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Manifesto divulgado durante a COP30 é importante para discutir o combate às “fake news” na área ambiental, avalia pesquisadora

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Manifesto destaca forma como fake news prejudicam as discussões. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Mesmo antes do seu fim – marcado para 21 de novembro – a COP30 já fez história ao contribuir para denunciar publicamente um dos maiores obstáculos às discussões sobre as mudanças climáticas: as fake news (notícias falsas) que iludem a opinião pública, atravancando discussões e impedindo a consolidação de consensos para enfrentar um problema que é de todo o planeta.

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Em 12 de novembro, cerca de 400 organizações científicas, ambientalistas e sociais presentes em Belém para o evento lançaram um manifesto que solicita aos governos e entidades internacionais a promoção de medidas mais robustas para frear correntes de desinformação sobre questões climáticas. O documento reclama que as fake news sobre questões ambientais dificultam a adoção de políticas públicas e classifica essas informações falsas como uma ameaça à saúde, aos direitos humanos e à segurança.

“Esse tipo de documento e as movimentações que o envolvem, principalmente em um momento emblemático como o da COP30, são algo necessário e importante. Isso gera um coro para uma causa que, muitas vezes, não está tendo muita visibilidade”, diz Liliane Lucena Ito, docente da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Unesp, câmpus de Bauru, e que pesquisa o problema das fake news na área ambiental.

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Liliane diz que as narrativas conspiratórias ou inverdades não só desviam a atenção de uma temática importante, como também criam preconceitos sobre regiões, etnias e movimentos sociais do campo.

“A disseminação de informações falsas, no ambiente digital, tem afetado muito a percepção das pessoas em relação às temáticas socioambientais”, avalia.

O manifesto traz um apelo pela adoção de medidas concretas voltadas para o combate à veiculação de conteúdos falsos na internet e nas redes sociais. Cabe aos governos articular as ações regulatórias que controlem as grandes empresas de tecnologia, diz a docente.

No entanto, os interesses políticos e econômicos atrelados às empresas têm resultado em uma oposição feroz às regulações. “A regulamentação é muito importante, não no sentido de censura, mas no sentido de uma responsabilização maior dessas big techs em relação ao que circula nas plataformas de redes sociais”, afirma.

Manifesto COP30 fake news
O documento reclama que as fake news sobre questões ambientais dificultam a adoção de políticas públicas. Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Combate às fake news tem diversas camadas

Outro desafio a ser superado são as bolhas ideológicas fortificadas pelos algoritmos, as quais passam a se tornar câmaras de eco desinformadoras. “O algoritmo, nas plataformas de redes sociais, privilegia e entrega conteúdos previamente curtidos, compartilhados e consumidos por cada usuário. Isso restringe o consumo da informação apenas àquele perfil”, explica Liliane.

A ação dos algoritmos impede que até mesmo as informações produzidas pelas agências de checagem, que oferecem muitas vezes um importante contraponto às fake news, acabem não alcançando o usuário. “Essa é a maior dificuldade: quebrar essa barreira e chegar até o público que precisa ser conscientizado”.

Leia também: Pacote de Belém inclui 29 documentos aprovados na COP30; entenda

O apego a informações que confirmem vieses próprios, fenômeno chamado de pós-verdade, também é um problema. Neste tipo de comportamento, a pessoa se distancia da verdade factual, preferindo acreditar em seus afetos próprios. Transformar esse quadro passa por uma educação midiática, preferencialmente ministrada desde cedo. Esse tipo de abordagem, porém, além de ser pouco disponível no país, não gera retornos de curto prazo.

O texto do manifesto – que foi subscrito por importantes nomes do campo da luta contra as mudanças climáticas, como a Rede Internacional de Ação Climática e a ONG 350.org – ainda acusa companhias do ramo dos combustíveis fósseis de financiar campanhas coordenadas de desinformação.

Também solicita políticas voltadas a assegurar a integridade da informação sobre a crise climática que é divulgada em redes sociais, nos meios de comunicação tradicionais e na publicidade, além da proteção do trabalho desempenhado por jornalistas ambientais, cientistas e pesquisadores.

“É um documento que, com certeza, faz coro a todo o ativismo socioambiental. E contribui, não sei se a médio ou a longo prazo, para projetos de lei e políticas públicas nesse sentido. Então, com certeza, tem uma relevância”, analisa Liliane.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da Unesp, escrito por Marianna Montenegro

O adeus ao guardião da memória dos trilhos

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O guardião dos trilhos, o ferroviário Paulo Ramos. Foto: Emily Costa/Rede Amazônica RO

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Um trabalhador honrado e idealista. Assim se pode definir o ‘seu’ Paulo, que partiu nesta semana em Porto Velho, levando consigo histórias que eram só dele, embora também coletivas. Histórias que se confundem com a própria trajetória da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM), onde começou a laborar aos 12 anos e à qual se manteve fiel por 66 anos.

