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Pesquisador mostra que segurança na posse da terra reduz desmatamento no Acre​

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Fragmento da floresta amazônica acreana. Foto: Reprodução/Agência Acre

Um estudo liderado pelo professor João Paulo Santos Mastrangelo, do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN), Ufac, concluiu que propriedades rurais com maior segurança na posse da terra reduz desmatamento e cumprem mais o Código Florestal no estado do Acre. O artigo foi publicado na revista científica internacional World Development e analisa o papel da governança fundiária na contenção do desmatamento na Amazônia brasileira.​

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A pesquisa utiliza uma base de dados inédita, com informações em nível de propriedade para 35.067 imóveis rurais privados registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Acre, que juntos somam cerca de 5,9 milhões de hectares, o equivalente a 36% do território estadual.

Os autores avaliam o desmatamento ocorrido entre 2009 e 2018, período que inclui tanto a fase de queda quanto a retomada recente das taxas de desmatamento na Amazônia.

O trabalho considera dois resultados principais:

  • a proporção da área desmatada em cada propriedade
  • e a probabilidade de cumprimento do Código Florestal, que em geral limita o desmatamento a 20% da área dos imóveis rurais na Amazônia, distinguindo ainda imóveis em situação fundiária regular de áreas ocupadas de forma irregular.​

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O estudo adota como indicador de segurança na posse da terra a ausência de sobreposição de polígonos no CAR, isto é, a inexistência de disputas aparentes por uma mesma área na base georreferenciada. Propriedades sem sobreposição de limites foram classificadas como tendo maior segurança fundiária, enquanto imóveis com áreas sobrepostas foram considerados em situação de insegurança.

Os resultados mostram que imóveis com segurança na posse apresentam uma proporção de área desmatada entre 1 e 2,6 pontos percentuais menor que propriedades semelhantes em situação de insegurança, dependendo da metodologia estatística utilizada.

Em termos relativos, isso significa que o desmatamento pode ser até cerca de um terço menor em áreas com segurança fundiária, quando comparadas a propriedades com sobreposição de reivindicações de terra.​

Além de reduzir o desmatamento, a segurança na posse da terra aumenta a probabilidade de os produtores rurais cumprirem os limites de desmatamento previstos no Código Florestal. Entre imóveis que não tinham ultrapassado 20% de desmate até 2008, propriedades com segurança fundiária apresentaram taxas de conformidade entre 5 e 11 pontos percentuais maiores do que aquelas sujeitas a sobreposição de área.

desmatamento localizado com drone no Acre foto do batalhao de policiamento ambiental do acre
Foto: Reprodução/Acervo Batalhão de Policiamento Ambiental do Acre

Ufac no combate do desmatamento

O estudo também analisa o comportamento de imóveis que já haviam desmatado mais de 20% antes de 2008 e foram anistiados pela mudança do Código Florestal em 2012, mostrando que, mesmo nesses casos, a segurança na posse está associada a maior probabilidade de não ampliar o desmatamento após o período de anistia.​

Para chegar aos resultados, os autores utilizaram diferentes estratégias econométricas, incluindo modelos com efeitos fixos por proprietário e métodos de ponderação por escore de propensão, capazes de controlar diferenças observáveis e não observáveis entre as propriedades analisadas. A convergência dos resultados entre os modelos reforça a evidência de que a segurança na posse da terra tem efeito causal relevante na redução do desmatamento.

O artigo argumenta que a simples emissão de títulos individuais não é suficiente para garantir conservação florestal se não vier acompanhada de uma governança fundiária eficaz, capaz de evitar sobreposições, grilagem e conflitos pela terra. Nessa perspectiva, o CAR se destaca como ferramenta central não apenas para monitoramento ambiental, mas também como indicador das falhas e avanços na governança de terras na Amazônia.​

Autores do artigo que reduz desmatamento. Foto: Divulgação / Ufac

A pesquisa destaca o Acre como caso importante no debate sobre desenvolvimento e conservação, lembrando tanto a trajetória histórica de resistência de movimentos sociais da floresta quanto o fato de o estado integrar uma nova fronteira recente de desmatamento na região amazônica.

Ao usar dados detalhados em escala de propriedade, o estudo contribui para qualificar o debate sobre políticas de regularização fundiária, combate à grilagem e fortalecimento das instituições de controle do desmatamento no Brasil.

O trabalho reforça a mensagem de que investir em segurança na posse da terra, com regras claras e instituições capazes de garanti-las, é componente essencial das estratégias de redução do desmatamento e de promoção do desenvolvimento sustentável na Amazônia.

*Com informações da Universidade Federal do Acre

Casas ecológicas serão erguidas com tijolos de caroços de açaí em ilha de Belém

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Ilha do Combu, cenário do novo modelo construção. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

O Governo do Pará, por meio da Companhia de Habitação (Cohab), vai construir casas ecológicas na região das ilhas de Belém, utilizando mais de 150 mil tijolos produzidos com caroços de açaí. A obra utilizará o benefício habitacional do Projeto ‘Sua Casa COP30 Sustentável’, para viabilizar a construção de 45 moradias sustentáveis, com recursos para compra de materiais de construção e pagamento da mão de obra.

Os tijolos ecológicos devem reduzir as emissões em torno de 28 toneladas de CO₂ na atmosfera. Parte das casas ecológicas serão construídas no modelo palafita, que se enquadra no conceito de habitação vernacular da Amazônia.

