Você sabia que peixes podem ser “paizões”? Zelo, cuidado e proteção com a família são características essenciais daqueles que são considerados ótimos papais. Entre algumas espécies de peixes, o cuidado parental também é levado muito a sério e garante a sobrevivência da espécie na natureza. Conheça três dessas espécies, que são bem comuns na região amazônica:
Pirarucu
Gigante das águas amazônicas, é o macho do pirarucu quem cuida dos filhotes. “O pirarucu obedece ao que a gente chama de desova parcial, não realizando uma única desova no ano, porém é uma desova com menos animais. Ele cava os ninhos em lagos e em regiões com águas calmas, para que a fêmea deposite os ovos. E apresenta um cuidado parental, ou seja, é o macho que cuida dos filhos, os alevinos, até que atinjam a fase juvenil”, explica o professor Igor Hamoy, doutor em genética e biologia molecular e docente da Ufra campus Belém.
O macho fornece cuidados intensivos, que podem ser de até 3 meses e chega a guiar os filhotes em cima da cabeça, como forma de camuflagem para proteger a prole contra ataques de predadores.
Pirarucu. Foto: Kurga/Gettyimages
Gurijuba
Um pai superprotetor que carrega os filhotes na própria boca. Esse é o macho da espécie conhecida popularmente como Gurijuba. Segundo a professora Rosália Souza, docente do curso de Engenharia de Pesca da Ufra campus Belém, assim como outros peixes da família Ariidae, a Gurijuba tem baixa fecundidade e baixa fertilidade, então desenvolveu estratégias para garantir a sobrevivência.
“São peixes chamados estrategistas-k, como eles possuem poucos ovos e poucos filhotes, os machos protegem a prole na própria boca, para evitar predadores”, diz. O peixe realiza essa proteção mesmo quando larvas eclodem e se tornam alevinos, que é a fase inicial dos peixes. “Essa proteção permanece até que os alevinos atinjam um tamanho adequado”, explica a professora.
Gurijuba. Foto: Blog do pescador
Tamoatá
Nós dois e nosso ninho. Para o Tamoatá, é importante que os filhotes tenham conforto e proteção na hora de nascer.
“O tamoatá macho produz uma substância na saliva que funciona como cola. Usando disso, ele constrói o ninho, juntando cobertura vegetal, folhas e restos de galhos, e deposita os filhotes próximo à superfície da água. Lá ele fica de guarda até que as larvas eclodam”, diz a professora Rosália Souza.
O Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa) realizaram reuniões e orientações de educação ambiental no dia 8 de agosto, em comunidades do Arquipélago do Bailique, em Macapá, e na Vila do Sucuriju, no município de Amapá. As ações seguem até terça-feira (13).
A ação é uma forma de conscientização para a população da região leste do Amapá, que recebe orientações importantes a respeito da proteção dos cetáceos, como baleias, botos e golfinhos, que têm aparecido encalhados com frequência.
Cláudia Funi, geógrafa do Iepa e mestre em biodiversidade tropical, disse que a ação é uma oportunidade de mostrar mais sobre as espécies à comunidade em geral.
“Vamos falar sobre quais são as espécies que estamos monitorando e, também, como proceder se encontrarem algum animal encalhado, seja vivo, ou seja morto”, disse.
A programação integra o Projeto de Caracterização e Monitoramento de Cetáceos, que é uma exigência estabelecida pelo Ibama, para uma pesquisa que levanta os dados geológicos das regiões nas bacias do Pará-Maranhão e Foz do Amazonas.
“A contribuição da comunidade local é fundamental para que a gente possa atender o maior número de encalhes possível e, também podem nos auxiliar com o resgate destes animais, contribuindo para ampliar o conhecimento sobre a ocorrência destes animais na nossa área costeira e também contribuindo significativamente com a conservação das espécies que estamos monitorando”, contou a pesquisadora.
Foto: Arquivo/IEPA
A equipe passa pelos locais com a programação através de embarcações que dependem da maré, por conta disso, podem haver mudanças no cronograma pré-estabelecidos.
Com o nível em queda, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação de escassez hídrica no Rio Purus que, no Acre, corta os municípios de Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus.
Em decisão da diretoria colegiada, divulgada no dia 29 de julho, a agência ressaltou que a medida coloca o rio em uma lista de atenção especial para que seja intensificado o monitoramento e os esforços para a mitigação dos impactos.
De acordo com a Defesa Civil Estadual, as chuvas têm se mantido abaixo da média na região e as consequências podem ser sentidas no transporte de insumos, na produção agrícola na região, e no transporte de alunos que precisam atravessar o rio para ir à escola. Além do Purus, no Acre e Amazonas, a decisão também abrange o Rio Madeira, no Amazonas.
