crescer veio com o apoio da Agência Municipal de Empreendedorismo.
“As pessoas começaram a comer panelada, gostar e indicar. Fui lá na AME, me cadastrei e consegui um crédito de R$ 3 mil, que usei para ampliar meu espaço, com cozinha. O recurso me ajudou muito”, diz Cleuciane, que hoje participa ativamente dos eventos e ações promovidas pela agência.
Natália Fuhrmann, empreendedora e beneficiária da AME BV desde maio de 2025. Foto: Giovani Oliveira/PMBV
Empreendedora aposta em cookies estilo “Nova York” com sabores amazônicos e impulsiona negócio com apoio da AME
A jovem Natália Fuhrmann, de 26 anos, decidiu transformar uma paixão em negócio ao investir em um tipo diferenciado de cookie. Ao buscar um segmento para empreender, ela encontrou nos cookies altos, macios por dentro e crocantes por fora uma oportunidade de trazer algo novo para o mercado local.
Além do cookie tradicional, apostou em sabores com identidade regional. Um dos destaques é o cookie de tucupi preto com cumaru e castanha de caju, servido com sorvete de cupuaçu e finalizado com tucupi apimentado. A receita inusitada conquistou o público e tem se destacado pelas combinações autênticas da Amazônia.
Atualmente, o negócio funciona por delivery, com pedidos feitos via WhatsApp disponível nas redes sociais. Os cookies variam de R$ 10 (tradicional) a R$ 22 (recheado). Para impulsionar o projeto, ela contou com o apoio da AME BV, onde teve acesso a orientação técnica, capacitações e crédito facilitado.
“A AME foi essencial. Conheci pelas redes sociais e, desde o início, tive apoio para entender melhor como montar meu negócio. Além disso, com o fomento, consegui adquirir um forno industrial, que elevou a qualidade dos produtos e o padrão da produção”, disse.