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Garimpo ameaça saúde de crianças Yanomami, aponta Unicef

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Lideranças denunciam garimpos ativos e falhas graves na saúde Yanomami. Foto: Valentina Ricardo/Greenpeace

Um estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) divulgado no dia 15 de outubro mostra que o garimpo ilegal crescente até 2023 dentro da Terra Indígena Yanomami está diretamente ligado ao agravamento da crise de saúde e de proteção entre crianças e jovens do povo.

Relembre: Os Yanomamis e a Guerra contra os garimpeiros: Saiba tudo o que está acontecendo na maior Terra Indígena do Brasil

A mineração clandestina destrói rios e florestas, contamina peixes com mercúrio, atrai doenças como malária e provoca escassez de alimentos — fatores que intensificam a desnutrição infantil, mortalidade evitável e violação de direitos. O relatório apresenta dados coletados até 2023.

A Terra Yanomami é o maior território indígena do Brasil com quase 10 milhões de hectares entre os estados do Amazonas e Roraima. Garimpeiros atuam na região desde, ao menos, a década de 1970.

Em 2023 o governo federal decretou emergência no território para combater uma crise sanitária sem precedente. Quase três anos após o decreto de emergência na Terra Yanomami, lideranças indígenas denunciam que o garimpo ilegal segue ativo, destruindo roças, contaminando rios com mercúrio e, consequentemente, provocando desnutrição e impactos na rotina dos indígenas.

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Segundo o estudo, mais da metade das crianças Yanomami (56%) com até 5 anos apresentavam baixo peso ou desnutrição crônica, conforme dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) de 2022. A situação é mais grave nas regiões com presença de garimpeiros, onde o desmatamento e a poluição dos rios dificultam o cultivo e a pesca, principais fontes de alimentação das famílias.

O relatório aponta que a contaminação por mercúrio usada na extração de ouro afeta igarapés e peixes consumidos pelas comunidades, podendo causar problemas neurológicos, má formação fetal e danos permanentes no desenvolvimento infantil.

Além disso, a presença de garimpeiros está associada a um aumento considerável de casos de malária: entre 2018 e 2021, foram mais de 40 mil infecções na TI Yanomami, muitas delas em crianças pequenas. Poças d’água e buracos de escavação se tornam criadouros do mosquito transmissor, explica o Unicef.

O estudo destaca ainda que o garimpo ilegal atua em conjunto com a desestruturação do sistema de saúde Yanomami, agravando a crise sanitária. Postos de saúde foram fechados, destruídos ou tomados por invasores, dificultando a chegada de vacinas, medicamentos e alimentos. Entre 2018 e 2022, centenas de crianças morreram de causas evitáveis, como pneumonia, diarreia e desnutrição.

“O garimpo desestrutura a vida das comunidades. Ele contamina os rios, espalha doenças e impede o acesso à saúde e à alimentação. O resultado é a violação sistemática dos direitos da infância Yanomami”, afirma o estudo.

Com apoio da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Urihi Associação Yanomami, o estudo foi realizado pelos antropólogos Ana Maria Machado e Marcelo Moura. A publicação é uma iniciativa da área de Mudança Social e de Comportamento (SBC) e da Coordenadoria para Assuntos Indígenas do UNICEF Brasil, com financiamento da União Europeia, por meio do Departamento de Proteção Civil e Ajuda Humanitária (ECHO).

Em nota, a Casa Civil informou que o governo federal fortaleceu, desde 2023, a presença na Terra Indígena Yanomami destinando ações estratégicas de combate ao garimpo ilegal, vigilância e assistência em saúde, segurança alimentar, recuperação ambiental e de promoção de cidadania, direitos humanos e desenvolvimento social (leia a nota na íntegra abaixo).

Além disso, disse que políticas públicas específicas e diferenciadas para os povos Yanomami às que se refere o estudo “já foram executadas ou estão em fase de implantação, inclusive com a criação de estruturas permanentes”.

Por meio de nota, o Ministério da Saúde afirmou que desde o decreto de emergência mais de R$ 596 milhões foram investidos na recuperação e melhoria da infraestrutura dos estabelecimentos de saúde indígena no território, incluindo a reabertura de Polos Base (leia a nota completa abaixo).

“Em maio de 2025, a pasta lançou o primeiro Manual Técnico de Atendimento a Indígenas Expostos ao Mercúrio, que consolidou diretrizes clínicas e operacionais inéditas para orientar profissionais de saúde quanto à identificação de casos, atendimento, notificação e encaminhamento aos serviços de referência. O documento traz recomendações específicas para populações vulneráveis, como gestantes e crianças. Paralelamente, estão em andamento testagens periódicas em gestantes e crianças, além de campanhas educativas adaptadas às tradições culturais Yanomami”, disse.

O Grupo Rede Amazônica também procurou a Casa de Governo, órgão especializado no combate à crise Yanomami, e aguarda resposta.

Leia também: Sete rios e afluentes na Terra Yanomami estão contaminados por mercúrio usado em garimpos, mostra projeção

Abusos e violências contra jovens e crianças

Jovens da região do Xite, na Terra Yanomami, com armas de fogo. Foto: Reprodução/Condisi-YY

Além da saúde, o relatório aponta impactos sociais graves. O avanço da mineração ilegal provoca aumento do consumo de álcool, distribuição de armas e conflitos internos, deixando crianças e jovens em situação de vulnerabilidade extrema. Há registros de exploração sexual e aliciamento de adolescentes, especialmente meninas, nas áreas dominadas por garimpeiros.

Organizações como o Ministério Público Federal, o Conselho Distrital de Saúde Yanomami (Condisi), a Hutukara Associação Yanomami e a Wanasseduume Associação Ye’kwana reforçam que o avanço do garimpo é um dos principais fatores que agravam a desnutrição e a desestruturação social, econômica e sanitária das comunidades.

Segundo eles, o problema não é a completa falta de alimentos, mas sim a interrupção do acesso e da produção local causada pelo garimpo.

Recomendações do estudo

Além de apontar as problemáticas levadas pelo garimpo, o estudo também apresenta recomendações, incluindo:

  • Fortalecer políticas públicas específicas e diferenciadas para os povos Yanomami.
  • Combater o garimpo ilegal e garantir a proteção territorial como condição básica para a sobrevivência e preservação cultural.
  • Reconhecer e apoiar organizações indígenas, garantindo diálogo com associações que elaboraram o Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA).
  • Escutar crianças e jovens, oferecendo acesso a novos conhecimentos e tecnologias como ferramentas para defesa de seus direitos e dignidade.