“Realmente, a Agência Nacional de Águas decretou situação de emergência na bacia de rios tanto do estado do Amazonas, Rondônia, como o Acre. Aqui no estado do Acre, decretou na bacia do rio Purus, só que a bacia do rio Purus compreende também o Rio Iaco e o Rio Acre. Faz parte da bacia do Rio Purus mais à frente. Então, com isso, porque desde o mês de novembro do ano passado, aquele período mais chuvoso em nossa região, não choveu o suficiente, e esses últimos meses também, a quantidade de chuva está sendo bem abaixo da média prevista. Então, a situação pior no estado do Acre é dessa região leste”, explicou o coronel Carlos Batista, coordenador do órgão.
Foto: Reprodução/ SEMA
Conforme o boletim hídrico divulgado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), o Purus teve redução de sete centímetros em uma semana no município de Manoel Urbano.
Já em Santa Rosa do Purus, a queda foi de pelo menos quatro centímetros no período. Além disso, ainda segundo o levantamento, o nível do rio tem se mantido abaixo do registrado em anos anteriores.
A Sema também ressalta que o estado vive uma seca extrema, e atribui a situação ao prolongamento dos efeitos do El Niño. Com isso, o governo montou um gabinete de crise, em vigor até 31 de dezembro, para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais.
“A previsão para o mês de agosto e setembro é pior para a região do leste do estado, que envolve a bacia do Rio Purus. As cotas baixas já desde o início do ano, a previsão que é de uma seca mais severa, principalmente para a região do leste do estado, envolvendo a bacia do Rio Purus. Tudo isso somado levou a Agência Nacional de Águas decretou essa situação para essa região”, acrescentou Batista.
Em comemoração ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado em 09 de agosto, o Programa REM MT destaca as ações do projeto ‘Jóias e Saberes da Floresta’, que realiza o fortalecimento do conhecimento tradicional e do protagonismo feminino nas aldeias
Comprometido com pautas que valorizem e empoderem as mulheres indígenas, o programa apoia cerca de dez iniciativas voltadas para as mulheres indígenas de Mato Grosso, dentre elas, ‘Jóias e Saberes da Floresta’, que se destaca como um exemplo de valorização e preservação da cultura e dos saberes ancestrais das mulheres da região.
A execução do projeto, que é realizada especificamente por mulheres Rikbaktsa e Coordenado pela Associação Indígena das Mulheres Rikbaktsa (AIMURIK), começou a ser desenvolvido em 2022, alcançando 39 aldeias, dos territórios Erikbaktsa, Japuíra e Escondido, beneficiando em torno de 600 indígenas.
O objetivo principal da iniciativa foi o de atuar no fortalecimento e promoção do conhecimento tradicional sobre ervas medicinais e artesanato desenvolvido pelas mulheres, fortalecer as estruturas de gestão das associações que promovem o empoderamento feminino por meio do incentivo ao desenvolvimento de práticas produtivas e culturais, buscando o fortalecimento do conhecimento tradicional, medicinal e de artesanato nos territórios.
Mulheres Rikbaktsa participantes do projeto ‘Jóias e Saberes da Floresta’ – Foto: Programa REM MT
Para alcançar esses objetivos deste projeto, foram realizadas diversas iniciativas como a realização de três oficinas para troca de experiências sobre ervas medicinais e artesanato, cinco expedições para coleta de plantas medicinais e matéria prima para produção de artesanato, capacitação em confecção de peças artesanais, capacitação em gestão de redes sociais e aquisição de materiais e equipamentos para melhorar a infraestrutura da associação AIMURIK.
Esse é um dos 100 projetos exclusivamente para os povos indígenas apoiados pelo Programa REM MT, que tem um subprograma específico para pessoas indígenas. A participação das mulheres indígenas nas ações e projetos apoiados pelo programa é expressiva e incentivada pelo REM MT.
Conheça o REM MT
O Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado de Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento. O REM MT beneficia aqueles que contribuem para manter a floresta em pé, como os agricultores familiares, pequenos e médios produtores que praticam a agropecuária sustentável, povos e comunidades tradicionais e os povos indígenas. O REM MT também realiza o fomento de iniciativas que estimulam a economia de baixo carbono e a redução do desmatamento, a fim de reduzir as emissões de CO2 no planeta.
O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestor financeiro o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
O governador Wilson Lima anunciou, na quinta-feira (8), ajuda para municípios doAmazonas afetados pela estiagem. Esta é a primeira parte do envio de ajuda humanitária da Operação Estiagem 2024.
O foco desta primeira remessa serão municípios e comunidades que fazem parte das calhas do Juruá, Purus e Alto Solimões, enquadrados no decreto de emergência ambiental assinado no mês de julho.
Dentre as medidas anunciadas pelo governo do estado estão o envio de 30 mil cestas básicas, montagem de 20 micro sistemas de abastecimento, sensores de monitoramento da qualidade do ar, 70 purificadores de água e 6 mil caixas d’água de 5 mil litros.
