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Mais de 300 nortistas que nunca fumaram podem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024

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O câncer de pulmão é a principal causa de morte por tumores malignos, tendo o fumo do tabaco como o agente cancerígeno mais determinante. Por sua vez, alerta o Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), estudos epidemiológicos sugerem que 20% a 25% dos casos de câncer de pulmão podem não ser atribuíveis ao tabagismo. Na somatória da incidência dos sete estados da região Norte, deverão ser registrados 1.530 novos casos de câncer de pulmão em 2024 e, a partir deste dado oficial do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a projeção é que entre 306 e 382 nortistas que nunca fumaram recebam este ano o diagnóstico de um tumor maligno no pulmão.

A maior prevalência de câncer pulmonar na região é registrada no Acre, com 10,93 casos para cada mil acrianos. A mais baixa é observada no Amapá, com 7,66 casos para cada 100 mil. Em relação à incidência, o maior número é registrado no Pará, com 650 casos. Os menores números de casos estão no Amapá e Roraima, ambos com 50 casos cada.

Foto: Divulgação

Em todo o mundo, segundo o Observatório Global de Câncer da Agência Internacional par Pesquisa do Câncer (IARC) são registrados mais de 2,4 milhões de casos de câncer de pulmão e a doença responde por 1,8 milhão de mortes anuais. Ao menos 360 mil destas mortes por câncer de pulmão são de pessoas que nunca fumaram.

No Brasil, os dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) apontam que 32 mil pessoas devem receber o diagnóstico de câncer de pulmão em 2024. Considerando a estimativa de ao menos dois entre dez casos serem em não tabagistas, a expectativa é que ao menos 6 mil brasileiros, que nunca fumaram, sejam diagnosticados com a doença este ano. 

O câncer de pulmão em quem nunca fumou (lung cancer in never smokers/LCINS) é o sétimo contribuinte para morte por câncer. São diversas as etiologias (causas) para o câncer de pulmão em não tabagistas. Pensando nisso, em alusão ao Agosto Branco de 2024, o GBOT busca aumenta a conscientização sobre os fatores de risco do câncer de pulmão em não fumantes. “Esta iniciativa tem como objetivo educar o público geral sobre as causas menos conhecidas do câncer de pulmão, que muitas vezes é uma doença erroneamente associada apenas aos fumantes. Ampliar essa informação é crucial, com potencial de promover diagnóstico precoce e salvar vidas”, afirma Clarissa Baldotto.

Confira os principais fatores de risco para câncer em não fumantes.

1 – Exposição ao Gás Radônio: O radônio é um gás radioativo natural que pode infiltrar-se em casas através de rachaduras na fundação. A exposição prolongada a altos níveis de radônio pode aumentar significativamente o risco de câncer de pulmão. Testar e mitigar os níveis de radônio nas casas pode reduzir esse risco.

2 – Fumo Passivo: Não fumantes que são regularmente expostos ao fumo passivo têm um risco maior de desenvolver câncer de pulmão. Isso inclui viver com fumantes ou frequentar ambientes onde o fumo é comum. Defender ambientes livres de fumaça pode ajudar a proteger contra esse risco.

3 – Poluição do Ar: A exposição prolongada à poluição do ar, incluindo emissões de veículos, processos industriais e usinas de energia, é um fator de risco conhecido para o câncer de pulmão. Apoiar políticas que visam reduzir a poluição do ar e promover energia limpa pode mitigar esse risco.

4 – Exposição Ocupacional: Certas ocupações expõem os trabalhadores a carcinógenos como amianto, fumaça de diesel e alguns produtos químicos usados na fabricação. Garantir medidas de segurança adequadas e equipamentos de proteção nos locais de trabalho pode reduzir a incidência de câncer de pulmão entre não fumantes.

5 – Fatores Genéticos:  Um histórico familiar de câncer de pulmão pode aumentar o risco de uma pessoa, mesmo que ela não fume. Incentivar as pessoas a discutirem seu histórico médico familiar com seus médicos pode levar a estratégias de rastreamento e detecção precoce mais personalizadas.

6 – Doenças Pulmonares Prévias: Condições como a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou fibrose pulmonar podem aumentar o risco de câncer de pulmão. O diagnóstico e manejo precoces dessas condições são essenciais para reduzir esse risco.

7 – Uso de Cigarros Eletrônicos (Vape): Embora os cigarros eletrônicos (vapes) frequentemente sejam vistos como uma alternativa mais segura ao fumo tradicional, o uso desses dispositivos ainda apresenta riscos, mesmo sem a presença de nicotina. Os líquidos de vape contêm várias substâncias químicas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões. Estudos preliminares sugerem que alguns destes produtos químicos podem ser prejudiciais e potencialmente aumentar o risco de câncer de pulmão e outras doenças pulmonares. Promover a conscientização sobre os riscos associados ao uso de vapes, mesmo sem nicotina, é crucial.

Sintomas

Os sintomas do câncer de pulmão variam de pessoa para pessoa. Muitas vezes, os sintomas são facilmente confundidos com doenças respiratórias comuns, como bronquite ou pneumonia, atrasando um diagnóstico preciso. Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão incluem:

– Tosse que não desaparece e piora com o tempo
– Dor no peito constante e muitas vezes agravada pela respiração profunda, tosse ou riso
– Dor no braço ou ombro
– Tosse com sangue ou catarro cor de ferrugem
– Falta de ar
– Chiado
– Rouquidão
– Infecções como pneumonia ou bronquite que não desaparecem ou voltam com frequência
– Inchaço do pescoço e rosto
– Perda de apetite e/ou perda de peso
– Sentir-se fraco ou cansado
– Alargamento das pontas dos dedos e leito ungueal também conhecido como “baqueteamento digital”

Se o câncer de pulmão se espalhar para outras partes do corpo, pode causar:


– Dor no osso
– Fraqueza no Braço ou dormência na perna
– Dor de cabeça, tontura ou convulsão
– Problemas de equilíbrio ou uma marcha instável
– Icterícia (coloração amarela) da pele e dos olhos
– Gânglios linfáticos inchados no pescoço ou ombro

*Com informações de Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica

Estudantes apresentam projetos para a Amazônia em maratona

Projetos que vão desde produtos faciais a papinhas para bebês, utilizando matérias-primas da Amazônia com foco no impacto socioambiental e destinados à comercialização no mercado internacional, estão entre os três primeiros colocados na quinta edição do hackathon “Amazon Experience”, maratona de idealização e desenvolvimento deste tipo de empreendimento, desenvolvida e realizada em parceria entre o CESUPA (Centro Universitário do Estado do Pará) e a PUC-Campinas.