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Caroços de açaí, geralmente descartados na natureza, agora ganham destaque na construção de moradias ecológicas. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

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O economista Cassiano Figueiredo Ribeiro, um dos responsáveis pelo Projeto na Cohab, detalha que o ‘Sua Casa COP30 Sustentável’ leva em consideração a integração arquitetônica com o ‘Minha Casa, Minha Vida’ – programa do governo federal -, para se adequar ao padrão vernacular de construções ribeirinhas, as palafitas, mantendo as características do ‘Programa Sua Casa’.

Foi definida como solução mais adequada a Unidade Habitacional Sustentável (UHS), feita com tijolos ecológicos do tipo solo-cimento, sem queima. Nos tijolos é utilizada a tecnologia de adição de granulados com tratamento térmico, obtidos a partir do caroço do açaí.

“Levando em conta que a unidade integrada do ‘Minha Casa, Minha Vida’ já possui dois quartos, o projeto da Cohab tem 18 metros quadrados (m²), no formato de uma suíte, com uma pequena área de serviço e integração, sendo assim pensada como mais um cômodo para as famílias que serão beneficiadas, além de servirem para estimular o turismo de vivência ecológica e de base comunitária, aplicando o conceito moderno de habitação frente à adaptação climática, onde, para além da proteção, uma moradia digna deve estar ligada à garantia do sustento dos seus moradores, reforçando o tripé econômico da sustentabilidade ambiental, econômico e social”, informa Cassiano Figueiredo Ribeiro.

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Material garante isolamento térmico e acústico de casas ecológicas. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Suporte 

As famílias contempladas contam com a Assistência Técnica em Habitação de Interesse Social (Athis), assegurada pela Lei Federal nº 11.888/2008. O Programa garante suporte gratuito de arquitetos, engenheiros e assistentes sociais durante a construção e melhoria das moradias ecológicas. 

Para Adriele Mota, que nasceu na Ilha do Combu – um das 39 ilhas da capital paraense -, ter acesso à casa própria é realizar um sonho.

“Eu tenho um filho, e estou grávida de outro, que já nascerá na casa dele. Estou muito feliz e grata em ter minha casa”, diz Adriele.

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ecológicas
Tijolo sustentável com material típico da Amazônia. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

Identidade amazônica 

Engenheiro civil da Cohab, Sérgio Soares enfatiza que o “COP30 Sustentável” é mais do que um projeto de habitações ecológicas, “pois a gente traz para a região das ilhas um projeto com inovação tecnológica e identidade amazônica, utilizando tijolos com caroço de açaí, que fazem captura de dióxido de carbono”.

Ele acrescenta que o “projeto traz isolamento térmico, acústico e geração de renda. Enfim, é um projeto que traz inúmeras reduções de impactos ambientais, minimizando questões de assoreamento e alagamentos do solo, entre outros”.

O uso de tijolo ecológico permitirá redução de até 30% no tempo de construção em relação à alvenaria tradicional, além de oferecer conforto térmico, maior isolamento acústico e economia de até 40% nos materiais. O tijolo reduz consumo de água (90%), cimento (80%), ferro (50%) e elimina o uso de madeira, diminuindo resíduos sólidos e emissões de gases de efeito estufa.

Fabricação de tijolos usados na construção de casas ecológicas. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

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A construção terá ainda telhas ecológicas, que reforçam a sustentabilidade, oferecendo maior durabilidade e aproveitamento de materiais reciclados. Também serão instalados biodigestores para tratamento de resíduos orgânicos, gerando biogás e biofertilizante.

Inspiração na COP30

Para o diretor-presidente da Cohab, Manoel Pioneiro, a iniciativa de viabilizar a construção das 45 moradias sustentáveis surgiu pela necessidade de um reposicionamento da Companhia em 2025, quando completou 60 anos, em relação à crise climática, e também para atender à determinação do Governo do Pará de desenvolver projetos inspirados na COP30, que deixassem legado à população.

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Caroços de Açaí utilizados na construção de casas ecológicas. Foto: Pedro Guerreiro/Agência Pará

“O projeto tem parceria da Cooperativa Mista da Ilha do Combu (Coopmic) e da Central de Movimentos Populares (CMP), que estão executando um projeto habitacional na região das ilhas de Belém, inédito no Brasil, ao construírem as primeiras casas do ‘Programa Minha Casa, Minha Vida’, do governo federal, feitas de madeira e no padrão ribeirinho, possibilitando assim uma sinergia entre os dois projetos. O ‘Programa Sua Casa’ fornece ao beneficiário um cheque para aquisição de materiais de construção, além de um auxílio para o pagamento da mão de obra”, explica Manoel Pioneiro.

O ‘Sua Casa’ é uma política habitacional criada pelo governador Helder Barbalho em 2019, e já beneficiou mais de 156 mil famílias nas 12 regiões de Integração do Pará.

*Com informações da Agência Pará

Marinha e Ministério da Integração firmam protocolo para prevenir desastres no Amapá

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Protocolo busca unir forças da Marinha e do Ministério no enfrentamento de catástrofes climáticas. Foto: Mariana Ferreira/Rede Amazônica AP

A Marinha do Brasil e o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) assinaram, no dia 8 de dezembro, na sede da Marinha no Amapá, em Santana, um protocolo de intenções para reforçar a prevenção e resposta a desastres naturais em todo o país.