“Nós já vamos começar a mobilização agora, para que segunda-feira já chegue até os municípios. E levando em consideração a dificuldade de acesso, usaremos até carroça para enviar esses alimentos. E aí tem barcos, voadeiras, carros, faremos tudo que é possível do ponto de vista logístico” destacou o governador.
Ainda de acordo com o governador, algumas comunidades dessas calhas já estão sendo afetadas, sendo aproximadamente 80 mil pessoas sofrendo diretamente os impactos da seca.
No anúncio, o governador chamou atenção para os desafios de ordem ambiental, comercial e logístico neste período. Um dos pontos abordados foi a dificuldade que o estado terá para realizar as eleições deste ano.
“Teremos uma dificuldade muito grande na eleição, muita gente ficará sem votar. Já comunicamos desde o início do ano ao TRE, até porque parte da logística e estrutura, quem monta é o governo do estado” , explicou Wilson Lima.
O Rio Madeira bateu em julho uma sequência de recordes de seca para o período, com níveis mínimos históricos. No dia 31 de julho, a água baixou a 2,45 metros, o nível mais baixo já registrado no mês de julho desde que o monitoramento passou a ser feito pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), há 57 anos.
A estiagem é o principal motivo dos baixos níveis do rio que corta Porto Velho, que está há mais de dois meses sem chuva significativa. Em todo o mês de julho, a capital de Rondônia teve apenas um dia com chuva, acumulando 3,4 mm, uma medição muito baixa. As informações são do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
O Rio Madeira é um dos maiores do mundo e passa por três países: Brasil, Bolívia e Peru. Neste período do ano, o nível da água deveria estar em torno de 5,50 metros. Ou seja, está aproximadamente 3 metros abaixo do que era esperado para julho.
Mas o que causa essa escassez? Segundo o engenheiro hidrólogo e pesquisador em geociências pelo SGB, Marcus Suassuna, dois fatores são determinantes:
Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.
“Em razão de uma estação chuvosa muito pobre, as cheias de 2024 foram abaixo do normal. As vazões do Madeira ficaram abaixo da média histórica, o que explica os níveis mais baixos deste ano”, disse.
A cota média se refere ao nível normal de água que o rio atinge ao longo de um período específico, neste caso, durante o período de estiagem. Já a cota mínima é o nível de água mais baixo que o rio atingiu na temporada.
As mínimas históricas foram registradas em um ponto de monitoramento localizado em Porto Velho. A cidade está em estado de emergência, através de decreto, devido ao “cenário de extrema seca”.
Seca do rio Madeira em 2024 — Foto: Edson Gabriel
Níveis críticos
Historicamente, outubro e novembro são os meses em que o rio fica mais seco. Em 2023, a estiagem também causou mínimas históricas para o Madeira. O rio desceu para níveis críticos, até chegar a cota de 1,09 metro. O registro aconteceu no dia 5 de novembro, às 4h, e foi o menor nível que o Madeira já chegou em 57 anos, segundo o SGB.
Bancos de areia e montanhas de pedras surgiram onde antes era possível enxergar somente água. Desde então, especialistas já previam uma seca ainda mais extrema em Rondônia em 2024.
No início de 2024, oito municípios do estado já estavam estão em emergência devido aos efeitos da estiagem. Em meados de julho, o Governo Federal publicou uma portaria que reconhece a mesma situação em outras 12 cidades.
Moradores da comunidade brasileira, situada no Baixo Madeira, já enfrentam as consequências da crise hídrica. Mais de nove famílias estão sem acesso a fontes de água limpa depois que secou o único poço da região, com 8 metros de profundidade, segundo informações da Defesa Civil Municipal.
Defesa Civil leva suprimentos para Comunidade Brasileira, no Baixo Madeira, que enfrenta efeitos da estiagem — Foto: Defesa Civil/Divulgação
Em Terra Firme, também no baixo Madeira, os moradores que antes já precisavam descer uma longa escada para chegar ao rio, agora enfrentam uma caminhada de quase 30 minutos devido ao surgimento de bancos de areia após a seca do Madeira.
Na região não há poços artesianos ou qualquer outro tipo de água tratada, a população depende de bombas de drenagem. Mas, a distância até o afluente e o comprimento limitado da mangueira dificultam esse processo.
“Com a seca, a distância só aumentou e a mangueira da bomba, de 200 metros, não chega mais porque o rio ta muito seco. É um sofrimento”, relata Maria de Fátima, moradora de Terra Firme.
Seca do rio Madeira forma bancos de areia próximo a comunidade Terra Firme, no baixo madeira, em Porto Velho — Foto: Maria de Fátima
No início desta semana, a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) declarou “situação crítica” de escassez de recursos hídricos no rio Madeira até 30 de novembro.