O evento teve o patrocínio do ICE (Instituto de Cidadania Empresarial), por meio de seus programas de Coalização pelo Impacto e Universidades +Engajadas, e foi coordenado pelos professores Caio Fanha (coordenador do International Office do CESUPA) e José Antonio Olmos (assessor da Pró-Reitoria de Inovação da PUC-Campinas).

Após 15 dias de capacitação e mentoria on-line, estudantes de sete universidades brasileiras foram divididos em oito equipes para desenvolvimento, conclusão e apresentação de um pitch (exposição de ideias de produtos e de negócios para potenciais investidores). A seleção, feita por uma banca composta por docentes da PUC-Campinas e do CESUPA, tinha disponível para cada membro o montante de 10.000 “Amazon Coins” – uma moeda hipotética a ser atribuída a cada projeto, simulando assim uma decisão de investidores.

Os três primeiros colocados foram os que receberam os maiores investimentos atribuídos pela banca. O mais importante é que os projetos fazem parte, agora, de uma lista de diagnósticos desenvolvidos quanto à viabilidade financeira, tonando-se, para os estudantes, já uma oportunidade para se transformarem em empreendimentos por apresentarem projeções econômicas, detalhamento de custos e estratégia de divulgação.

Sobre os projetos e produtos

Dos nove estudantes da ECON (Escola de Economia e Negócios) da PUC-Campinas, três estão entre os principais finalistas. O primeiro colocado foi o projeto skincare em bastão MIA – Made in Amazônia. Trata-se de um bastão 4×1 que proporciona hidratação, tratamento, proteção solar e cobertura suave em um só produto, resumindo a rotina de skincare diária e facilitando a adoção do hábito no dia a dia. Vegano, cruelty free (sem a utilização de cobaias), sustentável e reciclável, o MIA leva em sua composição quatro exclusividades amazônicas: o óleo de andiroba (com ativos para hidratação profunda), é cicatrizante e estimula a regeneração da pele; a manteiga de cupuaçu melhora a elasticidade da pele, é anti-inflamatória e antioxidante; o óleo vegetal de buriti (rico em vitaminas A, C e E, em ácido oleico), estimula a produção de colágeno; e a manteiga vegetal de açaí combate os radicais livres gerados pelo processo oxidativo e auxilia na regeneração da pele.

“Da Amazônia, produzido por comunidades locais, para a sua pele”, informa o slogan do produto. Estudante dos cursos de Relações Internacionais e Geografia na PUC-Campinas, Victória Beatriz Soares lembra que produtos como o MIA auxiliam no desenvolvimento das comunidades envolvidas na cadeia produtiva e levam ao mundo o verdadeiro potencial econômico sustentável da Amazônia. “Historicamente, o mercado europeu é um dos maiores para cosméticos naturais brasileiros, possuindo especial destaque aqueles que são provenientes da Amazônia. Além disso, este mercado está intrinsecamente inserido no mercado de consumo consciente, um dos principais impulsionadores do mercado clean beauty”, revela. Nesse sentido, o MIA estaria pronto para entrar em um mercado aquecido, com projeção de faturamento global de, estimativamente, cerca de US$ 400 milhões até 2029″. Espera-se que somente o mercado europeu adquira US$ 82 milhões no período. Além de Victória, o grupo foi formado por Andrei de Maia Souza (Eng. da Computação / CESUPA) e Evelyn Rayane da Costa Mesquita (Administração / UFPA).

Papinha para bebês

O segundo colocado foi o projeto “Papinha de mandioca para bebês e embalagem biodegradável de caroço de açaí”. A pasta de mandioca foi utilizada como matéria-prima e principal insumo amazônico. Por ser rica em fibras, minerais (como o ferro) e vitamina C, auxilia na recomposição de nutrientes necessários para bebês a partir dos 6 meses. O produto foi pensado como uma contribuição ao combate à desnutrição infantil e à má alimentação de crianças por ingestão de alimentos ultraprocessados. “Combinada com outros insumos, essa papinha ajuda no fortalecimento do sistema imunológico de bebês. É de fácil ingestão e possui ação antibacteriana. Para o aquecimento da economia local, a estudante Gabriela Requeijo dos Santos, do 7º semestre de Relações Internacionais da PUC-Campinas, destaca o incentivo aos pequenos agricultores amazônicos para o fornecimento de insumos, como a mandioca. Outro benefício é a embalagem biodegradável feita do caroço de açaí, que é normalmente descartado. Gabriela acredita no interesse do mercado internacional por ser este um produto inovador, sem concorrência direta. No grupo de Gabriela estavam, ainda, os estudantes Sabrina de Oliveira Araújo (Arquitetura / CESUPA), Matheus Freire Alves (Eng. de Materiais / UFC), Leidiane Rodrigues do Nascimento (Administração / UNB), José Ryan de Oliveira Coelho (Ciência da Computação / CESUPA) e Nathali Nicéia Rosa da Cunha (Ciências Econômicas / PUC-RS).