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O documento busca unir forças da Marinha e do Ministério no enfrentamento de catástrofes climáticas. A escolha do Amapá para a assinatura foi simbólica, como forma de destacar a proteção e o investimento na região amazônica.

Segundo o ministro Waldez Góes, o protocolo vai trazer mais rapidez nos atendimentos. A iniciativa surgiu após tragédias recentes, como a registrada no Rio Grande do Sul.

“Com o protocolo, basta uma requisição simples. Se o ministério precisar de homens, navios ou lanchas, a Marinha estará pronta para ajudar o governo do Brasil”, disse Góes.

O vice-almirante Adriano Marcelino Batista, comandante do 4º Distrito Naval, lembrou que o Brasil tem várias áreas vulneráveis, com rios e comunidades isoladas. Para ele, a cooperação é essencial.

“Os desastres naturais são um flagelo, e a melhor maneira que temos de atuar é prevenindo. Esses acordos buscam que o país tenha a capacidade de minimizar principalmente as mortes ou os flagelos causados pelos desastres naturais” afirmou o Vice-Almirante.

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Marinha e Ministério da Integração firmam protocolo para prevenir desastres no Amapá. Navio HMS Bulwark foi comprado da Marinha Real Britânica
Marinha do Brasil compra o navio HMS Bulwark, da Marinha Real Britânica. Foto: Divulgação/Marinha do Brasil

Além do protocolo

Como parte das ações na Amazônia, a Marinha comprou o navio HMS Bulwark, que será incorporado à frota em 2026 com o nome Navio-Doca Multipropósito Oiapoque.

A embarcação será o segundo maior navio da Esquadra e o principal para resposta a desastres naturais. Ele vai reforçar operações de defesa, apoio humanitário e proteção da Amazônia Azul — área marítima estratégica e rica em recursos naturais.

Com o protocolo, a ideia é que os custos do navio sejam divididos entre a Marinha e outros órgãos. De acordo com o comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, o navio ficará no Rio de Janeiro, mas sua primeira parada será no Amapá.

“Ele chega no meio do ano que vem e o primeiro porto será aqui. Queremos responder mais rápido e fortalecer a proteção da Amazônia”, disse Olsen.

Com a exploração de petróleo na costa do Amapá, a expectativa é que a presença da Marinha na região seja ampliada.

*Por Mariana Ferreira, da Rede Amazônica AP

Aneel determina conexão efetiva de Roraima ao Sistema Interligado Nacional de Energia

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Obras do Linhão de Tucuruí, em Boa Vista. Foto: Caíque Rodrigues/Rede Amazônica RR

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) determinou no dia 9 de dezembro a efetiva interligação de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN) a partir de 1º de janeiro de 2026.

Leia também: Roraima é incluído ao Sistema Interligado Nacional: ‘Não existe mais diferença’, afirma Lula

Isso significa que o estado começará a receber as instalações de transmissão e distribuição necessárias para a interligação plena dos sistemas. O estado era o único do país que estava isolado da rede nacional e dependia da energia gerada por usinas termelétricas.

Além disso, a Aneel determinou que os agentes geradores concluam a implantação e operacionalização dos Sistema de Medição para Faturamento (SFM), assim como a adesão, cadastramento e modelagem dos ativos na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), até, no máximo, 20 de junho de 2026.

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Aneel determina conexão efetiva de Roraima ao Sistema Interligado Nacional de Energia
Foto: Emily Costa/Rede Amazônica RR

A CCEE também deve contabilizar a energia que flui entre o Sistema Boa Vista e o SIN, considerando que a geração das usinas abaterá a carga da distribuidora, tanto a das termoelétricas como a geração das usinas cujas autorizações competem à Roraima Energia.

Na decisão, a Aneel também determinou que a Roraima Energia conclua a separação dos seus ativos até o dia 1º de julho de 2027.

Leia também: Entenda a diferença entre os tipos de fontes de energia na Amazônia

Conexão de Roraima ao sistema do país

Em setembro, o governo federal deu início do processo de energização da Linha de Transmissão Manaus – Boa Vista, conhecida como Linhão do Tucuruí. Após anos de impasse, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou uma ordem de serviço para o início das obras.

A linha de transmissão liga Manaus a Boa Vista e vai conectar Roraima ao SIN. A obra era pedida há anos pelo governo do estado, que sofre frequentemente com a falta de energia.

Durante mais de 18 anos a energia de Roraima foi fornecida pela Venezuela. No entanto, o país parou de enviar energia ao estado em março de 2019. Desde então, a energia elétrica consumida pelos 15 municípios do estado é fornecida pela Roraima Energia.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é o Linhão de Tucuruí?

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O parque térmico do estado é formado por 17 Centrais Geradoras Termelétrica (UTE) e uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH), que geram uma média diária de 200 megawatt. Ao todo, são quase 176 mil consumidores que dependem da empresa no estado.

A obra do Linhão de Tucuruí começou em 2022, quando os indígenas Waimiri Atroari aceitaram a proposta de compensação do governo federal, pois 122 km de torres passam pelo território indígena. Durante a construção, foram gerados cerca de 3 mil empregos diretos e indiretos, segundo o governo.