No entanto, o rio Madeira não é o único afetado. Conforme a Defesa Civil, sete rios apresentam níveis considerados abaixo da cota média e próximos da mínima histórica para a época do ano, conhecida como o verão amazônico:
– Candeias
– Guaporé
– Jamari
– Mamoré
– Machado
– Madeira
– Pirarara
De acordo com informações do Censipam, os rios de Rondônia deve atingir um estado crítico e a seca deve ser mais severa neste ano. Além disso, o Atlântico Norte continua aquecendo e isso é motivo de preocupação para os especialistas.
Rio Madeira e geração de energia
Com mais de 3 mil km² de extensão, o Rio Madeira abriga duas das maiores usinas hidrelétricas do Brasil: Jirau e Santo Antônio, que representam cerca de 7% da capacidade de geração do sistema elétrico brasileiro. As duas fazem parte do Sistema Interligado Nacional (SIN) e geram energia para todo país.
A ANA já admitiu a possibilidade de paralisação da hidrelétrica de Santo Antônio por causa da seca. O risco se deve ao funcionamento da usina, em formato de “fio d’água”, que não armazena muita água em seu reservatório e depende do fluxo do rio para manter as turbinas em funcionamento.
Se a vazão do rio for muito baixa, as turbinas ficam impossibilitadas de funcionar para que não sejam danificadas. A hidrelétrica de Jirau, contudo, tem uma flexibilidade maior para operar num espectro de seca maior, por isso ainda não corre risco de paralisação.
Em 2023, a seca extrema na região Norte causou a paralisação da hidrelétrica de Santo Antônio e o desligamento do “Linhão do Madeira”, a mais longa linha de transmissão do mundo, que leva a energia das hidrelétricas Jirau e Santo Antônio para subestação de Araquara (SP).
Nas últimas três décadas, as armadilhas fotográficas nos proporcionaram uma rara e inédita visão da vida dos animais. Usadas por organizações de conservação, pesquisadores acadêmicos e projetos de ciência cidadã ao redor do mundo, as armadilhas fotográficas se tornaram referência no monitoramento da biodiversidade e no estudo de espécies pouco vistas na natureza. No entanto, um estudo inédito publicado na revista Remote Sensing in Ecology and Conservation descobriu que as armadilhas fotográficas continuam ausentes de áreas que realmente poderiam se beneficiar delas.
“Você pode pensar em uma armadilha fotográfica como um assistente automático e incansável que permanece no campo, faça chuva ou faça sol, dia e noite, [e] simplesmente captura [imagens ou vídeos de] qualquer coisa que passe na frente dela,” diz Jorge Ahumada, um biólogo tropical que lidera a maior plataforma de armadilhas fotográficas do mundo, chamada Wildlife Insights. “Ela está apenas coletando muita informação de maneira padronizada, algo que não seria possível para os humanos.”
Com a biodiversidade do planeta declinando rapidamente devido às atividades humanas — da caça e a expansão agrícola à construção de estradas e a mineração —, dados de armadilhas fotográficas podem ajudar os conservacionistas a monitorar a saúde, os números e os comportamentos de diferentes espécies da vida selvagem. A ferramenta também pode nos dizer se ações específicas de conservação estão realmente funcionando.
Isso só é válido se implantarmos armadilhas fotográficas nos lugares certos: pontos críticos de biodiversidade que enfrentam as maiores ameaças. No entanto, o novo estudo encontrou uma disparidade enorme entre as localizações dos estudos com armadilhas fotográficas e as regiões com maior risco de extinção de mamíferos, como a Bacia do Congo e a Floresta Amazônica.
Imagem de uma onça-pintada captada na Amazônia peruana. Foto: Zoológico Nacional do Smithsonian. Flickr (CC BY-NC-ND 2.0).
“Mostramos que a pesquisa com armadilhas fotográficas nas últimas duas décadas não acompanhou, de fato, as áreas onde a defaunação [perda de vida selvagem] estava ocorrendo,” diz o coautor do estudo, Badru Mugerwa, do Instituto Leibniz de Pesquisa em Zoológicos e Vida Selvagem, na Alemanha. Em vez disso, os pesquisadores descobriram que a renda do país, a acessibilidade, a riqueza de espécies de mamíferos e o tipo de bioma determinaram a localização desses estudos.
Ahumada, que não participou do estudo, diz que não está surpreso com os resultados.
“Acho que é justo dizer que precisamos de mais armadilhas fotográficas proporcionalmente em áreas com maior biodiversidade,” aponta. “O estudo é um bom ponto de partida para analisar as relações entre a produção científica em diferentes partes do mundo e os fatores que afetam esse processo.”