“Buriti Sérum”

O terceiro colocado foi o projeto “Buriti Sérum”, um produto facial com ingredientes 100% naturais, com propriedades antioxidantes, hidratantes, medicamentosas (útil no tratamento de doenças anti-inflamatórias da pele) e de proteção solar (grande concentração de betacaroteno). Conta, ainda, com o diferencial da embalagem reutilizável e reciclável. Além do óleo de buriti, o produto é composto por óleo essencial de rosa mosqueta (rico em ácidos graxos, ômega-3 e ômega-6, que ajudam a regenerar a pele e a reduzir a aparência de cicatrizes e rugas), óleo de jojoba (combate a oleosidade, tem ação antioxidante e hidratante, serve como um escudo contra fatores como poluição e fumaça) e por ácido hialurônico (molécula que se liga fisicamente à água na pele para torná-la mais fresca e jovem).

De acordo com os estudantes, esse produto mais natural ainda pode chegar ao mercado pela metade do preço de alguns atuais concorrentes. Do projeto de divulgação proposto constam a “criação de conteúdo educativo e envolvente nas redes sociais, incluindo vídeos, infográficos e entrevistas com especialistas em conservação, cosméticos e medicina da pele” e a “organização de palestras nas lojas nas quais os produtos serão vendidos, para conscientizar os vendedores sobre a biodiversidade e a importância da Amazônia para o equilíbrio ambiental global, aumentando a probabilidade de vendas”. 

O projeto é assinado pelas estudantes Raissa Sousa de Oliveira (Ciência da Computação / CESUPA), Gabriela Grosskreutz Beretta (Rel. Internacionais / PUC-Campinas), Maria Eduarda Queiroz dos Santos (Administração / Mackenzie), Juliana Parenza Silveira (Ciências biológicas / PUC-RS) e Nubia Paltrinieri Mazzolini (Administração e Marketing / PUC-Campinas).

Desenvolvimento da Amazônia

*Com informações da Assessoria

Marco temporal: entenda porquê a tese é inconstitucional e viola os direitos dos povos indígenas

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O Marco Temporal voltou a ser pauta. O Supremo Tribunal Federal (STF) realizou no início desta semana a primeira reunião da comissão especial de conciliação designada pelo ministro Gilmar Mendes para tratar das ações que envolvem o marco temporal para demarcação de terras indígenas.

A conciliação foi marcada no bojo de processos nos quais se discute a inconstitucionalidade da Lei nº 14.701/2023. A mencionada lei foi parcialmente vetada pelo Presidente da República por razões de inconstitucionalidade e por contrariar o interesse público, mas os vetos foram derrubados em sua quase integralidade pelo Congresso Nacional.

A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) já solicitou ao STF o reconhecimento da inconstitucionalidade de diversos dispositivos da Lei 14.701/2023 que contrariam o texto constitucional. Para a Funai, tais dispositivos não apenas consolidam a violação de direitos dos povos indígenas, como também dificultam a implementação da política indigenista.

Os povos indígenas são guardiões da floresta. Várias terras demarcadas são verdadeiros cinturões de proteção ambiental em locais que são completamente degradadosJoenia Wapichana, presidenta da Funai
Entre as disposições prejudiciais para a política indigenista, em especial para a política territorial, está a tese do marco temporal, a vedação à revisão de limites de terras indígenas e a fragilização do direito de consulta aos povos indígenas, além de questões procedimentais para a demarcação de terras.

“A sociedade precisa tomar conhecimento do histórico de violações de direitos dos povos indígenas. Quantos povos não foram dizimados por disputa de terras ou expulsos das áreas que tradicionalmente ocupavam sem poder se defender à altura em ações judiciais que retiraram o seu direito à política territorial?”, critica a presidenta da Funai, Joenia Wapichana.

Para Joenia, a demarcação de terras não apenas garante o direito dos povos indígenas, como também contribui para a conservação ambiental em razão das suas práticas ecológicas e tradicionais.

“As terras indígenas são as áreas mais protegidas em relação à degradação ambiental no Brasil. Os povos indígenas são guardiões da floresta. Várias terras demarcadas são verdadeiros cinturões de proteção ambiental em locais que são completamente degradados”, ressalta Joenia Wapichana.

Confira a seguir alguns esclarecimentos a respeito do tema:

Quais são as principais alterações trazidas pela Lei 14.701/2023 que prejudicam a atuação da Funai?

A Lei 14.701 traz a previsão da teoria do Marco Temporal, no artigo 4º, a qual estabelece que os povos indígenas tinham que estar habitando determinados locais em 5 de outubro de 1988 para que seja possível realizar a demarcação de terra indígena de ocupação tradicional. Esse ponto contraria a decisão do Supremo Tribunal Federal, no Tema 1031 com repercussão geral, julgado em setembro de 2023.

A principal política territorial da Funai é a demarcação de terras indígena de ocupação tradicional. Quando a lei traz o requisito de que os indígenas estivessem no local reivindicado, desconsidera-se que no curso da história houve várias remoções forçadas de povos indígenas de seus locais de ocupação tradicional.

A Lei 14.701/2023 ressalva a possibilidade de demarcação se houver renitente esbulho, entendido como conflito físico ou demanda judicial em curso em 1988. A Funai questiona essa exigência perante o Supremo Tribunal Federal, pois antes de 1988, em geral, os indígenas não tinham a capacidade civil plena, não podendo ajuizar ações na justiça sem assistência da Funai.

A Funai também questiona perante o Supremo Tribunal Federal a desconsideração de situações fáticas, como casos nos quais os povos indígenas foram expulsos das áreas de ocupação tradicional e não tiveram meios físicos ou jurídicos de recorrer contra essa expulsão, o que acaba consolidando uma violação de direitos.

Outro ponto da Lei nº 14.701/2023 que está sendo questionado perante o Supremo Tribunal Federal é o disposto no artigo 13: vedação à revisão de limites de terras indígenas. O termo vedação de ampliação de terras indígenas não é tecnicamente adequado porque a Funai não aumenta terra indígena, mas realiza a revisão de limites de área já existente.

