A ministra do Meio Ambiente (MMA), Marina da Silva, anda falando demais. Além de não enxergar os graves problemas ambientais observados em seu próprio quintal com relação à proliferação de focos de queimadas na Amazônia e no Pantanal. Desastres que já somam 830 mil km² até julho de 2024 durante os três mandatos do presidente Lula da Silva (Lula I, II e III). A despeito desse horror ambiental, em pronunciamento divulgado quando de sua estada em Porto Velho, Rondônia, ela defendeu o cancelamento do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) aprovado em julho de 2022 e, obviamente, da Licença Prévia (LP). “Socialmente, até a gente entende; agora, ambientalmente e economicamente, não se faz uma estrada de 400 quilômetros, no meio da floresta virgem, apenas para passear de carro, se não estiver associada a um projeto produtivo”, insiste a ministra.
Pressionada por poderosas ONGs internacionais, Marina da Silva esquece, ou finge esquecer, que a BR-319 é importante via de integração regional, de interesse e segurança nacional, especialmente dos estados de Roraima, Amazonas e Rondônia. Com sua trafegabilidade comprometida e o rio Madeira superando níveis históricos de estiagem a cada dia, a população é levada a enfrentar dificuldades para receber assistência médica, suprimentos básicos e mercadorias. De acordo com texto do engenheiro Marcos Maurício, do GT Rodovia CREA-AM, divulgado na página do Grupo “Na Guerra pela BR-319”, a proposição apresentada pela ministra significa, para quem ainda não percebeu, “de forma clara e objetiva, o cancelamento do EIA – Estudo de Impacto Ambiental aprovado em julho de 2022 e, obviamente, o da Licença Prévia (LP)”, observando-se que tanto “a ADA (Área Diretamente Afetada), a AID (Área de Influência Direta) e a AII (Área de Influência Indireta) são elementos essenciais à validação do EIA.
Seu cancelamento, por outro lado, configura um contrassenso para quem defende a sustentabilidade ambiental. Por absolutamente “inadmissível, exige resposta urgente por parte dos nossos parlamentares, das entidades de classe, da sociedade civil organizada; do contrário, a pavimentação da Rodovia BR-319 será mesmo jogada no limbo e definitivamente sepultada”. Ele observa ainda que “o tema da viabilidade ambiental estaria superado com a aprovação do EIA, que igualmente conclui pela viabilidade social, como a também inquestionável viabilidade técnica e econômica, de responsabilidade do DNIT”, o maior responsável pela obra”. O “imbróglio” em torno da rodovia conduz a uma só conclusão: “o claro propósito do MMA de apenas fulminar o EIA com novos discursos discriminatórios e desrespeitosos ao povo amazônico e à economia nacional”.
O governador Wilson Lima, contando com o suporte da bancada parlamentar amazonense, tem se empenhado junto ao governo Federal para superar a intransigência e solucionar o impasse gerado por exclusiva implicância e má vontade da ministra. Ela, obstinada e raivosa, não cede um milímetro de sua decisão de inviabilizar a conclusão das obras da BR-319. Só não conta com a determinação do amazonense, que não descansará enquanto não tivermos de volta nossa rodovia. Todavia, ao que se questiona amiúde, ressente-se do aparente “distanciamento e pouco empenho” do secretário estadual do Meio Ambiente, Eduardo Taveira.
Reclama de posicionamentos mais incisivos na defesa dos interesses do Estado, que, necessariamente, encontra-se acima de quaisquer conveniências políticas, econômicas ou ideológicas. Ao que sugere um leitor, a aparente tergiversação do secretário leva inevitavelmente à dramática dúvida shakespeariana: o titular da Sema é contra ou favor da nossa BR-319? Afinal, a autoridade, como sugere a frase lapidar do imperador de Roma, Júlio César (ano 62 d.C.), “a mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta, estar acima de qualquer suspeita”.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
Foto ilustrativa, 2022. Foto: Reprodução/Acervo Governo do Maranhão
Com o objetivo de analisar a saúde mental e a cognição das comunidades quilombolas, pesquisadores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) conduzem um estudo que busca envolver comunidades quilombolas em pesquisas sobre a doença de Alzheimer. A pesquisa está sendo desenvolvida pelos professores Gilberto Sousa Alves e Bruno Luciano Carneiro Alves de Oliveira, do Departamento de Medicina da UFMA, em colaboração com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a Universidade de Columbia e a Escola de Medicina Icahn, no Monte Sinai.
Recentemente, resultados da investigação foram apresentados no Alzheimer’s Association International Conference (acesse aqui).
De acordo com os pesquisadores, os quilombos, geralmente localizados em áreas rurais remotas, enfrentam desafios significativos, como saneamento básico deficiente, altos níveis de analfabetismo e acesso limitado a serviços sociais e de saúde, especialmente entre os idosos. Estes fatores tornam a população quilombola socialmente vulnerável e potencialmente em maior risco de demência, embora, frequentemente, sub-representada em pesquisas sobre envelhecimento e demência.
O estudo, parte do projeto “Pesquisa Populacional sobre Condições de Vida e Saúde de Idosos Residentes em Comunidades Quilombolas da Baixada Maranhense (IQUIBEq)”, desenvolvido na UFMA em parceria com a Universidade de Columbia e o Mount Sinai Hospital, ambos de Nova Iorque. O projeto tem por objetivo principal analisar vulnerabilidades, níveis de bem-estar, variantes de riscos genéticos e biomarcadores associados às doenças ao envelhecimento em quilombolas da cidade de Bequimão, a 76,5 km de São Luís, na Baixada Maranhense.
A pesquisa foi realizada em onze comunidades quilombolas do Maranhão, incluindo 221 idosos com idades entre 60 e 104 anos. Os participantes foram selecionados em parceria com serviços sociais locais e agentes comunitários de saúde.
O professor e pesquisador da UFMA Bruno de Oliveira explica que a escolha do grupo de idosos como foco do estudo se justifica pela escassez de pesquisas direcionadas a essa faixa etária.
“Tradicionalmente, alguns estudos de quilombolas tendem a olhar crianças e mulheres, não havia um estudo importante no Brasil que olhasse sistematicamente diferentes dimensões da vida e saúde de idosos. Então escolhemos a cidade de Bequimão, que é um ponto equidistante entre o Cujupe e o Câmpus de Pinheiro, onde a UFMA mantém os cursos de Medicina e Enfermagem. O projeto surge em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde, Igualdade Racial e prefeitura municipal de Bequimão”, pontua.
O professor destaca que o projeto é importante por abordar especificidades locais, como as populações quilombolas, além de contribuir para a formação de recursos humanos e produção acadêmica significativa.
“A formação de graduação em geral tende a não olhar as especificidades locais, homogeneiza muito a população e esquece as especificidades, como os quilombolas. Então, a gente formou recursos humanos, foram quase dez trabalhos de conclusão de curso entre alunos de graduação de Enfermagem e Medicina. Tem uma tese de doutorado já defendida, uma tese de doutorado em encaminhamento, que já coletou os dados e, a qualquer momento, começa a parte de análise para seguir para a defesa. Também, tem uma outra dissertação de mestrado a caminho. Além dos alunos de iniciação científica com concedida dada pela Universidade, pelo CNPQ e pela Fapema. São vários alunos, em torno de 7 a 8 alunos de iniciação científica desde 2018”, comenta.