Disparidades em armadilhas fotográficas
Os pesquisadores examinaram estudos científicos e a chamada literatura cinza — relatórios, documentos de trabalho, documentos governamentais e outros — publicados entre 2000 e 2019 focados em mamíferos terrestres. Em seguida, selecionaram um subconjunto de estudos contendo as palavras-chave “armadilha fotográfica”, “câmera remota” ou “armadilha fotográfica”, e focaram em 2.300 estudos. Então, extraíram manualmente as coordenadas GPS e as mapearam para cada estudo. Os pesquisadores também identificaram dez preditores para determinar quais fatores afetavam a localização das armadilhas fotográficas. Esses fatores incluíram a renda do país, perda de florestas, biomas, relevo e áreas protegidas conforme definido pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza).
“O que realmente se destacou nesta pesquisa é que algumas das áreas que estão sendo atualmente devastadas por atividades humanas — as bacias do Amazonas e do Congo — receberam a menor quantidade de pesquisa com armadilhas fotográficas nas últimas duas décadas,” diz Mugerwa. “Há algo errado nisso.”
Foto cedida por Helena Aguiar-Silva
Mesmo em geografias onde os estudos com armadilhas fotográficas aumentaram nas últimas duas décadas, como no Sudeste Asiático e na Índia, quase dois terços (64,2%) desses estudos foram realizados fora das áreas com os maiores riscos de extinção animal.
A maioria dos estudos com armadilhas fotográficas ocorreu em florestas tropicais e subtropicais úmidas, seguidas por florestas temperadas, pastagens tropicais e biomas mediterrâneos. A maior densidade de armadilhas fotográficas foi encontrada em manguezais, enquanto a menor foi em florestas boreais e na tundra.
Entre 130 países com estudos de armadilhas fotográficas, países de alta renda e de renda média-alta dominaram. Países como os EUA, Brasil, Austrália, Índia, México e China lideraram a lista com o maior número de locais de pesquisa. Em contraste, nações africanas como Mauritânia, República Democrática do Congo, Níger e Angola ficaram atrás, com menos de cinco estudos cada.
Os dados também indicaram que os estudos com armadilhas fotográficas eram mais prováveis de serem realizados na América do Norte, na Europa continental, no Reino Unido e no Japão, enquanto os países africanos tinham algumas das menores chances.
Esta reportagem foi originalmente publicada no site da Mongabay Global em 17/07/2024.
Um estudo publicado em agosto na revista científica Science, envolvendo equipes de 10 países incluindo pesquisadores brasileiros, sugere que ambientes estressantes, como nos extremos de sua distribuição geográfica, podem afetar a estratégia de alimentação das aves.
Os pesquisadores notaram que as aves escolhem frutos de tamanhos diferentes se estiverem no centro ou na borda de seu hábitat, com implicações importantes para as dinâmicas florestais.
“Quando estão na região mais central de sua área de distribuição, as aves comem frutos de tamanhos variados”, diz o ecólogo brasileiro Lucas Martins, pesquisador de pós-doutorado da Universidade de Canterbury, na Nova Zelândia.
Quando estão perto da fronteira de sua distribuição, são mais seletivas e escolhem os maiores frutos que conseguem abocanhar. Uma ave do Cerrado, por exemplo, tende a comer frutos maiores em relação ao tamanho do próprio bico quando vive perto de outro ambiente, como a Amazônia ou a Caatinga.
As exceções são aquelas aves com dietas mais variadas, incluindo itens como insetos. “Por terem uma fonte alternativa de alimento, essas aves podem adquirir energia por meio de outros recursos em vez de comer os maiores frutos possíveis”, deduz o ecólogo.
Os pesquisadores estudaram 97 espécies de aves e 831 de plantas frutíferas, em 126 localidades dos seis continentes, usando dados de estudos conduzidos em diversos países. As informações incluíam características como o tamanho da abertura do bico da ave, a frequência de alimentação e o tamanho dos frutos ingeridos.
Segundo Martins, é provável que, escolhendo frutos maiores e mais nutritivos, as aves que vivem próximo das bordas de suas distribuições adquiram a energia da qual precisam para lidar com fatores de estresse típicos dessas áreas, que podem variar desde temperaturas desafiadoras a uma menor abundância de alimento disponível.
O saí-azul (Dacnis cayana) se alimenta de frutos, mas também néctar e insetos. Foto: João Victor Cardoso Fernandes
A quantidade de predadores e a competição entre aves por alimentos também podem aumentar para algumas espécies perto das bordas, já que a composição da fauna tende a mudar na transição entre hábitats.
“O trabalho fez uma análise ampla e conseguiu identificar uma variação até então desconhecida no comportamento alimentar das aves”, destaca a bióloga Camila Ribas, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), que não participou do estudo.
No entanto, ela ressalta que a distribuição é um dado impreciso para aves. “É comum encontrar espécies fora da distribuição antes atribuída a elas, o que acaba ampliando a área de ocorrência conhecida”, relata. Outro problema é que a classificação das aves nem sempre é bem resolvida – duas populações podem ser vistas como espécies separadas ou uma única, conforme a definição aplicada por cada pesquisador.
