Home Blog Page 20

A Amazônia de Sebastião Salgado: exposição em Belém mostra olhar do fotógrafo sobre a região

0

Amazônia é retratada em fotos preto e branco por Salgado. Foto: Sebastião Salgado

Os Ashaninka, os Korubo, os Yanomami, Marubo, Yawanawá, os povos do Xingu e os Guajá e os Suruwahá recebem quem entra no Museu das Amazônias, em Belém (PA).

E além deles, as árvores, os rios, as montanhas e o céu envolvem o público, proporcionando uma experiência imersiva na natureza, na Amazônia de Sebastião Salgado.

Leia também: Relembre 3 trabalhos do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado na Amazônia

Idealizada para atender um antigo desejo do fotógrafo mineiro, morto em maio deste ano, a exposição “Amazônia” reúne mais de 200 fotos em preto e branco, produzidas ao longo de oito anos de expedições.

Depois de passar por cidades como Paris, Londres e o Rio de Janeiro, é a primeira vez que Belém recebe a exposição que propõe uma reflexão sobre o presente e o futuro da floresta.

Lélia e Sebastião Salgado durante expedição na região. Foto: Luiz Maximiano

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

“O projeto ‘Amazônia’ surgiu exatamente por essa necessidade de mostrar a floresta e alertar para a necessidade de protegê-la”, contou Lélia Wanick Salgado, curadora e responsável pela cenografia da mostra.

“A minha intenção com esta cenografia foi fazer o visitante entrar na floresta, e se conectar com a natureza”, disse. A delegação da Unicamp na COP30 recebeu convite especial para uma visita guiada à exposição das fotos.

A cenografia é composta por três estruturas vermelhas em formato de uma grande oca. É nelas que estão as pessoas, os homens e mulheres da floresta, todos identificados por seus nomes. Estas séries de fotografias buscam destacar modos de vida das diferentes comunidades e, o mais importante, desconstruir a ideia de vazio e mostrar a região habitada por pessoas que vivem da floresta, mas também para ela.

Nas paredes que contornam as ocas estão cenas dos rios, dos céus e montanhas. Ao fundo, o visitante se depara com grandes fotos da floresta Amazônica. Elas estão penduradas, formando um labirinto que força o visitante a se perder na floresta de Sebastião.

“A ideia é que o visitante estabeleça uma relação muito pessoal com as fotografias, com esta floresta que criamos aqui”, explicou Lélia. A experiência é completada pela música, uma composição do músico francês Jean-Michel Jarre, a partir de sons da Amazônia.

Leia também: Indígena acreana que foi capa de livro de Sebastião Salgado relembra visita do fotógrafo

Exposição é composta de 200 fotos em preto e branco, produzidas ao longo de oito anos de expedições de Sebastião Salgado na Amazônia. Foto: Divulgação/Unicamp
Exposição é composta de 200 fotos em preto e branco, produzidas ao longo de oito anos de expedições. Foto: Divulgação/Unicamp

A produção da mostra também investiu em recursos de acessibilidade. Além de audiodescrição, legendas e tradução em Libras, pessoas cegas ou com baixa visão podem apreciar parte das obras por meio de réplicas táteis em braile.

“Optamos por não trazer fotos da Amazônia destruída ou da floresta em chamas. A gente queria a Amazônia em pé, viva, a Amazônia que nós precisamos”, finalizou.

A Amazônia de Sebastião Salgado

A exposição fica disponível no Museu das Amazônias, localizado no Armazém 4ª, Porto Futuro II, em Belém, até fevereiro de 2026. A entrada é gratuita.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Unicamp, escrito por Patrícia Mariuzzo

COP30: além de gafes e vexames internacionais, Amazônia de fora

0

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

O que é uma COP? Sob o guarda chuva da Conferência das Partes refere-se a reuniões de governos do mundo todo para avançar na implementação de tratados da ONU. As mais famosas são as COPs do clima ou Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecem todo fim de ano desde 1995 (exceto no ano pandêmico de 2020) e atualmente reúne diplomatas e ministros de 197 países mais a União Europeia. As conferências do clima buscam implementar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, UNFCCC. Pacto internacional assinado durante a Rio-92 tendo por objetivo evitar “interferência perigosa” dos seres humanos no sistema climático global.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Para a ONU, como em todo processo multilateral, constatou-se que “mais de 30 anos depois, apesar de todo o conhecimento científico sobre as causas do problema, suas consequências e as maneiras de atacá-lo, a UNFCCC ainda não foi capaz de evitar a interferência perigosa da humanidade no clima. Ao contrário, a década com maior emissão de gases de efeito estufa da história humana aconteceu entre 2010 e 2019, justamente depois da COP-15, a conferência de Copenhague considerada a última chance do planeta de fechar um acordo global contra o colapso do clima”.

A realização da COP30 teria como simbolismo o retorno ao Brasil, 33 anos depois da Rio-92, às discussões fundamentais sobre meio ambiente. De fato, a Rio-92, também conhecida como Eco-92 ou Cúpula da Terra, foi a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992. Seu principal objetivo: solucionar os impactos ambientais do desenvolvimento humano e buscar formas de conciliar crescimento econômico com preservação dos ecossistemas.