Pesquisa
Os idosos realizaram um teste cognitivo utilizando o Miniexame do Estado Mental. Foram coletados dados demográficos, fatores de risco cardiovascular (como relação cintura-quadril e índice de massa corporal), desempenho cognitivo e envolvimento social. A análise buscou relacionar o engajamento social com a cognição, levando em conta idade, sexo, raça, escolaridade, renda familiar e fatores de risco cardiovascular. A pesquisa também investigou se idade e sexo influenciavam essa associação.
Os resultados revelaram que um maior envolvimento social está associado a uma melhor cognição, independentemente da demografia e dos fatores de risco cardiovascular. As atividades sociais que mais contribuíram para esses resultados foram a participação em reuniões comunitárias e em serviços religiosos. Não foram encontradas diferenças significativas na associação entre envolvimento social e cognição em relação à idade e ao sexo dos participantes.
A conclusão do estudo sugere que o engajamento social pode ser um aspecto fundamental da saúde cognitiva na população quilombola, que enfrenta condições de vida desafiadoras. O envolvimento social não apenas proporciona apoio social e emocional, mas também facilita o acesso a necessidades básicas, como habitação e saneamento. Outros mecanismos potenciais incluem a estimulação cognitiva presente nas interações sociais e os efeitos do envolvimento espiritual e religioso.
*Com informações da Universidade Federal do Maranhão
A equipe de Robótica da Escola SESI Dra. Emina Barbosa Mustafa, juntamente com a equipe pedagógica da Secretaria Municipal de Educação (Semed), percorreu o rio Negro por três horas em uma lancha para entregar o Kit Lego Education Spike Prime para a Escola Indígena Municipal Arú Waimî, no último dia 12. A escola funciona na Comunidade Terra Preta, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) do Rio Negro, a 80 quilômetros de Manaus.
Do ato de entrega participaram a gestora de robótica da Escola SESI, Ana Karina de Holanda, o gerente de tecnologia educacional da Semed, Austônio dos Santos, o cacique Clodoaldo Silva Aleixo e o diretor da Escola Indígena, Anderson Ribeiro. Na ocasião, o SESI desenvolveu uma oficina de capacitação para quatro alunos que serão multiplicadores de Robótica na escola.
A ação é uma parceria do SESI Amazonas e a empresa Ardagh, que desde o ano de 2023 vêm treinando robótica à professores de escolas da Rede Pública de Manaus, em parceria com a Semed. Trinta e dois professores de oito escolas já foram capacitados para o ensino de Robótica, graças à parceria.
Parceria do SESI e Argagh leva robótica para comunidades indígenas. Foto: Divulgação
Austônio dos Santos destaca que todas as escolas e professores que receberam formação vão atuar em robótica educacional com os alunos, desenvolvendo tecnicamente projetos e aplicando a robótica na educação como mais um recurso pedagógico para o desenvolvimento cognitivo, social e até mesmo já pensando na empregabilidade dos alunos, porque a robótica desenvolve muitas potencialidades nos alunos, muitas habilidades que o século 21 exige, como o trabalho em equipe e a resolução de problemas do cotidiano.
Os professores Vitor Gabriel de Souza e Ana Caroline da Silva conduziram a oficina para Fernanda Brazão, 14 anos, 9° ano, Max Guilherme Brandão, 11 anos, e Rodrigo Manoel Ambrósio, 11 anos, ambos do 6° ano°, e Caleb Paulino Aleixo, 14 anos, 8° ano. Fernanda classificou a programação como maravilhosa e prometeu repassar todo o seu aprendizado aos demais alunos. “Indígena também pode aprender”, disse a aluna, enquanto manuseava as peças do kit.
Os desafios da educação à beira do rio
Alunos da Escola Indígena Municipal Arú Waimi. Foto: Divulgação
Para chegar à Terra Preta, situada às margens do rio Negro, uma lancha movida a diesel leva em torno de 2h20, mas equipes levaram cerca de três horas de viagem na lancha “Arara”, que teve problemas mecânicos e precisou do apoio da Prefeitura de Manaus para continuar o trajeto.
O tempo de viagem de Manaus para a comunidade é um dos fatores que leva os professores, moradores em Manaus, a ocupar o alojamento criado especificamente para eles na vila indígena, diminuindo contratempos, tempo e os custos, explica Anderson. Segundo o diretor, os professores se revezam para passar um tempo em suas casas. A escola também conta com professores da própria comunidade, o torna a escola bilíngue, em português e nheengatu.
“Nosso calendário escolar é diferenciado, trabalhamos de janeiro a outubro, quando não temos estiagem, mas como este ano promete uma nova estiagem ainda mais severa, a escola irá trabalhar até 25 de setembro para cumprir a carga horária de 200 dias de ano letivo”, disse o diretor sobre a dificuldade que a área pedagógica e os alunos passam quando a estiagem chega.
De acordo com o diretor, todos sofrem com a estiagem, principalmente os alunos, pois muitos moram nos chamados “ramais” e precisam de transporte escolar para chegar até a escola, e esse transporte é lancha. Na seca, ficam impossibilitados de locomoção. “O transporte dos alunos começa às 6h da manhã, com duração de 30 minutos de viagem ida e volta, de segunda a sábado, para concluirmos a carga horária”, ressalta.
A escola indígena tem mais de 30 anos de existência e atua na área educacional com o Maternal 3, Educação Infantil, Fundamental 1, Fundamental 2, e Educação de Jovens e Adultos (EJA). Possui seis salas de aula e atende 46 alunos.
Divulgado no primeiro semestre deste ano, o Relatório sobre o Estado Global do Clima, elaborado pela Organização Meteorológica Mundial, alertou sobre níveis alarmantes de aumento da temperatura do planeta, atestando mais uma vez que as mudanças climáticas representam um dos maiores desafios da humanidade.
Uma nova pesquisa realizada pela USP revelou como as comunidades microbianas, responsáveis pelo ciclo do metano – um gás de efeito estufa -, respondem a essas mudanças na Amazônia. Dentre as principais conclusões, trabalho em laboratório apontou que, com o aumento da temperatura, houve uma redução drástica na capacidade de consumo de metano em florestas de terra firme na Amazônia.
Liderado pela engenheira agrônoma e pesquisadora Júlia Brandão Gontijo, pós-graduada pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP com orientação da professora Tsai Siu Mui, o estudo foi publicado na revista Environmental Microbiome, em julho.
“Estamos vivendo hoje os efeitos das mudanças climáticas e as previsões são alarmantes”, afirma Júlia ao esclarecer que “o metano é um gás com poder de aquecimento [cerca de] 27 vezes maior que o dióxido de carbono”. De acordo com a cientista, é essencial entender como seus ciclos serão afetados pelas alterações.