Antes de 1988, a Funai e o SPI (Serviço de Proteção ao Índio) realizaram vários procedimentos de demarcação de constituição de reservas, de parques ou de outras áreas indígenas, sem seguir um parâmetro mínimo que respeitasse a territorialidade dos povos indígenas, a cultura deles e o seu modo de vida.

Com isso, durante muito tempo, vigorou uma política de confinamento, que era a demarcação de pequenos espaços, sejam eles de habitação ou de produção, para liberar espaços para expansão agrícola e exploração econômica das áreas de ocupação tradicional.

Como, historicamente, essa política de confinamento foi o que inspirou a demarcação de terras indígenas antes da Constituição de 1988, a Funai tem muitas demandas para a revisão de limites, não para aumentar terra indígena, mas para declarar adequadamente os limites. Isto para não deixar que o ordenamento jurídico, o Estado, corrobore violações cometidas na época da política de confinamento.

Essa revisão de limites se presta para isso, para a declaração dos limites reais da terra indígena respeitando os parâmetros da Constituição de 1988, que são os quatro elementos de tradicionalidade: áreas de habitação permanente, áreas necessárias para reprodução física e cultural, áreas culturalmente relevantes para os povos indígenas e áreas necessárias para a preservação do meio ambiente. E esses elementos, em muitos casos, não foram respeitados. Esse é outro ponto que o Supremo Tribunal Federal considerou viável em algumas hipóteses fazer essa revisão de limites.

Há, também, em algumas disposições da Lei 14.701, uma fragilização do direito de consulta aos povos indígenas. Esses direitos estão estabelecidos tanto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), como na interpretação do artigo 231 da Constituição Federal. A Corte Interamericana dos Direitos Humanos também diz que a Declaração Americana dos Direitos dos Humanos traz o direito de consulta. E quando a lei traz algumas hipóteses de que os povos indígenas não precisam ser consultados, como é o caso do artigo 20, isso acaba criando insegurança.

A lei traz também requisitos excessivos para fazer o procedimento de demarcação de terras indígenas. O Supremo Tribunal Federal já tinha decidido em várias ocasiões que o procedimento adotado pela Funai para fazer a demarcação de terras indígenas era um procedimento constitucional. Apesar disso, a lei trouxe vários requisitos que tornam mais dificultoso e demorado esse processo. Esses novos procedimentos trazem maior ônus para a Funai.

Quais os impactos dessa tese jurídica para os povos indígenas?

Com a tese do marco temporal, aumenta a dificuldade do Estado brasileiro em realizar a demarcação de terra indígena e ocupação tradicional, ou seja, de efetivar o direito à proteção e a efetivação do direito às terras tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas.

Igualmente prejudicial são os dispositivos que tratam da revisão de limites das terras indígenas e a fragilização do direito de consulta dos povos indígenas. Todos esses pontos dificultam a implementação da política indigenista, em especial, a política territorial.

Como a Funai tem atuado nos processos de demarcação de terras desde a promulgação da lei?

A Funai tem analisado com cautela procedimento por procedimento para aferir se estão aptos a prosseguir ou se existe alguma providência que necessite ser tomada diante da Lei 14.701.

Como todo órgão público, a Funai tem que seguir toda legislação. E o procedimento de demarcação de terra indígena tem várias legislações que o regulamentam e que a Funai precisa cumprir, como a própria Constituição Federal, nos artigos 231 e 232, a Convenção 169, o Decreto n.º 1.775/1996, a Portaria MJ n.º 14/1996, a Portaria MJ n.º 2.498/2011, a Lei nº 6.001/1973 e a Lei nº 14.701/2023. É esse arcabouço de normas que regulamenta a atuação da Funai nesses processos.

É feita a análise de todo esse arcabouço incluindo a Lei nº 14.701/2023 que a Funai tem que respeitar. Cada caso tem a sua especificidade. Existem casos em que já existe a comprovação de que os indígenas estavam ali e, portanto, se aplica o marco temporal ou que houve o renitente esbulho, mas cada um tem que ser analisado com cuidado.

É uma análise técnica muito bem feita, inicialmente pela Diretoria de Proteção Territorial e, depois, a Procuradoria Federal Especializada junto à Funai (PFE) faz a análise jurídica. A Funai atua dessa forma para garantir a segurança jurídica no procedimento, quando possível.

De que forma a Funai está tentando reverter a medida?

A Funai está atuando de duas formas no Supremo Tribunal Federal. Já foi pedido o reconhecimento da inconstitucionalidade de todas as disposições da lei que, no entender da Funai, são inconstitucionais.

A Funai também está atuando no Tema 1031, proposto pela Funai e julgado pelo STF. Foi feito um pedido nesta ação por ter relação com o que foi julgado pelo STF e pedido para o Supremo julgar no bojo dela as inconstitucionalidades da Lei 14.701.

Foi solicitada atuação perante as Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) que estão tramitando no Supremo Tribunal Federal. Além disso, a Funai também fornece informações técnicas e jurídicas à Advocacia-Geral da União que participa dessas Ações Diretas de Inconstitucionalidade. Ou seja, são encaminhadas informações para a atuação da AGU nesses processos.

Número de queimadas na Amazônia em 2024 já é o maior para o período em quase duas décadas

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Com 20.221 focos de calor registrados de 01 de janeiro a 24 de julho de 2024, os registros de fogo na Amazônia nos sete primeiros meses do ano já são o maior para o período desde 2005, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Além de um recorde em quase 20 anos, o fogo registrado na Amazônia nos sete primeiros meses do ano teve um aumento de 43,2% em relação ao mesmo período de 2023 (14.116 focos de calor).

O especialista em campanhas do Greenpeace Brasil, Rômulo Batista, vê com especial atenção o mês de julho de 2024, que, a uma semana para o final do mês, já supera o total registrado em julho do ano passado: enquanto foram registrados 5.772 focos de calor de 01 a 31 de julho de 2023 na Amazônia, o período de 01 a 24 de julho deste já soma 6.732 focos.

