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Pesquisadores do Inpa alertam sobre risco de colapso climático na Amazônia

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Pesquisadores do Inpa participam da COP30. Foto: Lucciano Lima/Ascom Inpa

A crise climática no planeta deixou de ser uma projeção distante para se tornar realidade. Na 30ª Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP30), que acontece em Belém (PA) até o dia 21 de novembro, pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) fazem um alerta sobre os riscos de colapso climático na Amazônia

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A ameaça que paira sobre a Amazônia cresce com o desmatamento desenfreado, a pressão sobre outros biomas e o aumento contínuo da temperatura global. Os fatores aceleram processos que já alteram os ciclos naturais, intensificam eventos extremos de cheias e secas e ampliam os riscos associados ao aquecimento do planeta. 

Um dos ganhadores do Prêmio Nobel da Paz de 2007, o pesquisador do Inpa, Philip Fearnside, reforçou que o clima global caminha para cenários preocupantes, capazes de desencadear um colapso ambiental irreversível.

“Estamos chegando a pontos de não-retorno tanto na Floresta Amazônica quanto no clima global. Caso a floresta entre em colapso, ela irá emitir tantos gases de efeito estufa que o clima planetário escaparia do controle humano, e ficaria cada vez mais quente e com mais incêndios”, alertou. 

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Fearnside explica que nesse cenário mesmo se zerar todas nossas emissões propositais, como queima de combustível fóssil e desmatamento, ainda assim seria irreversível.

“Essa seria uma catástrofe para o Brasil, porque, primeiro, iríamos perder o resto da Floresta Amazônica. Também, a função de reciclar água que mantém uma boa parte da agricultura, além de desequilibrar a biodiversidade, a produção de alimentos, entre outros fatores”, explicou o pesquisador.

Pesquisadores do Inpa alertam sobre risco de colapso climático na Amazônia
Fearnside durante participação no CIC 2024. Crédito: Fábio Mazzitelli/Arquivo/Jornal da Unesp

De acordo com Fearnside, com as altas temperaturas haverá uma sucessão de perdas. “Entre os problemas, a mortalidade em massa, porque nosso corpo tem 37 graus de temperatura. Dá para aguentar mais um pouco com a função do suor, mas é muito limitado e com ondas de calor acima dos 50 graus, as pessoas simplesmente morrem, igual aos botos que morreram no lago Tefé (AM) em 2023 e 2024’’, afirmou o pesquisador do Inpa durante o painel ‘Ciência planetária e a Crise Ambiental’, na programação da Free Zone Cultural Action.

Na moderação do painel, o pesquisador do Inpa, Adalberto Val, ressaltou a urgência de uma articulação global diante dos impactos já observados na Amazônia. “É necessária uma coalizão mundial para contornarmos os impactos que as mudanças climáticas têm trazido, não apenas ao meio ambiente e aos rios da Amazônia, mas também à sociedade de maneira geral, no que se refere à segurança alimentar, saúde e transporte. A ciência, no passado, anteviu essas mudanças e, agora, oferece caminhos para mitigação”, afirmou.

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Caminhos de futuro: ciência crítica e saberes tradicionais

Nesse cenário, alternativas e possíveis soluções voltam a apontar para uma estratégia que, embora pareça óbvia, segue historicamente negligenciada: o conhecimento tradicional. Sua força ressurge como um acalanto seguro na defesa da preservação e da restauração do equilíbrio climático, ecoando entre sociedade civil, movimentos sociais, associações e cooperativas presentes na COP 30.

De acordo com o ativista amazônico e coordenador de juventude do Conselho Nacional dos Seringueiros e Populações Extrativistas do Pará (CNS/PA), Matheus Azevedo, esse pano de fundo, ganha espaço para uma leitura mais integrada e pragmática sobre o enfrentamento da crise e defende que as respostas devem sair da articulação entre diferentes campos de saber.

“Estamos nesse alinhamento ininterrupto do conhecimento tradicional, do conhecimento científico e da luta dos movimentos sociais para podermos debater com um pé no território e outro na academia, construindo caminhos e soluções possíveis a partir de quem vive e sofre os efeitos da crise climática”, afirmou Azevedo.

Segundo Azevedo, essa integração também revela assimetrias históricas, com impactos desiguais e recaindo com mais força sobre quem vive em espaços de vulnerabilidade.

“Não somos populações vulneráveis, nós somos vulnerabilizados por um sistema que insiste em dizer que nosso modo de vida não é correto. Nossas comunidades estão há séculos vivendo em harmonia com a natureza, vivendo com as florestas, mantendo seus modos de vida e produzindo resiliência dentro dos territórios, aprendendo a se adaptar com os efeitos da mudança do clima, apesar das dificuldades contínuas com a progressão da crise climática, mas, a partir também desse saber empírico desse cotidiano, estão aprendendo a resistir”, completou conselheiro do CDESS, durante a mesa redonda que reuniu a Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia, no Museu das Amazônias (MAZ), no complexo do Porto Futuro II.

O futuro climático exige união de saberes, segundo pesquisadores do Inpa

A convergência entre ciência e saberes tradicionais também foi destacada pela pesquisadora do Inpa e secretária nacional de Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Rita Mesquita. A restauração dos ecossistemas e o enfrentamento da crise climática, segundo a especialista, dependem diretamente dessa integração. 