Voltando o olhar sobre a COP de Belém, encerrada melancolicamente na semana passada, de novo sem ganhos expressivos em relação ao solucionamento dos problemas ambientais do planeta, observa-se que o Brasil, governado pelo PT, mais uma vez demonstrou claramente não transmitir credibilidade em eventos internacionais. Na Copa do Mundo de 2014 por meio da goleada de 7×1 imposta pela Alemanha à seleção brasileira; e em 2025, face à baixíssima adesão ao Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) proposto pelo presidente Lula da Silva.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Mais gravemente, ficaram de fora, conforme detalha documento da CNA sobre a COP30, os principais temas relacionados à questão amazônica, em especial a consagração de tecnologias sustentáveis de produção de alimentos; obras de infraestrutura, como a BR-319, a estruturação de vias fluviais seguras; políticas públicas sobre mineração, manejo florestal sustentável, sistemas agroflorestais ajustados ao clima e solo da região, à cultura, hábitos e tradições das populações espraiadas ao longo da imensidão das florestas tropicais.

Também não levou em conta que, na região, mais de um milhão de produtores rurais sustentam a segurança alimentar da população local cultivando arroz, feijão, hortaliças, leite, frutas, mandioca, carnes, café, ovos, entre outros. É necessário reconhecer “que agricultura e segurança alimentar são pilares inseparáveis da agenda climática — na Amazônia como em qualquer lugar do planeta”. A COP30 poderia ter desempenhado, segundo o documento da CNA, “papel estratégico do setor agropecuário como fornecedor de alimentos e a vulnerabilidade do setor na ocorrência de eventos climáticos”. Além disso, a transição deveria ter potencializado “meios de implementação como financiamento, capacitação e transferência de tecnologias, os benefícios associados, e, principalmente, rejeitando medidas de defesa comerciais unilaterais justificadas pelas mudanças climáticas”.

Para a Amazônia, enfim, a COP30 não passou de um inútil sorvedor de bilhões de reais escorridos pelo ralo da irresponsabilidade fiscal brasileira. Os resultados, ao que aponta o último balanço da organização, são desapontadores. Em síntese, tomaram parte apenas 31 representantes nacionais, quase metade do ano passado, na COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, e com cerca de 100 países a menos do que em 2023, na COP28, de Dubai. Ausências emblemáticas: União Europeia, Rússia, China, Índia, Austrália, Japão e Estados Unidos, os maiores emissores.

O governo norte-americano, que já retirou o país do Acordo de Paris (2015), optou por não enviar nenhum representante a Belém. Em consequência, caem por terra as expectativas de 28 milhões de amazônidas que clamam por desenvolvimento de tecnologias (não propostas) capazes de conciliar o trinômio produzir, conservar, desenvolver. Sem embargo de mais esta enorme frustração, como na peça do irlandês Samuel Beckett, a Amazônia brasileira continuará, pacientemente, “esperando Godot”.

Leia também: COP30 frustra expectativas e perde credibilidade

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Biodiesel de babaçu polui menos que o de soja e pode gerar renda no Norte e no Nordeste

Foto: Divulgação

Biodiesel produzido a partir de babaçu, uma espécie de palmeira comum no Norte e Nordeste do Brasil, emite menos poluentes que o de soja e apresenta desempenho comparável em motores geradores. O achado é resultado de um estudo de pesquisadores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que compararam pela primeira vez de forma abrangente os dois combustíveis em condições reais de operação.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O trabalho, assinado por Benhurt Gongora, Reinaldo Bariccatti, Samuel de Souza, Doglas Bassegio e Rodrigo Sequine, será publicado na revista Engenharia Agrícola. 

A pesquisa

A pesquisa testou o babaçu como alternativa à soja, que atualmente domina 70% da produção nacional de biodiesel. Os pesquisadores realizaram testes comparativos usando um motor gerador a diesel comum, do tipo utilizado para produzir eletricidade em pequenas propriedades rurais, sem fazer qualquer modificação no equipamento.

Primeiro, a equipe produziu biodiesel puro de babaçu por meio de uma reação química com álcool e soda cáustica. Em seguida, misturou esse biodiesel com diesel comum em diferentes proporções. O mesmo procedimento foi aplicado ao biodiesel de soja.

Leia também: Farinha de babaçu é principal ingrediente para uma ‘revolução gastronômica’ no Maranhão

Biodiesel de babaçu polui menos que o de soja
Babaçu, palmeira explorada no Norte e Nordeste, fornece frutos ricos em óleo que pode ser convertido em biodiesel. Foto: Marcelo Cavallari/WIKIMEDIA COMMONS

Durante os testes, o gerador foi conectado a resistores e submetido a diferentes níveis de carga, variando de leve (500 W) a pesado (2.500 W), simulando condições reais de uso. Enquanto o motor funcionava com cada tipo de combustível, a equipe mediu duas variáveis essenciais: o consumo de combustível para gerar a mesma quantidade de energia (eficiência energética) e a emissão de poluentes, especialmente óxidos de nitrogênio (NOx) e monóxido de carbono (CO).