A bióloga considera que estudos com bancos de dados são importantes e podem permitir novas sínteses de processos naturais. “No entanto, é importante fazer trabalho de campo para aumentar a quantidade de informações e melhorar sua qualidade.”
Migração das plantas
Segundo a bióloga Carine Emer, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do Instituto Juruá, na Amazônia, e coautora do artigo, o comportamento das aves pode ter implicações ecológicas importantes.
O sabiá-do-campo (Mimus saturninus) habita áreas de campo e urbanas em boa parte do país. Rodrigo Missano / Unesp
“A tendência é que, com as mudanças climáticas, o ambiente fique cada vez mais estressante para as aves”, antecipa.
Segundo ela, ao passar a selecionar frutos maiores, as aves podem acabar deixando de lado as espécies que produzem frutos menores, que também são importantes na composição das florestas e perdem a carona que pode levá-las para longe da árvore-mãe.
Entre as funções ecológicas desempenhadas pelas aves está essa dispersão de sementes, depositadas com as fezes depois de digeridos os frutos.
Se essa parceria entre plantas e dispersores falha, algumas plantas podem não conseguir se estabelecer em outras regiões, o que também pode prejudicar a recuperação de áreas degradadas que dependem do aporte de sementes a partir dos locais onde a biodiversidade se mantém.
Você já ouviu falar sobre o sangue de dragão? Com propriedades, comprovadas clinicamente como antiinflamatório, cicatrizante, inibidor das células cancerígenas, antimicótica e antiviral, o sangue de dragão, também conhecido como sangue de grado, tem atraído a atenção dos extrativistas da calha do rio Madeira. Para incentivar essa nova fonte de renda no campo, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) acompanha o potencial da resina e capacita os trabalhadores a desenvolverem a exploração sustentável do produto florestal.
O sangue de dragão (Croton lechleri) é uma resina vermelha, extraída da árvore croton lechleri, muito utilizada na indústria cosmética devido aos benefícios terapêuticos que oferece. A substância é amplamente explorada no Peru e na Colômbia, pois a árvore é abundante nas regiões amazônicas desses países. No Brasil, a espécie é encontrada nos estados do Acre e Rondônia, em áreas próximas aos rios e de florestas secundárias, assim como no Amazonas.
Em território amazonense, a extração do látex dessa árvore pode representar uma importante atividade econômica para as comunidades de Manicoré e Humaitá (a 332 e 590 quilômetros da capital, respectivamente). Nos municípios, há grande potencialidade a ser explorada, conforme o chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datef/Idam), Luiz Rocha.
“Detectamos potencial em Manicoré, onde os extrativistas poderão coletar o material e vender para compradores fora do Brasil, principalmente, da Alemanha. É um produto de alto valor comercial de uso farmacêutico, comercializado por diversos países e que coloca nosso estado diante de uma nova fonte de renda para as famílias extrativistas”, ressaltou o chefe do Datef/Idam.
Principais características
O sangue de grado pertence ao gênero Croton da família Euphorbiaceae. Esta família botânica possui espécies de grande importância econômica como, por exemplo, a seringueira (Hevea spp.) e a mandioca (Manihot esculenta). A primeira produz um látex que é usado para fazer borracha. Já a mandioca ou macaxeira é uma das principais fontes de carboidratos para as comunidades rurais na Amazônia.
Algumas espécies desta família têm despertado interesse pela presença de compostos químicos chamados diterpenóides, que possuem atividades promotoras de tumor. Vários outros terpenóides também são encontrados no látex das euforbiáceas, bem como em diferentes partes das plantas. O Croton lechleri é uma espécie originária da América do Sul, que habita especialmente os bosques úmidos e é utilizado devido suas propriedades antiinflamatórias, cicatrizantes e no tratamento da anemia. No Peru e Bolívia é conhecido como: “sangre de grado”, “sangre de dragon” e “sangre de draco”. Em inglês é denominada “dragon’s blood”. No Brasil é conhecido por “sangue de grado”, “sangue de dragão”, “sangue de galo” e “sangue de pau”.
Foto: Divulgação/Idam
Uso
O látex de sangue de grado é muito utilizado por populações indígenas da região Amazônica devido suas propriedades medicinais, como fazem os índios Yaga do Amazonas. Também é largamente utilizada por populações indígenas e não indígenas do Peru.
Atualmente existem vários medicamentos que são preparados à base do látex de sangue de grado, sendo utilizados principalmente no tratamento de úlceras e gastrite, bem como no tratamento de pacientes portadores de AIDS com a finalidade de aumentar a resistência imunológica do organismo. Os principais componentes ativos encontrados no látex são os diterpenos, alcalóides e compostos fenólicos. O alcalóide taspina promove a cicatrização de tecidos celulares enquanto a dimetilcedruzina aumenta a imunidade do organismo através do estimulo à produção de glóbulos brancos.