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Testemunho ocular da história, sua voz serena ecoou até em tribunais, quando defendeu maior atenção das instâncias de poder responsáveis pela preservação da memória. Nesse papel, fez mais do que muitas autoridades que, tantas vezes, usam a questão da memória apenas para aparecer, construir carreira política ou lucrar.

Paulo da Costa Ramos não conhecia essas vaidades. Ao lado de companheiros como José Bispo de Moraes, falecido em 2021, foi herói na luta permanente não apenas pela preservação física do complexo da EFMM, mas sobretudo pelos relatos que guardam muitas vidas.

EFMM em Porto Velho. Foto: Divulgação/Prefeitura de Porto Velho

Recordo-me de um dia de 2014, quando fui convidado pela dupla inolvidável para acompanhá-los numa visita ao antigo Cemitério da Candelária. Tomei verdadeiras aulas naquele encontro já distante e, ali, tive a certeza de que estava diante de dois heróis da resistência. Homens que sabiam muito da história regional, não por ouvir dizer, mas por vivência.

Paulo Ramos foi ferroviário, chefe de trem, memorialista e guardião da memória, vice-presidente da Associação dos ex-ferroviários da EFMM. Mais que um trabalhador, foi um símbolo de resistência cultural. Sua morte, aos 78 anos, deixa Rondônia órfã de uma voz simples e firme, que fez da lembrança um ato de coragem.

Leia também: Rondon, a República e o amor que ficou de fora da Bandeira Nacional

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

Atlas da Bioeconomia apresenta dados de 107 microrregiões da Amazônia Legal

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Atlas da Bioeconomia apresenta dados de 107 microrregiões da Amazônia. Foto: Adriano Gambarini/Insituto Mamirauá

A diversidade de realidades socioeconômicas e ambientais da Amazônia Legal expressas em texto e infográficos em mais de 600 páginas. Esse é o Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia, publicação organizada pela Embrapa com o apoio da Secretaria de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Trata-se de uma obra de referência que reúne informações e análises sobre 107 microrregiões distribuídas nos nove estados da Amazônia Legal.

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Com dez capítulos, o Atlas reúne informações sistematizadas sobre demografia, estrutura fundiária, produção agropecuária, extrativismo e silvicultura, além de indicadores sociais de cada microrregião. O primeiro capítulo traz resultados agregados para o conjunto dos nove estados da Amazônia Legal e descreve a metodologia e os procedimentos utilizados na obtenção dos dados. Os capítulos seguintes são dedicados a cada estado da região.

Atlas da Bioeconomia apresenta dados de 107 microrregiões da Amazônia Legal
Atlas da Bioeconomia apresenta dados de 107 microrregiões da Amazônia Legal. Foto: Reprodução/Embrapa Amazônia Ocidental

“Esta obra visa, sobretudo, subsidiar estratégias, planos, programas e políticas orientadas a uma agenda de ação em prol da bioeconomia que se traduza em oportunidades para a promoção da inovação, com valorização das economias da floresta e da sociobiodiversidade, e ampliação da participação nos mercados, com reflexos na renda e na qualidade de vida das populações amazônidas”, escreveu a diretora de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologias da Embrapa, Ana Euler.

O editor técnico, pesquisador Roberto Porro, da Embrapa Amazônia Oriental, explica que “a obra adota uma abordagem territorial para a apresentação de dados, tendo como referência a diversidade de contextos expressos na extensão geografia mais ampla associada à Amazonia, que é a Amazônia Legal Brasileira, abrangendo 107 microrregiões geográficas delimitadas pelo IBGE nos nove estados que a compõem”.

Veja o Atlas da Bioeconomia Inclusiva na Amazônia abaixo:

Ela é fruto de ações e diagnósticos realizados por técnicos de nove Unidades da Embrapa na região Norte e no Maranhão, nos últimos 3 anos, para a construção de um plano estratégico para atuação da Empresa em uma abordagem de bioeconomia inclusiva na Amazônia.

Ações voltadas à bioeconomia inclusiva são capazes de apoiar os modos de vida de 1,5 milhão de famílias de agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais que habitam a Amazônia brasileira. “Buscamos uma bioeconomia inclusiva fundamentada no uso sustentável da biodiversidade a partir dos saberes tradicionais e no diálogo entre esses saberes e os conhecimentos científicos e tecnológicos, que promova o desenvolvimento inclusivo, justiça social e o bem-viver dos povos amazônicos”, afirma Porro.

Leia também: Portal Amazônia responde: qual a diferença entre economia verde e bioeconomia?