Os resultados

Os resultados têm implicações diretas para comunidades tradicionais e remotas do Norte e Nordeste brasileiro. O babaçu é uma palmeira amplamente distribuída nessas regiões, onde as populações locais já realizam o extrativismo das sementes. A utilização do babaçu como matéria-prima para biodiesel pode oferecer a essas comunidades acesso a uma fonte de energia renovável e localmente disponível, sem necessidade de transporte de combustível de outras regiões.

Foto: Divulgaçãoo/Embrapa Maranhão

Segundo Benhurt Gongora, um dos autores do estudo, os moradores dessas áreas já fazem a extração do babaçu para a alimentação e, com as sementes não usadas para consumo, eles poderiam produzir o biocombustível. “Não precisa usar nenhum equipamento de difícil operação, apenas alguns aparelhos com agitação e aquecimento com vidraria de laboratório”, diz.

Além do benefício energético, a produção pode gerar renda adicional para famílias que já trabalham com o extrativismo da palmeira. Do ponto de vista ambiental, a substituição parcial do biodiesel de soja pelo de babaçu pode reduzir a pressão sobre áreas agrícolas e diminuir as emissões de poluentes atmosféricos.

Para o setor energético, os resultados apontam para a possibilidade de diversificação da matriz de biocombustíveis no Brasil, reduzindo a dependência da soja e do diesel importado. O babaçu apresenta ainda uma vantagem natural: suas sementes contêm até 66% de óleo, contra apenas 18% da soja, tornando-o mais eficiente em termos de óleo produzido por hectare.

Até este estudo, nenhuma pesquisa havia avaliado de forma abrangente o desempenho do biodiesel de babaçu comparado ao de soja em motores geradores. Os achados indicam que o biodiesel de babaçu é menos poluente do que o biodiesel feito de blends, feito a partir de uma mistura de diferentes óleos, e também menos do que o de soja.

Isso reforça uma correlação encontrada em outros estudos da área: combustíveis com mais ácidos graxos saturados, como o de babaçu, tendem a produzir menos poluentes do que combustíveis insaturados como o de soja. Gongora também destaca que o babaçu oxida menos e pode ser armazenado por mais tempo.

Foto: Divulgação

Mesmo com os resultados positivos para o biodiesel de babaçu, os pesquisadores apontam que a próxima etapa fundamental da pesquisa é investigar a durabilidade do motor. Eles precisam entender o que acontece com as peças do motor ao longo do tempo e o uso contínuo desse biocombustível, ou seja, estudar os seus mecanismos de desgaste. Além disso, para confirmar a ampla viabilidade do combustível, eles planejam realizar testes adicionais com diferentes tipos de motores e sob outras condições operacionais.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

Experimento busca levar ‘minicérebros’ ao espaço para testar plantas da Amazônia contra o Alzheimer

0

Alysson Muotri. Foto: Erika de Faria/Temporal Filmes

Em 2019, o grupo do pesquisador Alysson Muotri, professor da Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, em parceria com a Agência Espacial dos Estados Unidos (Nasa), enviou “minicérebros” para a Estação Espacial Internacional. Também conhecidos como organoides, os minicérebros são conjuntos esféricos de células neurais que se autorganizam e mimetizam o funcionamento do cérebro humano.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O objetivo do experimento foi subsidiar a busca por tratamento de condições neurológicas e doenças degenerativas. Depois de 30 dias, os minicérebros apresentavam envelhecimento acelerado pelas condições de microgravidade do espaço.

O grupo de Muotri observou que o envelhecimento do cérebro causa, entre outras mudanças, uma resposta autoimune aos trechos de DNA retroviral que todos os humanos carregam como resultado da evolução, o que poderia ser uma das causas do Alzheimer e outras condições neurológicas. A descoberta suscitou possibilidades, como o uso de medicamentos antirretrovirais para tratar essas condições.

Muotri, no entanto, queria ir além. Diretor do Sanford Integrated Space Stem Cell Orbital Research Center (ISSCOR), ele se candidatou para ir ao espaço, pessoalmente, e realizar experimentos com os “minicérebros”.

A ideia era testar extratos de plantas da Amazônia com efeitos neuroativos para condições como o Alzheimer. Os preparativos para a missão estavam em andamento quando o governo norte-americano cortou massivamente recursos para a ciência, paralisando a missão.

Leia também: Pesquisadores estudam saúde mental e cognição em idosos quilombolas no Maranhão

fragmento-floresta-amazonica-foto-bruno-cecim-agencia-para
experimento plantas da amazônia
Foto: Bruno Cecim/Agência Pará

Um dos palestrantes da Escola Interdisciplinar FAPESP: Ciências Exatas e Naturais, Engenharia e Medicina, Muotri concedeu uma entrevista dia 12 de novembro à Agência FAPESP:

Como foram seus estudos com plantas da Amazônia no espaço?

Alysson Muotri – Começamos uma colaboração com Spartaco Astolfi Filho, professor na Universidade Federal do Amazonas (Ufam), onde temos essa parceria com algumas das tribos originárias, principalmente os Huni Kuins. Nela buscamos isolar moléculas de plantas que possam ter princípios neuroativos. Buscamos uma curadoria de plantas que possam ter um benefício medicinal clínico.