Floresta em laboratório
Em linhas gerais, a pesquisa buscou investigar como as comunidades microbianas nas várzeas e florestas de terra firme da Amazônia respondem a cenários simulados de mudanças climáticas, com foco na variação de temperatura e no regime de inundações. “Nosso objetivo era compreender o impacto dessas mudanças sobre a composição e a dinâmica das comunidades microbianas e suas implicações nas emissões de metano”, explica ela.
Para realizar o estudo, os pesquisadores coletaram solos de duas várzeas (rios Amazonas e Tapajós) e de uma floresta de terra firme, simulando condições de seca e inundação em diferentes temperaturas (27 °C e 30 °C), em um experimento de microcosmo.
Experimento em microcosmos em que foram simuladas as condições de mudanças climáticas testadas neste estudo – Foto de Wanderlei Bieluczyk
As comunidades microbianas foram monitoradas ao longo de 30 dias através de sequenciamento do gene 16S rRNA e qPCR. O sequenciamento permitiu identificar os tipos de microrganismos presentes no solo, enquanto o qPCR quantificou sua abundância. Eles também analisaram propriedades químicas do solo, fluxos de metano e distribuições específicas de isótopos, para apontar como variações de temperatura e inundações afetam a produção e consumo de metano.
“Foi um desafio isolar esses fatores no laboratório”, comenta ela. “Mantivemos as amostras em estufas para controlar a temperatura e simulamos condições de seca e cheia, mantendo o solo na umidade específica. Assim, conseguimos combinar todos esses fatores e observar o que pode acontecer em diferentes cenários climáticos.”
Uma das conclusões mais surpreendentes foi a estabilidade das comunidades microbianas nas várzeas, mesmo com o aumento da temperatura. “Eu esperava encontrar maiores diferenças nas várzeas, mas elas se mostraram bem estáveis. Provavelmente, a microbiota já está ‘acostumada’ a essas variações sazonais de inundação e seca”, observa.
Por outro lado, as florestas de terra firme mostraram uma resposta alarmante. “A capacidade de consumo de metano foi reduzida em 70% com o aumento da temperatura. Isso indica que áreas antes consideradas sumidouros de metano podem se tornar fontes desse gás com o aquecimento global”, sugere Júlia.
Variações no nível da água nas estações de cheia e seca no Rio Amazonas, nas proximidades de Santarém-PA. Foto: Júlia B. Gontijo
Medições das condições de campo e amostragem de solos para montagem do experimento. Foto: Fabiana S. Paula
Pautando políticas públicas
De acordo com a pesquisadora, os resultados podem fundamentar a formulação de políticas públicas e motivar esforços de mitigação das mudanças climáticas. “Nossos dados mostram a importância de manter a floresta em pé, já que ela é um sumidouro de metano. Precisamos criar políticas públicas que evitem o desmatamento e freiem as emissões de gases de efeito estufa”, reforça.
Agora em seu pós-doutorado na Universidade da Califórnia, Júlia permanece estudando a Amazônia, correlacionando a presença de microrganismos com sua atividade.
“Uma coisa é os microrganismos estarem lá, outra é o que estão fazendo. Estamos utilizando novas ferramentas moleculares para entender como esses microrganismos estão ativos nas diferentes estações e como isso se relaciona com as emissões de gases de efeito estufa.”
Para a engenheira, o próximo passo é ampliar os estudos em campo, em colaboração com o Soil Eco Genomics Laboratory, da Universidade da Califórnia, liderado pelo professor Jorge Rodrigues. “Estamos estudando diretamente no campo, correlacionando a presença dos microrganismos com sua atividade nas diferentes estações”, conta ela, ao alertar que “mais estudos são essenciais para uma compreensão mais profunda dos ciclos de metano na Amazônia”.
Duas obras científicas, em formato digital (e-books), elaboradas por egressas e docentes do curso Tecnologia em Gestão do Turismo (TGT) do Instituto Federal de Roraima (CBV-IFRR), contribuem para a promoção e o desenvolvimento do turismo em Roraima.
Os e-books ‘Ponte dos Macuxi Vista de Outra Vista’, de autoria de Renata Peres Lorensi, Maria Ednalva Sousa Lima, Orlando Marinho Cerqueira Júnior e Leila Márcia Ghedin, e ‘Coletânea de Atividades: City Tour Histórico em Boa Vista-RR’, de autoria de Vanessa Gomes Bezerra de Brito, com participação da professora Leila Márcia Ghedin como prefaciadora, foram lançados em solenidade realizada no fim do mês de julho, no CBV, e estão disponíveis para download no site do IFRR.
Para Renata Lorensi, o e-book é importante, pois contribuirá para o turismo ao divulgar o projeto de “revitalização da ponte” e, assim, promover o conhecimento sobre esse importante monumento arquitetônico e ponto turístico.
“Ao divulgar esse projeto, destacamos que ele veio para contribuir para a cidade de Boa Vista com a intenção de criar um novo atrativo turístico para nossa capital. Nosso e-book, em formato digital, apresenta uma temática inédita e traz informações completas sobre o projeto, democratizando, assim, o acesso”, disse.
E-book aborda o projeto de revitalização arquitetônica da ponte dos macuxi
Segundo Vanessa de Brito, o livro representa a realização de um projeto pessoal e acadêmico.
“Este é o meu primeiro livro. Ele é o produto do meu Trabalho de Conclusão de Curso, o TCC, concluído em 2022, que foi imensamente significativo para a minha vida, pois eu pude trabalhar em conjunto com uma mulher incrível e uma professora maravilhosa, que é a Leila Márcia Ghedin. É uma obra voltada à família, à comunidade, aos acadêmicos e a todos aqueles que desejam vivenciar o city tour sobre a história da cidade de Boa Vista. Focada no turismo pedagógico e turismo social, a obra agrega conhecimento e reúne um conjunto de atividades recreativas para tornar esse passeio ainda mais criativo e divertido”, explicou.
Grupo de pesquisa
As publicações são também o resultado do trabalho do Grupo de Estudo e Pesquisa em Turismo, Tecnologia, Educação e Cultura (GEPTTEC). Elas foram selecionadas por meio de edital da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação destinado para a ajuda de custo à publicação científica, tecnológica e cultural de servidores e estudantes da instituição.
De acordo com a coordenadora do GEPTTEC, professora Leila Márcia Ghedin, o grupo realiza diversos estudos e pesquisas, incluindo orientações de TCC do curso TGT, bem como aqueles voltados à educação e à tecnologia aplicadas ao turismo.
“O turismo envolve a tecnologia, a educação e a cultura. Então, esses são nossos eixos principais, e, a partir deles, conseguimos interagir com outras áreas do conhecimento, desenvolvendo atividades diversificadas, como o turismo pedagógico, a sensibilização para o melhor aproveitamento dos recursos e equipamentos turísticos, e a tecnologia integrada ao turismo”, explicou.
Ainda segundo Leila, o grupo de pesquisa conta com professores do curso TGT, acadêmicos e outros pesquisadores, que, de maneira voluntária, colaboram para o desenvolvimento dos estudos e produtos originados das pesquisas.