O documento é um importante instrumento de planejamento para gestores públicos. Foto: Embrapa Amazônia Ocidental/reprodução

O coordenador geral de Desenvolvimento da Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, William Saab, afirma que o Atlas vem em um momento muito oportuno de ampliação e fortalecimento das sociobioeconomias amazônicas.

A publicação, segundo ele, se alinha e serve como base para duas políticas públicas do governo brasileiro, o Plano Nacional de Desenvolvimento da Sociobioeconomia e o Programa Prospera Socioebioeconomia, ambos lançados durante a COP30, em Belém.

“O documento é um importante instrumento de planejamento para gestores públicos e vai ajudar no impulsionamento de políticas públicas.  Trata-se de uma grande entrega que a Embrapa faz para a sociedade brasileira”, finaliza o gestor.

*Com informação da Embrapa Amazônia Ocidental

Confira a programação completa das ações do projeto Consciência Limpa em Rio Branco

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Projeto Consciência Limpa acontece pela primeira vez em Rio Branco, com foco no Igarapé São Francisco. Foto: Val Fernandes/Acervo Assecom

Oficinas, palestras, serviços gratuitos, apresentações culturais e a formatura do Pelotão Mirim Ambiental. Essas são algumas das ações que movimentam a comunidade do Igarapé São Francisco, em Rio Branco (AC), a partir desta quinta-feira (27) até o sábado (29). Realizadas pela Fundação Rede Amazônica (FRAM) por meio do projeto Consciência Limpa, as atividades são voltadas à educação ambiental, participação comunitária e valorização do território.

Leia também: Projeto Consciência Limpa promove ações de educação ambiental para preservação de igarapé em Rio Branco

Ao longo de três dias, moradores terão acesso a oficinas práticas, palestras de conscientização, ações de mobilização e o ‘DIA D’, que reúne serviços gratuitos, apresentações culturais e a aguardada formatura do Pelotão Mirim Ambiental, iniciativa que trabalha educação socioambiental com crianças do entorno do igarapé.

A ação chega pela primeira vez ao município com o objetivo de fortalecer o engajamento comunitário e ampliar o conhecimento sobre práticas sustentáveis, preservação dos recursos naturais e descarte correto de resíduos, especialmente em uma região historicamente afetada por enchentes e impactos ambientais.

“A programação do Consciência Limpa foi pensada para dialogar diretamente com as necessidades da comunidade do São Francisco, unindo educação, prática e participação social. Nosso propósito é que cada oficina e cada palestra gere impacto real no cotidiano das famílias, fortalecendo o vínculo com o território e incentivando novas atitudes de cuidado com o igarapé. O ‘DIA D’ será um momento especial de celebração, mas também de compromisso coletivo com o meio ambiente”, informa o coordenador de projetos da FRAM, Matheus Aquino.

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Foto: Larissa Marinho

Veja a programação completa do Consciência Limpa Rio Branco 2025:

27/11 (quinta-feira)

Oficinas de Conscientização Ambiental
Local: Escola Dr. Pimentel Gomes – São Francisco
Manhã: 8h às 11h
Tarde: 14h às 17h

28/11 (sexta-feira)

Palestra – Consciência Limpa na Comunidade
Tema: Preservação do Igarapé São Francisco e descarte correto de resíduos
Horário: 8h às 9h
Local: CRAS – São Francisco
Público: Idosos atendidos pelo CRAS

Oficinas
Manhã: 8h às 11h
Tarde: 14h às 17h

29/11 (sábado) – DIA D

Palestra – Consciência Limpa na Comunidade
Horário: 8h30 às 9h30
Local: Escola Dr. Pimentel Gomes – São Francisco
Público: Pais dos alunos
Palestrante: Em confirmação

DIA D – Ação aberta à comunidade
Horário: 9h30 às 12h30
Atividades:
● Serviços gratuitos para a comunidade
● Formatura do Pelotão Mirim Ambiental
● Apresentações culturais

Consciência Limpa

O projeto Consciência Limpa é realizado pela Fundação Rede Amazônica (FRAM) com o apoio de: Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC), Serviço Social da Indústria (SESI), Energisa, Catraia Soluções Ambientais, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Tecnologia e Inovação (SDTI), Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Prefeitura de Rio Branco.

Banzeiro da Esperança na COP30: Mulheres amazônidas ampliam discussão sobre saneamento básico

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Foto da capa: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O saneamento básico, o direito do acesso à água e adaptação climática das cidades são nalguns dos temas debatidos na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA), entre os dias 10 e 21 de novembro. A pauta faz parte do trabalho executado pela ONG Mandí, organização não governamental liderada por mulheres amazônidas com sede na capital paraense e que atua na defesa da educação ambiental, justiça social e saneamento básico.