Vamos testar a eficácia terapêutica de algumas dessas moléculas, tanto como neuroprotetoras quanto na capacidade de tratamento para o Alzheimer. Isso será feito pelo uso de modelos baseados em células-tronco de pessoas com Alzheimer. Nós criamos o tecido cerebral em laboratório a partir de células dessas pessoas. E para ter o efeito de envelhecimento, esses tecidos são cultivados na Estação Espacial Internacional.

Quando eles retornam, sofrem o que chamamos de Senescência Neural Induzida pelo Espaço [SINS], que é uma forma de envelhecimento acelerado. Então conseguimos envelhecer esse tecido neural em alguns anos, algo que seria praticamente impossível de fazer na Terra em um período curto de tempo. As moléculas de plantas serão testadas diretamente nesses tecidos neurais na Estação Espacial Internacional.

Para fazer isso, precisamos criar uma equipe de cientistas-astronautas que sejam treinados para fazer esse trabalho. Então, parte do projeto vai ser feita no espaço, em órbita, com esse primeiro time de cientistas-astronautas, onde esperamos ver uma participação brasileira muito forte. Eu seria o primeiro, passaria dez dias, e outro cientista me substituiria em seguida.

Como estão os preparativos?

Alysson Muotri – A gente estava com tudo pronto para começar esses experimentos quando mudou a administração do governo americano, com grandes cortes de recursos, inclusive da Nasa [agência espacial americana], mas também de todas as agências de fomento à ciência. Isso desacelerou nossa pesquisa. A demora na nomeação de um presidente da Nasa também atrapalhou bastante. Só agora que temos um novo CEO. Então vamos ter que aguardar um pouco, ter um pouco mais de paciência até que a situação seja resolvida.

Seria possível fazer esses experimentos apenas com financiamento privado?

Alysson Muotri – Acredito que sim, que conseguimos fazer isso independentemente da Nasa, trabalhando diretamente com agências espaciais privadas, como a SpaceX, a Axiom Space, a Vast, todas com interesse em nosso projeto. Estamos buscando outras parcerias da indústria farmacêutica, seguradoras e filantropia para tentar realizar esses experimentos.

Veja só, a cura para o Alzheimer, ou mesmo um tratamento que seja parcialmente eficaz, gera uma economia enorme para o Estado, principalmente de países grandes como os Estados Unidos e o Brasil, o que justifica um alto investimento para a descoberta de novos fármacos.

Outro aspecto interessante do trabalho com a Ufam e com os Huni Kuins é que, no caso de eventuais fármacos surgirem a partir dessas plantas, os royalties retornarão para a conservação da Amazônia e dos povos originários. Então, conseguimos amarrar isso de forma que a propriedade intelectual seja dividida, com um retorno para quem proporcionou esse conhecimento ancestral.

Existem estudos clínicos em andamento derivados das descobertas do seu grupo. Quais são eles?

Alysson Muotri – Um resultado bem legal da exploração espacial trazendo conhecimento para a Terra foi com a síndrome de Rett. Descobrimos uma nova via molecular que ainda não tinha sido reconhecida como causal para essa síndrome e que pode ser bloqueada pelo uso de antirretrovirais. Ora, antirretrovirais, principalmente os usados para o HIV, são amplamente utilizados, são drogas baratas, e que podem ter um efeito benéfico para essa síndrome.

Então, estamos começando um ensaio clínico, aqui no Brasil, para testar a eficácia de antirretrovirais contra a síndrome de Rett ou para atenuar os problemas dessa condição. É uma ideia um pouco diferente, usar um antirretroviral para o tratamento de uma doença neurológica, mas que faz todo o sentido com o conhecimento que foi revelado ao cultivar o tecido neural de pacientes da síndrome de Rett no espaço.

Em 2022, seu grupo publicou um trabalho sobre uma possível nova terapia genética para a síndrome de Pitt-Hopkins, uma condição neurológica bastante severa. Vocês avançaram para a fase de estudos clínicos?

Alysson Muotri – O ensaio clínico está sendo preparado em colaboração com o doutor Fábio Papes, da Unicamp [Universidade Estadual de Campinas], uma vez que descobrimos um vetor para a terapia gênica que talvez possa reverter os sintomas da síndrome de Pitt-Hopkins [leia mais em: agencia.fapesp.br/38524].

Acabamos de ter a aprovação da FDA [agência americana que regula medicamentos] para seguir em frente com o recrutamento dos pacientes e o teste de eficácia desses vetores nos Estados Unidos. Então vamos entrar no que chamamos de fase 1, para avaliar a toxicidade, em que se vai dar uma dose baixa desses vetores retrovirais, carregando o gene correto, cuja alteração causa a síndrome de Pitt-Hopkins, e vamos observar se há efeitos tóxicos nesses pacientes.

Passando a fase 1, entramos na fase 2, em que se avalia a eficácia. Se não for tóxico, será que ele tem algum benefício? Nessa fase é que vamos realmente observar qual a vantagem de usar uma terapia genética para essa síndrome. Então, uma vez aprovado, a gente começa a recrutar os pacientes já em 2026.