Nos dias 23 e 24 de julho, a Amazônia teve 1.318 focos de calor. Para se ter noção da quantidade de fogo, esses dois mesmos dias no ano passado registraram 671 focos, um aumento de 96%. Em 2022, tais dias tiveram 399 focos.

Rômulo lembra que, historicamente, é esperado um alto índice de desmatamento e queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo chamado “verão amazônico”, caracterizado pela diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo.

Saiba mais: “Verão amazônico”: entenda as origens do fenômeno e suas consequências

Parque Estadual Guajará-Mirim, em Rondônia, no dia 21 de julho. O local registra um terço dos focos de calor registrados em unidades de conservação na Amazônia este ano.

Múltiplos fatores

Vários fatores contribuíram para o aumento do fogo na Amazônia em 2024: a região está mais seca, o que está intimamente relacionado às mudanças climáticas e foi potencializada pelo fenômeno El Niño. 

Batista também aponta que a paralisação dos servidores do Ibama, devido às justas reivindicações salariais e reestruturação de carreiras, pode gerar a sensação adicional de impunidade.

“Somado ao contexto atual de paralisação do Ibama, outro problema histórico é que não há rigor por parte dos governos para punir os responsáveis pelos incêndios criminosos – não adianta apenas multar quem incendeia, é necessário fiscalizar se houve o pagamento da multa, o que não ocorre na maioria dos casos. Essa leniência permite que o crime seja cometido com mais frequência, pela certeza da impunidade. É preciso empenho integrado entre o governo federal e os governos estaduais na fiscalização das queimadas no bioma”, diz Batista.

*Com informações de Greenpeace Brasil.

Igualdade de gênero é tema do encontro de mulheres manejadoras de pirarucu no Amazonas

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No mês de junho, além do Dia Mundial do Meio Ambiente, também foram iniciadas as celebrações dos 25 anos da implementação do manejo sustentável do pirarucu no Amazonas. São 25 anos de uma história repleta de conquistas significativas, alcançadas por meio do esforço contínuo dos povos das águas, das florestas e seus aliados. As primeiras comemorações foram idealizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM), que integram o Coletivo do Pirarucu.

Em meio a esta jornada histórica, a luta das mulheres manejadoras de pirarucu vem ganhando destaque nos últimos anos, ecoada por suas vozes, mãos e corações. Embora enfrentem desafios de invisibilização de seus trabalhos, o cenário de valorização das mulheres na atividade econômica do manejo do pirarucu está avançando. Uma pesquisa liderada por Carolina Freitas publicada em 2020 revelou que uma comunidade que maneja o pirarucu tem 77% de chance de remunerar as mulheres na pesca; esse número cai para 8% nas comunidades pesqueiras onde não há o manejo.

Outra pesquisa realizada em 2022 pela Associação das Mulheres Agroextrativistas do Médio Juruá (Asmamj), Instituto Juruá e parceiros, aponta que 38% das mulheres e 38% dos homens extrativistas do Médio Juruá discordam completamente da afirmação que ambos os gêneros têm habilidades e capacidades iguais para desenvolverem atividades ligadas ao pescado. Porém, a mesma pesquisa expõe que as mulheres estão expressivamente presentes em quase todos os elos desta cadeia, incluindo a etapa da captura do peixe na água, e mais expressivamente na etapa de beneficiamento do peixe capturado. Ou seja, as mulheres participam ativamente e são habilidosas na pesca, mas ainda não recebem o devido reconhecimento por isso.

Diante desses e outros estudos, a gestão compartilhada dos recursos pesqueiros, com foco no manejo do pirarucu, representa uma importante alavanca para o empoderamento das mulheres nas comunidades tradicionais da Amazônia.

Foto: Talita Oliveira/OPAN

Fortalecendo identidades e redes

No contexto histórico de mais de duas décadas de luta e reconhecimento, o Coletivo do Pirarucu, que reúne diversos perfis e organizações para debater pautas importantes do manejo, formou um grupo de trabalho (GT) em novembro de 2023, denominado ‘GT Gênero, Juventudes e Intersecções’ para dar visibilidade à diversidade no manejo, com foco em mulheres, juventudes e outros grupos sociais invisibilizados. A primeira ação estratégica articulada pelo GT empenhou esforços no grupo das mulheres, por meio do “Encontro de Mulheres Manejadoras de Pirarucu: Fortalecendo Identidades e Redes“, realizado nos dias 8 e 9 de junho em Manaus, como abertura da 11ª Reunião do Coletivo do Pirarucu, de 10 a 12 de junho, que integrou o “Seminário de Vigilância Comunitária e fiscalização nas áreas de manejo do pirarucu no Amazonas” e culminou nas celebrações dos 25 anos de manejo no Amazonas, de 13 a 14 de junho, tendo a participação das mulheres do início ao fim de todos os eventos.

O evento contou com uma programação que permitiu um intenso processo de aprendizagem, trocas de experiências e criação de vínculos. “Estou muito alimentada de expectativas. Tenho certeza de que as mulheres manejadoras têm um Coletivo que pode olhar para cada uma e ajudar no empoderamento para se criar um futuro que possa trazer valorização para o trabalho de todas nós, mulheres e jovens”, expressou Vânia da Silva de Souza, da Comunidade Japurá, região do Médio Purus.

Além das dinâmicas de integração, acolhimento e promoção da confiança para a oratória e o debate, uma das atividades do Encontro abordou uma metodologia participativa sobre o que é empoderamento e desempoderamento comunitário, que foi adaptada por Ana Luiza Violato Espada, do Serviço Florestal dos Estados Unidos (USFS), para o contexto das mulheres manejadoras de pirarucu. A partir disso, também foi possível identificar quais são as percepções das identidades das mulheres que manejam pirarucu e os papeis de gênero que, na prática, vem sendo atribuídos nesta cadeia.