“Temos ancorado as nossas orientações de TCC no grupo de pesquisa e, geralmente, a partir desse trabalho, saem os produtos. Os alunos são orientados sobre como funciona esse processo de publicação, e, nesse caso dos dois e-books, ocorreu dessa maneira. As autoras se interessaram, e submetemos suas publicações, por meio do edital de fomento, que representou uma grande oportunidade para que elas, mediante ajustes e atualizações dos textos, em conjunto com os coautores, transformassem os TCCs em e-books”, disse.
Falando sobre a importância dessas obras para o meio acadêmico e científico, Leila afirma que os e-books ratificam a possibilidade de os TCCs se transformarem em importantes obras científicas.
“Os produtos que são indicados como potenciais publicações têm a possibilidade de, por meio do edital, se transformarem em importantes obras que propiciarão à sociedade o acesso ao conhecimento científico sobre o turismo e outros temas. Além disso, esses e-books poderão ser utilizados por pessoas de outros estados que visitam a cidade e também por professores do ensino fundamental e médio, que poderão utilizá-los como estratégias e alterativas educativas em espaços não formais, proporcionando, assim, uma rica experiência de ensino fora da sala de aula”, esclareceu.
Por muito tempo, os povos indígenas foram retratados na literatura sob uma visão colonizadora e estereotipada, com características folclóricas e sempre descritos em terceira pessoa, como se não tivessem sua própria voz. Este é o exemplo de ‘Iracema’, do escritor José de Alencar, obra literária do romantismo brasileiro.
Silenciada por muito tempo, as vozes dos povos indígenas, no entanto, sempre resistiram.
“Tem gente que diz que temos que dar voz aos indígenas. Mas nós já temos muita voz, desde muito antes de 1500. Ela agora só precisa ser potencializada para além desses lugares”, defendeu a poeta, professora e editora Sony Ferseck, do povo Makuxi.
“Mesmo que nossa língua seja proibida, a gente vai continuar resistindo através de outras línguas ou linguagens, sempre”, reforçou.
Em uma mesa promovida pelo Sesc-Senac dentro da programação da oitava edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador (BA), Sony Ferseck e Edson Kayapó discutiram as literaturas indígenas e as poéticas de pertencimento, mostrando que a visão romantizada sobre os indígenas sempre foi parte de uma política colonialista e de extermínio dessas populações.
Escritora Sony Ferseck. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
“José de Alencar fez um absoluto desserviço para os povos indígenas à medida que nos apresentou como pessoas dóceis ou domesticadas, sem qualquer resistência contra a força colonizadora”, disse o professor, pesquisador, ativista e escritor indígena Edson Kayapó.
“O indígena de José de Alencar é uma pessoa que ama de paixão a violência colonizadora e, no final da narrativa, vemos a morte das personagens indígenas, como também morreu Moema na pintura [de Victor Meirelles]. Disseram que os indígenas seriam extintos por não conseguirem acompanhar o progresso nacional e que o último indígena viveria até os anos 2000. Mas nós somos, como já falou Raul Seixas, a ‘mosca na sopa’ dessas profecias falidas e desse projeto”, acrescentou.
De acordo com Kayapó, os escritores indígenas não são apenas a mosca na sopa cantada nos versos de Raul Seixas. Eles são também os porta-vozes dessas memórias que foram silenciadas.
“Tenho pensado que nós, escritores indígenas, somos, de algum modo, porta-vozes de ancestralidades e de histórias e de memórias silenciadas pela sociedade brasileira e pelo Estado brasileiro”, afirmou. “Utilizo a própria palavra cristã para dizer que nós somos meio que discípulos das nossas ancestralidades. Nós estamos fazendo um trabalho que é trazer para a sociedade brasileira as histórias e memórias que são coletivas, histórias de ancestralidade que estão silenciadas na sociedade, nas universidades e nas escolas”.
Escritor Edson Kayapó. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
A literatura indígena, definiu o escritor, é “uma fala coletiva e ancestral” e também um instrumento de combate ao projeto de progresso “que tem promovido muita dor, muito genocídio, muito epistemicídio e que tem provocado a destruição da vida”. “A necropolítica não pode continuar”, defendeu Edson Kayapó.
O apagamento ainda presente
Embora a literatura brasileira tenha se aberto para as histórias e cosmologias testemunhadas pelos próprios indígenas, a política de apagamento ainda permanece muito presente.
“Nossas vozes pouco repercutem porque as escolas e as instituições continuam mantendo o silêncio e a nossa literatura pouco repercute”, disse Kayapó.
A poeta Sony Ferseck cita um exemplo: há relutância das editoras de livros em publicarem essas histórias. Foi por isso que ela fundou a Wei, uma produtora independente de Roraima especializada em autores indígenas.
“Cansei de mandar livros para as editoras e eles ficarem no esquecimento. Então resolvi fundar a editora, com foco especial em autores indígenas porque há muita dificuldade. Primeiro, a questão da distância. Roraima está muito distante da região sudeste, onde se encontra maior circulação em relação à literatura. Outra dificuldade é com relação às escritas de pessoas indígenas. E, por último, os mais velhos e mais antigos têm muita dificuldade com a língua portuguesa ou em compreender esse mercado [editorial]”, falou.
“Mas, enfim, seguimos resistindo e a arte foi esse campo que escolhemos para dialogar com a sociedade e de trazer essas outras vozes entrelaçadas nas nossas”.
Para Edson Kayapó, uma das formas de combate a esse apagamento é não só pela garantia de direitos, como também por meio da educação. “Temos que arregaçar as mangas para que a temática indígena e a literatura indígena por nós protagonizadas estejam nas salas de aulas”, defendeu.
Essa educação, acrescentou ele, precisa ser ‘reencantada’, abrindo-se ao diálogo com outras culturas. “O Ailton Krenak diz que enquanto tiver indígenas para narrar suas cosmologias histórias e vivências, haverá possibilidade de adiarmos o fim do mundo porque os nossos povos fazem isso por excelência. Eu ainda diria que os escritos da nossa literatura são exatamente ensaios para adiar o fim do mundo e ao mesmo tempo diria que essa é uma forma de reencantar a academia. A academia quer estabelecer uma única verdade hegemônica e nós, povos indígenas, estamos falando sobre a necessidade de pensamentos múltiplos estarem dialogando dentro das universidades”.
A Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) aconteceu até o dia 11 de agosto.
Avançar na bioeconomia e reduzir o desmatamento é o objetivo da implantação do ‘Programa Floresta em Pé’, uma iniciativa resultado da cooperação financeira entre os governos da Alemanha e Brasil, por meio do Banco de Desenvolvimento KfW. No projeto, a Fundação Amazônia Sustentável será a gestora dos recursos de mais de 170 milhões de reais, para a execução de projetos idealizados pelas Secretarias de Meio Ambiente dos estados do Amazonas e Pará, ao longo de três anos.
A fundação foi selecionada, há dois anos, pelo KfW a partir de um processo de seleção competitivo, concorrendo com 13 instituições nacionais e internacionais, tendo sido escolhida para ser gestora dos recursos financeiros e também assistência técnica do projeto.