*Por Mariana Assis, da Rede Amazônica RR

Prêmio Delacir celebra escolas de Boa Vista que mais se destacaram em 2025

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Escola Raimundo Eloy Gomes conquista dois prêmios e recebe R$ 45 mil para investimentos. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV

A 13ª edição do Prêmio Gestão Escolar Profª Delacir de Melo Lima foi marcada por muita emoção. O evento, que ocorreu nesta última quarta-feira, 10, no Parque do Rio Branco, reuniu educadores, gestores e equipes pedagógicas em reconhecimento às 15 escolas que mais se destacaram em áreas como gestão, resultados pedagógicos e práticas inovadoras de ensino ao longo do ano.

A grande vencedora desta edição foi a Escola Municipal Raimundo Eloy Gomes, que conquistou dois primeiros lugares e recebeu R$ 45 mil, destinados exclusivamente a investimentos pedagógicos e administrativos. A unidade foi premiada na categoria Destaque Alfabetização, com R$ 20 mil, e na categoria Ensino Fundamental – Grande Porte, com R$ 25 mil.

“É a primeira vez que a escola conquista dois pódios no Prêmio Delacir. Estou muito feliz e honrada em representar uma comunidade escolar com mais de 1.200 alunos. Temos uma equipe empenhada em garantir educação de qualidade. Este ano, trabalhamos fortemente a conexão entre saberes, família, SAEB e alfabetização”, afirmou a gestora Edinar Castro.

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O Prêmio Delacir é considerado o “Oscar da Educação” em Boa Vista. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV

Escolas avaliadas por desempenho pedagógico e indicadores de gestão

Nesta edição, 80 escolas municipais participaram do prêmio, distribuídas nas categorias: Educação Infantil – Creche; Educação Infantil – Pré-Escola; Indígena e do Campo (até 300 alunos); Ensino Fundamental – Médio Porte (até 900 alunos) e Ensino Fundamental – Grande Porte (a partir de 901 alunos).

Já o Prêmio Destaque Alfabetização é voltado para turmas do 1º e 2º ano, com a participação de 19 unidades. Segundo o secretário municipal de Educação e Cultura, Lincoln Oliveira, foram levados em consideração um conjunto amplo de indicadores, como o dossiê com autoavaliação e visita técnica, relatórios pedagógicos das Macroáreas, além do relatório financeiro de aplicação dos recursos, entre outros itens.

“A educação municipal só tem a ganhar. Avaliamos tudo: o acompanhamento pedagógico das crianças, a aplicação dos recursos, o funcionamento da alimentação escolar. Cada critério contribui para melhorar o desempenho das unidades. E quem ganha, no fim, são nossas crianças”, destacou o secretário.

Leia também: Prêmio Meritocracia 2025 destaca dedicação de professores de Boa Vista

Secretário Lincoln Oliveira destaca que a avaliação do prêmio considerou dossiê, visita técnica e relatórios pedagógicos e financeiros. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV

Premiação aos Destaques de 2025

As premiações variam de R$ 25 mil a R$ 15 mil para investimentos pedagógicos e administrativos nas escolas, além de um repasse correspondente a um mês de remuneração para todos os servidores da unidade.

Na categoria Indígena e do Campo, a vencedora foi a Escola Leila Maria da Silveira. A gestora, Jocinaira Costa, que assumiu a unidade no ano passado, contou que esta foi sua primeira participação no prêmio.

“Toda a equipe se mobilizou para participar e hoje conquistamos esse resultado com muita honra. Focamos bastante na alfabetização e vamos seguir fortalecendo essa metodologia. A ideia é investir os recursos em novos projetos de aprendizagem”, afirmou.

Gestora Jocinaira Costa celebra com a equipe escolar sua primeira participação no prêmio. Foto: Jonathas Oliveira/PMBV

As premiações seguem o seguinte formato:

1º lugar: R$ 25 mil para a escola, além de R$ 5 mil para o gestor e uma viagem de intercâmbio nacional para ele e um coordenador, com foco em conhecer boas práticas educacionais;

2º lugar: R$ 20 mil para a escola e R$ 3 mil para o gestor;

3º lugar: R$ 15 mil para a unidade e R$ 2 mil para o gestor.

No Destaque Alfabetização, a escola recebe R$ 20 mil e o gestor, um coordenador pedagógico e um professor representante do 1º ou 2º ano são contemplados com uma viagem de intercâmbio e/ou Congresso na área de educação a um Estado da Federação.

Confira as escolas vencedoras da 13ª edição do Prêmio Delacir, por categoria:

I – Destaque Alfabetização – edição 2025

Escola Municipal Raimundo Eloy Gomes

II – Educação Infantil: Creche

1º Lugar – Núcleo Cidadão

2º Lugar – Núcleo Nova Cidade

3º Lugar – Núcleo Senador Hélio Campos

III – Educação Infantil: Pré-Escola

1º Lugar – E. M. Waldinete de Carvalho Chaves

2º Lugar – E. M. José Arnóbio da Silva

3º Lugar – E. M. Eunice Queiroz de Faria

IV – Indígena e do Campo

1º Lugar – E. M. do Campo Leila Maria da Silveira

2º Lugar – E. M. Indígena Vovô Jandico da Silva

3º Lugar – E. M. Indígena Clemente dos Santos

V – Ensino Fundamental Médio Porte (até 900 alunos)