O pesquisador Adalberto Val e a secretária do MMA, Rita Mesquita. Foto: Lucciano Lima/Ascom Inpa

“O conhecimento tradicional associado aos biomas brasileiros, com as espécies desses biomas, é fundamental para avançar na agenda da restauração. Mas a mudança do clima está impondo desafios a todas as formas de conhecimento, inclusive ao tradicional, que nasce da observação dos processos naturais”, afirmou.

Segundo Mesquita, o caminho mais promissor está na combinação das duas perspectivas. “A melhor solução será a associação do conhecimento científico ao tradicional, agregando informações sobre como diferentes espécies respondem às mudanças climáticas. Só assim será possível encontrar as melhores combinações para uma restauração eficiente”, ressaltou.

*Com informações do INPA

Gente do Norte Empresas: saiba quem é Edevaldo Xavier

Edevaldo Xavier. Foto: Reprodução / Amazon Sat

Nascido em Mato Grosso do Sul, na cidade de Eldorado, Edevaldo Xavier é filho de camponeses e estudou em uma escola rural. Iniciou sua jornada profissional aos 16 anos, como vendedor de tecidos. Dos seus 69 anos, 43 foram vividos na Amazônia.

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Edevaldo escolheu o Amapá para construir sua família e desenvolver sua trajetória profissional. Em 1988, ingressou no quadro societário da Center Kennedy, por meio de um convite do seu sogro, e deu início a uma história marcada por determinação, empreendedorismo e compromisso, enfrentando de perto os desafios do mercado e a concorrência local.

Para ele, depois de tanto tempo na região, é categórico entender: quem mora na Amazônia, precisa cuidar dela.

“Você que mora na Amazônia, procure preservar. Não jogue nada nos rios, nos canais, porque a natureza devolve tudo para você”, disse o CEO da Center Kennedy. 

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Gente do Norte Empresas: saiba quem é Edevaldo Xavier
Foto: Reprodução/Amazon Sat

Com o advento da Área de Livre Comércio de Macapá e Santana (ALCMS), a cidade passou por um crescimento acentuado, tanto populacional quanto econômico. Novos clientes surgiram e a empresa acompanhou esse movimento com investimentos contínuos em estrutura física, tecnologia e qualificação humana. 

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Assim, Edevaldo Xavier consolidou-se cada vez mais como um empresário de destaque no mercado amapaense. A Center Kennedy oferece produtos de uso pessoal, objetos de casa e de comunicação. Além disso, oferece serviços de seguro de celulares e empréstimos. 

O  empresário é um dos convidados do programa Gente do Norte – Empresas, no Amazon Sat:

Pesquisa do Museu Goeldi sobre poder da ‘aninga’ é baseada na vivência de ribeirinhos

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Aninga (Montrichardia linifera). Foto: Divulgação

Um exemplo da união dos conhecimentos científicos e tradicionais está se revelando uma solução eficaz para a saúde pública na Amazônia. A pesquisa que aponta para a produção de vela repelente e de xampu inseticida à base de um princípio ativo da Montrichardia linifera, uma planta aquática típica da Amazônia, popularmente conhecida como ‘aninga’, foi destaque no painel “Bioeconomia amazônica potencializada pela ciência”, promovido pela Rede Bioamazônia no dia 13 de novembro.

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O coordenador do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (NIT/MPEG), Amílcar Mendes, informou que a tecnologia social de autoria de pesquisadores do centro de pesquisa mais antigo da região tem por base o conhecimento tradicional de ribeirinhos.

Pesquisa do Museu Goeldi sobre poder da ‘aninga’
Pesquisa do Museu Goeldi sobre poder da ‘aninga’ é baseada na vivência de ribeirinhos. Foto: Adrya Marinho

“O ponto de partida para o desenvolvimento dessa solução tecnológica (repelente e inseticida) foi o conhecimento tradicional que os ribeirinhos detinham sobre o poder repelente da planta. Onde essa planta existia, não havia concentração de mosquitos. Isso chamou atenção de uma de nossas pesquisadoras, Cristine Bastos do Amarante, que desenvolveu estudos sobre o motivo dessa planta ter esta propriedade de repelir mosquitos”, disse, acrescentando que foi pedida a patente da substância. 

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Amílcar lembra que um dos grandes desafios da saúde pública na Amazônia é a malária, tornando muito apropriada a observação de um bioativo aplicado como inseticida.

Davi Kopenawa participou do evento. Foto: Adrya Marinho

Outras vantagens são apontadas por Amílcar:

“Estamos falando de uma planta que tem insumo muito fácil de ser encontrado na natureza. É uma planta aquática originária da Amazônia, o manejo dessa planta não vai trazer grandes pressões ao ecossistema e tem a possibilidade de uma cadeia produtiva ser construída, levando em consideração o papel das comunidades tradicionais, que detém o conhecimento”. 

Ademais, segundo os pesquisadores, são produtos com o prestígio da Amazônia, agrega, e são produtos livres de componentes químicos sintéticos na sua formulação, um diferencial comparado a repelentes tradicionais no mercado.

Modelos distintos

O pesquisador assegura que, em relação ao xampu inseticida, duas empresas já se mostraram interessadas na transferência da tecnologia. “A primeira pergunta que fizeram foi: estão protegidas? A patente dá uma segurança jurídica para quem vai investir nessa transferência”.

Pesquisa do Museu Goeldi sobre poder da ‘aninga’ é baseada na vivência de ribeirinhos. Foto: Adrya Marinho

Amílcar pondera que, enquanto se pensa em uma escala industrial para o xampu, há uma perspectiva de se apostar no potencial social da vela repelente, estabelecendo cadeias produtivas em comunidades da região.