A FAS está atuando em parceria com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), no Amazonas, e Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas), no Pará, que garantem a implementação de políticas na área socioambiental na região amazônica. É a primeira vez que uma organização da Amazônia vence uma seleção do Governo da Alemanha para gerenciar um recurso estrangeiro.
De acordo com o superintendente geral da FAS, Virgílio Viana, a escolha da instituição para gerenciar um programa da magnitude que é o Floresta em Pé é a comprovação de que o trabalho realizado ao longo de 16 anos, feito com seriedade e por pessoas que acreditam que o futuro da Amazônia é cuidar do desenvolvimento de suas populações, promovendo qualidade de vida e prosperidade.
“Isso é fruto de um trabalho de uma equipe extremamente séria e profissional da FAS que reforça o papel da sociedade civil e contribui com os governos e população brasileira, para que possamos ter de um lado, a melhoria de qualidade de vida e superação da pobreza, e de outro, a conservação da natureza. Esse é um projeto que nos enche de esperança sobre o futuro da Amazônia”, afirma.
Oficina de planejamento
Ao longo de duas semanas, em maio, autoridades públicas, do terceiro setor e cooperação financeira internacional se reuniram em uma oficina na sede da FAS para avaliar os indicadores do programa no Amazonas, dentro do Projeto Governança Ambiental e Bioeconomia Sustentável, para início de sua implementação. No Pará, os indicadores foram definidos em oficina na sede da Semas em Belém, dentro do projeto ‘Realiza Pará’, que está inserido no Floresta em Pé.
O Programa Floresta em Pé visa reduzir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento, valorizando a floresta amazônica em pé por meio da promoção da bioeconomia, do apoio no controle ao desmatamento e do fortalecimento da governança ambiental. A iniciativa prevê que nos primeiros dois anos, os esforços serão convertidos em ações de comando e controle mais efetivas, governança ambiental fortalecida, incentivos para a bioeconomia e restauração florestal.
“Tivemos oficinas, tanto no Pará como no Amazonas, para acatar o desenho do projeto e fazer acordos, pactuar as medidas junto com os Estados. Estamos com a perspectiva de que o projeto inicie ainda no segundo semestre desse ano. A floresta amazônica tem que ser conservada, para que a mudança do clima seja combatida e para preservar a biodiversidade. A floresta tem um valor muito grande e o banco tem muito interesse em financiar ações em relação ao clima e vemos que esse projeto vai fazer uma contribuição importante a nível dos estados”, afirma Klaus Köhnlein, gerente de portfólio do KfW.
Na mesma linha, a secretária-adjunta de gestão ambiental da Sema, Fabrícia Arruda Moreira, reforça a capacidade técnica da FAS em ser agência executora do projeto e a parceria de longa data com o Governo do Amazonas.
“A Fundação Amazônia Sustentável já é parceira da Secretaria do Estado de Meio Ambiente do Amazonas em vários projetos. Nesse projeto, ela entra como uma agência executora para aprimorar a execução direta dos recursos, sem internalização desses recursos no Estado. O que vai facilitar a execução em questão de lapso temporal. Então, a gente consegue executar um projeto de forma mais rápida, fora a experiência da fundação no campo”, afirma.
Foto: Jeferson Rudy/MMA
Urgência da bioeconomia
Em complemento às ações de combate ao desmatamento, o projeto visa apoiar na transformação de uma economia baseada na degradação ambiental para uma economia focada na bioeconomia amazônica, considerando um conjunto de atividades que envolvem cadeias da sociobiodiversidade sustentáveis e nativas do bioma.
A bioeconomia amazônica, esclarece Virgílio, é o caminho para conciliar melhoria da qualidade de vida da população da região com manutenção dos serviços ambientais essenciais para o futuro do Brasil e do planeta.
“É uma tarefa desafiadora em torno da qual as instituições amazônicas devem se unir e trabalhar de forma colaborativa e integrada. Trata-se de um desafio essencial para o nosso futuro enquanto humanidade”, reforça.
Recursos estrangeiros devem ter um executor
O gerente do Programa Floresta em Pé, Luis Henrique Piva, explica que a cooperação internacional entre dois países pode ser feita por empréstimo ou doação, sendo que os recursos que o KfW aportará para FAS serão doações, ou seja, recursos não reembolsáveis. Nesse caso, o doador não pode transferir recursos diretamente para o governo, mas deve selecionar uma entidade executora para receber e empregar os recursos de acordo com as orientações estratégicas do Estado.
Após a seleção da FAS, uma diligência foi realizada para verificar se a organização tinha condições objetivas de receber o recurso com transparência, compliance e sistemas adequados de prestação de contas e salvaguardas.
A entidade executora deve cumprir dois papéis: executar os recursos com transparência, celeridade e efetividade, e prestar assessoria técnica para apoiar tecnicamente o projeto, como o Floresta em Pé, com o objetivo de cumprir as metas estabelecidas.
A LATAM apresentou seu novo cardápio para voos internacionais com mais de 7 horas que decolam do Brasil. Assinado pela chef brasileira Débora Shornik em colaboração com a peruana Andrea Suárez, o novo cardápio marca o início de uma nova fase do ‘Sabor à Brasileira’, programa da LATAM que empodera e dá visibilidade ao talento de chefs brasileiras.
Agora, a iniciativa contará com menus desenvolvidos em colaboração com outras chefs sul-americanas que assinam o cardápio de voos internacionais no Chile, Peru, Equador e Colômbia por meio do programa ‘Sabores que Transportam’.
Segundo Paulo Miranda, vice-presidente de Clientes do Grupo LATAM, a nova fase do programa promove um intercâmbio criativo com alto potencial de sabor ao combinar elementos de gastronomias reconhecidas mundialmente.
“Após apresentarmos ao mundo o talento de chefs brasileiras e a riqueza gastronômica de cada região do Brasil, promovemos agora trocas com outras talentosas chefs da América do Sul para explorar o potencial de combinações existente em nossa região, trazer surpresas gastronômicas a bordo para os nossos clientes e continuar posicionando a LATAM como uma marca que fomenta o talento local”, explica o executivo.
O ‘Sabor à Brasileira’ é um programa para fortalecer o caráter diverso, inclusivo e multicultural, dando protagonismo aos produtos locais da América Latina. No caso do Brasil, reforça a brasilidade da companhia aérea e está vinculado diretamente ao ‘Sem Fronteiras’.
A série apresenta um novo prato signature a cada três meses, sempre assinado por uma chef de uma região do Brasil. Todas as regiões do Brasil já foram representadas:
Débora Shornik e Andrea Suárez: talentos sul-americanos
Foto: Divulgação/ LATAM
Escolhida para representar a Região Norte do Brasil, a chef Débora Shornik é nascida e criada em São Paulo, mas encontrou na Amazônia o seu lugar para viver, desenvolver e produzir sabores relacionados à natureza.
Débora está hoje à frente do Restaurante Caxiri, que fica ao lado do Teatro Amazonas, e serve culinária amazônica com ingredientes orgânicos de famílias produtoras, além de peixes locais como Pirarucu, Tambaqui e Matrinxã.