1º Lugar – E.M. Maria Teresa Maciel da Silveira Melo

2º Lugar – E. M. Balduíno Wotrich

3º Lugar – E. M. Jael da Silva Barradas

VI – Ensino Fundamental Grande Porte (acima de 901 alunos)

1º Lugar – E. M. Raimundo Eloy Gomes

2º Lugar – E. M. Newton Tavares

3º Lugar – E. M. Juslany de Souza Flores

Licenças para garimpo com mercúrio não serão emitidas no Amazonas, diz Ipaam

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No garimpo, mercúrio geralmente é utilizado para separação do ouro. Área degradada pelo garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami. Foto: Divulgação/HAY

Licenças ambientais para atividades de garimpo que utilizem mercúrio não serão mais concedidas no Amazonas, segundo o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam). A decisão atende recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e tem como objetivo reduzir os riscos de contaminação de rios e comunidades da região.

De acordo com o MPF, três autorizações de mineração de ouro já foram suspensas de forma cautelar. Os responsáveis terão 30 dias para comprovar, com documentação técnica, que não usam mercúrio nos processos de beneficiamento. Caso contrário, as licenças podem ser anuladas.

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Uma norma específica deve ser publicada em até 30 dias para formalizar a proibição do uso da substância na mineração de ouro no estado. O texto vai exigir que empreendedores detalhem, desde o início, quais técnicas de beneficiamento serão aplicadas e comprovem que são ambientalmente seguras.

O que está previsto:

  • Nenhum novo pedido de licença será aceito se houver previsão de uso de mercúrio.
  • Licenças já concedidas poderão ser revistas e canceladas.
  • Só haverá exceções se houver autorização do Ibama.
garimpo ilegal
Mercúrio é usado em garimpos ilegais. Foto: Divulgação/Ipen

Amazonas e o garimpo

Segundo a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), o Amazonas está entre os principais pontos de entrada de mercúrio contrabandeado na América do Sul. O órgão apontou que o estado é atravessado por rotas clandestinas que ligam países vizinhos, como Peru e Colômbia, ao interior do Brasil, abastecendo garimpos ilegais com o metal pesado usado na extração de ouro.

A recomendação do MPF buscou garantir maior controle sobre atividades minerárias que utilizam mercúrio, devido aos graves riscos ambientais e à contaminação de rios e populações amazônicas.

O uso da substância no garimpo é considerado uma das principais fontes de poluição e representa ameaça direta à saúde pública, especialmente a comunidades ribeirinhas e indígenas.

*Por Lucas Macedo, da Rede Amazônica AM

Brasil e Colômbia assinam acordo para desenvolver projetos que ampliam conhecimento geológico

Foto: Igo Estrela/SGB

Os serviços geológicos do Brasil (SGB) e da Colômbia (SGC) assinaram, no dia 2 de dezembro, um ‘Acordo de Cooperação Técnica’ (ACT) com o objetivo de desenvolver ações para ampliar o conhecimento geológico e aprimorar as capacidades técnicas e científicas das instituições. A assinatura ocorreu na sede do SGB em Brasília (DF), com a participação do diretor-presidente interino do SGB, Valdir Silveira, e do diretor geral do SGC, Julio Fierro Morales.

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A parceria prevê intercâmbio de informações e de profissionais, além de pesquisas colaborativas em temas diversos, como mapeamento geológico, pesquisas minerais, geoconservação e patrimônio paleontológico, prevenção de desastres e fortalecimento de rotinas laboratoriais. Essa iniciativa não envolve a transferência de recursos financeiros.

“Esperamos avançar no conhecimento tanto naquelas áreas onde temos afinidade, quanto nas áreas de fronteira e nas pesquisas aplicadas em vários temas de interesse comum. Há uma janela de oportunidade para também avançar nas pesquisas laboratoriais em ambas as instituições. Portanto, é um momento ímpar e que vai trazer muitos frutos para nossos países”, reforçou o diretor-presidente interino do SGB, Valdir Silveira, durante a assinatura do ACT. Silveira também ocupa o cargo de diretor de Geologia e Recursos Minerais do SGB.

O diretor geral do Serviço Geológico Colombiano, Julio Fierro Morales, ressaltou que a parceria permitirá avançar em temas emergentes:

“Iremos trabalhar em linhas tradicionais de minerais, geotermia e riscos geológicos, mas também linhas mais novas que os serviços geológicos de todo o mundo estão trabalhando e que as geociências são fundamentais, como geologia oceânica e paleoclima. Com isso, nós pretendemos fortalecer nossos serviços geológicos em projetos de cooperação que nossos países estão realizando. Uma latinoamérica unida é um futuro melhor para os outros países”. 

Brasil e Colômbia acordo foto igor estrela sgb
Foto: Igor Estrela/SGB

Próximos passos do acordo

Após a assinatura do acordo, o diretor geral e a diretora de Recursos Minerais do SGC, Juanita Sierra Salamanca, visitaram as instalações do SGB. Na ocasião, conheceram o Laboratório de Microanálises da instituição. 

O próximo passo no âmbito do ACT será a elaboração de planos de trabalho, sendo o primeiro sobre ações conjuntas no Projeto Ouro Brasil do SGB – iniciativa que contribui para identificar a origem do ouro no país, permitindo a rastreabilidade e apoiando ações para combate à cadeia ilícita do minério.