“Uma cadeia estabelecida nesses moldes garante a facilidade do insumo, a rastreabilidade dos produtos decorrentes desses bioativos e a segurança do pagamento justo e inclusivo para as comunidades tradicionais”, justifica.

Reconhecimento

Luz Marina Mantilla Cárdenas, diretora do Instituto Sinchi (Colômbia) e presidenta da Rede Bioamazônia assegura que as instituições que conformam a frente transnacional, como o Museu Goeldi, “têm gerado conhecimento que evidencia o valor estratégico dos recursos biológicos e, paralelamente, têm impulsionado o desenvolvimento de soluções tecnológicas inovadoras para articular algo chave: os saberes tradicionais com os avanços científicos”.

O painel contou com a participação de Carmen Rosa García Dávila, presidente executiva do Instituto Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP); de Juliana Cardona, pesquisadora do Instituto Sinchi (Colômbia), que também discorreram sobre o tema. Como convidada especial, Yorgana Yajure Prado, pesquisadora de Inovação de Produtos na Natura Cosméticos.

*Com informação do Museu Paraense Emílio Goeldi

Floresta como reguladora do clima: as análises científicas em Carajás que indicam caminhos para a Amazônia

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Floresta na Bacia Itacaiúnas. Foto: João Marcos Rosa

“O calor aumentou, as chuvas estão mais dispersas, o inverno não é mais o mesmo”, relata o apicultor e técnico agrícola Hernanes Martins, morador de Canaã dos Carajás (PA), um dos oito municípios que integram a bacia do rio Itacaiúnas.

A percepção do morador foi comprovada por cientistas do Instituto Tecnológico Vale (ITV) em pesquisas em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). Os estudos envolveram modelagem climática regional e simulação de substituição da floresta por pastagem

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As análises levaram em conta dados a partir da década de 60 e confirmam: a região ficou mais quente e seca e a floresta tem papel essencial para a regulação climática. Se a bacia do rio Itacaiúnas é considerada um microcosmo da Amazônia, a partir dali também é possível encontrar soluções para toda a floresta. Entre as alternativas apontadas estão os corredores ecológicos e as agroflorestas. 

Dados

Em 36 anos, a região, que inclui o Mosaico de Carajás – área com cerca de 12 mil km² formada por seis unidades de conservação federais –, perdeu quase metade da vegetação nativa, o que contribuiu para elevar as temperaturas médias em até 0,6°C na parte leste da bacia e em algumas áreas a oeste, segundo o estudo Mudanças climáticas: a base meteorológica e cenários para Carajás

Floresta na Bacia Itacaiúnas.
Mapa Bacia Itacaiúnas. Imagem: Reprodução Mata N’Ativa

“O futuro é incerto, mas, se continuar como está, provavelmente os impactos que já sentimos serão intensificados”, aponta Cláudia Wanzeler, doutora em clima e ambiente pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e pesquisadora do ITV em tecnologia ambiental e coautora da pesquisa.

Restauração como eixo de resiliência

Contudo, são as áreas estratégicas preservadas do Mosaico de Carajás que revelam caminhos para conter os impactos. Modelos climáticos do ITV do estudo Regulação do clima local mostram que, sem o Mosaico de Carajás e suas áreas protegidas, a temperatura local seria pelo menos 0,3°C mais alta.

Ou seja, as florestas funcionam como reguladores naturais: interceptam chuvas, protegem o solo e devolvem vapor d’água à atmosfera por meio da evapotranspiração, cerca de 15 km³ de água por ano, o equivalente a quase toda a vazão do rio Itacaiúnas, de acordo com o estudo O papel da floresta na proteção dos recursos hídricos.

A partir desses dados, os pesquisadores propõem a criação de corredores ecológicos conectando fragmentos florestais degradados às grandes reservas de floresta primária. Esses corredores favorecem o fluxo gênico da fauna e flora, reduzem o isolamento das espécies e melhoram o equilíbrio hídrico da região.

“Quanto mais próxima uma área desmatada estiver de uma floresta nativa, maior é o seu potencial de regeneração. É por aí que a recuperação deve começar”, explica Rosane Cavalcante, pesquisadora do ITV.

Leia também: Desmatamento na Amazônia ameaça igarapés e segurança hídrica

Agrofloresta: o campo como aliado

Além dos corredores, os experimentos com sistemas agroflorestais (SAFs) também são sugeridos como alternativa para áreas já degradadas. A iniciativa combina espécies agrícolas e nativas em um mesmo espaço, permitindo que a produção rural caminhe junto com a recomposição florestal.

SAFs Bacia Itacaiúnas. Foto: João Marcos Rosa

Hernanes Martins participou dos experimentos conduzidos pelo ITV com a implantação de unidades agroflorestais na região. Em quatro anos, as áreas passaram a abrigar bananeiras, mamoeiros e espécies nativas amazônicas, restaurando o solo, gerando renda e protegendo nascentes.

“Diante da briga contra o desmatamento e as mudanças do clima, o SAF é a melhor alternativa para fazer frente ao monocultivo, já que restaura a floresta e as matas ciliares, gera empregos e renda, tudo isso em uma pequena unidade”, defende o apicultor.