Crises persiste no maior território indígena do Brasil

Apesar das operações do governo federal, que apontam redução de áreas de garimpo e aumento de profissionais de saúde, as comunidades continuam enfrentando precariedade no atendimento, falta de medicamentos, estrutura insuficiente e dificuldade de acesso a hospitais, com relatos de mortes evitáveis e crianças em situação crítica de desnutrição.

As lideranças reivindicam ações permanentes, fiscalização de financiadores e integração da medicina tradicional com o sistema público de saúde.

O dossiê entregue à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) aponta falhas graves na resposta à contaminação por mercúrio, com poucas triagens e tratamento limitado aos indígenas, além de alerta sobre a presença constante de pistas clandestinas e aviões que abastecem os invasores.

Especialistas destacam que o garimpo ilegal é sustentado por uma rede econômica complexa, que vai muito além dos trabalhadores na ponta, e que a dificuldade maior não é retirar os invasores, mas impedir seu retorno.

A situação da Terra Yanomami reflete problemas históricos e estruturais mais amplos: desde a década de 1970, o garimpo se consolidou como uma atividade econômica e cultural na região, gerando violência, destruição ambiental e dependência das comunidades em relação aos invasores.

Menina Yanomami com desnutrição grave recebe tratamento no Hospital da Criança, em Boa Vista. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

Nota do governo

Desde 2023, o Governo Federal fortaleceu a presença na Terra Indígena Yanomami, em todo o território, destinando ações estratégicas de: combate ao garimpo ilegal; vigilância e assistência em saúde; segurança alimentar; recuperação ambiental; e de promoção de cidadania, direitos humanos e desenvolvimento social.

Políticas públicas específicas e diferenciadas para os povos Yanomami às que se refere o estudo já foram executadas ou estão em fase de implantação, inclusive com a criação de estruturas permanentes.

As ações de desintrusão, repressão de atividades ilegais e proteção territorial apresentam resultados efetivos no enfrentamento às organizações criminosas, notadamente a mineração ilegal: 7.559 operações de fiscalização, comando e controle realizadas; 680 acampamentos inutilizados, 33 aeronaves e 215 embarcações destruídas, 125 armas apreendidas, além da inutilização de mais de 130 mil litros de combustíveis, dentre vários outros dados.

Até o último dia 11 de outubro, as operações resultaram em prejuízo de R$ 508 milhões às atividades criminosas, demonstrando o sucesso das estratégias de desarticulação e descapitalização de organizações criminosas por via terrestre, aérea e fluvial. A presença do Estado, portanto, é constante e conta com a participação de mais de 20 órgãos federais, sob coordenação da Casa de Governo.

Além do Centro de Referência em Saúde Indígena Yanomami, na região de Surucucu – que já está em funcionamento, beneficiando cerca de 10 mil indígenas de 60 comunidades -, outras estruturas permanentes do Governo Federal em Roraima estão em fase de conclusão — como o Centro de Atendimento Integrado da Criança Yanomami e Ye’kwana, a Base de Proteção de Pakilapi-Palimiú e o Centro de Referência em Direitos Humanos de Boa Vista.

Nota do Ministério da Saúde

Em 2023, o Ministério da Saúde decretou Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) na Terra indígena Yanomami após encontrar o Distrito Sanitário Especial indígena Yanomami em estado de abandono e precarização das suas estruturas e diversas falhas no atendimento de saúde.

De 2022 a 2025, o número de profissionais de saúde no território cresceu de aproximadamente 600 para 1.855 em 2025. Como resultado, houve redução de 33% nos óbitos no primeiro semestre de 2025 em comparação ao mesmo período de 2024, com queda de 45% de óbitos por doenças respiratórias, de 65% por malária e de 74% por desnutrição.

Entre 2023 e 2025, também houve ampliação dos testes diagnósticos para malária em 65,9%. Um aumento de 76,9% do número de exames realizados por detecção ativa, quando as equipes de saúde passaram a realizar busca ativa diretamente nas aldeias, com o indígena apresentando sintomas ou não. A coleta do exame é realizada diretamente na comunidade e em massa.

Em 2023, 21,6% das crianças Yanomami estavam com muito baixo peso. Em 2025, esse percentual caiu para 18%. Dentre as estratégias para combates da desnutrição no território, o Ministério da Saúde administra em crianças até 6 anos o NutriSUS, um suplemento de micronutrientes em pó, como ferro, vitaminas e minerais.

Desde 2023, mais de R$ 596 milhões foram investidos na recuperação e melhoria da infraestrutura dos estabelecimentos de saúde indígena no território. Os sete Polos Base que estavam fechados ou destruídos por conta da insegurança foram reabertos, beneficiando diretamente 5.224 indígenas. Hoje, os 37 polos do TI, juntamente com as 40 Unidades Básicas de Saúde Indígena (UBSI) estão em pleno funcionamento, agora equipadas com pontos de internet para viabilizar telessaúde e solicitação de serviços de urgência e emergência.

No começo de setembro de 2025, começou a funcionar o primeiro Centro de Referência em Saúde Indígena do Brasil, localizado em Surucucu (RR). Casos agudos e graves já podem ser atendidos com urgência no próprio território, beneficiando cerca de 10 mil indígenas de 60 comunidades.

Em maio de 2025, a pasta lançou o primeiro Manual Técnico de Atendimento a Indígenas Expostos ao Mercúrio, que consolidou diretrizes clínicas e operacionais inéditas para orientar profissionais de saúde quanto à identificação de casos, atendimento, notificação e encaminhamento aos serviços de referência. O documento traz recomendações específicas para populações vulneráveis, como gestantes e crianças. Paralelamente, estão em andamento testagens periódicas em gestantes e crianças, além de campanhas educativas adaptadas às tradições culturais Yanomami.

*Por Yara Ramalho e Caíque Rodrigues, da Rede Amazônica RR

Desova de quelônios inicia com atraso pelo segundo ano consecutivo em Rondônia

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O Vale do Guaporé, no Sul de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, é um dos principais locais de desova dos quelônios. Foto: Divulgação/Ibama

O Vale do Guaporé, no Sul de Rondônia, na fronteira com a Bolívia, é palco de um dos maiores espetáculos da natureza amazônica: a desova das tartarugas. Todos os anos, milhares de fêmeas saem da água para colocar seus ovos nas praias de areia ao longo do rio Guaporé, garantindo que a espécie continue viva. Mas, nos últimos anos, a situação mudou.