Entenda mais sobre o experimento:

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência FAPESP, escrito por André Julião

MTur destaca a maior trilha sinalizada da América Latina na Amazônia como exemplo de turismo de experiência

0

Ministério do Turismo destaca a maior trilha sinalizada da América Latina. Foto: Diego Barros/MMA

O turismo brasileiro está sendo reescrito com as diretrizes da sustentabilidade, do propósito e da responsabilidade social. Essa foi a tese do painel sobre turismo sustentável na Amazônia, realizado no barco JAQ H1, do Grupo Náutica, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30).

Saiba mais: COP30: Brasil lança projeto de barcos a hidrogênio

Na palestra da Secretária-Executiva do Ministério do Turismo (MTur), Ana Carla Lopes, que aconteceu no dia 17, destacou que o novo perfil do viajante exige uma relação mais profunda com o destino e o seu impacto.

“O perfil do turista mudou. Ele busca ter uma relação mais próxima com a natureza e entender o impacto da própria viagem. O turista de hoje quer saber por que está indo, e não apenas para onde vai,” resumiu Ana Carla.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Painel sobre turismo sustentável na Amazônia, realizado no barco JAQ H1. Foto: divulgação

Para capitalizar essa demanda por turismo de experiência ligada ao ecoturismo, o MTur utilizou a COP30 para reforçar uma iniciativa que integra o papel da Amazônia como alvo de desenvolvimento. Trata-se do lançamento do projeto da maior trilha sinalizada da América Latina, com 456 quilômetros, que atravessa sete unidades de conservação dentro da floresta Amazônica.

“Para mim, esse percurso na Amazônia é um espaço vivo de encontro, sabedoria e alegria. Essa trilha tem muita potência e seguirá crescendo com capacitação e parceria entre governo federal, estados e iniciativa privada,” afirmou a secretária.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Comunidade e zero emissões

A estratégia do MTur foca em garantir que o turismo seja um motor de desenvolvimento que respeite o território. Isso envolve o apoio técnico e a capacitação de comunidades ribeirinhas, indígenas e artesãos em negócios, precificação e uso de redes sociais.

Percurso da maior trilha sinalizada da América Latina
Percurso da maior trilha sinalizada da América Latina. Foto: reprodução/trilhaamazoniaatlantica.com.br

Leia também: Trilha Amazônia Atlântica fortalece turismo de natureza em comunidades no Pará

A visão da Secretaria foi endossada pelo ambientalista Daniel Cady. Segundo ele, as pessoas buscam experiências imersivas: “O turismo está mudando. As pessoas não querem só uma foto bonita, querem silêncio, contato real, saber a história daquele lugar, sentir o cheiro da terra, ver os animais.”

Ernani Paciornik, idealizador do projeto JAQ e presidente do Grupo Náutica, destacou o simbolismo da embarcação para educação ambiental e impulso ao ecoturismo, já que o barco, equipado com hidrojato, é capaz de navegar por águas rasas em vias fluviais:

“Com o JAQ H1, a nossa intenção sempre foi ir além do discurso e contribuir com ações que integrem as pessoas e a natureza. Queremos deixar um legado concreto e mostrar, na prática, que a transição energética não é uma ideia abstrata, é algo possível e tangível”.

Grupo Náutica

Com mais de 40 anos de mercado, o Grupo Náutica traz soluções em inovação, sustentabilidade, infraestrutura, eventos e comunicação na área náutica. O grupo também se preocupa com as questões sociais que busca a navegação em lugares inimagináveis, assim como desenvolve os principais Guias de Turismo Náutico do país.

Pesquisadores estudam eficácia de planta amazônica com potencial para novos anticoagulantes

0

Planta amazônica é analisada pelos pesquisadores. Foto: Celice Alexandre Silva/Acervo pessoal

Pesquisadores buscam nas propriedades farmacológicas da Psychotria ipecacuanha, conhecida popularmente como poaia, ipeca ou ipecacuanha, novas possibilidades terapêuticas para o tratamento de doenças cardiovasculares. O estudo avaliou a atividade anticoagulante e antiplaquetária in vitro do extrato de P. ipecacianha, tradicionalmente utilizada na medicina popular por suas propriedades eméticas e antiparasitárias.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O equilíbrio da coagulação sanguínea, conhecido como hemostasia, é essencial para a manutenção da circulação e prevenção de hemorragias. Alterações nesse sistema podem resultar em tromboses e outras doenças cardiovasculares, que estão entre as principais causas de mortalidade no mundo. Embora existam medicamentos eficazes para controlar essas condições, o alto custo e os efeitos colaterais ainda limitam o uso prolongado em muitas populações.

Nesse contexto, o projeto coordenado pela professora doutora Celice Alexandre Silva, da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em colaboração com os professores doutores Douglas Siqueira Chaves e Flavia Fratani, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), investigou o potencial da poaia (Psychotria ipecacuanha) como fonte de compostos naturais com ação anticoagulante, em busca de alternativas mais acessíveis e de origem vegetal.

O projeto faz parte do Edital Fapemat nº018/2022-Biológicas, fomentado pelo Governo do Estado, através da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), denominado “Ação Anticoagulante do Extrato Alcaloidico de Psychotria ipecacuanha (BROT.) – Stokes”.