De acordo com a diretora-presidente, Camila Magalhães, um debate sobre o assunto na COP30 teve o objetivo de levantar problemáticas e apontar soluções para questões como o saneamento básico nas cidades, e ampliar a discussão à nível mundial.

“Nós, da Mandí, costumamos dizer que o saneamento básico é uma dor do Sul global, à nível internacional, e da nossa Amazônia, do Norte e Nordeste no cenário nacional. E estar num espaço desses para dialogar com vários atores de todo planeta é fundamental para potencializar que esse problema existe e que não há avanços sem políticas públicas, não há como conter a crise climática sem considerar o saneamento e o direito à água”, comentou a diretora.

Camila explica que as ações da Mandí realizadas na COP30, como a Expedição pelos Rios Urbanos, têm como objetivo estimular a análise crítica sobre as bacias hidrográficas e a adaptação da cidade em relação aos rios. A ação percorreu o trajeto do Rio Tucunduba, desde a nascente até a foz.

“De forma geral, nossas atividades tiveram três eixos: educação, mobilização e incidência política, numa atuação em diversas frentes, públicos e atores. Fizemos uma expedição no Rio Tucunduva, dando oportunidades para jovens, representantes de organizações e convidados a olhar um pouco sobre a experiência da Amazônia real no dia-a-dia. Além dos problemas, também compartilhamos soluções como plantas filtradoras, arborização, entre outras alternativas”, pontuou.

Foto: Reprodução/Instituto Trata Brasil

Leia também: Banzeiro da Esperança encerra jornada na COP30 e consolida movimento cultural pela Amazônia

Para Camila, as discussões sobre saneamento básico na região devem ter atenção redobrada, principalmente em um cenário de mudanças do clima mundial. Ela deixa um recado tanto para a sociedade quanto para os atores que atuam na construção de diálogos e soluções para a crise climática mundial:

“A sociedade precisa se envolver mais nas discussões sobre água, saneamento e clima. A COP30 deu esse espaço, mas nós, cidadãos, precisamos nos sentir mais pertencentes tanto aos problemas quanto às soluções. E um recado para aqueles que estão com a caneta nas mãos: saibam que queremos solucionar e colaborar com as construções para o futuro melhor”, garantiu.

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Especial COP30

A entrevista com a diretora-presidente da ONG Mandí, Camila Magalhães, faz parte de uma sequência especial dedicada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Conferência das Partes (COP30) do programa ‘Bate-papo na CBN’, da rádio CBN Amazônia Belém (102,3 FM ).

Com o olhar de quem vive na região, o programa reuniu informações e entrevistas sobre toda a movimentação da 30ª edição do encontro mundial realizado em Belém (PA), realizado entre os dias 10 e 22 de novembro.

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Camila Magalhães, diretora-presidente da ONG Mandí. Foto: Reprodução/Youtube-CBN Amazônia

O segundo convidado do programa foi Pedro Hartung, CEO do Instituto Alana, organização da sociedade civil que atua no foco na proteção e promoção dos direitos das crianças. Há 30 anos, segundo Hartung, o instituto investe na educação escolar juntamente com as questões climáticas.

“Infelizmente, as discussões climáticas não acompanham as questões sobre educação climática. E é muito importante conectar essas duas pontas, quem trabalha com a natureza e o clima precisa falar de educação e quem trabalha com educação precisam falar de clima e natureza. Esse é o trabalho da instituição: para olhar para a questão climática é preciso trabalhar nas escolas”, frisou Hartung.

O CEO defendeu ainda que o ensino regular precisa estar sintonizado com a natureza e que essa conexão é fundamental desde a infância. “A natureza precisa voltar para as escolas e as crianças para a natureza. É permitir que as salas de aula sejam os rios, a floresta. Isso é conectar as agendas em prol da qualidade de vida para todo mundo”, pontuou.

Com oito episódios, os programas da rádio, apresentados pela jornalista Brenda Freitas, também ganharam versões especiais no canal Amazon Sat e no Portal Amazônia.

Assista as entrevistas completas no segundo episódio da edição especial do programa:

Veja outras matérias da série:

Banzeiro da Esperança

A iniciativa Banzeiro da Esperança é uma parceria entre Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação Rede Amazônica (FRAM) e Virada Sustentável, com patrocínio do Banco da Amazônia (BASA). Esta edição do Banzeiro da Esperança é uma jornada de conexão, troca de saberes e transformação com foco na COP30.