Em 2024, pela primeira vez em mais de 20 anos, houve um atraso na desova. Em 2025, isso aconteceu novamente. Especialistas dizem que o problema está ligado a condições desfavoráveis, como chuvas fora de época, fumaça das queimadas e aumento do nível do rio. Além disso, a caça predatória também ameaça a sobrevivência das tartarugas.

A espécie Podocnemis expansa, a maior tartaruga de água doce da América do Sul, está entre as mais afetadas.

Leia também: Infográfico – Saiba quantas e quais espécies de quelônios existem na Amazônia

Segundo a Associação Comunitária Ecológica do Vale do Guaporé (Ecovale), que monitora os quelônios da região, em 2022 nasceram cerca de 12 milhões de filhotes. Em 2023, esse número caiu para 1,4 milhão, uma queda de quase 88%. No ano passado, apenas 350 mil filhotes sobreviveram. A previsão para 2025 continua preocupante.

Normalmente, a desova dessa espécie ocorre entre agosto e setembro. Mas, neste ano, as tartarugas só conseguiram começar a desova no início de outubro, cerca de dois meses após o período habitual.

“Talvez em 2025 tenhamos um número menor do que 2024. A desova deste ano iniciou de forma pequena e não contínua, como geralmente costuma ser, e isso é muito preocupante”, relata José Soares Neto, conhecido como “Zeca Lula”, um dos fundadores da Ecovale.

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Lutando pela sobrevivência

Os quelônios são répteis pecilotérmicos, ou seja, não mantêm a temperatura corporal constante e dependem do calor externo para regular o metabolismo. As fêmeas utilizam as praias para se aquecer, e esse processo de termorregulação estimula a ovulação, favorecida pelo aumento da temperatura ambiente. Assim, o ciclo reprodutivo é diretamente afetado por eventos climáticos extremos.

O biólogo Deyvid Muller explica que as queimadas e mudanças climáticas influenciam no atraso da desova, uma vez que a fumaça das queimadas bloqueia a luz solar e altera a temperatura da areia das praias, onde as tartarugas realizam a postura dos ovos.

Ainda de acordo com Deyvid, para este ano estima-se que mais de 33 mil ninhos tenham sucesso, porém, o número exato de nascimentos dos filhotes ainda é um mistério.

“Caso esse cenário se torne algo comum, haverá uma drástica diminuição na quantidade de filhotes. Até o momento a desova está acontecendo, mas, de forma atípica. Geralmente existe uma desova contínua, mas este ano elas seguem esperando as condições ideias para continuar. Não é possível estimar a perda. Porém, o clima já é de tristeza pela possível perca”, afirma o biólogo.

Desova de quelônios em Rondônia 2022
Mais de 12 milhões de filhotes de tartarugas foram soltos no rio Guaporé em Rondônia em 2022. Foto: Frank Néry/Governo de Rondônia

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Ibama, por meio do Programa Quelônios da Amazônia (PQA) em Rondônia, realiza cercamento e monitoramento das praias, escavação de ninhos alagados para salvar filhotes, apoio a pesquisas científicas e ações de educação ambiental com comunidades locais. Com isso, o objetivo é aumentar a taxa de sobrevivência.

O analista ambiental do Ibama, Áquilas Mascarenhas, que também atua no PQA, confirma o cenário delicado no Vale do Guaporé. Para ele, se o atraso na desova continuar, isso pode comprometer o equilíbrio ecológico da região ao longo prazo.

“O ciclo reprodutivo das tartarugas está intimamente ligado ao equilíbrio dos ecossistemas aquáticos amazônicos. Elas contribuem para a dispersão de nutrientes, controle biológico de vegetação aquática e alimentação de outras espécies. Qualquer alteração prolongada nesse ciclo pode gerar impactos na cadeia alimentar e na dinâmica ecológica do rio Guaporé”, explica Áquilas.

Maior berçário de quelônios do Brasil

De acordo com o Ibama, o Vale do Rio Guaporé é um dos maiores berçários de quelônios do mundo e o maior do Brasil. Em um raio de 30 quilômetros, estão as sete praias desse nascedouro, com cinco praias de rio no lado brasileiro (em Costa Marques e São Francisco) e duas no lado boliviano (do outro lado do Rio Guaporé), onde tartarugas da Amazônia, tracajás e outras espécies locais depositam os ovos.

Além do trabalho de monitoramento, a ONG promove ações de conscientização, como eventos de soltura de filhotes, que visam sensibilizar a população sobre a importância da preservação dos quelônios da Amazônia.

“As tartarugas da Amazônia são símbolos vivos de resistência e equilíbrio ambiental. A conservação dos quelônios é um dever coletivo, que envolve o poder público, as comunidades locais e toda a sociedade. Proteger essas espécies é proteger toda uma rede de vida que depende dos rios e florestas”, declara o analista ambiental, Áquilas Mascarenhas.

Queimadas em Rondônia

O cenário que assombra as tartarugas da Amazônia também foi vivenciado pelos rondonienses. Em 2024, Rondônia teve o pior cenário de queimadas, um ano marcado pela fumaça e focos de calor. Durante este período crítico, o céu azul do estado foi ‘apagado’ pelo cinza das fumaças, colocando a capital de Rondônia entre as cidades com pior qualidade do ar do Brasil.

De acordo com dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de janeiro a setembro de 2025, foram registrados 1.387 casos de queimadas, um número bem menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, onde contabilizou 9.344 focos. Uma redução de aproximadamente 85% nos focos de queimadas em Rondônia.

Combatendo fogo

A redução das queimadas em Rondônia é resultado de uma grande estratégia coordenada por diversos órgãos de fiscalização e controle ambiental, que atuam em diferentes frentes para intensificar ações preventivas e de combate aos incêndios. Entre eles, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO).

Diante do avanço das queimadas e da perda de biodiversidade na Amazônia, e para evitar que esse cenário se repita em todo o estado neste ano, o MP-RO criou uma força-tarefa envolvendo diversos órgãos ambientais. A Operação Temporã (I e II) foi o ponto de partida para ações diretas no combate aos incêndios florestais no Parque Estadual de Guajará-Mirim e na Estação Ecológica Soldado da Borracha.