A palestra da Profª Dra. Edna Alencar (UFPA – Universidade Federal do Pará e IDSM) intitulada “Pescadoras artesanais e a gestão social de recursos pesqueiros na Amazônia: renda, conservação ambiental e resiliência”, também compôs a programação do encontro. Foram apresentados dados sociodemográficos de 192 pescadoras manejadoras, além de outras pesquisas próprias e de especialistas diversos, sobre a invisibilidade histórica do trabalho das mulheres na pesca.

Próximos passos

Como encaminhamento, o GT seguirá se reunindo mensalmente de forma remota para trabalhar estratégias e ações transversais no âmbito do Coletivo, em busca da equidade de gênero no manejo do pirarucu, tendo como foco inicial a valorização das mulheres e, posteriormente, atuação direcionada para juventudes e outras identidades de gênero.

*Com informações do Coletivo do Pirarucu

Focos de calor na Amazônia em julho de 2024 tiveram aumento de 98% em relação ao mesmo mês no passado

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A Amazônia teve 11.434 focos de calor em julho de 2024, segundo dados do sistema BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), um aumento de 98% em relação ao mesmo mês no ano passado (que registrou 5.772 focos de calor). O maior registro de fogo no mês foi 30 de julho, com 1348 registros em um único dia. 

Julho também teve o maior registro de fogo na Amazônia desde 2005, quando ocorreu o recorde histórico de 19 mil focos de calor para um mês de julho. No estado do Amazonas, o recorde de focos de queimadas é histórico, sendo o maior desde 1998, quando o Inpe iniciou as medições.

É esperado um aumento nos alertas de de desmatamento e nas queimadas na Amazônia entre julho e outubro, época onde a maioria dos estados passa pelo “verão amazônico”período em há diminuição da chuva e da umidade relativa do ar e do aumento da temperatura, o que deixa a vegetação mais seca e sujeita ao fogo. 

Saiba mais: Verão amazônico, entenda as origens do fenômeno e suas consequências

O porta-voz também alerta que julho é apenas o primeiro mês deste período seco na Amazônia, e que há previsões de uma seca muito severa no bioma em 2024. 

Caminhos para o combate do fogo

“É preciso abandonar o uso do fogo na pecuária e agricultura, ficando seu uso restrito a povos indígenas, populações tradicionais que historicamente manejam o fogo em áreas muito pequenas e pequenos agricultores que não tem outra opção viável tecnicamente e financeiramente”, afirma o porta-voz.

Autoridades do Tocantins intensificam monitoramento dos níveis dos rios no período de estiagem

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No mês de julho deste ano, os níveis dos rios do Tocantins se mantiveram acima da cota de ‘Déficit Hídrico’, com registros nas faixas de cota ‘Normal’ e ‘Abaixo do Normal’, que são comportamentos típicos do período de estiagem, com tendência de queda gradual durante o intervalo de seca, no território tocantinense.

Em julho de 2024, com dados da Rede Hidrometeorológica do Tocantins, o relatório apresentado pela Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) traz a verificação de registros das Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) em pontos estratégicos do Estado, para uma visão abrangente da situação hídrica, tendo configurado nos rios Lontra, Coco, Araguaia e Tocantins, níveis na cota ‘Normal’ e nos rios Sono e Formoso, níveis na cota ‘Abaixo do normal, sem registro de níveis na cota ‘Déficit Hídrico’ na amostra.

Os indicadores apontam de forma representativa uma redução gradual e constante dos níveis dos rios, num período em que geralmente as cotas estão ‘Abaixo do normal’. Comparado ao ano passado, as estações dos rios Lontra, Coco, Araguaia e Tocantins mantiveram os níveis na faixa de cota ‘Normal’, no Rio Sono foi registrada a mudança da categoria de cota ‘Normal’ para ‘Abaixo do Normal’ e no Rio Formoso o registro aponta que foi mantido o nível na faixa ‘Abaixo do normal’.

A redução do nível dos rios no período de estiagem pode ocorrer por diversos fatores, comovariações na climatologia, especialmente o baixo volume de chuva acumulada, o que pode alterar rotas de navegação, bem como a captação de água para usos múltiplos e consumo humano.

O secretário Marcello Lelis enfatizou que esses dados são cruciais para a criação de estratégias, planejamento e gestão hídrica eficiente, especialmente neste momento de enfrentamento global de mudanças climáticas. “No Tocantins, a Semarh desempenha um papel fundamental na divulgação de informações que ajudam a entender e enfrentar os desafios relacionados à disponibilidade hídrica”.

O diretor de Planejamento e Gestão dos Recursos Hídricos, Aldo Azevedo, destacou que o relatório ressalta a importância do monitoramento contínuo e da gestão eficiente dos recursos hídricos. “A Semarh fornece informações que contribuem para a segurança hídrica do Tocantins, a partir da análise de dados da Rede Hidrometeorológica Estadual, além da participação na produção e divulgação mensal da situação demonstrada nos mapas do Monitor de Secas”.

Foto: Reprodução/Rogério Noleto

O engenheiro ambiental Rogério Noleto Passos, da Gerência de Hidrometeorologia, destacou a importância desses dados para a gestão dos recursos hídricos no Estado. “Com a tendência de estiagem para os próximos meses a situação de alerta deve ser acompanhada com atenção no Estado, considerando a previsão de agravamento da severidade de seca, apontado nos mapas do Monitor de Secas e as cotas de referências pode ocorrer déficit hídrico, o que tem implicações importantes para a região afetada, desde a navegabilidade até a captação de água para cultivo de lavouras, dessedentação animal e consumo humano”, afirma.