Foto: divulgação

De acordo com Paulo Pontes, pesquisador em recursos hídricos no ITV, as simulações mostram que, sem restauração, o oeste da bacia, onde predominam as áreas protegidas, tende a sofrer a maior redução de disponibilidade hídrica nas próximas décadas.

“Reflorestar não é apenas recuperar o verde. É garantir água, temperatura estável e segurança ambiental para toda a região”, destaca o pesquisador.

Por que contar esta história é importante

A Bacia do Rio Itacaiúnas, no sudeste do Pará, é um retrato da Amazônia em transformação: intensa pressão econômica, perda de cobertura vegetal e, ao mesmo tempo, oportunidades concretas de regeneração. Divulgar evidências científicas sobre restauração e agrofloresta é mostrar que a recuperação do bioma amazônico depende de planejamento, ciência aplicada e protagonismo local.

*Com informação da Mata N’Ativa

Cacique Raoni: honrarias e homenagens que já foram cedidas ao líder indígena

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Raoni Metuktire em discurso no Senado em 2019. Foto: Reprodução/Arquivo/Agência Senado

Raoni Metuktire é uma das lideranças indígenas mais respeitadas do Brasil. Reconhecido internacionalmente por sua luta em defesa dos povos originários e da floresta amazônica, o líder Kayapó se tornou um símbolo da resistência e da preservação ambiental.

Sua trajetória, marcada por décadas de ativismo, já foi homenageada com títulos como o de Grão-Mestre da Ordem Nacional do Mérito, a mais alta honraria concedida pelo Estado brasileiro, entregue em abril deste ano.

Leia também: Portal Amazônia responde: quem é o Cacique Raoni?

O cacique ganhou notoriedade a partir da década de 1970, quando começou a chamar atenção do mundo para os impactos da exploração na Amazônia e para a importância da demarcação das terras indígenas. Sua voz atravessou fronteiras e o transformou em uma figura central na luta pelos direitos dos povos tradicionais.

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Raoni e o cenário internacional

Nascido na aldeia Kapôt, localizada na Terra Indígena Capoto-Jarina, no Mato Grosso, Raoni aprendeu português ainda jovem e logo compreendeu os desafios gerados pelo contato com os não indígenas. Desde então, passou a dialogar com lideranças políticas, organizações internacionais e personalidades globais em defesa da preservação da floresta e da cultura indígena.

O reconhecimento de sua trajetória culminou em homenagens e condecorações como o título de Grão-Mestre da Ordem Nacional do Mérito, que simboliza o reconhecimento do Estado brasileiro à sua dedicação em prol da Amazônia e dos povos que nela vivem.

O nome de Raoni se projetou internacionalmente em 1989, quando o líder indígena realizou uma turnê mundial ao lado do músico britânico Sting, ex-baixista da banda The Police. O objetivo era alertar a comunidade global sobre o desmatamento e a invasão de terras indígenas. Durante a campanha, ele visitou 17 países e discursou em conferências sobre o futuro da floresta amazônica, conquistando apoio de ambientalistas e governos estrangeiros.

Anos antes, em 1977, um documentário sobre sua vida foi exibido no Festival de Cannes, na França, apresentando sua história e sua luta pela preservação da floresta. A partir desse momento, Raoni passou a ser reconhecido como uma das principais vozes indígenas do planeta.

Em 2012, foi recebido no Palácio do Eliseu, na França, pelo então presidente François Hollande. Durante o encontro, o cacique reforçou o apelo pela conservação da Amazônia e destacou a importância de políticas públicas voltadas à proteção dos povos da floresta.

Em 2020, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) concedeu-lhe o título de Doutor Honoris Causa, em reconhecimento ao seu trabalho pela humanidade. O título reforçou sua relevância como defensor da natureza e das culturas indígenas brasileiras.

Legado e encontros históricos

Raoni Metuktire teve papel fundamental na Constituição de 1988, que garantiu os direitos dos povos indígenas na Constituição Federal. Ele articulou com parlamentares e autoridades para incluir dispositivos que reconhecessem as terras tradicionalmente ocupadas, consolidando um marco histórico para as comunidades originárias.

Mas sua atuação seguiu em crescente com o decorrer do tempo e, nos últimos anos, o cacique também foi protagonista de importantes encontros. Em 2023, acompanhou o presidente Lula na cerimônia de posse em Brasília, simbolizando a representatividade dos povos indígenas na política nacional. No ano seguinte, entregou pessoalmente uma carta ao Papa Francisco, no Vaticano, alertando sobre as mudanças climáticas e os impactos ambientais que ameaçam a Amazônia.

Foto: Reprodução/Vatican News

Além disso, Raoni criou o evento anual “Em Defesa da Terra”, que reúne centenas de indígenas de diversas etnias, líderes políticos e especialistas para discutir temas como demarcação de terras, proteção ambiental e sustentabilidade.

Outro momento de destaque foi o “Chamado do Raoni”, realizado na aldeia Piaraçu, em São José do Xingu, Mato Grosso. O encontro reuniu mais de 800 lideranças indígenas, representando mais de 90 idiomas diferentes, com tradução simultânea para garantir a participação de todos os povos. O evento se tornou um símbolo de união e resistência cultural.

Saiba mais: Chamado do Raoni resulta em estudo de demarcação de terra indígena e carta de compromisso pela preservação ambiental

Um símbolo da luta indígena

A trajetória de Raoni é marcada por encontros históricos e reconhecimentos simbólicos. Em 2025, recebeu a visita da atriz norte-americana Angelina Jolie, que foi até a aldeia Piaraçu para conhecer de perto o trabalho do líder e discutir temas ligados à preservação da Amazônia.