Em 2024, Rondônia registrou maior número de queimadas em 14 anos. Foto: Divulgação/PrevFogo

Na segunda-feira (13), o MP-RO realizou uma coletiva para apresentar os resultados positivos da operação. Os números mostram queda nos focos de queimadas e responsabilização de criminosos ambientais.

Para a coordenadora do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (GAEMA), Valéria Giumelli Canestrini, a força-tarefa representa uma atuação moderna e eficaz no enfrentamento de problemas ambientais.

“O êxito nos resultados só foi possível diante da qualificação técnica do trabalho responsável de todos os envolvidos que não mediram esforços para garantir o direito humano ao meio ambiente limpo, saudável e sustentável à sociedade”, declara a coordenadora do Gaema.

Segundo dados da Polícia Militar de Rondônia, até o momento foram realizadas 87 operações de combate ao desmatamento e às queimadas. As ações resultaram em 611 atendimentos, 4.746 hectares de áreas embargadas, 13 tratores apreendidos e 68 pessoas presas por crimes ambientais. Durante as fiscalizações, também foram apreendidas armas de fogo, motosserras, veículos e madeira ligados a atividades ilegais de desmatamento e queimadas.

O coordenador do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública (GAESP) e do Núcleo de Combate ao Crime Organizado (NUCAM), Pablo Hernandez Viscardi, explica que os resultados são fruto de dedicação que contribui não só para a natureza, mas também para a saúde dos rondonienses.

“Esse 2025 conseguimos respirar um ar mais puro. No passado, esse trabalho conjunto foi fundamental para reverter a situação catastrófica vivida. Estamos trabalhando de forma preventiva e já nos planejando para o ano que vem. Reforçando o papel na preservação das unidades de conservação que sustentam o meio ambiente ecologicamente equilibrado no estado”, afirma.

De acordo com o MP-RO, outras ações foram realizadas para evitar novamente o cenário de fumaça no estado: o lançamento da campanha “Não queimar, para preservar”, além de uma audiência pública para planejar ações de prevenção e combate a queimadas e incêndios florestais.

O objetivo dessas iniciativas é proteger o meio ambiente e garantir a segurança das pessoas que vivem na Amazônia.

Com a redução das queimadas e o fortalecimento de ações que unem justiça, cuidado e preservação ambiental, o fogo cede espaço ao verde da Amazônia, e o céu do estado pode voltar a ser azul, como ecoa no hino de Rondônia:

“Azul, nosso céu é sempre azul…Que Deus o mantenha sem rival, cristalino muito puro e o conserve sempre assim”.

*Por Jainni Victória, da Rede Amazônica RO

Parlamentar destaca novas regras de crédito que ampliam o acesso à casa própria

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Foto: Danilo Mello/Aleam

Em pronunciamento nesta quarta-feira (15/10), o deputado Sinésio Campos (PT) destacou as novas regras de crédito habitacional da Caixa Econômica Federal, que entraram em vigor nesta semana e devem ampliar o acesso das famílias brasileiras ao financiamento da casa própria.

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O parlamentar explicou que o novo pacote da Caixa injeta R$ 20 bilhões no crédito imobiliárioe projeta o financiamento de 80 mil novos imóveis até o fim de 2026. Segundo ele, a medida tem impacto direto na geração de empregos e no fortalecimento da economia.

“Com mais crédito disponível, a construção civil é estimulada, o setor imobiliário ganha fôlego e milhares de famílias conseguem realizar o sonho da casa própria. Isso movimenta a economia local e nacional, gera emprego e renda”, afirmou Sinésio.

Entre as mudanças, o deputado destacou o aumento da cota máxima de financiamento de 70% para 80% do valor do imóvel, o que reduz o valor de entrada exigido do comprador. Outro ponto relevante é o aumento do teto dos imóveis financiáveis pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.

Leia também: Deputada estadual toma posse e reforça presença feminina no Parlamento

Além disso, a utilização do FGTS como parte do financiamento se torna mais flexível dentro desse novo limite, facilitando o acesso ao crédito regulado por famílias de classe média e média alta, com rendimentos acima de R$ 12 mil mensais.

“As famílias de renda mais alta passam a ter mais acesso a crédito regulado, com juros mais baixos e condições melhores. E as famílias de menor renda continuam contempladas pelo programa Minha Casa, Minha Vida, que segue voltado à habitação popular”, explicou Sinésio Campos.

Para o deputado, o conjunto das medidas tem potencial para aquecer o mercado imobiliário,estimular incorporadoras e construtoras, e gerar milhares de empregos diretos e indiretos no país.

“Esse é um movimento positivo, que ajuda a realizar o sonho da casa própria, impulsiona o setor da construção civil e contribui para o crescimento econômico do Brasil”, concluiu o parlamentar.

Psicologia dos pássaros: técnicas de observação e cuidados no uso do playback

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Pássaros da Amazônia podem atender por meio de playback, diz estudo. Foto: Anselmo D’Affonseca

Compreender o comportamento e a psicologia dos pássaros é um dos grandes desafios enfrentados por pesquisadores e observadores de aves. A Amazônia, com sua imensa diversidade de espécies de pássaros, é também um dos lugares em que mais se aplicam técnicas de observação, desde instrumentos ópticos sofisticados até recursos sonoros.

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Entre os métodos mais utilizados no campo está o chamado “playback”, uma prática que se baseia em reproduzir o canto da ave para estimular uma reação. Essa técnica permite que observadores consigam aproximar-se dos animais ou direcioná-los a um ponto mais favorável para estudo e fotografia.

Apesar de sua eficácia, o playback não é universal. Nem sempre funciona, pois depende de condições específicas, como o período reprodutivo, a disposição territorial da espécie e até mesmo fatores climáticos. Esses detalhes fazem parte do complexo conjunto de elementos que formam a psicologia dos pássaros e orientam a resposta de cada indivíduo a estímulos externos.

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Pássaros da região amazônica estão mudando. Foto: Anselmo D’Affonseca/Divulgação
Pássaros da região amazônica atendem algumas vezes por playback. Foto: Anselmo D’Affonseca

Por isso, ao mesmo tempo em que possibilita avanços no registro e observação de aves, o uso do playback exige cuidado. Especialistas destacam que a repetição excessiva pode causar estresse nos animais, alterando seu comportamento natural e afetando negativamente seu bem-estar.