Em setembro, as pesquisadoras Maisa Abram, chefe Departamento de Recursos Minerais (DEREM); e Stella Bijos, coordenadora do Projeto Ouro Brasil, participaram de missão técnica à Colômbia. Na ocasião, apresentaram ao Serviço Geológico Colombiano as ações e resultados do projeto.

Leia também: Atlas do SGB indica mais de 1,4 milhão de pessoas em áreas de risco na Amazônia Legal

Histórico

Os diálogos para formalizar um acordo iniciaram em abril de 2025, durante a 30ª Assembleia Geral da Associação de Serviços de Geologia e Mineração Ibero-americanos (ASGMI), realizada em Cusco, no Peru, com a participação do assessor de Assuntos Internacionais do SGB, Rafael Duarte.

Essa aproximação permitiu identificar os principais pontos de convergência e as propostas de trabalho em potencial entre o SGB e o SGC. 

*Com informações do SGB

Inteligência artificial é aplicada em estudo inédito sobre reprodução do pirarucu

Foto: Siglia Souza/Embrapa

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) está utilizando inteligência artificial (IA) de forma inédita para estudar o comportamento reprodutivo do pirarucu (Arapaima gigas). A pesquisa, desenvolvida em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), adapta técnicas já usadas na análise comportamental de roedores para a realidade da aquicultura. O objetivo é aumentar a previsibilidade da reprodução do maior peixe amazônico e abrir caminho para novas aplicações tecnológicas na criação.

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O uso de IA na piscicultura ainda é muito recente no Brasil. A maior parte das pesquisas em inteligência artificial está concentrada em áreas como saúde, agronegócio de grãos, pecuária e estudos biomédicos. 

“Aplicações em piscicultura, especialmente com espécies nativas como o pirarucu, representam uma nova fronteira”, destaca o professor da UFMG Cleiton Aguiar, parceiro do projeto.

Ele acrescenta que esse tipo de abordagem de rastreamento comportamental automatizado no País coloca o projeto em uma posição pioneira na integração de tecnologia de ponta com a produção aquícola.

Ao rastrear automaticamente os movimentos do pirarucu em gravações ininterruptas de vídeos, a IA possibilita mensurar comportamentos como deslocamento, tempo de atividade, interações e até detectar padrões relacionados ao estado de saúde ou ao ambiente de cultivo.

Em vez de depender apenas da observação humana, que é limitada e subjetiva, a inteligência artificial gera dados quantitativos, contínuos e padronizados, facilitando o acompanhamento da produção e a tomada de decisões no manejo.

Pirarucu
Pesquisador segurando um pirarucu. Foto: Cleiton Aguiar/Acervo pessoal

Leia também: Com manejo sustentável, pirarucu recupera estoque natural na região do Médio Solimões

No caso da pesquisa da Embrapa, 12 câmeras foram instaladas em 12 viveiros escavados, filmando durante o período de luz solar, das 6h às 18h. A cada subida do pirarucu – que é um peixe de respiração aérea – a IA detecta e faz uma marcação com um ponto na imagem do viveiro.

“A máquina conta quantas vezes o pirarucu sobe e faz uma planilha de Excel com dia, hora e as coordenadas do viveiro onde houve a aparição do peixe”, explica Lucas Torati, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (foto à direita). “Mas antes de chegar a esse ponto há um longo caminho de aprendizado de máquina”, complementa.

O projeto é financiado com recursos do consórcio de pesquisa internacional Aquavitae, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (FAPT) e de emenda parlamentar do senador do Tocantins, Eduardo Gomes.

Redes neurais profundas

O modelo adota treinamento de redes neurais profundas para que a máquina consiga identificar automaticamente a subida do pirarucu na superfície.

Primeiro, são marcados os quatro cantos do viveiro e onde o peixe aparece na superfície. Isso é feito para várias imagens e, na sequência, a rede é treinada para aprender o que é um pedaço do peixe e o que é um canto do viveiro.

“É como treinar um cérebro virtual, a partir de cerca de 200 quadros. Essa técnica de aprendizado de máquina, ou machine learning, faz com que ela consiga analisar os vídeos com base nos padrões ensinados, que são os viveiros e as partes do corpo dos peixes (cabeça, tronco e cauda)”, explica Torati.

Ele acrescenta que durante esse trabalho de aprendizado de máquina, deve-se levar em conta ias variações climáticas e de luminosidade dos viveiros para que a máquina consiga fazer a análise das imagens em todas as condições.

“Para isso, é necessário utilizar imagens com diferentes condições de incidência luminosa (manhã, sol do meio-dia e entardecer) e quadros em diferentes condições climáticas (sol nublado, chuva, céu aberto). É um treinamento longo e minucioso para que a máquina possa depois analisar vídeos em todas essas condições”, pontua o pesquisador.

Segundo o professor da UFMG, as redes neurais profundas (deep neural networks) são modelos computacionais inspirados no funcionamento do cérebro, compostos por várias camadas de processamento que permitem aprender representações complexas a partir de dados.

Foto: Reprodução/Embrapa

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“No contexto do projeto, essas redes são treinadas com vídeos do pirarucu: primeiro, um conjunto de imagens é anotado manualmente (marcando pontos de interesse no corpo do peixe) e, em seguida, a rede aprende a reconhecer automaticamente esses pontos em novos vídeos”, afirma o professor. Ele observa ainda que esse processo é feito com o auxílio do software open source DeepLabCut (DLC), uma ferramenta de aprendizado profundo amplamente utilizada para rastreamento de animais. “Assim, a rede vai ficando cada vez mais precisa em identificar e acompanhar o movimento dos peixes em diferentes condições”, reforça Aguiar.