Banzeiro da Esperança na COP30: Entenda como funciona o Norte Conectado, programa que expande a inclusão digital na Região Amazônica

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Foto da capa: Reprodução/Ministério da Defesa

O ‘Norte Conectado‘ é um programa criado pelo Governo Federal, uma política pública do Ministério das Comunicações (MCom), executado pela Entidade Administradora de Faixa (EAF), uma entidade sem fins lucrativos formada por três operadoras (Claro, Tim e Vivo) que participaram do leilão do 5G (padrão de tecnologia para redes móveis e de banda larga). Sua finalidade é, segundo a descrição do governo, “expandir a infraestrutura de comunicações na Região Amazônica”.

Leandro Guerra, presidente da EAF, explica que entre as obrigações do projeto estava a criação da entidade para execução das políticas públicas.

“O Norte Conectado é uma política pública super relevante. Ela nasceu a aproximadamente 10 anos. O Brasil deu exemplo de inovação nesse projeto, que começou com o Exército Brasileiro, na implementação de duas infovias”, lembra.

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As redes implantadas pelo Exército Brasileiro, a partir de 2014, eram parte do Programa Amazônia Conectada (PAC). Agora, o Programa Norte Conectado contempla a implementação de oito infovias nos rios da Amazônia, formadas por cerca de 12 mil quilômetros de cabos de fibra óptica subaquáticos (lançados nos leitos dos rios da região) que auxiliam na melhoria da infraestrutura das telecomunicações e consequente inclusão digital na região amazônica.

Banzeiro da Esperança na COP30: Entenda como funciona o Norte Conectado, programa que expande a inclusão digital na Região Amazônica
Programa Norte Conectado busca integrar a região Amazônia por meio de infovias. Imagem: Reprodução/EAF

“Somente a EAF está lançando cerca de 9 mil quilômetros de cabos. Os 12 mil km, para se ter uma dimensão, é como se fosse lançar um cabo submarino entre Fortaleza (CE), no Brasil, até Nova Iorque (EUA) e retornar com esse cabo”, destaca Guerra sobre o impacto da rede do Programa Norte Conectado.

Segundo Guerra, o projeto tem três pilares principais na implementação do Norte Conectado nas capitais amazônicas e regiões de fronteira com outros países, como a Colômbia e o Peru:

  1. Integração nacional;
  2. Inclusão social;
  3. Cidadania digital.

Impacto ambiental

Uma das dúvidas que surgem sobre a aplicação dos cabos na região amazônica é se causam impactos ambientais como o desmatamento, que tem afetado a região com o avanço das mudanças climáticas.

De acordo com a descrição do Programa Norte Conectado, a expansão é “por meio da implantação de cabos de fibra óptica subfluviais, visando atender às políticas públicas de telecomunicações, educação, pesquisa, saúde, defesa e do judiciário, e ainda outras políticas públicas que venham a se integrar ao escopo do Programa. Além disso, objetiva-se ampliar o acesso à internet da região, com possibilidade de integração aos países vizinhos que compõem a Pan Amazônia”. 

O presidente da EAF esclarece: “Não temos impacto nas matas, pois não é uma rede terrestre. O cabo é lançado nos leitos dos rios, o que nos garante um nível de não poluição muito relevante. E temos um cabo que não tem energia, ele não carrega energia com ele, ela [a energia] é colocada somente nas estações distribuídas ao longo das infovias”.

Cerca de 70 estações fazem parte do projeto e são usadas também para as ações de inclusão. Segundo Guerra, localmente são desenvolvidas redes de fibra ótica para conectar diversas escolas, postos de saúde, hospitais, fóruns de justiça e prefeituras.

“Nos seis estados que estão no programa Norte Conectado se estima que cerca de 10 milhões de pessoas vão ser direta ou indiretamente impactadas”, afirma Guerra, referindo-se à implementação das infovias projetadas para inclusão digital da população da região.

Leia também: 370 mil pessoas em comunidades ribeirinhas e indígenas da Região Amazônica irão receber internet

Especial COP30

A entrevista com o presidente da EAF, Leandro Guerra, faz parte de uma sequência especial dedicada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Conferência das Partes (COP30) do programa ‘Bate-papo na CBN’, da rádio CBN Amazônia Belém (102,3 FM ).

Com o olhar de quem vive na região, o programa reuniu informações e entrevistas sobre toda a movimentação da 30ª edição do encontro mundial realizado em Belém (PA), realizado entre os dias 10 e 22 de novembro.

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Foto: Reprodução/Youtube-CBN Amazônia Belém

Além do Programa Norte Conectado, o especial também apresentou dados sobre o Atlas de Risco Geológico da Amazônia, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), que indica que mais de 1,4 milhão de pessoas vivem em áreas de risco na região da Amazônia Legal

A gerente de hidrologia e gestão territorial do SGB em Belém, Sheila Teixeira, compartilhou informações gerais sobre o compilado de 13 anos de estudos na Amazônia e a realidade na capital paraense, que apresenta em torno de 368 mil pessoas em situação de risco. Elas estão expostas, por exemplo, às inundações causadas pelas enchentes dos rios.