Expectativa
É esperado que a descoberta da capacidade da região atraia os institutos científicos para realização de estudos, que possam mapear e estimar a capacidade de exploração nos municípios. De antemão, o Idam tem atuado na capacitação dos trabalhadores para aprimorar as técnicas utilizadas por eles, pois muitos atuam hoje na extração da copaíba.
“No entanto, não foram conduzidos estudos científicos ou inventários nessas áreas até o momento. De acordo com extrativistas locais, não é possível estabelecer uma estimativa precisa da disponibilidade desses recursos, pois a falta de estudos limita o conhecimento detalhado de todo potencial. Mas esperamos que isso mude nos próximos anos para que o potencial seja plenamente conhecido e explorado”, explicou Luiz Rocha.
Com informações do IDAM e IPAM*
Leia o artigo completo Guia para extração de Sangue de Grado AQUI.
O vírus Oropouche (OROV) foi identificado pela primeira vez no Brasil, em 1960, em uma amostra de sangue de uma preguiça (Bradypus tridactylus) capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram registrados no Brasil, especialmente nos estados da região Amazônica. Além disso, surgiram relatos de casos e surtos em outros países da América Central e do Sul, como Panamá, Argentina, Bolívia, Equador, Peru e Venezuela.
A febre do oropouche se manifesta com sintomas como febre alta, dores de cabeça intensas, dores musculares e articulares, além de sintomas gastrointestinais. A doença pode causar grande desconforto e incapacidade temporária, impactando significativamente a qualidade de vida dos afetados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2024, foram registrados 7.236 casos de febre do oropouche em vinte estados brasileiros. A maior parte dos casos foi registrada no Amazonas e Rondônia. No Estado do Maranhão, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirmou dezoito casos de FO, sendo um em Açailândia, um em Pinheiro, um em Santa Rita, dois em São Luís, quatro em Bacabeira e nove em Cidelândia.
A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) tem se destacado na luta contra a febre do oropouche, informando a comunidade sobre os riscos e as medidas necessárias para evitar a contaminação. Para uma compreensão abrangente dos cuidados necessários e das formas de transmissão, o mestre em Entomologia e doutor em Zoologia, professor da UFMA José Manuel Macário Rebêlo, responde a algumas perguntas. Confira a entrevista abaixo:
Foto: Gato Júnior / Rede Amazônica
Como se contrai a febre do oropouche?
José Manuel Macário Rebêlo – O meio de transmissão natural é pela picada de fêmeas de maruins da espécie Culicoides paraensis (insetos da ordem dos dípteros e da família Ceratopogonidae). Esses insetos são muito pequenos, quando pousam em nossa pele para infligir a picada, parece um grão de pólvora, por isso, comumente são chamados de mosquito-pólvora. Como são muito frequentes nos manguezais, são conhecidos também pelo desígnio mosquito-do-mangue.
Existe transmissão alternativa da febre do oropouche?
De acordo com o Ministério da Saúde há a suspeita de que o vírus seja passado da gestante para o feto, por isso, é preciso manter a vigilância para a possibilidade de transmissão vertical do vírus Oropouche. Também há possibilidade de o vírus ser transmitido por outros maruins, além de Culicoides paraensis, e por outros insetos, como os mosquitos e pernilongos, mas isso só vai ser confirmado em pesquisas futuras.
Quais são os principais sintomas da doença?
Os sintomas são parecidos com os de outras doenças transmitidas por mosquitos como zika virus e febre chikungunya ou seja: febre de início repentino, dor de cabeça, dores musculares e nas articulações, além de tontura, dor na parte posterior dos olhos, calafrios, náuseas e vômitos. Na maioria dos casos, manifestações, como febre e dor de cabeça persistem por duas semanas. Pode ocorrer sintomas mais próprios e, eventualmente, pode ocorrer a evolução de problemas mais graves como meningites ou meningocefalites.
Há exames que detectam a doença?
O diagnóstico da febre do oropouche é clínico, epidemiológico e laboratorial. Na fase inicial da doença, o exame PCR (método de biologia molecular) é o mais indicado. Todo caso com diagnóstico de infecção pelo OROV deve ser notificado.
Qual o tratamento da febre do oropouche?
Como outras arboviroses, não há tratamento para a doença. A prevenção é feita mediante a proteção contra o vetor (os maruins).
Quem é o reservatório?
No ciclo silvestre, animais como bichos-preguiça e macacos infectados funcionam com fonte da infecção para o vetor, enquanto, no ciclo urbano, os seres humanos são os mais infectados.
Foto: Flávio Carvalho/WMP Brasil/Fiocruz
Curiosidade!