A Semarh, por meio da Diretoria de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos e Gerência de Hidrometeorologia, promove a produção de dados e informações sobre recursos hídricos por meio de Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) distribuídas em todo o Estado, sendo responsável pela operação da Rede Hidrometeorológica Estadual. Os dados são enviados para diversos órgãos, instituições como a Defesa Civil Estadual, o Instituto Natureza do Tocantins, Investco, entre outros e disponibilizados para a sociedade.

O gerente Rogério Noleto acrescentou que esses dados produzidos pela Rede Hidrometeorológica são coletados a cada 15 minutos, processados e divulgados diariamente no site da Semarh peloBoletimemitido pela Sala de Situação. “Os dados e informações fornecidas pela Secretaria podem subsidiar a tomada de decisão de órgãos ambientais, por exemplo, no controle de emissão de outorgas, alerta de secas ou emergência de cheia, após análise da capacidade hídrica local e ainda as ações preventivas e corretivas para gestão eficiente, preservação hídrica e proteção da população”.

Monitor de Secas

Conforme dados do Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), em junho de 2024, no Tocantins, os indicadores também não apontam mudança em relação ao mês anterior. Os impactos permanecem de curto e longo prazo (CL) no extremo sudeste e de curto prazo (C) nas demais áreas.

Foto: Reprodução/Rogério Noleto

O fenômeno de seca se relaciona com diversos indicadores e a cada ano, com as mudanças do clima, o comportamento do período de estiagem, que ocorre em todas as regiões do Brasil, se acentua ou retrocede na escala, apresentando alteração dos níveis de alertas e efeitos, em diferentes pontos de cada região.

De modo geral, não há uma precisão do intervalo de estiagem, mas o fenômeno de seca no cenário nacional, geralmente se inicia entre os meses de maio e junho e se encerra entre os meses de setembro e outubro, quando o período de estiagem é suspenso pelo retorno das precipitações em forma de chuvas, granizo ou neve, conforme a região.

Região Norte

O Monitor de Secas aponta que na Região Norte, devido à piora nos indicadores, houve o avanço da seca grave (S2) no centro-sul do Amazonas, além do agravamento da seca no Acre, que passou de seca fraca (S0) para moderada (S1) no centro do Estado, e de moderada (S1) para grave (S2) no leste e nordeste.

Por outro lado, devido às chuvas acima da média no mês de junho, houve a atenuação da seca no norte do Pará, que passou de moderada (S1) para fraca (S0), e em Roraima, que passou de grave (S2) para moderada (S1) no nordeste do estado e de moderada (S1) para fraca (S0) no noroeste, centro e oeste.

Projeto Reniva é implantado no Amazonas para multiplicar manivas-semente de mandioca

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O projeto Rede de multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca (Reniva) no estado do Amazonas foi implementado com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva da cultura da mandioca, principalmente no aspecto da qualidade sanitária e disponibilidade de manivas-semente. O projeto é promovido pela Embrapa e Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), com apoio do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam).

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Com a presença de agricultores familiares, produtores rurais, viveiristas, técnicos e representantes de instituições públicas e privadas com atuação na cadeia produtiva da mandioca, foi realizado seminário na Embrapa Amazônia Ocidental, com os coordenadores do projeto.

Após essa etapa, será dada sequencia à construção de uma estufa de termoterapia, uma tecnologia que utiliza a temperatura para gerar plantas mais sadias, que será instalada no campo experimental da Embrapa, no km 29 da AM-10, em Manaus. As próximas etapas serão a seleção de materiais para serem termotratados e capacitação de agentes de ATER (assistência técnica), para levar as tecnologias aos produtores rurais. Para essa última etapa, a Embrapa conta com a parceria do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam).

Na programação do seminário foram discutidos problemas e perspectivas na produção de manivas-semente no Amazonas e apresentadas informações sobre pesquisas da Embrapa com a cultura da mandioca, assim como informações do Termo de Execução Descentralizada (TED) do MDA para a execução do projeto e os arranjos institucionais no âmbito da Rede Reniva.

O analista Hermínio Rocha, um dos coordenadores da Rede Reniva, disse que o projeto inicia com boas perspectivas no Amazonas porque já tem três produtores rurais experientes interessados em iniciar o processo de multiplicação do material vegetativo.

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Sementes de maniva — Foto: Halanna Gama/GEA/Divulgação

Dentre os interessados em participar da Reniva está Clebson Dantas, sócio do grupo Galo da Serra, empresa que fabrica farinha de tapioca e goma de mandioca e agora pretende empreender na produção de manivas-semente em Lindoia, distrito de Itacoatiara, AM. Segundo ele, a falta de manivas-semente em escala comercial no estado é um gargalo muito grande, que afeta diretamente os seus fornecedores de mandioca.

No seminário houve apresentações sobre a situação da mandiocultura no Amazonas. O pesquisador Ferdinando Barreto, da Embrapa Amazônia Ocidental, mostrou as características e demandas de pesquisa com a cultura e Luiz Herval, gerente de produção vegetal do Idam, mostrou o panorama da cadeia produtiva no Amazonas, onde há 52 mil produtores e uma área cultivada de 72,5 mil hectares, com produtividade entre 8 a 12 toneladas/ano.

O superintendente do MDA no Amazonas, Marcos Brito, destacou que a implantação da Reniva no Amazonas é muito importante para o aumento da produção de mandioca, para a agricultura familiar e vem contribuir para a segurança alimentar no Amazonas.

Luiz Antônio Cruz, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, destacou a importância do envolvimento dos diversos segmentos para tornarem a Rede Reniva um grande projeto para ajudar a resolver o gargalo da disponibilidade de maniva-semente para o produtor rural.

Foto: Maria José Tupinambá

Rede Reniva

A Rede Reniva (Rede para multiplicação e transferência de materiais propagativos de mandioca com qualidade genética e fitossanitária) é uma estratégia organizacional de produção em escala comercial de materiais de plantio de mandioca. Seu objetivo é difundir, por meio de uma rede articulada para multiplicação, a transferência de manivas-semente de mandioca com garantia da qualidade genética e fitossanitária, tanto para pequenos agricultores familiares quanto para grandes agricultores das principais regiões produtoras de mandioca em todo o território nacional.