Com oito episódios, os programas da rádio, apresentados pela jornalista Brenda Freitas, também ganharam versões especiais no canal Amazon Sat e no Portal Amazônia.

Assista as entrevistas completas no primeiro episódio da edição especial do programa:

Veja outras matérias da série:

Banzeiro da Esperança

A iniciativa Banzeiro da Esperança é uma parceria entre Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação Rede Amazônica (FRAM) e Virada Sustentável, com patrocínio do Banco da Amazônia (BASA). Esta edição do Banzeiro da Esperança é uma jornada de conexão, troca de saberes e transformação com foco na COP30.

Ofício das Tacacazeiras é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil

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Foto: Bruna Brandão/MTur

Ofício das Tacacazeiras da Região Norte foi reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 25 de novembro. A decisão foi tomada durante a 111ª Reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, órgão colegiado composto por técnicos e representantes da sociedade civil que delibera sobre o reconhecimento de bens culturais materiais e imateriais.

O ofício foi inscrito no Livro dos Saberes, destacando a importância das mulheres amazônicas na preservação de saberes ancestrais ligados à culinária regional.

“É o reconhecimento dos saberes e tradições da região norte. A região norte deve ser valorizada e fala sobre o que é o Brasil”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass.

“É o reconhecimento dos saberes e tradições da região norte. A região norte deve ser valorizada e fala sobre o que é o Brasil”, disse o presidente do Iphan, Leandro Grass.

O tacacá é um prato típico da Amazônia feito com tucupi e goma (derivados da mandioca), camarão seco, jambu e temperos variados.

Mas o reconhecimento vai muito além da receita. Como destaca o parecer técnico, escrito pela conselheira do conselho consultivo do Iphan, Izabela Tamaso, o ofício de tacacazeira não se restringe a uma receita, mas compreende um conjunto integrado de práticas agrícolas, saberes tradicionais, técnicas culinárias, modos de comercialização, formas de sociabilidade e sentidos simbólicos

Venda de tacacá em Parintins, no Amazonas. Foto: Matheus Castro/Rede Amazônica AM

O parecer destaca que o ofício surgiu em um contexto de crise econômica e falta de empregos formais, quando mulheres que não encontravam espaço no mercado formal passaram a utilizar a venda de alimentos de rua como estratégia de sobrevivência e de manutenção familiar.

Muitas relatam com orgulho que conseguiram criar e educar seus filhos com o trabalho do tacacá, como Maria de Nazaré, tacacazeira de 71 anos que ainda atua em Manaus (AM). “Meus filhos estão fazendo faculdade aqui, eu tenho um filho cirurgião, tenho neto advogado. Tudo se criou aqui, vendendo tacacá”, disse.

“Através do tacacá eu criei e eduquei vários netos. É de geração para geração”, concluiu Maria de Nazaré.

O ofício está presente em todas as sete capitais da Região Norte, com características próprias em cada localidade. Em Belém (PA), por exemplo, existem registros literários e artísticos sobre as tacacazeiras desde o final do século XIX. Já em Palmas (TO), a prática é mais recente, ligada à migração paraense e maranhense para a cidade.

Os pontos de venda variam entre bancas, barracas, quiosques, carrinhos, boxes de mercado, kombis, lanchonetes e até restaurantes especializados. Mais do que locais de comércio, esses espaços são pontos de encontro e sociabilidade, onde se reforçam laços comunitários e a identidade amazônica.

O pedido de registro do Ofício das Tacacazeiras

O pedido de registro começou em 2010, quando o Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular (CNFCP) solicitou o reconhecimento, como parte de um trabalho maior sobre os saberes relacionados à mandioca no Pará. Em 2024, o processo ganhou novo impulso com pesquisa realizada em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), que ouviu mais de 100 tacacazeiras em sete estados da Região Norte: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins.

As tacacazeiras são, em sua maioria, mulheres que transformaram o preparo e a venda desse prato em seu meio de vida, ocupando praças, esquinas, feiras e mercados das cidades amazônicas.

Foto: Divulgação/Iphan

Segundo a pesquisa, quase 70% das pessoas que trabalham com tacacá são mulheres, muitas delas de meia-idade ou mais velhas, que aprenderam o ofício com suas mães, avós ou sogras e hoje transmitem esse conhecimento para as novas gerações.

Com o reconhecimento oficial, o Iphan agora trabalhará na elaboração de um Plano de Salvaguarda que contempla cinco eixos de ação: gestão e empreendedorismo; acesso a matérias-primas e insumos; melhoria das condições de comercialização; divulgação cultural e gastronômica; e direito à cidade, garantindo melhores condições de infraestrutura nos pontos de venda.