Estudos anteriores identificaram nos extratos da planta dois alcaloides de destaque, emetina e cefalina, substâncias que apresentam reconhecidas atividades citotóxica, antiparasitária e expectorante. Pesquisas recentes indicam que esses compostos interferem nos mecanismos de coagulação, especialmente na via intrínseca, reduzindo a formação de coágulos de forma dose-dependente.

poaia planta amazônica
Foto: Celice Alexandre Silva/Acervo pessoal

A investigação científica propõe o fracionamento dos extratos da planta, com o objetivo de identificar as frações e moléculas responsáveis pela atividade anticoagulante. Essa abordagem poderá revelar se a ação biológica decorre de um único princípio ativo ou de uma combinação sinérgica de compostos.

Além da relevância farmacológica, o estudo reforça a importância da biodiversidade brasileira como fonte de inovação científica. Espécies da família Rubiaceae, como Cinchona officinalis, Uncaria tomentosa e Genipa americana, já se destacaram historicamente na produção de medicamentos e no tratamento de diversas enfermidades. A Psychotria ipecacuanha soma-se agora a esse grupo de plantas promissoras, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento de fármacos naturais voltados à saúde cardiovascular.

Leia também: Conheça 3 plantas amazônicas popularmente usadas no combate à hipertensão

Planta precisa de mais estudos

O foco dos estudos agora está no desenvolvimento de uma formulação para tratamento in vivo usando a emetina como substância ativa, além do extrato de Ipeca visando o desenvolvimento de um novo fitoterápico Brasileiro.

Na medicina popular brasileira e sul-americana, a Psychotria ipecacuanha, conhecida como poaia, ipecacuanha, raiz-de-ipeca ou poaia-do-cerrado, tem uso tradicional há mais de 300 anos, especialmente nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sudeste.

“A emetina, principal alcaloide ativo, é tóxica em doses elevadas. Pode causar náusea intensa, arritmias cardíacas e insuficiência respiratória. Por isso, o uso popular deve ser feito com extrema cautela e nunca como automedicação. Atualmente, seu uso medicinal é controlado por farmacopeias oficiais, e a coleta da planta em ambiente natural é restrita por ser uma espécie ameaçada de extinção em algumas regiões do Brasil”, ressalta a pesquisadora.

*Com informações da Fapemat

COP30: MPF, povo Xikrin e médico denunciam ‘ecocídio’ de rio no Pará

0

Denúncia foi feita durante a COP30 em Belém. Fotos: Divulgação/Comunicação MPF

O Ministério Público Federal (MPF) promoveu, na quinta-feira (20), no estande da instituição na Zona Verde da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), em Belém (PA), o debate “A morte do Rio Cateté, ação de saúde e Onça Puma”. O evento reuniu procuradores da República, especialistas em saúde, representantes e lideranças do povo Xikrin do Cateté para expor a grave crise ambiental e sanitária que afeta as comunidades indígenas no sudeste do Pará, decorrente da atividade de mineração de níquel.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

O debate foi apresentado pelo procurador da República Igor Spindola, que atua na região de Marabá, e pelo procurador da República Rafael Martins da Silva. Spindola relembrou o histórico judicial do caso e destacou que, embora a justiça tenha reconhecido os danos e determinado indenizações, o problema central persiste: o rio continua morto.

“O rio permanece contaminado. Estamos no desafio da descontaminação e da reparação, garantindo o direito de existência dos indígenas em seu território”, destacou o membro do MPF no debate realizado na COP30.

Lento etnocídio 

Um dos pontos altos do debate foi a apresentação técnica do médico e doutor pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) João Paulo Botelho Vieira Filho, que acompanha a saúde dos Xikrin há décadas. Botelho apresentou dados chocantes de estudos realizados com 720 indígenas: 99,7% da população Xikrin do Cateté examinada apresenta pelo menos um ou mais elementos químicos em excesso no organismo.

No total, 32 elementos químicos foram encontrados em excesso, sendo 22 metais. Desses, sete são listados como extremamente tóxicos, incluindo mercúrio, chumbo, alumínio, bário e titânio. Crianças de um a dez anos estão 100% intoxicadas por um ou mais metais.

O médico descreveu o cenário como um ‘ecocídio’ (destruição do rio) seguido de um lento etnocídio (destruição da etnia indígena). Segundo ele, antes do início da mineração do projeto Onça Puma, em 2009, o rio era transparente e cheio de vida. Hoje, o Rio Cateté e o Rio Itacaiúnas são considerados “rios mortos”.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Os efeitos na saúde da população são devastadores. Botelho relatou e exibiu imagens de casos de:

  • Malformação fetal grave (incluindo casos de sirenomelia, ou síndrome da sereia);
  • Doenças neurológicas semelhantes ao Parkinson em jovens e crianças;
  • Problemas de locomoção e rigidez muscular;
  • Cânceres raros e doenças autoimunes;
  • Dermatites severas após contato com a água.

“A Vale não contribui com medicina preventiva. Se não for interrompido o lançamento de rejeitos minerais, os Xikrin irão morrer”, alertou o médico, criticando ainda as ações de greenwashing [o ato ou a prática de fazer com que um produto, política, atividade, etc., pareça mais ecologicamente correto ou menos prejudicial ao meio ambiente do que realmente é] da empresa, como o plantio de árvores que, segundo ele, não resolvem a contaminação da água que o povo bebe e utiliza.