Seu nome também inspirou mensagens de líderes mundiais, como o rei Charles III, que enviou uma carta destacando as “conquistas memoráveis” do cacique.

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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Ao longo de mais de sete décadas de atuação, Raoni Metuktire consolidou-se como um dos maiores defensores do meio ambiente e da causa indígena. Sua luta ultrapassou fronteiras e se transformou em um legado de consciência e respeito pela Terra.

Como um líder indígena referência, Raoni também participa da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA), e lembra que vem chamando atenção do mundo há décadas para a destruição do meio ambiente, das florestas e dos modos de vida de povos originários e ancestrais.

Leia também: Ao encerrar Cúpula dos Povos na COP30, Cacique Raoni pede que luta continue

E assim o líder Kayapó segue participando de eventos e articulando encontros entre povos e governos. Sua presença é símbolo de resistência e inspiração para novas gerações que continuam a lutar pela preservação da Amazônia e pela dignidade dos povos originários.

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Duas novas espécies de carrapatos encontradas no Acre são preocupantes?

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Novas espécies de carrapatos foram encontradas parasitando em animais. Foto: Simone Tojal

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Acre (Ufac) revelou a presença de novas espécies de carrapatos na região da Amazônia Ocidental brasileira. A pesquisa, publicada em setembro deste ano, apontou a identificação inédita no Brasil das espécies Amblyomma crassum, até então registrada apenas na Colômbia, e da Haemaphysalis juxtakochi em território acreano.

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Motivo de preocupação? Para Simone Delgado Tojal, uma das autoras da pesquisa, juntamente com Dionatas Ulises de Oliveira Meneguetti, os achados não representam, por ora, algum tipo de ameaça à saúde pública, mas são fundamentais para a catalogação das novas espécies no país.

“As espécies de carrapatos citadas são Amblyomma crassum e Haemphysalis juxtakochi. Para o Brasil, é a confirmação da presença da espécie Amblyomma crassum., Essa espécie, antes, só havia confirmação, com base em biologia molecular, na Colômbia. Para o estado do Acre, ambas são confirmadas pela primeira vez. Esses achados são importantes para o conhecimento da fauna silvestre desses artrópodes”, afirma Tojal.

As novas espécies registradas, segundo a pesquisadora, foram encontradas no estudo realizado entre 2018 e 2022. O levantamento envolveu a coleta de carrapatos tanto no ambiente quanto em hospedeiros como anfíbios, répteis, aves e mamíferos em diferentes municípios acreanos.

Leia também: Os desafios da expedição em busca de novas espécies de carrapato pela Amazônia

Carrapato da espécie Amblyomma crassum foi encontrado em mucura, durante trabalho de coleta de carrapatos.
Mucura em trabalho de coleta de carrapatos, onde foi encontrada a nova espécie Amblyomma crassum parasitando no animal. Foto: Simone Tojal

“O que se conhece sobre Amblyomma crassum, é que é um carrapato de jabutis, mas encontramos a espécie neste lado ocidental da Amazônia brasileira parasitando o sapo-cururu e a mucura. Já a espécie Haemphysalis juxtakochi é mais conhecida no território brasileiro e tem preferência por se alimentar de mamíferos da família Cervidae (veados)”, explicou a pesquisadora.

Carrapatos: transmissores de doenças

Simone defende que os estudos sobre as espécies de carrapatos são fundamentais para o controle e prevenção de doenças, já que eles, depois dos mosquitos, são considerados grandes proliferadores de patologias como febre maculosa, erliquiose, babesiose, entre outras, tanto para animais quanto para humanos.

“Os carrapatos são conhecidos globalmente como vetores de vários agentes causadores de doenças. As pesquisas envolvendo esses ectoparasitas são fundamentais para a saúde pública, pois buscam conhecer se há circulação de microrganismos patogênicos como a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa brasileira, uma infecção de alta letalidade para a população humana”, frisa a autora.

O estudo, que contou a parceria da Faculdade de Medicina Veterinária de Zootecnia da Universidade de São Paulo, também investigou a relação ecológica entre carrapatos e os animais silvestres, onde revelou conexões inéditas dos ectoparasitas com as aves, além de testar amostras para a presença de Rickettsia, grupo de bactéria responsável por doenças como a febre maculosa.


“No caso das espécies registradas, o conhecimento que se tem é que apenas a espécie de carrapato Haemaphysalis juxtakochi pode abrigar outra espécie de riquétsia (do mesmo grupo de parasitas que causam a febre maculosa). Em nosso estudo, isolamos a bactéria Rickettsia rhipicephali de Haemaphysalis juxtakochi e Rickettsia amblyommatis de outras duas espécies (Amblyomma coelebs e Amblyomma humerale), que até o momento, essas bactérias não são conhecidas em causar doença no ser humano ou em outros animais”, explica a pesquisadora.

Leia também: Pesquisadores mapeiam espécies de carrapatos no estado do Pará

Acre, terra dos carrapatos?

Com os novos registros revelados pelo estudo, o Brasil conta agora com um total de 78 espécies de carrapatos registradas, sendo o Acre responsável por 26 delas. Isso representa 48% de toda a fauna de Ixodidae (grupo conhecido de carrapatos duros) do Brasil. Já em todo o planeta, a quantidade já ultrapassa a marca de 940 espécies.