O objetivo é não apenas preservar o saber-fazer, mas melhorar as condições de trabalho das tacacazeiras, fortalecer sua organização coletiva e valorizar seu papel como guardiãs de um patrimônio cultural que identifica e distingue a Amazônia brasileira.

“Criei meus filhos com o tacacá, sou feliz pela minha profissão. Obrigado ao Iphan por toda essa estrutura”, disse a tacacazeira de Roraima, Irene Morais. 

*Com informações do IPHAN

Expedição na Amazônia investiga disseminação de vírus emergentes e reemergentes

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Foto: Divulgação

Pesquisadores do projeto Rede Pampa – uma parceria entre a Unicamp, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Instituto Evandro Chagas – embarcaram nesta terça-feira (25) para mais uma expedição na Amazônia, ao longo da rodovia BR-319, que liga Porto Velho (RO) a Manaus (AM).

A iniciativa investiga a disseminação de vírus emergentes e reemergentes em regiões impactadas pela degradação ambiental. Além disso, realiza ações de promoção de saúde para ampliar a resiliência da população local e prevenir surtos ou surgimento de doenças.

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De 24 de novembro a 15 de dezembro, a equipe irá percorrer um trecho não pavimentado de cerca de 600 km da rodovia. O estudo avalia possíveis impactos para a saúde de um projeto em andamento de restauração da estrada. Isso porque, conforme o pesquisador da Fiocruz Amazônia Pritesh Lalwani, obras de infraestrutura são comumente acompanhadas de um aumento de doenças infecciosas nas suas proximidades.

O projeto, contemplado com financiamento da iniciativa Amazônia+10, realiza viagens regulares à região desde 2023, a fim de monitorar os vírus e as doenças em circulação e coletar amostras de sangue de humanos e animais domésticos, além de amostras de insetos. Agora, pela primeira vez, serão coletados, também, animais selvagens de pequeno porte, como roedores e marsupiais.

Resultados preliminares indicam a presença de enfermidades como febre oropouche, febre mayaro, leptospirose, leishmaniose, malária, hantavirose, dengue e chikungunya na região amazonense. Outro braço do projeto analisa os efeitos da mineração na região de Carajás (PA).

Leia também: Levantamento da Fiocruz Amazônia indica infecção recente de febre Oropouche em parte da população ao longo da BR-319

Coordenador do Laboratório de Estudos de Vírus Emergentes (LEVE) da Unicamp, José Luiz Modena destaca que intervenções em ambientes com alta biodiversidade, como a Floresta Amazônica, aumentam o contato com microrganismos, conhecidos ou desconhecidos, que podem provocar novas doenças.

Além da obra na BR-319, a localidade também sofre os impactos do aumento populacional, da expansão da agropecuária e do desmatamento – que, por sua vez, enfraquecem a biodiversidade e facilitam a adaptação e a circulação de patógenos (vírus, bactérias e outros microrganismos capazes de causar doenças em seres vivos).

“Como minimizar isso? Promover qualidade de vida, diagnósticos imediatos e vigilância em tempo real das populações impactadas”, defende o pesquisador.

A partir dessa pesquisa, a ideia é criar estratégias de saúde para lidar com as alterações ambientais, que também podem ser provenientes das mudanças climáticas. O estudo pode, ainda, servir de modelo para implementação de políticas públicas em outras áreas com características similares.

Segundo os pesquisadores, novos resultados devem ser divulgados em meados de 2026, ano de encerramento do projeto. Porém, Lalwani afirma que o objetivo do grupo é buscar novos financiamentos para a manutenção do trabalho na região, agregando especialistas de diferentes áreas a fim de levar soluções que integrem meio ambiente e saúde humana e animal.

Fauna diversificada na Amazônia

Livia Sacchetto, virologista e pós-doutoranda no LEVE, viajará pela primeira vez com o projeto e auxiliará na instalação de 200 armadilhas para coleta de roedores: “Meu trabalho é focado na caracterização desses vírus que podemos encontrar tanto nos humanos, quanto nos animais selvagens e mosquitos”.

Uma questão que chamou a atenção dos pesquisadores, destaca Sacchetto, foi a identificação não somente em humanos, mas também em animais, de soropositividade (anticorpos) para o vírus oropouche, que teve reemergência recente no Brasil a partir de uma nova variante. Transmitido por um mosquito chamado de maruim, esse vírus causa uma doença com sintomas similares à dengue.

Resultados preliminares projeto rede pampa na amazônia
Nas nova expedição pela Amazônia a proposta é distribuir 200 filtros de água doados, fornecer capacitação para utilizá-los e realizar oficinas sobre esgotamento sanitário. Foto: Divulgação

A pesquisadora explica que, com os dados das espécies encontradas – se são silvestres ou urbanas – e dos patógenos identificados, será possível estudar a interação dos humanos e animais domésticos com o ambiente da floresta.