COP30: MPF, povo Xikrin e médico denunciam 'ecocídio' de rio no Pará
Indígenas se uniram ao MPF e médico na COP30 para falar do caso. Foto: Divulgação/Comunicação MPF

O clamor dos Xikrin

Diversas lideranças indígenas tomaram a palavra para expressar a dor de ver seu modo de vida destruído durante o debate na COP. O cacique Karangré Xikrin relembrou a época de fartura de peixes e água limpa, contrastando com a realidade atual de dependência de água mineral e alimentos industrializados.

Um momento de forte emoção ocorreu durante a fala da representante das mulheres Xikrin. Traduzida por uma liderança jovem, ela relatou o sofrimento das mães que veem seus filhos nascerem com deformidades ou natimortos. “Não temos mais alegria. Nossos filhos nascem doentes, nossos velhos estão morrendo. Queremos que a Vale pare de nos matar”, desabafou a liderança feminina.

O jovem cacique Kaiorê Xikrin reforçou que a luta não é apenas por dinheiro, mas pela sobrevivência física e cultural do seu povo.

“O Rio Cateté é a nossa vida, é o nosso supermercado, é a nossa farmácia. E hoje ele é veneno”, disse.

Leia também: Etnoturismo: fortalecimento das tradições, cultura e economia indígena na Amazônia

Ações jurídicas e futuro

O procurador da República Rafael Martins, que também atuou no caso, explicou que existem duas frentes de batalha judicial: uma focada no empreendimento e outra especificamente na saúde indígena. Atualmente, há uma suspensão de seis meses no processo para tentar construir, junto com a empresa e a comunidade, um plano efetivo de recuperação do rio, algo que o MPF considera inegociável.

O advogado da comunidade, Robert Alisson Rodrigues, reforçou a necessidade de atualização do Plano Básico Ambiental (PBA) para incluir o monitoramento e a descontaminação como prioridades absolutas.

Assim, o evento na COP30 serviu como uma vitrine global para denunciar que, apesar dos discursos de sustentabilidade presentes na conferência, comunidades tradicionais na Amazônia continuam sendo vítimas diretas de grandes projetos de exploração mineral.

O MPF informou que a ação civil pública segue em curso, buscando obrigar a mineradora Vale a custear o tratamento de saúde vitalício para os afetados e a executar a limpeza da bacia do Rio Cateté.

*Com informações do MPF

Vale do Apertado: você sabia que existe cânion em Rondônia?

0

O Vale do Apertado tem paredões com até 60 metros de altura, equivalente a um prédio de 20 andares. Foto: Juraci Júnior

Você sabia que existe cânion em Rondônia? O Vale do Apertado, em Pimenta Bueno (RO), tem paredões com até 60 metros de altura, equivalente a um prédio de 20 andares. O lugar também impressiona pelas cachoeiras escondidas que caem sobre rochas com mais de 250 milhões de anos.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Segundo o guia de turismo Giovane Machado, o Vale foi identificado em 2021, após um mapeamento de uma agência que buscava locais com potencial turístico na região. No entanto, a autorização para visitas foi emitida somente quatro anos depois.

De acordo com o relatório Potencialidade Ecoturística do Município de Pimenta Bueno (RO), publicado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), os cânions do Vale do Apertado se estendem por quase quatro quilômetros, separados pelos rios Barão do Melgaço e Comemoração.

No passeio, os turistas atravessam passagens estreitas, com apenas um metro de largura, e seguem até paredões gigantes. E tudo é muito exclusivo: os passeios permitem apenas 10 pessoas por vez.

“As cachoeiras da região convidam para um banho revigorante, e a principal delas, a cachoeira Véu de Noiva, impressiona pela beleza e pela queda d’água singular”, comenta o guia.

Leia também: Quer ficar de bubuia? Conheça os principais balneários no entorno de Porto Velho

Vale do Apertado: cânion em Rondônia
Foto: Juraci Júnior

A cachoeira Véu da Noiva tem uma queda superior a 18 metros de altura. A água desce sobre as rochas e dá a sensação de nascer no meio da floresta.

Mas a aventura e o deslumbramento começam antes mesmo de chegar ao local. No mesmo trecho, uma ponte chama atenção pela altura e pelo visual que lembra um precipício. Quem olha de cima talvez não imagine que a poucos metros está um paraíso natural.

Turismo sustentável no Vale do Apertado

O relatório do SGB aponta que o Vale do Apertado tem grande potencial turístico. O estudo mapeou e identificou rios, cachoeiras, cavernas, balneários e áreas de conservação, além de infraestrutura local, como fazendas, estradas e sítios.

Para Giovane, o Vale tem potencial para se tornar um destino de turismo sustentável — e o crescente interesse pelo local reforça essa projeção.

No entanto, isso exige organização e estrutura. Um dos principais desafios é a limitação de visitantes. O espaço reduzido dos cânions impede a presença de grandes grupos.

“As características do Vale exigem que a visitação seja restrita e controlada. É essencial um planejamento adequado para garantir que o turismo seja sustentável e não sobrecarregue o local”, alerta o guia.