Foto: Divulgação/ LATAM
Já a chef Andrea Suárez trabalha no Cosme, um dos restaurantes mais importantes de Lima, e foi escolhida para surpreender com sua culinária e levar a identidade local peruana, tão característica por sua gastronomia, a múltiplos destinos.
Pensando nisso, Suárez escolheu os ingredientes com a precisão que só uma chef experiente, formada pela prestigiada escola e fundação de culinária Pachacútec, fundada pelo famoso chef peruano Gastón Acurio, poderia montar.
Além de compartilharem uma paixão pela gastronomia, ambas as chefs encontram inspiração nas culturas do Brasil e do Peru. Essa conexão foi fundamental para a criação de um menu especial que inclui uma entrada (palmito grelhado, abacaxi, tomate, rabanete e macadâmias), um prato principal (Pirarucu grelhado ao molho huancaína, batata nativa gratinada e farofa de quinoa com milho) e uma sobremesa (Brioche, queijo Minas Frescal, Coco e Goiaba).
O garimpo de ouro é uma característica da Amazônia andina desde os tempos pré-colombianos e, juntamente com a prata, foi a pedra angular da economia nos períodos colonial e republicano. No Brasil, a mineração de ouro foi uma fonte de riqueza para a coroa portuguesa e um importante fator na colonização de Mato Grosso e Rondônia durante o século 18. A Guiana, o Suriname e a Guiana Francesa tiveram corridas do ouro no século 19, assim como a Venezuela nas primeiras décadas do século 20. Esses eventos históricos, no entanto, foram ofuscados pelas corridas do ouro da era moderna, todas ocorridas depois que os Estados Unidos encerraram a conversibilidade do dólar em 1971.
A decisão de desvincular os mercados internacionais de ouro coincidiu com uma década marcada pela inflação que desencadeou um aumento exponencial no preço do ouro. Coincidentemente, os países amazônicos adotaram políticas para abrir o interior de suas florestas à migração e ao desenvolvimento. A intenção era catalisar a expansão da economia nacional por meio do desenvolvimento agrícola e mineral. Os obstáculos estruturais e a arrogância condenaram muitas iniciativas, pelo menos no início, mas dezenas de milhares de famílias responderam migrando para a Amazônia. Muitos foram para os campos de ouro recém-descobertos em Carajás, Tapajós, Roraima, Madre de Dios e na costa da Guiana.
Esses garimpeiros logo se tornaram adeptos da exploração de ouro aluvial, que exploravam com o total apoio de seus governos. Os garimpeiros corporativos acabaram seguindo-os, munidos de informações de pesquisas geológicas de alta qualidade publicadas pelos ministérios de mineração nacionais. Esses documentos técnicos divulgam informações em um nível relativamente alto, mas a presença de ouro deve ser verificada e validada pelo trabalho de campo. Esse é o domínio das pequenas empresas de mineração, cujos geólogos de campo sabiam que o melhor lugar para procurar ouro era seguir o exemplo dos garimpeiros.
O Grupo Especializado de Fiscalização (GEF) era um braço militarizado do Ibama que realizava incursões periódicas para interceptar a exploração de minas ilegais que operavam em parques nacionais e terras indígenas; No entanto, a unidade foi desfinanciada durante o governo Bolsonaro. Foto: Ibama & Felipe Werneck, CC BY-SA 2.0.
As formações minerais que contêm ouro são normalmente classificadas como depósitos primários (rocha dura) ou secundários (aluvial/coluvial/saprólito). A presença de depósitos secundários é uma indicação da existência de um depósito primário. Os garimpeiros extraem “ouro livre” de depósitos secundários usando a tecnologia de mineração de placer. Esse tipo de mineração acabará eventualmente na Amazônia, seja quando as autoridades limitarem sua expansão ou quando os garimpeiros descobrirem e explorarem todos os depósitos secundários acessíveis. Muito antes disso, no entanto, o setor de mineração de ouro terá feito a transição para o modelo de produção de mineração de rocha dura, muito mais lucrativo.
Os depósitos de rocha dura têm duas manifestações: (a) filões e veios de alto teor localizados em falhas ou zonas de cisalhamento dentro de uma matriz rochosa; e (b) corpos de minério de baixo teor em que o ouro está fortemente ligado em baixas concentrações dentro da matriz mineral da rocha. Algumas mineradoras de médio porte já fizeram a transição para a mineração de rocha dura usando minas subterrâneas e cianeto para explorar os minérios de alto teor. Os minérios de baixo teor serão explorados por corporações que operam minas a céu aberto dentro ou perto de paisagens já destruídas pelo flagelo da mineração de aluvião.
O garimpo do Tapajós
A mineração de ouro no sudoeste do Pará começou no final da década de 1950, quando os garimpeiros descobriram depósitos aluviais no Rio Crepori, um afluente do Rio Tapajós localizado a cerca de 500 quilômetros ao sul da cidade portuária de Santarém (Figura 5.22). O acesso era limitado ao que os pequenos aviões conseguiam transportar até pistas de pouso remotas ou ao que era transportado rio acima contornando vários conjuntos de corredeiras. Os primeiros garimpeiros usavam a tecnologia mais rudimentar de placer e desmataram cerca de 1.540 hectares de mata ciliar até 1975. A migração aumentou após a construção da rodovia principal (BR-163) que ligava Cuiabá a Santarém no final da década de 1970 (consulte o Capítulo 2). Dezenas de milhares de garimpeiros chegaram à região e, em 1984, a presença espacial do Garimpo do Tapajós havia triplicado para 4.750 hectares ao mesmo tempo em que o acesso à região foi melhorado pela construção da Rodovia Transgarimpeira, que permitiu que os mineradores expandissem a escala de suas atividades com equipamentos pesados. A área de floresta de várzea perdida até 1993 ultrapassou 16.500 hectares.
A produção de ouro aumentou de oito toneladas anuais em 1970 para mais de 26 toneladas em 1990, mas o valor nominal aumentou de somente US$ 7 milhões para US$ 175 milhões – uma soma muito grande na Amazônia do final da década de 1980. O preço do ouro estagnou na década de 1990; no entanto, os garimpeiros ainda conseguiam produzir entre oito e doze toneladas por ano. A recuperação dos preços do ouro após 2007 levou a outro boom na atividade de mineração, aumentando a pegada espacial total para 26.170 hectares até 2015. Em comparação com o desmatamento causado pela criação de gado, essa pode não parecer uma área particularmente grande. No entanto, a floresta destruída nos campos de ouro do Tapajós é quase sempre floresta de várzea.
O campo de ouro do Tapajós, que é em grande parte limitado pelo município de Itaituba, tem sido continuamente o foco de garimpeiros desde a década de 1950, mas a região experimentou um aumento na atividade desde 2011, como evidenciado pelo aumento de vales fluviais desnudados característicos da técnica de placer. Praticamente todos os garimpeiros de jazidas evitaram pagar impostos até 2015, quando o governo local e as autoridades estaduais começaram a cobrar impostos sobre royalties para apoiar o desenvolvimento local. Fonte de dados: ANM (2022).