No Laboratório de Neurociências Comportamental e Molecular (LANEC) da UFMG, a inteligência artificial é utilizada, principalmente, para análise de sinais neurofisiológicos e de comportamento em roedores. Nesse contexto, o DLC tem a função de rastrear movimentos dos ratos durante tarefas de aprendizagem. Os estudos contam com a colaboração da engenheira e doutoranda Natália Martínez, do Programa de Pós-Graduação em Neurociências da UFMG.

A mesma ferramenta está sendo usada para o monitoramento do pirarucu. A diferença principal está no objeto de estudo e na conjuntura: em roedores, o foco é compreender os mecanismos de formação de memória e aprendizagem utilizando ratos como modelos animais, enquanto na piscicultura a IA é empregada para monitorar padrões comportamentais dos animais na superfície da água que possam refletir de alguma forma o seu bem-estar, crescimento e comportamento reprodutivo, com impacto direto na produção e manejo sustentável.

Detecção precoce de alevinos

Na pesquisa da Embrapa, a ideia é mapear a formação do ninho formado pelo casal de pirarucus. Esse momento é crucial para os produtores, que preferem recolher os alevinos o mais cedo possível. “Após a implantação de hormônio nos peixes, eles se reproduzem e foram o ninho para que a fêmea possa depositar ovos, a serem fertilizados pelo macho”, esclarece Torati.

Na sequência, há um comportamento típico da espécie, que é o do cuidado parental, em que o macho e a fêmea ficam sempre no mesmo lugar. Outro sinal é que o casal não busca mais comida. Com a inteligência artificial será possível identificar o momento exato em que esse processo acontece, de forma precoce.

“Se fosse possível, a coleta de ovos recém-fertilizados, certamente, aumentaria a taxa de sobrevivência. Geralmente, os produtores têm uma perda de milhares de alevinos, pela demora em retirá-los do viveiro”, ressalta o pesquisador.

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Aplicações de IA na aquicultura

Foto: Cleiton Aguiar/Acervo pessoal

O uso de IA na aquicultura não se restringe a estudos de reprodução do pirarucu. Os resultados obtidos nessa pesquisa abrem portas para outros tipos de explorações científicas com a espécie, como, por exemplo, avaliar como fatores relacionados à temperatura da água e á quantidade de oxigênio e de amônia podem interferir na frequência de respiração do pirarucu.

Também será possível pesquisar qual é o período em que o pirarucu é mais ativo, o quão estressado o peixe fica após o manejo, durante a biometria; será possível pesquisar o reflexo de cada doença no comportamento do peixe, entre outras aplicações.

“A IA também permite monitorar a eficiência alimentar e o consumo de comida dos peixes, de forma automática, sem necessidade de contagem manual. Quem sabe, em um futuro próximo, consigamos calcular automaticamente a biomassa desses animais (saber o quanto engordaram) a partir da biometria por meio de fotos propiciada pela inteligência artificial. Isso minimizaria muito o estresse e todo o trabalho de manejo de um peixe que pode chegar a mais de 100 quilos”, projeta Torati.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Embrapa

Real Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, recebe proteção internacional da Unesco

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Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO). Foto: Reprodução/6º Batalhão de Infantaria de Selva

O Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO), ganhou no início deste mês o reconhecimento internacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O monumento histórico passou a ter Proteção Reforçada, um título raro que garante prioridade máxima em ações de preservação e destaca o Forte como um patrimônio de valor único para a humanidade.

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Com a alta classificação, o Forte passa a fazer parte de um conjunto de patrimônios mundiais reconhecidos pelo Direito Internacional Humanitário que merecem mais proteção.

Construído no século XVIII às margens do Rio Guaporé, o Real Forte Príncipe da Beira é considerado uma das maiores fortificações coloniais da América do Sul. Ele foi erguido pelos portugueses como parte da estratégia de defesa das fronteiras da Amazônia Ocidental. O local deveria ser usado para defender as terras já conquistadas por Portugal durante a disputa com a Espanha.

De acordo com o Exército Brasileiro, para conseguir esse reconhecimento da UNESCO, o Brasil teve que mostrar que o Forte tem importância histórica para o mundo, que existem leis garantindo sua preservação e que o espaço não é usado para fins militares.

Atualmente, considerado um sítio arqueológico, o Forte está sob responsabilidade do 6º Batalhão de Infantaria de Selva, que cuida da vigilância e conservação.

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Segundo o Exército Brasileiro, o reconhecimento da UNESCO reforça a importância do Forte Príncipe da Beira como parte da história do país. O monumento é visto como um testemunho da formação do território brasileiro e uma referência para entender a engenharia militar, a ocupação da Amazônia e os processos que ajudaram a construir o país.

Real Forte Príncipe da Beira

O forte tem uma dimensão de 970 metros e é considerado a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa, durante o período do Brasil Colonial. A construção fica distante aproximadamente 730 km da capital Porto Velho.