A técnica do playback e a resposta das aves

De acordo com o ornitólogo especializado em aves amazônicas Mário Cohn-Haft, “o playback consiste em reproduzir a gravação do canto da ave para ela mesma”.

Ele explica no canal do Youtube Cantos da Amazônia que a ave canta para marcar território e, ao ouvir o som gravado, interpreta o estímulo como um intruso que precisa ser afastado.

No entanto, nem todas as situações resultam em resposta positiva, como esperado, para registros fotográficos e de estudo. “Muitas vezes, por razões que nem sempre conseguimos determinar, a ave não responde”, observa Cohn-Haft.

Entre os fatores, estão o ciclo reprodutivo, as condições climáticas e até a luminosidade da noite, que podem influenciar diretamente o comportamento.

Leia também: Aves fantasmas: confira 8 espécies de aves dificilmente observadas na Amazônia

Outro aspecto técnico apontado é a intensidade do som. Se o volume for baixo demais, a ave pode entender que o canto vem de longe e ignorá-lo. Já se for alto demais, a ave pode interpretar a reprodução como ameaça e afastar-se.

Moderação e impactos do uso nos pássaros

Embora eficaz, o playback traz custos para a ave observada. Segundo Cohn-Haft, “é importante ressaltar que o playback tem um custo: o estresse que ele causa na ave”.

A comparação feita por ele ajuda a ilustrar: seria como alguém repetindo continuamente, em frente à sua casa, a frase “Eu quero a sua casa!”.

Não há métodos precisos para medir o impacto do estresse, mas a prática indica que o uso constante e prolongado pode comprometer os padrões naturais de comportamento. A recomendação é limitar a reprodução ao necessário para a observação, evitando repetições excessivas.

Para reduzir os impactos, o especialista sugere variar as estratégias: “pessoalmente, prefiro assobios caseiros. Por serem menos precisos, causam menos perturbação”. Mesmo assim, ele reconhece que a gravação mais eficaz é a do próprio canto da espécie.

Outro ponto de alerta é evitar a repetição em um mesmo local. Em áreas de visita frequente, aves podem ser expostas repetidamente ao playback, o que altera de forma duradoura sua dinâmica territorial e social.

Entre ciência e cuidado

O estudo da psicologia dos pássaros mostra que quanto mais se compreende o comportamento natural das aves, menos será necessário recorrer a estímulos artificiais.

Cohn-Haft reforça: “Quanto mais se conhece as aves, menos se precisa do playback e, consequentemente, ele será usado de forma mais efetiva e adequada”.

Assim, o playback permanece como uma ferramenta para a observação e para a ciência, desde que seja utilizada com responsabilidade. A recomendação principal é de moderação: observar, registrar e compreender, mas sempre respeitando os limites das espécies e seu habitat natural.

Franceses encerram expedição de três meses pela Amazônia com chegada ao Amapá

Quatro franceses chegaram ao Amapá após três meses navegando pelos rios da Amazônia em uma balsa artesanal. Foto: Reprodução/Expedição Pipilintu

Três franceses chegaram no dia 14 de outubro à praia da Fazendinha, em Macapá (AP), encerrando a Expedição Pipilintu. A jornada começou há três meses nos Andes, na Bolívia, e percorreu cerca de 3.400 quilômetros pelos rios da Amazônia.

Leia também: Franceses partem da Bolívia e cruzam rios da Amazônia em balsa tradicional

A travessia foi feita em uma balsa artesanal construída com totora — planta típica dos Andes — e cipó. A embarcação simboliza os 200 anos da independência da Bolívia, marco que inspirou o projeto.

Durante o percurso, os franceses enfrentaram correntezas fortes e chuvas intensas, mas também receberam apoio de comunidades ribeirinhas e indígenas.

“O barco que usamos é feito de palha chamada totora, usada por povos indígenas em construções tradicionais. A expedição teve três objetivos: esportivo, cultural e ecológico. Fizemos todo o trajeto sem causar poluição, respeitando o meio ambiente”, explicou Fabien Gallier, capitão da expedição.

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Expedição Pipilintu

No início da viagem, o grupo contou com o apoio da Armada Boliviana. Já em território brasileiro, foram os ribeirinhos que ofereceram ajuda e acolhimento. Um vídeo gravado no Rio Madeira, no Amazonas, mostra a passagem da embarcação e a interação com moradores locais.

Franceses encerram expedição de três meses pela Amazônia com chegada ao Amapá
Foto: Reprodução/Expedição Pipilintu

“Foram três meses intensos, parece que vivi uma vida inteira. A Amazônia era algo que eu não conseguia imaginar, mas agora conheço tanto a parte boliviana quanto a brasileira. O que mais vou lembrar são as pessoas generosas que encontramos pelo caminho”, disse o tripulante Benjamin Vaysse.

Com a chegada ao destino final, a embarcação será desmontada e transformada em adubo orgânico. O material será doado à Prefeitura de Macapá para uso no viveiro de plantas da cidade, como forma de promover a sustentabilidade e preservar o meio ambiente.

“A Prefeitura veio dar as boas-vindas à expedição, que também realizou ações de educação ambiental com comunidades ribeirinhas. Agora, o barco será desmontado: as cordas de plástico serão retiradas e o restante, feito de material orgânico, será usado na compostagem do viveiro municipal. O fim da expedição vai se transformar em árvores em Macapá”, afirmou Valcir Marvulle, secretário municipal de Meio Ambiente.

Confira AQUI os registros oficiais do grupo expedicionário.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Amazonas registra segundo maior crescimento do país no setor turístico

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Fotos: Clóvis Miranda, Janailton Falcão e Tadeu Rocha/Amazonastur

O Amazonas se destaca como cenário turístico novamente no país e o Governo, por meio da Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), tem impulsionado o setor, com resultados que já começam a aparecer: em agosto de 2025, as atividades turísticas do estado cresceram 6,9%, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do IBGE, ficando em segundo lugar no país, atrás apenas do Rio de Janeiro (2,5%).

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Segundo o presidente da empresa estadual, Marcel Alexandre, esse avanço mostra a recuperação do setor e coloca o estado à frente de grandes centros turísticos como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, que registraram retração no mesmo período.

Amazonas registra segundo maior crescimento do país no setor turístico
Fotos: Clóvis Miranda, Janailton Falcão e Tadeu Rocha

“Estamos muito felizes, porque estamos colhendo os frutos de um trabalho intenso. Nosso estado foi o segundo do Brasil em crescimento das atividades turísticas, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro. Superamos grandes potências como São Paulo, Paraná e Minas Gerais, e isso mostra que o Amazonas está construindo uma nova história no cenário nacional”, destacou o presidente.