Em 2013, um jornal de Santarém estimou que a região havia produzido cerca de 758 toneladas de ouro ao longo de cinquenta anos, com um valor calculado em ~R$ 79 bilhões (então ~US$ 25 bilhões). O objetivo do artigo do jornal era protestar contra a perda de receitas públicas provenientes de mineradoras de ouro que só recentemente haviam começado a pagar royalties. A produção de ouro da região em 2013 foi registrada em doze toneladas, o que teria um valor nominal de mercado de ~US$ 447 milhões; no entanto, apenas R$ 1,6 milhão foi transferido para o município de Itaituba, cerca de sete por cento do valor putativo realmente devido (R$ 24 milhões). As receitas anuais melhoraram constantemente desde então, à medida que empresas e cooperativas de médio porte começaram a operar no setor formal. Em 2019, um total de R$ 64 milhões em royalties foi transferido para o município, o que corresponde, talvez, a cinquenta por cento de cumprimento de suas obrigações de acordo com a legislação brasileira.
Em 2020, um serviço de notícias regional estimou que havia 2.700 minas de garimpo ativas, empregando cerca de 27 mil pessoas. Alguns estão retrabalhando minas de aluvião pré-existentes usando tecnologia mais sofisticada, mas a presença de mineração de aluvião continua a se expandir pelos afluentes secundários e terciários do Crepori e do Jamanxim. Imagens de satélite revelam que entre 3.000 e 4.000 hectares de floresta de várzea foram perdidos a cada ano entre 2010 e 2020. Pelo menos alguns garimpeiros evoluíram para mineiros de rocha dura em pequena escala e agora estão explorando os depósitos de ouro primário de acesso mais fácil. Havia apenas duas minas subterrâneas em escala industrial operando na região em 2020, mas pequenas empresas estavam desenvolvendo quatro minas subterrâneas e três minas a céu aberto (consulte a Figura 5.22), enquanto realizavam campanhas de exploração em toda a região.
A maior parte da mineração ocorreu dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do Tapajós, uma categoria de conservação que permite a mineração; no entanto, a maioria das minas é considerada ilegal por não estar em conformidade com as regulamentações ambientais ou fiscais.
A região também contém dois parques nacionais (Jamanxim, Rio Novo), onde a mineração não é permitida, e cinco reservas florestais nacionais: Floresta Nacional (FLONA) Itaituba I e II, onde a mineração é permitida, e FLONA Amaná e Jamanxim, onde não é permitida. Todas ainda estão em estágios iniciais de consolidação e sofrem pressão de colonos, grileiros e garimpeiros. Em 2017, o governo de Michel Temer tentou reduzir o tamanho e recategorizar a FLONA Jamanxim, mas a medida foi declarada ilegal pelo Supremo Tribunal Federal.
Garimpeiros invadiram repetidamente a Terra Indígena Yanomami ao longo de seus mais de 40 anos de existência, em um constante jogo de gato e rato com programas organizados pela Funai, Ibama e Forças Armadas Brasileiras. Foto: Valentina Ricardo/Greenpeace.
A maior parte do setor médio da bacia hidrográfica do Tapajós já foi domínio incontestável dos Munduruku, uma nação indígena que tem lutado para coexistir com os garimpeiros e proteger a integridade ecológica da região. Uma etnia relativamente numerosa, que agora reside principalmente em comunidades ribeirinhas em seus territórios legalmente constituídos (TI Munduruku, TI Sai Cinza e TI Sawré Muybu), todos adjacentes aos campos de ouro. Suas comunidades continuam sofrendo invasão territorial, principalmente ao longo do Rio das Tropas e do Rio Cabitutu. Em 2014, eles criaram o Movimento Ipereg Ayu , uma força de autoproteção, cuja primeira ação foi autodemarcar suas terras e organizar patrulhas para combater a mineração e a extração ilegal de madeira.
Leste do Pará
A mina de ouro mais famosa da Amazônia brasileira é Serra Pelada, no leste do Pará, local de uma corrida do ouro que começou em 1981 e terminou com o fechamento do maior garimpo do mundo escavado a mão a céu aberto em 1993. Em seu auge, em meados da década de 1980, a população de garimpeiros chegou a 80.000 homens e meninos, enquanto dezenas de milhares de mulheres e crianças viviam em assentamentos adjacentes. Hoje, Serra Pelada é cercada por fazendas e ranchos, mas em 1981 era uma fronteira florestal e, previsivelmente, um garimp o caótico e violento.
A corrida do ouro ocorreu no auge do governo militar, o qual enviou um oficial familiarizado com a região para administrar a mina, que logo se tornou famosa pela situação caótica e pelas condições de trabalho infernais. Sebastião Rodrigues de Moura, conhecido pelo apelido de Major Curió, impôs a ordem usando uma combinação de coerção, persuasão e bom senso. Os garimpeiros se organizaram na Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (COOMIGASP). A concessão foi originalmente detida por uma subsidiária da empresa estatal de mineração (Companhia Vale do Rio Doce – CVRD), que cedeu a propriedade à COOMIGASP em 1982, quando ficou óbvio que as condições sociais tornariam impossível o desenvolvimento de uma mina industrial.
Os campos de ouro do Tapajós têm sido dominados por garimpeiros desde a década de 1950, mas garimpeiros iniciantes documentaram a presença de vários depósitos de ouro em rocha dura que estão em diferentes estágios de desenvolvimento. A maior parte da atividade de mineração ocorre dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Crepori, uma área protegida de uso múltiplo. A mineração ilegal também ocorre dentro da FLONA Jamanxim e da reserva indígena Munduruku. Fontes de dados: RAISG (2022) e relatórios corporativos.
As chuvas tropicais acabaram superando a capacidade das bombas de manter a cava livre de água, enquanto seu projeto aleatório e os solos lateríticos não consolidados (saprólito) resultaram em vários deslizamentos de terra recorrentes que mataram dezenas de trabalhadores. A mina foi fechada em 1992, embora houvesse abundantes recursos de ouro que ainda não haviam sido totalmente explorados. A quantidade de ouro que foi extraído de Serra Pelada é estimada, de forma conservadora, em 42 toneladas, o que, na época, teria representado cerca de US$ 500 milhões. Presume-se que o valor real seja maior porque o banco encarregado de comprar a produção dos garimpeiros pagou apenas 75% do preço do mercado internacional.
A jazida de Serra Pelada é conhecida por se estender por vários milhares de metros abaixo da superfície e estima-se que contenha mais ~100 toneladas de ouro, além de platina (~35 toneladas) e paládio (~18 toneladas). A cooperativa de garimpeiros não possui capacidade técnica nem financeira para desenvolver o recurso. No entanto, em 2000, a COOMIGASP firmou uma joint venture com uma empresa canadense (Colossus Minerals) para instalar uma mina subterrânea em escala industrial. A iniciativa não foi bem-sucedida, devido à complexa dinâmica social que exigia que a empresa canadense entrasse em um empreendimento comercial com uma associação indisciplinada de garimpeiros.