No Real Forte Príncipe da Beira foram construídos quatro baluartes de 59 metros de largura. Os baluartes foram chamados de “Nossa Senhora da Conceição, Santo Antônio, Santa Bárbara e Santo André Avelino”. Cada um tinha espaços para canhões, que com o passar do tempo foram furtados.

Parte do forte foi construído com pedras retiradas do rio Guaporé. Ele também continha um calabouço que adiante seria usado como celas para prender os chamados “degradados”.

Atualmente com mais de 230 anos de história, o monumento arquitetônico é diariamente visitado por turistas. Ele foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1950 e é de propriedade do Exército Brasileiro.

Real Forte Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO)
Foto: Reprodução/6º Batalhão de Infantaria de Selva

Lendas

Em 2022, A construção foi associada a uma suposta cidade perdida: Ratanabá, uma civilização secreta no coração da Amazônia. Segundo as postagens, que viralizaram no TikTok, no Twitter e no Instagram, a cidade seria “maior que a Grande São Paulo”, e era “a capital do mundo” e “esconde muita riqueza, como esculturas de ouro e tecnologias avançadas de nossos ancestrais”.

Porém essas informações são consideradas sem fundamento. De acordo com o arqueólogo Eduardo Goés Neves, professor do Centro de Estudos Ameríndios da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Arqueologia dos Trópicos do Museu de Arqueologia e Etnologia da mesma instituição, “tudo isso é um delírio”.

*Com informações da Rede Amazônica RO

Proteção do Escudo das Guianas avança com assinatura da Carta de Macapá, diz ICMBio

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O evento ‘Fortalecimento da Rede em Prol das Áreas Protegidas nos Países do Escudo das Guianas’ ocorreu em Macapá. Foto: Divulgação/ICMBio

O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) divulgou que, no fim de novembro, voltou a contribuir no tema do Escudo das Guianas, comprometendo-se e assinando a ‘Carta de Macapá‘, um protocolo de intenções para proteção da região e um plano de ação para os próximos passos da iniciativa. 

A assinatura foi resultado do evento ‘Fortalecimento da Rede em Prol das Áreas Protegidas nos Países do Escudo das Guianas’, que ocorreu em Macapá (AP), nos dias 24 e 25 de novembro. O convite partiu do Parc Amazonien de Guyane ao Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (AP) como fruto das ações da Carta de Intenções Brasil-França, assinada entre os parques nacionais em março de 2024 visando ações cooperativas entre as duas áreas protegidas. 

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Composta por participantes de Suriname, Guiana Francesa, Guiana e Brasil, a oficina estabeleceu os objetivos para a segunda fase do Projeto Renforesap, de abordagem transnacional entre os gestores de áreas protegidas da Guiana Francesa, do Suriname e da Guiana. A primeira fase aconteceu durante os anos de 2018 a 2021, mas o Brasil, embora convidado, não participou.  

O projeto envolve a gestão de áreas protegidas na região e em sua primeira etapa vinha sendo implementado pelo Parque Amazônico da Guiana Francesa (Guiana Francesa); pela Comissão de Áreas Protegidas (Guiana); pelo Ministério do Planejamento, Ordenamento Fundiário e Florestal (Suriname); e pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (Suriname). A nova fase incluirá o Brasil por meio da participação do ICMBio e de outras instituições nacionais. 

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Sobre o Escudo das Guianas

Localizado ao longo da costa norte da América do Sul, o Escudo é uma formação geológica de aproximadamente 1,7 bilhão de anos. Com 270 milhões de hectares, a região engloba a Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela e partes da Colômbia e do Brasil, incluindo os estados brasileiros de Roraima, Amapá, Pará e Amazonas. Em sua totalidade, o Escudo corresponde a 40% da área do bioma amazônico. 

As ações específicas para se alcançar estes objetivos são a organização de oficinas regionais reunindo os gestores das áreas protegidas e a produção de encontros temáticos participativos, que buscam delinear uma visão geral acerca da melhor forma de se apoiar o desenvolvimento local em áreas isoladas em termos de desenvolvimento do ecoturismo. Adicionalmente, busca-se fomentar a ciência participativa para o manejo sustentável dos recursos naturais no ambiente amazônico, desenvolver estratégias de controle contra as ameaças de mineração ilegal de ouro e promover a transmissão do conhecimento tradicional e do patrimônio cultural. 

“O Escudo das Guianas é umas das regiões mais preservadas da Amazônia e de efetiva contribuição para o controle climático do planeta, mas sua sociobiodiversidade, ainda pouco estudada, vem sofrendo pressões de atividades econômicas degradantes. Então, essa iniciativa é, sem dúvida, um passo importante para que os governos dos países que compõem o território pensem, planejem e executem ações integradas para proteção das paisagens e povos que habitam a região”, destacou Carla Lessa, gerente regional do Norte pelo ICMBio (GR1) 

Além da participação da gerente regional, o ICMBio esteve também representado pelos coordenadores territoriais de Belém e Manaus, Willian Fernandes e Wilzer Cristiane Gonçalves, pelo coordenador geral de Proteção (CGPRO/DIMAN), Ricardo Brochardo, e pela chefe do Núcleo de Gestão Integrada (NGI) Amapá Central, Fernanda Brandão. O NGI inclui o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.

Participaram também integrantes da Secretaria de Meio Ambiente do Amapá e instituições civis como a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o Instituto Panthera.Servidores do ICMBio que compuseram o evento.

*Com informações do ICMBio