Amazonas cresce com a busca pela gastronomia

O crescimento foi impulsionado por hotéis, restaurantes, serviços de buffet e transporte, refletindo o aumento de visitantes e a maior movimentação turística.

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Fotos: Clóvis Miranda, Janailton Falcão e Tadeu Rocha

Campanhas de divulgação, participação em feiras e fortalecimento de roteiros que destacam a natureza e a cultura amazônica contribuem diretamente para esse resultado positivo.

Esses números reforçam o estado como um destino turístico de destaque no país, com forte potencial de crescimento e consolidação da economia de serviços voltada ao turismo.

*Com informações da Agência Amazonas

Mulheres que cultivam o futuro: a força feminina no campo de Porto Velho

Para Joice Maria, ver a produção chegando à mesa é o que mais lhe enche de orgulho. Foto: Jean Carla Costa

O Dia Internacional da Mulher Rural, comemorado no dia 15 de outubro, é uma oportunidade de reconhecer e valorizar as mulheres que cultivam a terra e garantem alimentos de qualidade para a população na Amazônia.

“Trabalhar na roça não é fácil, mas ver minha produção chegando à mesa das pessoas me enche de orgulho”.

Quem afirma é Joice Maria Cruz Bernardo, agricultora familiar de Porto Velho, enquanto colhe o café que será beneficiado e vendido na capital.

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Em Porto Velho (RO), a Semagric desenvolve políticas públicas que fortalecem a agricultura familiar feminina, promovendo autonomia, renda e sustentabilidade.

Neuracy Monteiro do Nascimento, outra agricultora, reforça a importância do apoio da prefeitura. “As ações da Semagric estão fortalecendo a agricultura na cidade. Isso ajuda muito o trabalho das mulheres que tiram o sustento da roça. Faz diferença na nossa vida”.

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Neuracy Monteiro do Nascimento. Foto: Jean Carla Costa

Entre as ações em destaque estão:

  • o Programa Calcário Já, que contribui para a melhoria da qualidade do solo e das pastagens;
  • os incentivos à mandiocultura e à apicultura, que fortalecem a diversificação da produção rural;
  • e o apoio ao transporte da produção das agricultoras para as feiras livres, assegurando que os alimentos cheguem frescos ao consumidor.

Além disso, iniciativas como o projeto “Horta e Arte e Mulheres do Campo” promovem o protagonismo feminino e o fortalecimento das mulheres rurais em suas comunidades.

“Fortalecimento das mulheres rurais”

“O nosso compromisso é com o fortalecimento das mulheres rurais, oferecendo suporte técnico, logístico e financeiro para que elas desenvolvam suas atividades com segurança e gerem renda para suas famílias”, afirma o secretário da Semagric, Rodrigo Ribeiro.

Para Raimunda Luiza a tradição do trabalho rural é uma herança de família. Foto: Delcimar Fragoso

Para Raimunda Luiza Nunes Moreira, a tradição do trabalho rural é uma herança de família, e hoje ela sente orgulho de passar esse legado para o filho, que já ajuda na propriedade.

“A valorização das políticas públicas voltadas para as mulheres está transformando o campo, tornando-o mais produtivo, inclusivo e sustentável”, finaliza Raimunda.

*Com informações da Secom Porto Velho

Deputada estadual toma posse e reforça presença feminina no Parlamento

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Foto: Danilo Mello/Aleam

Nesta terça-feira (14/10), a Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) realizou a cerimônia de posse da Professora Jacqueline, primeira suplente do partido União Brasil, como deputada estadual da 20ª Legislatura. A parlamentar assume a vaga deixada pela deputada Joana Darc (União Brasil), licenciada do cargo para comandar a Secretaria de Estado de Proteção e Bem-Estar Animal (Sepet).

A solenidade, conduzida pelo presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (UB), aconteceu no plenário Ruy Araújo. Seguindo o rito regimental, Professora Jacqueline prestou o juramento oficial e assinou o termo de posse, formalizando sua entrada no Parlamento Estadual.

“Assumo hoje o mandato de deputada estadual com o mesmo compromisso que orientou minha atuação na Câmara Municipal de Manaus: trabalhar com seriedade, presença e buscando sempre resultados concretos em favor do nosso Estado”, afirmou a nova parlamentar, lembrando de sua atuação como vereadora de Manaus, cargo do qual se licenciou para assumir a vaga na Aleam.

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O presidente Roberto Cidade destacou a importância da chegada da nova deputada e reafirmou o apoio da Mesa Diretora ao seu mandato. “É uma honra conduzir esta cerimônia de posse. Tenha certeza, deputada Jacqueline, de que está sendo recebida de braços abertos por este Parlamento, para juntos trabalharmos pelo povo do Amazonas”, declarou Cidade.

A deputada afirmou que seu mandato será voltado aos professores, servidores públicos, mulheres e comunidades rurais do interior do estado. “Lutarei para que esses grupos tenham voz, respeito e políticas públicas de valorização”, disse, ressaltando que seu trabalho se pautará na escuta das comunidades e na transformação de suas demandas em ações concretas.

Com a posse, a Aleam volta a contar com 24 parlamentares, mantendo o número de cinco mulheres na composição legislativa, marca histórica alcançada nas eleições de 2022, que representa um avanço na representatividade feminina na política amazonense.

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Em nome do Parlamento, a deputada Alessandra Campelo (Podemos) fez um pronunciamento destacando a importância da presença feminina na política. “A Professora Jacqueline é a 21ª mulher, na história do Amazonas, a tomar posse como deputada estadual”, informou Campelo.

Segundo ela, essa sub-representação reflete barreiras estruturais e culturais enfrentadas pelas mulheres e limita a diversidade de perspectivas no processo democrático.

“A presença de mulheres na política é fundamental para garantir a diversidade e a eficácia democrática, além de assegurar que políticas públicas atendam às necessidades específicas das mulheres”, completou Alessandra, enfatizando que a 20ª Legislatura da Aleam tem trabalhado pela criação de leis e políticas de fortalecimento das mulheres.

Professora Jacqueline permanecerá na função pelo período em que a deputada Joana Darc ocupar a titularidade da Sepet.