“Trata-se, sem dúvida, de uma representação extraordinária, considerado que o estado do Acre representa 2% do território brasileiro”, conclui Simone.

Com doutorado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal São João del-Rei e mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais pela Universidade Federal do Acre(Ufac), Simone é professora no Colégio de Aplicação da Ufac, e realiza estudos nas áreas de Parasitologia, Epidemiologia com foco na Relação parasito-hospedeiro. Ela também tem trabalhos que investiga patógenos de importância médica e veterinária.

*Por Dayson Valente, para o Portal Amazônia

Amazônia Negra: CUFA Amazonas celebra a força ancestral que resiste e transforma o território

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Foto: Divulgação/Dighetto

No Mês da Consciência Negra, a Central Única das Favelas (CUFA) Amazonas lança um convite à reflexão sobre o verdadeiro significado da negritude na Amazônia. Longe dos estereótipos e narrativas limitadas ao racismo, a instituição escolhe evidenciar a potência negra amazônica, uma força que se manifesta na ancestralidade, na cultura, na arte e na resiliência dos povos pretos que construíram e constroem a história da região.

Leia também: Conheça 10 afrodescendentes símbolos de resistência no Amazonas

Para a CUFA Amazonas, o mês de novembro é um marco de celebração, mas também de continuidade. A organização reforça que o debate sobre identidade, pertencimento e valorização da cultura negra precisa ser permanente, atravessando o ano inteiro e todas as esferas da sociedade.

“Este mês não é apenas simbólico. É um lembrete de que nossa ancestralidade, nossa arte e nossa cultura precisam estar no centro do debate público o ano inteiro, falar de negritude na Amazônia é reconhecer o valor de quem constrói esta região com força, fé e talento todos os dias”, afirma Fabiana Carioca, vice-presidente da CUFA Amazonas.

O presidente da CUFA Amazonas, Alexey Ribeiro, ressalta que novembro é um mês emblemático para a instituição e para a cultura periférica:

“Vivemos um mês forte, que carrega o Dia da Favela (4 de novembro), o Dia Mundial do Hip-Hop (13 de novembro) e o Dia da Consciência Negra (20 de novembro). A CUFA atua diariamente para evidenciar a potência negra amazônica e continuará fazendo isso. A nossa missão é transformar a narrativa sobre o que é ser preto e periférico na Amazônia”.

Presença negra no Amazonas

A presença preta na Amazônia é profunda, diversa e viva. Segundo o Censo 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 9,9% da população da Amazônia Legal se declara preta, enquanto 65,2% se identifica como parda, mostrando que a região é formada majoritariamente por pessoas de origem afrodescendente.

Além disso, um levantamento da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ) e do Instituto Socioambiental (ISA) revelou que há 632 territórios quilombolas na Amazônia Legal, número 280% maior que o mapeamento oficial anterior.

No Amazonas, o IBGE identificou 2.705 pessoas quilombolas em sete municípios, consolidando o estado como parte essencial da presença negra na floresta.

Esses dados revelam que a história e a identidade amazônica não podem ser dissociadas da contribuição negra, presente nas tradições, na culinária, na música, nas manifestações culturais e na resistência das comunidades.

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Cultura arte e resiliência como força de futuro

A CUFA Amazonas defende que a potência negra não está apenas no passado, mas no presente e no futuro que se constrói. Está no rap que ecoa nas periferias, no grafite que colore muros, nas danças de rua, nas expressões artísticas de resistência e nas iniciativas empreendedoras que nascem das favelas.

“Ser preto na Amazônia é também ser criador. É usar a arte, a fé e o conhecimento como formas de existir e transformar. Essa é a força que queremos exaltar”, destaca Fabiana Carioca.

AMAZONIA NEGRA CUFA 1 Foto Divulgação Dighetto
Foto: Divulgação/Dighetto

CUFA Amazonas

A Central Única das Favelas (CUFA) é uma organização social reconhecida nacional e internacionalmente por sua atuação em favelas e comunidades, promovendo inclusão social por meio da cultura, educação, esporte e empreendedorismo.

No Amazonas, a CUFA atua em diversos territórios, fortalecendo a identidade negra e periférica e promovendo iniciativas que conectam ancestralidade e inovação.

Ministério do Turismo apresenta Projeto Tapajós para estruturar o turismo sustentável na Amazônia

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Turismo em Santarém, no Pará. Foto: Reprodução/Prefeitura de Santarém

Em um movimento estratégico para posicionar a Amazônia como um grande destino turístico sustentável, o Ministério do Turismo e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) lançaram oficialmente, no sábado (15), o “Projeto Tapajós – A porta de entrada do turismo na Amazônia”.

O evento, realizado durante um painel na COP30, em Belém (PA), incluiu a promoção de um debate com as presenças de Ana Carla Lopes, ministra do Turismo em exercício; Ellen Acioli, especialista do BID para a Amazônia; Fabiana Oliveira, coordenadora-geral de Produtos e Experiências Turísticas do Ministério do Turismo; e o chef paraense Saulo Jennings, embaixador gastronômico da ONU Turismo.

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Ao apresentar uma iniciativa focada no turismo sustentável dentro do maior fórum climático do mundo, o Ministério reforça o setor como uma alternativa econômica verde, inovadora e viável para a Amazônia. O projeto materializa, na prática, como o turismo pode gerar renda, inclusão social e conservação ambiental, alinhando o desenvolvimento do Brasil aos debates globais sobre a preservação do bioma e a economia climática.