A Embrapa foi contemplada com recursos financeiros do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), para a ampliação da Reniva para nove estados, sendo seis da região Norte (Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia, Roraima e Tocantins) e três do Nordeste (Alagoas, Bahia, Paraíba). O lançamento dessa iniciativa foi em maio deste ano.

Pesquisa que explora águas da Dolina do Pai João tem colaboração de Mergulhadores dos Bombeiros de Mato Grosso

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Mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) estão colaborando com uma pesquisa realizada pela Global Underwater Explorers (GUE), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), para explorar as profundezas das águas da Dolina do Pai João em Nobres (a 122 km de Cuiabá).

A Dolina do Pai João é a cavidade mais profunda da região de Nobres, com mais de 100 metros de profundidade, e conserva diversos ambientes subaquáticos. A real extensão do relevo não é conhecida, por isso, a importância da exploração científica.

Os bombeiros militares mato-grossenses atuaram ao lado de mergulhadores da Global Underwater Explorer, uma comunidade internacional de mergulhadores profissionais, para garantir a segurança das equipes que estiveram no local nos últimos dias.

Foto: Divulgação/ Assessoria/CBM-MT

De acordo com o tenente-coronel BM Heitor Souza, especialista em mergulho autônomo, a experiência e o conhecimento dos mergulhadores do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso têm contribuído para as atividades de mapeamento das cavernas subaquáticas e do lençol freático da Dolina.

Para a atividade de mergulho, os bombeiros militares e toda a equipe utilizaram equipamentos avançados, como uma câmara hiperbárica, essencial para regular o nível de oxigênio no corpo depois que o mergulhador atinge a parte mais profunda da dolina e volta a superfície.

Dentre outras atividades realizadas no local, além do mergulho, a equipe implementou um sistema de ancoragem para içar materiais e realizou simulações. Todos os resultados obtidos serão mapeados e analisados pelos pesquisadores.

A pesquisa

A pesquisa que explora a Dolina do Pai João está em andamento desde 2023. Mergulhadores, arqueólogos, geólogos, um cineasta e membros de apoio estiveram em Mato Grosso com o objetivo de conhecer as cavernas localizadas no Parque Estadual da Gruta Azul, principalmente a Dolina do Pai João e a Dolina do João Terêncio, ambas em Nobres.

Os primeiros mergulhos serviram para aproximar o equipamento da entrada da caverna. Esses mergulhos foram longos, seguidos de muitas horas de descompressão, e constataram a existência de condutos profundos com grande movimentação de água.

Saiba mais sobre a pesquisa no link

*Com informações do Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Mato Grosso.

Conheça a floresta Estadual do Amapá

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A Floresta Estadual do Amapá (Flota) é considerada a maior Unidade de Conservação de uso sustentável do estado. Com aproximadamente 2,3 milhões de hectares, a área verde abrange parte do território de 10 municípios: Mazagão, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari, Serra do Navio, Ferreira Gomes, Tartarugalzinho, Pracuúba, Amapá, Calçoene e Oiapoque. 

A Flota representa 16,5% da área total do Estado do Amapá e foi criada com a finalidade de promover o uso racional dos recursos naturais, principalmente os florestais madeireiros e não madeireiros, visando garantir a perenidade dos recursos ambientais e dos processos ecológicos, mantendo a biodiversidade e os demais atributos ecológicos de forma socialmente justa e economicamente viável.

Saiba mais: Descubra quantos ecossistemas existem no Amapá, o Estado mais preservado do País

Foto: Reprodução / Arquivo Gambarini / Sema

Atualmente, a gestão da Unidade é de responsabilidade da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), por meio da atuação da Coordenadoria de Gestão de Unidades de Conservação e Biodiversidade. O coordenador de Gestão de Unidades de Conservação e Biodiversidade da Sema, Euryandro Costa, explica que um dos principais objetivos da criação da Flota foi gerir o ordenamento do setor madeireiro através da promoção do manejo florestal sustentável.

Foto: Reprodução / Arquivo Gambarini / Sema

A Unidade possui grande potencial para o turismo e serviços ambientais, além de ser um território amplo e diverso, que busca cumprir com seus objetivos de conciliar a conservação e a proteção das florestas com desenvolvimento econômico e social.

Atualmente, a Coordenadoria de Gestão de Unidades de Conservação e Biodiversidade tem atuado em diversas ações e atividades para implementar os programas do Plano de Manejo da Unidade de Conservação e reativar e dar continuidade ao seu Conselho Gestor. Além disso, busca parcerias para atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, visando o uso sustentável desta área protegida com grandes potencialidades.

Foto: Reprodução / Arquivo Gambarini / Sema

A secretária de Estado do Meio Ambiente, Taísa Mendonça, reforça que o Governo do Estado desenvolve políticas públicas que prezam pelo desenvolvimento sustentável e pela preservação ambiental, mantendo suas riquezas naturais.

O que é a Flota do Amapá?

A Floresta Estadual do Amapá (Flota), criada em 12 de julho de 2006 pela Lei nº 1.028, tem como objetivo promover o uso sustentável dos recursos naturais por meio de concessões para o manejo florestal, extrativismo, serviços ambientais e garantias dos direitos das comunidades tradicionais.

Com 2,3 milhões de hectares, a Flota do Amapá é a maior Unidade de Conservação do estado e abrange 10 dos 16 municípios do Amapá.

O Amapá se destaca por possuir o maior percentual de áreas protegidas do país. O estado conta com 21 Unidades de Conservação, além de terras indígenas e territórios quilombolas. Segundo dados da Sema, esses espaços somam aproximadamente 73% do território amapaense, ocupando uma extensão de 9,3 milhões de hectares dos 14,3 milhões que compõem o estado.

*Com informações do Governo do Estado do Amapá.