Amazônia abriga atualmente 55 milhões de árvores gigantes, revela estudo

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Árvores gigantes concentram carbono e água; Amapá desponta como refúgio climático. Foto: Divulgação/UEAP

Um estudo divulgado na terça-feira (14) pela revista britânica New Phytologist revelou, pela primeira vez, onde estão as maiores árvores da Amazônia. Com mais de 60 metros de altura, essas gigantes ajudam a manter o equilíbrio da floresta, armazenam carbono e são fundamentais para a biodiversidade.

O artigo, intitulado “Mapping the density of giant trees in the Amazon“, ou traduzido do inglês “Mapeando a densidade de árvores gigantes na Amazônia“, foi liderado pela Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e realizado por uma equipe ampla de pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais.

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O foco principal foi mapear e modelar a densidade de árvores gigantes em toda a Amazônia brasileira. Para isso, os cientistas utilizaram dados de sensoriamento remoto por LiDAR (Light Detection and Ranging), coletados entre 2016 e 2018 em 900 áreas da floresta, cada uma com cerca de 3,75 km².

Esses dados foram combinados com 16 variáveis ambientais, como clima, relevo, solo, incidência de raios e ventos, para construir um modelo de floresta aleatória (Random Forest), uma técnica de inteligência artificial que permite prever padrões com alta precisão.

Os resultados mostram que a distribuição dessas árvores é desigual: cerca de 14% estão concentradas em apenas 1% da área da Amazônia.

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árvores gigantes são encontradas no amapá
Maior árvore da Amazônia está localizada na fronteira do Amapá e do Pará. Foto: Rafael Aleixo/GEA

As maiores densidades foram encontradas em Roraima e do Escudo das Guianas — que inclui parte do estado do Amapá — onde há alta disponibilidade de água e baixa incidência de raios e ventos fortes.

Árvores gigantes são peças-chave

Segundo Robson Lima Borges, pesquisador da Ueap, o estudo reforça como poucas árvores gigantes podem concentrar grandes estoques de biomassa e carbono acima do solo, o que as torna peças-chave no equilíbrio ecológico da floresta.

“O artigo é um importante desdobramento das pesquisas nossas sobre as árvores gigantes. Em especial, nossa pesquisa traz um importante insight que é sobre como poucas árvores grandes podem impactar diretamente os maiores estoques de biomassa e carbono acima do solo”, informou o pesquisador.

O estado do Amapá teve papel importante na pesquisa. Instituições como a Ueap e o Instituto Federal do Amapá (Ifap) participaram ativamente do estudo. Parte dos voos com sensores LiDAR foi realizada sobre áreas do Amapá, contribuindo para o mapeamento da vegetação local.

Com grande cobertura vegetal e baixa taxa de desmatamento, o território amapaense se destaca como uma das regiões com maior potencial de conservação da floresta, segundo o artigo.

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O estudo identificou que fatores como temperatura amena, boa luminosidade, solo com alta retenção de água e baixa frequência de distúrbios naturais favorecem o crescimento das árvores gigantes. Já eventos extremos, como secas prolongadas, ventanias e descargas elétricas, aumentam a mortalidade dessas espécies.

O artigo científico está disponível na versão inglesa no site da revista New Phytologist.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Reprodução de fungos amazônicos corre risco em função de plástico e do clima

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Alterações ambientais afetam fungos aquáticos e a decomposição de matéria orgânica. Foto: Lacia/Inpa

Em meio a folhas submersas nos igarapés da Amazônia, fungos microscópicos regulam o equilíbrio das cadeias alimentares e transformam a matéria orgânica em nutrientes para insetos, peixes e, indiretamente, milhões de pessoas. Um estudo publicado em junho, na revista científica Science of the Total Environment, aponta, no entanto, que esses discretos organismos podem ser impactados pela combinação de microplásticos e das mudanças do clima, alterando a sua reprodução, a diversidade e a decomposição mediada por eles.

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Conduzido por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com colegas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o trabalho utilizou câmaras climáticas capazes de simular em tempo real cenários previstos para a região amazônica até o ano 2100. Nessas condições, os cientistas expuseram organismos responsáveis pela decomposição de folhas a diferentes níveis de microplásticos e variações de temperatura e gás carbônico.

“Observamos que houve uma alteração da reprodução desses fungos”, destaca a bióloga Viviane Caetano Firmino, da UFPA e primeira autora do artigo. “O impacto foi ainda maior quando as concentrações de microplásticos e os cenários climáticos extremos atuaram em conjunto”.

A riqueza total de espécies não diminuiu, mas houve substituição de espécies das comunidades fúngicas. Algumas mais tolerantes ou competitivamente superiores surgiram no ambiente e se tornaram dominantes, enquanto outras praticamente desapareceram.

Além disso, a capacidade de decomposição da matéria orgânica sofreu impacto, sugerindo riscos diretos à ciclagem, que é o processo de decomposição que devolve nutrientes ao ambiente, permitindo seu reaproveitamento por outros seres vivos.

“Os microplásticos já estão presentes nos igarapés amazônicos. Com isso, alguns serviços ecossistêmicos essenciais podem ser perdidos, e essa é nossa maior preocupação”, destaca o biólogo Leandro Juen, da UFPA. Ele é um dos autores do artigo e líder do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Síntese da Biodiversidade Amazônica (SinBiAm).

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A apreensão do pesquisador se deve ao risco de que mudanças na base da cadeia alimentar provoquem efeitos em cascata, atingindo não apenas insetos e peixes, que dependem diretamente da ciclagem promovida pelos fungos, mas também a segurança alimentar de milhões de pessoas.

“Os fungos tornam o material vegetal mais palatável para outros organismos e por isso funcionam como engrenagens invisíveis na manutenção dos riachos amazônicos”, explica Juen. Quando a decomposição da matéria orgânica perde eficiência, a água tende a se tornar mais ácida e menos potável.

O estudo foi conduzido em câmaras de simulação climática instaladas no Inpa, em Manaus, capazes de reproduzir em tempo real diferentes cenários previstos para a floresta (ver mais detalhes no box). No cenário extremo, a temperatura da água foi elevada em 5,1 °C e a concentração de dióxido de carbono (CO₂) alcançou mais de 1.080 ppmv (partes por milhão por volume), enquanto no cenário intermediário o aquecimento chegou a 3,3 °C e o CO₂ a cerca de 700 ppmv. Esses cenários seguem as projeções estabelecidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU (Organização das Nações Unidas).