Foto: Carlos Tuyama

O coordenador adjunto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Turismo (Semagri), Sidnei Marcos Mendes, afirma que o município tem incentivado e investido no setor turístico, mas destaca a necessidade de responsabilidade.

“É preciso garantir a segurança dos visitantes e o cuidado permanente com o meio ambiente. Essas ações refletem o compromisso do município em promover o turismo sustentável e consolidar Pimenta Bueno como referência em ecoturismo na região central de Rondônia”, afirma.

O paraíso tem diversas belezas naturais acessíveis aos visitantes, entre elas o “Refúgio Ecológico Arte Nativa”, situado em duas fazendas.

Além das paisagens, a área abriga uma rica fauna local, atrativa para quem gosta de observar a vida selvagem em seu habitat natural.

Entre paredões e águas cristalinas, Vale do Apertado encanta visitantes. Foto: Juraci Júnior

*Por Mateus Santos, da Rede Amazônica RO

COP30: 19 projetos vão recuperar 3,3 mil hectares em terras indígenas

0

Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Foto: Rafa Neddermeyer

Os 19 projetos contemplados pelo edital de seleção do programa Restaura Amazônia para Terras Indígenas foram anunciados nesta sexta-feira (21), em Belém (PA). A divulgação ocorreu durante o encerramento do Pavilhão dos Círculos dos Povos, na Zona Verde da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30).

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Ao todo, concorreram 44 projetos para restauração de áreas degradadas e fortalecimento da cadeia produtiva sustentável, dos quais foram selecionados 19. Juntos, irão recuperar mais de 3,3 mil hectares em territórios indígenas, com 5,7 milhões de árvores plantadas e a geração de 1.420 empregos.

Imagem colorida mostra indígena assistindo Lula em telão durante fala na COP 30 em Belém
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP30. Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Os projetos contemplados concorreram no terceiro edital do Restaura Amazônia, uma política pública para estabelecer o Arco da Restauração na região mais devastada do bioma. Serão investidos R$ 123,6 milhões em recursos do Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“A gente vem hoje a público dizer que 26 terras indígenas serão contempladas nos estados de Rondônia, Amazonas, Acre, Mato Grosso, Tocantins, Pará e Maranhão. Ou seja, a gente vai ter 26 territórios indígenas, muitos deles recém-desintrusados, num esforço profundo de trabalho”, destacou o superintendente de Meio Ambiente do BNDES, Nabil Kadril.

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

Governo brasileiro na COP30

Segundo a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o anúncio fecha o ciclo de consolidação de ações climáticas anunciadas pelo governo brasileiro na COP30, contemplando as demandas de demarcação, proteção, gestão e restauração das terras indígenas.

COP30
Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, COP30. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

“Deixamos claro que não há como pensar soluções para a crise climática, se não incluir todos e todas que protegem os territórios, que cuidam da biodiversidade, que cuidam da mãe Terra. Não tem como encontrar soluções efetivas se não incluir essas diferentes vozes”, apontou a ministra.

Programa Restaura Amazônia

O programa Restaura Amazônia é parte de um esforço do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) para recuperar 12 milhões de hectares no Brasil, dos quais 6 milhões já foram recuperados a partir de iniciativas de replantio e restauração natural.

Saiba mais: Portal Amazônia responde: o que é a COP 30?

“A retomada do Fundo Amazônia chega em mais de 600 organizações da sociedade civil, em três de cada quatro municípios da Amazônia, em projetos de restauração ecológica para reconstruir o antigo Arco do Desmatamento, onde o reflorestamento construirá um verdadeiro cinturão verde no território de sete estados amazônicos”, ressaltou a secretária nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Brasil, escrito por Fabíola Sinimbú

Aprenda a fazer um brigadeiro “vibrante” com jambu

0

Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O jambu é um ingrediente amazônico muito popular, por suas propriedade “vibrante” e sabor inconfundível. É comumente usado em receitas como o tacacá e até mesmo na cachaça. Mas você sabia que também dá para usá-lo em doces?

📲 Confira o canal do Portal Amazônia no WhatsApp

O chef Jovailson Oliveira, do Acre, ensina uma receita de brigadeiro feita com o ingrediente como destaque. A base para o brigadeiro com inspiração amazônica é a geleia feita com o agrião paraense. Confira:

brigadeiro de jambu
Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

Ingredientes

  • geleia de jambu
  • cachaça de jambu
  • 1 caixa de leite condensado
  • 1 caixa de creme de leite
  • flor de jambu em conserva
  • corante de jambu natural
  • 6 gramas de manteiga

Modo de preparo

Misture o leite condensado, o creme de leite e a manteiga em uma panela antes de ligar o fogão. Adicione uma medida pequena da cachaça e algumas gotas do corante (até atingir a cor desejada) até incorporar. Cozinhe tudo em fogo médio até começar a ferver.

Neste ponto, adicione a flor em conserva e a geleia, e continue mexendo até atingir o ponto desejado do brigadeiro. Quando chegar no ponto desejado, despeje em um recipiente untado, cubra com plástico filme e leve a geladeira. Decoração a gosto.

Leia também: Conheça os benefícios do agrião do Pará e sua famosa cachaça

Aprenda a fazer um brigadeiro "vibrante" com jambu
Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

*Com informações da Rede Amazônica AC