Leia também: 11 experiências para viver em Belém durante a COP30

Foto: Reprodução/Agência Santarém

A ação envolve a elaboração do Plano Estratégico do Turismo Sustentável da Região do Baixo Tapajós, abrangendo Santarém e Belterra, no Pará. O território já é reconhecido internacionalmente por experiências autênticas de contato com a floresta, comunidades locais, praias fluviais e uma gastronomia que figura entre as mais premiadas do país.

A ministra em exercício, Ana Carla Lopes, destacou o caráter transformador da iniciativa.

“O Projeto Tapajós é uma demonstração concreta de que o turismo pode ser uma força motriz da bioeconomia amazônica. Estamos mostrando ao mundo, na COP30, que é possível gerar renda para os povos da floresta, fortalecer experiências autênticas e garantir que o desenvolvimento aconteça com a floresta em pé”, declarou Ana Carla.

Representando o BID, Ellen Acioli reforçou o papel da cooperação internacional na construção de soluções sustentáveis. “O BID tem trabalhado para apoiar iniciativas que conectam desenvolvimento econômico, inclusão e conservação ambiental. O Projeto Tapajós é um exemplo de como o turismo pode transformar territórios quando envolve as comunidades desde o início”, afirmou Ellen.

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Cidade de Belterra. Foto: Divulgação

Fabiana Oliveira, enfatizou o impacto direto da ação nas experiências oferecidas ao visitante da região. “Esse é um trabalho conjunto que valoriza as potencialidades de uma região já muito visada pelos turistas que visitam o Pará. Nosso objetivo é tornar esse destino ainda mais potente, com ações alinhadas ao desenvolvimento sustentável, respeitando a cultura e os saberes dos povos tradicionais”, explicou Fabiana.

O chef Saulo Jennings, referência da gastronomia do Tapajós, celebrou o protagonismo da Amazônia na COP30. “É muito simbólico ver a Amazônia sendo discutida com a participação real das pessoas que vivem aqui. E, ainda mais simbólico, é ter a gastronomia que nasce das nossas comunidades, dos nossos ingredientes e da força dos povos tradicionais como parte desse processo de reconhecimento e valorização”, destacou Jennings.

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Desenvolvimento

turismo no pará
Encontro das águas no Pará. Foto: Divulgação

O Projeto Tapajós terá duração de 10 meses e vai ser estruturado em seis eixos principais: infraestrutura e saneamento; ordenamento territorial; estruturação de produtos turísticos e marketing; fomento à economia criativa; atração de investimentos e concessões; e criação de linhas de crédito específicas para o setor.

A metodologia envolve visitas técnicas aos municípios e comunidades para a elaboração de um diagnóstico situacional completo. Ao final, será entregue um Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável (PDITS) no Polo Tapajós, acompanhado de seis planos de ação temáticos de cada área.

Comunidades tradicionais

 participação ativa das comunidades indígenas, ribeirinhas e quilombolas é um eixo estruturante da proposta. O plano reconhece estes grupos como protagonistas e guardiões dos valores naturais e culturais que sustentam o turismo no território – e busca beneficiá-los diretamente por meio da geração de renda, da valorização de saberes e da melhoria das condições de infraestrutura e serviços básicos.

Segundo um diagnóstico preliminar do Ministério do Turismo, o projeto pode impactar positivamente 15 comunidades indígenas, mais de 30 comunidades tradicionais e ribeirinhas, 7 assentamentos e 3 comunidades quilombolas do Baixo Tapajós. A execução ficará a cargo da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) Garupa, que atua desde 2012 com foco no fortalecimento do turismo sustentável em parceria com povos tradicionais.

*Com informação da Assessoria de Comunicação do Ministério do Turismo

Boa Vista amplia frota escolar com aquisição de 84 novos ônibus

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A prefeitura está renovando 100% da frota de transporte escolar. Foto: Giovani Oliveira/PMBV

A Rede Municipal de Ensino vai receber 84 novos ônibus para a frota escolar. Desse total, 38 já foram entregues. Os demais estão em fase de revisão e liberação em Manaus. Os veículos atenderão alunos da área urbana, indígena e rural.

Os novos ônibus incluem dois modelos. Um tem capacidade para até 29 estudantes sentados. O outro transporta até 21 alunos sentados e possui plataforma elevatória para cadeirantes.

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Garantia de acesso à educação

Os veículos atenderão alunos da área urbana, indígena e rural. Foto: Giovani Oliveira/PMBV

Com a nova aquisição, a Secretaria Municipal de Educação (SMEC) amplia a capacidade de atendimento e garante mais conforto, segurança e acessibilidade aos estudantes. O secretário municipal de Educação, Lincoln Oliveira, disse que a prefeitura está renovando 100% da frota de transporte escolar, substituindo veículos alugados desde 2019.

A nova frota representa conforto e segurança para mais de 3 mil alunos da cidade.

“Essa entrega reforça o nosso compromisso em oferecer uma educação digna e de qualidade para toda a rede municipal, além de demonstrar o respeito com os recursos públicos, aplicados de forma responsável em melhorias para quem mais precisa”, disse o secretário.

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No total, serão entregues à rede municipal 84 novos ônibus escolares. Foto: Will Manauima/PMBV

A renovação dos veículos representa um investimento direto na qualidade do serviço e na segurança dos estudantes. Um investimento feito com recursos do município. Com isso, a capital terá uma das frotas escolares mais novas e modernas do Brasil.