Paralelamente, os fungos foram submetidos a distintas concentrações de microplásticos, variando entre a ausência completa e níveis considerados baixos (1,8 × 10 partículas por mililitro) e médios (1,8 × 10² partículas por mililitro). Para avaliar o efeito combinado desses fatores, os pesquisadores utilizaram discos cortados de folhas de louro-preto (Nectandra cuspidata), uma planta amplamente distribuída na Amazônia, preparados para permitir a colonização natural dos fungos decompositores de igarapés amazônicos.

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Monitoramento dos fungos

Durante 15 dias de experimento, o grupo monitorou parâmetros como a produção de esporos, a diversidade de espécies presentes e a eficiência na decomposição da matéria orgânica, indicadores-chave da saúde e do equilíbrio dos ecossistemas aquáticos.

Para a ecóloga espanhola Luz Boyero, da Universidade do País Basco, investigar múltiplos estressores de forma combinada é fundamental, pois mostra que os efeitos interativos entre eles não são simples e podem se reforçar mutuamente (efeitos aditivos) ou se comportar de forma mais complexa (efeitos não aditivos). “No caso dos fungos amazônicos, a produção de conídios [os esporos responsáveis pela reprodução] reagiu de forma diferente aos microplásticos dependendo das condições climáticas. Isso pode estar ligado ao fato de que algumas espécies são mais sensíveis que outras e variam em suas taxas de reprodução”, explica.

Boyero não participou do trabalho, mas um de seus estudos sobre microplásticos, publicado em 2023 na revista Environmental Pollution, serviu de referência para a metodologia adotada pelos pesquisadores brasileiros.

“Em um de nossos estudos, observamos que o aumento da temperatura, combinado à eutrofização [excesso de nutrientes na água], afetou a forma como organismos que se alimentam de matéria orgânica equilibram os elementos químicos em seus corpos, embora o processo de decomposição não tenha se alterado”.

Na prática, isso significa que os organismos que se alimentam de matéria orgânica em decomposição, como insetos e outros pequenos invertebrados aquáticos, passaram a apresentar diferentes proporções de carbono, nitrogênio e fósforo em seus corpos. Embora a decomposição das folhas continuasse ocorrendo, essa alteração na química interna desses animais pode influenciar a qualidade do alimento disponível para níveis superiores da cadeia alimentar.

O biólogo Adalberto Val, pesquisador do Inpa que não participou do estudo, celebra os resultados obtidos pelos colegas da UFPA, mas lembra o quanto evidenciam o tamanho do desafio imposto pela emergência climática.

“As mudanças climáticas na Amazônia tornam águas que já são quentes, mais quentes; águas que já são hipóxicas [com pouco oxigênio], mais hipóxicas; e águas que já são ácidas, mais ácidas. Daí a importância de estudos como esse sobre o futuro do ecossistema”, resume.

Reprodução de fungos amazônicos corre risco em função de plástico e do clima
No Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular, pesquisadores expõem organismos a condições previstas de mudanças climáticas. Foto: Leem/Inpa

Uma janela para o futuro da Amazônia

Instalado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, o Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (Leem), onde foi realizado o estudo publicado em junho na Science of the Total Environment, abriga um conjunto de quatro salas de cerca de 25 m³ projetadas para testar como organismos amazônicos reagem às mudanças do clima.

A sala-controle reproduz o clima atual da floresta, enquanto as demais simulam cenários previstos até 2100, segundo o IPCC. A umidade relativa é mantida entre 80% e 90%, enquanto sensores instalados em uma torre em uma reserva próxima ao Inpa transmitem dados a cada dois minutos para os computadores do instituto, ajustando automaticamente os parâmetros. Assim, as condições oscilam como na floresta real, variando ao longo do dia e da noite, acompanhando a cobertura de nuvens e a chegada da chuva.

“Essas câmaras permitem simular com precisão o futuro climático da Amazônia, criando uma ponte entre o que está acontecendo hoje na floresta e o que poderá acontecer nas próximas décadas”, enfatiza Adalberto Val, um dos idealizadores do Leem. Pesquisador do Inpa, atualmente ele é coordenador do INCT Adapta-Amazônia.

Ao visitar o espaço, impressiona a atmosfera controlada e silenciosa. O acesso exige protocolos rigorosos para evitar contaminação, além de restrições quanto ao tempo de permanência em cada sala. No ambiente que simula o cenário mais drástico, com a maior concentração de gás carbônico, não é permitido ficar mais do que alguns minutos, e sempre há alguém para monitorar a segurança dos pesquisadores e visitantes.

Dentro das câmaras, também é controlado o ciclo de luz e escuridão, o que garante a reprodução fiel do ritmo diário da floresta. Para evitar interrupções em uma cidade marcada por oscilações no fornecimento de energia, o sistema foi projetado com redundância elétrica, incluindo gerador e banco de baterias capazes de manter os parâmetros estáveis por até duas horas em uma eventual falta de luz.

Essa infraestrutura permite manter não apenas fungos e peixes, mas também insetos, plantas e outros organismos por longos períodos em condições controladas, revelando de maneira dinâmica como eles respondem a cenários climáticos extremos. “É um dos laboratórios mais modernos que temos aqui no Brasil. Seria necessário ter um em cada bioma brasileiro, para fins de comparação entre os resultados e o alcance de padrões gerais sobre os efeitos das mudanças climáticas”, defende Viviane Firmino, da UFPA.

A construção do Leem, em 2016, foi viabilizada pelo programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT) do governo federal, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e também com recursos do próprio Inpa.

O laboratório integra o Adapta 3, a nova fase do INCT Adapta-Amazônia. “Recentemente tivemos a aprovação do INCT na qual vamos procurar responder como os organismos amazônicos vão lidar com a intensificação das mudanças globais, avaliando desde mecanismos fisiológicos até implicações ecológicas e sociais”, explica Val.

A reportagem acima foi publicada com o título “Fungos invisíveis, impactos visíveis” na edição impressa nº 356, de outubro de 2025.

Artigos citados
FIRMINO, V. C. et alClimate change and microplastic effects on conidial fungal assemblages associated with leaf litter in an Amazonian streamScience of The Total Environment. v. 992, 179968. 25 ago. 2025.
PÉREZ, J. et alWarming overrides eutrophication effects on leaf litter decomposition in stream microcosmsEnvironmental Pollution. v. 332, p. 121966. 1º set. 2023.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa Fapesp, escrito por Guilherme Costa