A cooperativa, que agora conta com 45 mil associados, continua buscando parceiros e oportunidades para reabrir o poço escavado pela Colossus entre 2000 e 2014. Em janeiro de 2022, a COOMIGASP recebeu um compromisso do governo Bolsonaro para reativar a mina, uma decisão influenciada pelas lembranças da experiência de seu pai como garimpeiro na mina no início da década de 1980.
As jazidas de ouro do Tapajós têm atraído vários mineradores “juniores”, termo usado para designar pequenos geólogos e investidores empreendedores que descobrem e exploram jazidas, que geralmente são exploradas por meio de minas subterrâneas e tecnologia de lixiviação de cianeto. As jazidas São Chico (acima) e Palitos (abaixo) são exploradas pela Serabi Gold, do Canadá.
Serra Pelada foi apenas um dos vários garimpos que se beneficiaram dos programas federais na década de 1980; os subsídios diretos incluíam assistência técnica, serviços financeiros, transporte aéreo, assistência médica e alimentação. O garimpo de maior destaque patrocinado pelo governo federal foi o Projeto Cumaru, localizado em uma paisagem florestal remota em terras habitadas pela tribo Gorotire da nação Kayapó. A onda de migrantes oprimiu os Gorotire, cujos líderes originalmente buscavam um acordo com os garimpeiros em troca de uma parte das receitas e da delimitação de seu território. Os Kayapó logo se sentiram frustrados com a situação, pois sentiram os impactos em sua saúde bem como em seus meios de subsistência e perceberam que estavam sendo enganados em relação às receitas. A atividade de mineração diminuiu durante a década de 1990, pois o valor do ouro sofreu um declínio cíclico, mas os garimpeiros voltaram a se instalar na área depois de 2015 (Figura 5.24). Os Kayapó são firmes em sua oposição à mineração, mas não conseguiram proteger seu território, apesar da assistência do Ministério Público e da sociedade civil.
A imprensa popular enfatiza o conflito entre os povos indígenas e os garimpeiros, mas a retomada da expansão do garimpo também afetou negativamente as comunidades que residem em paisagens agrícolas. Dezenas de milhares de garimpeiros foram atraídos para o leste do Pará durante a década de 1980 e, embora alguns tenham se mudado para outros lugares, muitos se estabeleceram em assentamentos patrocinados pelo INCRA que caracterizam a região (consulte o Capítulo 4). Essa reserva demográfica de garimpeiros, ou de seus descendentes, surge quando o preço do ouro dispara. Alguns invadem áreas indígenas, mas outros reocupam os garimpos abandonados da década de 1980, que agora estão cercados por fazendas e ranchos. Imagens de satélite revelam que novos garimpos destruíram milhares de hectares de habitat ribeirinho e remanescentes de matas ciliares nos municípios de Xinguara, Rio Maria, Curionópolis e Eldorado dos Carajás.
Assim como no Tapajós, o sucesso dos garimpeiros atraiu o interesse das empresas, que sabem que o ouro aluvial é um indício de depósitos maiores contidos nos corpos mineralizados da Província Mineral de Carajás. A Vale operou uma mina de ouro industrial em Igarapé Bahia entre 1990 e 2000, que produziu cerca de 100 toneladas de ouro e cerca de US$ 1,6 bilhão em receita bruta. Atualmente, o interesse corporativo está concentrado no cobre e no níquel como os principais minerais-alvo; no entanto, esses depósitos minerais (IOCG) também produzem ouro. Em 2021, as minas de Sossego e Salobo produziram, respectivamente, duas e dez toneladas de ouro, representando cerca de 25% de suas receitas combinadas de US$ 2,5 bilhões.
“Uma tempestade perfeita na Amazônia” é um livro de Timothy Killeen que contém as opiniões e análises do autor. A segunda edição foi publicada pela editora britânica The White Horse em 2021, sob os termos de uma licença Creative Commons (licença CC BY 4.0).
*O conteúdo foi publicado originalmente pela Mongabay, escrito por Timothy J. Killeen e traduzido por Lisete Correa.
A seca antecipada do rio Madeira, além de colocar Porto Velho em emergência, tem dificultado a navegação e, consequentemente, o escoamento de produtos: o que pode aumentar o preço do combustível no estado, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros de Rondônia (Sindipetro).
Há quase dois meses, a Capitania Fluvial da Marinha do Brasil proibiu a navegação noturna no Madeira no trecho entre a capital rondoniense a Novo Aripuanã (AM), por prazo indeterminado. Além disso, a carga das embarcações precisam ser reduzidas pela metade durante o período de estiagem.
“As balsas estão vindo aliviadas, com menos carga, porque tem lugar que não passa mais devido aos bancos de areia e pedrais. Com a restrição noturna da Marinha, a navegação só pode acontecer de dia”, explica o presidente do Sindipetro, Eduardo Valente.
Atualmente, o transporte de combustível é realizado de forma fluvial pelo rio Madeira: a saída acontece das cidades de Itacoatiara ou Manaus (AM) e Porto Velho (RO). O trajeto, que dura, em média, de 7 a 8 dias de balsa, passa a ser de 18 a 20 dias devido á proibição de navegação noturna durante o período de estiagem.
Caso a seca dos rios se intensifique, a carga passará a ser enviada por outras alternativas, como rodovias: um trajeto de mais de 2.400 quilômetros (km), conforme informações do presidente.
Conforme o Sindipetro, essa mudança na logística deve aumentar o valor do combustível para os revendedores (postos de gasolina), devido aos custos mais elevados do transporte rodoviário.
“O aumento será no custo de frente para trazer o combustível. Porque o frete é alto e isso impactará no preço final que chega para o consumidor. Não vai faltar combustível, mas pode acontecer de ter restrições de venda e consequentemente, os postos podem aumentar o preço.”, explica Eduardo.
Foto: Edson Gabriel
Seca antecipada
Há menos de um ano da seca histórica que deixou milhares de ribeirinhos sem água e paralisou operações de uma das maiores hidrelétricas do Brasil, o rio Madeira entrou em “situação crítica” até 30 de novembro, de acordo com um decreto emitido pela Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA).
A escassez dos recursos hídricos foi reconhecida pela ANA por causa da redução na vazão dos rios e no nível de chuvas na região Norte, em relação à média histórica para o período do ano.
Especialistas acreditam que os meses de agosto e setembro poderão apresentar o ápice da estiagem em 2024. Desde o início de junho, o nível do Madeira tem diminuído na capital, segundo dados do Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Além disso, o Governo de Rondônia, revelou que o nível do Rio Madeira, em Porto Velho, poderá ficar abaixo da cota de emergência (1,70 metros), até o mês de agosto de 2024, quando a estiagem no estado se intensifica.
Com o avanço da seca, ribeirinhos relataram apreensão, e poços começaram a ser escavados em comunidades ribeirinhas.
A seca extrema que o Norte enfrenta desde outubro do ano passado, está relacionada a dois fatores que inibem a formação de nuvens e chuvas — comprometendo o nível do manancial.
Oceano Atlântico Norte mais aquecido que o normal, e mais quente que o Atlântico Sul.
Fenômeno El Niño, que causa atrasos no início da estação chuvosa e enfraquecimento das chuvas iniciais do período.