Essa arbovirose ou doença transmitida por vetores, foi descoberta na década de 60, mas ainda é pouco estudada no Brasil. A notificação epidemiológica dessa doença é muito difícil de ser demonstrada, pois a falta de diagnóstico preciso em hospitais fazem com que os casos sejam subnotificados, por isso foi negligenciada por anos. Agora está requerendo uma atenção especial, devido aos surtos isolados periódicos em populações humanas, principalmente, na região Norte (Pará, Amazonas, Tocantins, Acre, Amapá, entre outros) e Mato Grosso. Recentemente, apareceram casos espalhados pelo Maranhão.
Quais são os principais métodos de prevenção que a população pode adotar para evitar a propagação dessa doença?
Como a doença é transmitida por maruins, o ideal é manter-se longe deles. Evitar o contato com áreas de grandes infestações (brejos, alagadiços, manguezal etc) e minimizar a exposição às picadas. Como medidas paliativas individuais, as pessoas podem usar repelentes, os mesmos indicados para os mosquitos e pernilongos, e seguir as recomendações do fabricante. Contudo é indicada a limpeza de terrenos e de locais de criação de animais domésticos, como estábulos e currais, nos arredores das casas, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo e fezes de animais. Os maruins podem procriar nesses ambientes úmidos e ricos em matéria orgânica, além de corpos d’água próximos (brejos, alagadiços, manguezal).
Qual é a importância da educação pública e da conscientização para prevenir a propagação da doença?
O controle de maruins é um grande desafio, e diversos métodos são empregados. Os inseticidas nem sempre são eficazes para controlar maruins. Aqueles que são altamente tóxicos não são mais recomendados. A aplicação de substâncias com baixa toxicidade (menos prejudiciais ao meio ambiente), incluindo os piretróides, derivados de produtos vegetais, mesmo que funcionem para mosquitos e pernilongos, parecem que não reduzem a abundância de maruins.
O manejo ambiental integrado parece que é uma boa opção. Pode ser adotado em áreas com infestações de maruins. Conforme o estudo executado por pesquisadores do LEV-UFMA, o processo de manejo envolve limpeza, retirada da folhagem do solo, poda de árvores para aumentar a penetração da luz, retirada de lixo e redução do aporte de matéria orgânica próximo às casas. Este método serve para reduzir ou eliminar potenciais áreas de reprodução, diminuindo o assédio de insetos aos moradores. A gestão ambiental é um processo barato e eficaz que pode e deve ser conduzido pelos habitantes locais das áreas focais. Essa estratégia de controle vetorial é incentivada pelo Ministério da Saúde, mas em conjunto com a vigilância epidemiológica e o controle entomológico (vetorial). No entanto todas as medidas de controle devem ser implementadas com cautela e requerem a integração de esforços por parte de vários setores governamentais (por exemplo, Secretaria do Meio Ambiente, Agricultura, Educação e Saúde), universidades e membros da população afetada. A pesquisa da doutora Bandeira (LEV-UFMA) sobre a influência do manejo ambiental nos Lençóis Maranhenses demonstrou que é possível reduzir a população de maruins e outros insetos vetores que se criam nos arredores das casas, adotando a limpeza como uma medida de controle vetorial. Abrigos ativos de animais domésticos, como chiqueiro, galinheiro, estábulo e curral são fortes atrativos para os maruins. A presença de animais domésticos e abrigos de animais, e a falta de gestão ambiental (limpeza) podem contribuir para uma maior infestação desses insetos indesejados. Então é preciso ficar vigilante quanto a esses aspectos. Atividades de educação ambiental e de saúde são muito úteis para ajudar as pessoas a se livrarem dos maruins e outros insetos.
Maruins no Maranhão?
As nossas pesquisas entomológicas realizadas no Estado do Maranhão resultaram no encontro de mais de quareta espécies de maruins, inclusive o Culicoides paraensis (o principal vetor da febre do oroupoche). Porém, nem em todos os lugares onde ocorreram casos de febre do oropouche, essa espécie está presente. As vezes devido à mobilidade das pessoas, um paciente pode adquirir o vírus num lugar e adoecer em outro. Essa é uma informação muito importante para a vigilância epidemiológica. É preciso procurar o vetor onde o paciente mora, se não encontrar, faz-se a busca por onde ele andou. Por outro lado, as pesquisas não devem ser direcionadas apenas para o Culicoides paraensis, é preciso procurar outras espécies de maruins e também os mosquitos culicídeos, pois Culicoides paraensis não é um maruim comum, não está em todos os locais de foco da doença.
Atenção!
A febre de oropouche é um problema de saúde pública, e deve ser mais estudada para que não seja confundida com outros tipos de doenças virais. Precisamos implantar urgentemente laboratórios com infraestrutura adequada e recursos humanos especializados.