Atualmente, a Rede Municipal de Ensino conta com 142 unidades, atendendo cerca de 54 mil estudantes. Com o reforço, a prefeitura assegura o transporte escolar a todas as regiões, promovendo inclusão e equidade no acesso à educação.

Amapá apresenta na COP30 plano que impulsiona a sociobioeconomia e o desenvolvimento do estado

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Vista aérea do Parque do Forte em Macapá, no Amapá. Foto: Divulgação

O governador no Amapá, Clécio Luís, apresentou em Belém (PA), durante a COP 30, o Plano Estadual de Apoio à Sociobioeconomia (Peas), uma estratégia pioneira que consolida o potencial da floresta amapaense como vetor de desenvolvimento econômico, social e ambiental.

O documento mapeia 11 cadeias produtivas estratégicas — entre elas, açaí, pescado, madeira manejada, castanha-do-Brasil, cacau, óleos vegetais e plantas medicinais — com diagnóstico detalhado sobre produção, consumo, renda dos produtores e potencial de expansão e de comercialização.

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“A expansão da bioeconomia representa a inserção do Estado em um modelo de economia moderna que alia sustentabilidade, desenvolvimento econômico e inclusão social, permitindo que a riqueza da floresta seja utilizada de forma responsável, inovadora e, sobretudo, gerando emprego e renda, especialmente para quem vive sob a copa das árvores”, afirmou o governador durante a apresentação do plano, no pavilhão do Amapá, na área verde da COP 30, em Belém.

Amapá
Oiapoque, no Amapá. Foto: Maksuel Martins/GEA

Os dados do plano apontam que o Amapá conta com mais de 25 mil pessoas envolvidas na cadeia do açaí, cerca de 30 mil na pesca e aquicultura, e milhares de famílias dedicadas ao extrativismo da castanha-do-Brasil e à produção de óleos vegetais e manteigas naturais. Há também potencial crescente nas cadeias do cacau e da madeira manejada, com mecanismos já implementado de certificação e verticalização produtiva.

O Peas aponta que o consumo interno de produtos da sociobioeconomia (como açaí, óleos e castanha) já supera a oferta local, abrindo espaço para expansão da produção e formalização das cadeias. O plano prevê que, com incentivos adequados, o faturamento conjunto das cadeias poderá crescer até 50% até 2030.

Segundo o governador, o instrumento de gestão é uma política ambiental inovadora que fortalece o desenvolvimento sustentável da chamada economia verde, gerando novas oportunidades de trabalho e transformando indicadores sociais, com foco na melhoria da qualidade de vida da população.

Foto: Divulgação

“Precisamos trazer para o campo econômico e social os mesmos níveis de indicadores de desempenho que o Amapá já possui quando se fala de sustentabilidade. É preciso incluir as pessoas e melhorar a qualidade de vida e a oferta de oportunidades para quem vive na floresta”, afirma Clécio.

Com 73,5% do território sob áreas protegidas, o Amapá tem uma das menores taxas de desmatamento do país e aposta na bioeconomia inclusiva como caminho para gerar renda e manter a floresta em pé. Mais de 60% dos produtores mapeados pertencem à agricultura familiar e ao extrativismo tradicional.

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Metodologia do Peas

O Plano Estadual de Apoio à Sociobioeconomia (Peas) foi construído a partir de pesquisas e de uma escuta ativa com a população, realizadas em workshops e oficinas promovidos pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema). Ele consolida informações sobre consumo, produção e faturamento das principais cadeias, servindo como base técnica para políticas públicas, atração de investimentos e fortalecimento da economia de base florestal.

Orla de Macapá. Foto: Divulgação/Secretaria de Cultura do Estado do Amapá

O processo de elaboração reuniu consultores especialistas, gestores, representantes de comunidades locais e diversos segmentos da sociedade — como cooperativas, extrativistas, empreendedores, povos tradicionais, ribeirinhos e quilombolas — que contribuíram com o debate e a construção coletiva do projeto voltado ao desenvolvimento sustentável, mantendo a floresta em pé.

Decreto Estadual

A base legal do Peas foi instituída pelo Decreto Estadual n.º 4.616 (5.jun.2024). O documento orienta políticas públicas e atração de investimentos voltados à transição ecológica e economia de baixo carbono e estrutura-se em cinco eixos estratégicos: 1) Governança e institucionalidade; 2) Capacitação e assistência técnica; 3) Infraestrutura e logística; 4) Acesso a crédito, mercado e 5) Pesquisa, inovação e certificação.

O plano também integra as metas estaduais de neutralidade de carbono até 2050, conectando as cadeias de valor a estratégias de mitigação climática, com destaque para projetos de incentivo ao manejo florestal sustentável e à certificação; recuperação de áreas degradadas e promoção da produção agroflorestal, e monitoramento socioambiental contínuo, vinculado ao Sistema Estadual de Mudanças Climáticas.

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Foto: Divulgação/Fecomércio-AP

O Peas também estabelece uma estrutura permanente de gestão intersetorial, com a criação do Comitê Estadual de Sociobioeconomia, responsável por articular secretarias, instituições de pesquisa, setor privado e comunidades. Entre as instituições parceiras estão Embrapa, Iepa (Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Estado do Amapá), Sebrae, Ifap (Instituto Federal do Amapá) e universidades locais, fortalecendo a base científica e técnica para o avanço das cadeias sustentáveis.