As análises das amostras são feitas de forma integrada, divididas entre a Fiocruz Amazônia, o Instituto Evandro Chagas e a Unicamp. “Em Campinas, estamos fazendo uma parte que depende de isolamento e manipulação de vírus viável, de neutralização de partículas infectivas”, esclarece Modena.

Programa de extensão

O percurso da expedição na Amazônia começa pela comunidade de Igapó-Açu, passa por diversos povoados e propriedades às margens da rodovia e termina no distrito de Realidade, em Humaitá – que experimentou um grande crescimento nos últimos anos.

O que começou como um projeto de vigilância em saúde caminha para se tornar um programa interdisciplinar, por meio de uma iniciativa da Pró-Reitoria de Extensão, Esporte e Cultura (ProEEC/Unicamp). Em Igapó-Açu, a expedição atual promoverá, além das atividades de pesquisa, ações de saúde e saneamento básico.

Em dezembro de 2024, as engenheiras Luana Mattos de Oliveira Cruz, docente da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (Fecfau), e Viviane Pereira Alves, doutoranda na Unicamp, foram à comunidade pela primeira vez para realizar um diagnóstico da situação relacionada à água, ao esgoto e aos resíduos sólidos.

“Chegamos com uma estrutura de questionário montada, e lá precisamos reconfigurar tudo, porque é um contexto absolutamente diferente do que conhecemos”, conta Alves.

A doutoranda relata que há graves problemas de saneamento básico, poucas casas com esgotamento sanitário e um risco de contaminação do rio Igapó-Açu, que fornece água para consumo. Além disso, o armazenamento dos resíduos sólidos para coleta e disposição final também é um desafio, pois atrai roedores.

Essas questões se conectam ao objeto da pesquisa em andamento. “Isso se reflete no fato de estarmos encontrando casos de leptospirose, de doenças sabidamente transmitidas por roedores domésticos. Temos também uma taxa muito alta de soroconversão nas pessoas [indivíduos com anticorpos detectáveis para determinada doença] para agentes que são transmitidos por roedores silvestres, como hantavírus”, afirma Modena.

A equipe extensionista retorna, nessa nova expedição, com uma proposta diferente de trabalho: distribuir 200 filtros de água doados, fornecer capacitação para utilizá-los e realizar oficinas sobre esgotamento sanitário. A ideia é de “entender quais soluções tecnológicas – secas ou que usam recursos hídricos – a comunidade prefere. Vamos envolver a população de forma participativa para que eles escolham se gostariam de ter esse sistema piloto instalado nas suas casas”, explica Alves.

Igapó-Açu foi escolhida porque está localizada em uma área que sofre alagamentos intensos em um período do ano e secas severas em outro.

“Se conseguirmos solucionar a questão nesse local, conseguiremos replicar para outros lugares”, diz a doutoranda.

Adicionalmente, a equipe de pesquisa também atua na educação em saúde, divulgando cartazes e jogos infantis com explicações sobre as doenças infecciosas e sua prevenção. “Essa é a nossa devolutiva à comunidade”, reitera Lalwani. Os pesquisadores visam, ainda, estabelecer parcerias com as prefeituras da região para levar alternativas de acesso à saúde, como a telemedicina.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal da Unicamp, escrito por Helena Tallmann

Amapá desperdiça mais da metade da água tratada, mostra estudo

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Falhas graves na medição e cobrança do consumo de água tratada no Amapá foram detectadas pelo estudo realizado pelo Instituto Trata Brasil. Foto: Igor Jácome/Rede Amazônica AP

Amapá desperdiça 53,7% da água tratada antes de chegar às torneiras, segundo o Estudo de Perdas de Água 2025, divulgado dia 24 pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria GO Associados. O levantamento, com base em dados de 2023, mostra que o estado está entre os piores do país, muito acima da média nacional de 40,3%.

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Amapá desperdiça mais da metade da água tratada, mostra estudo
Foto: Reprodução/Instituto Trata Brasil

A capital, Macapá, também aparece em destaque negativo: perdeu 53,5% da água tratada distribuída em 2023, ocupando a 91ª posição entre os 100 maiores municípios brasileiros. O índice está distante da meta de excelência estabelecida pelo Ministério do Desenvolvimento Regional, que prevê perdas de até 25% até 2034.

Na prática, mais da metade da água tratada produzida no estado não chega às casas dos moradores. O estudo aponta falhas graves na medição e cobrança do consumo, já que o Amapá apresentou índice negativo no faturamento de água, o que é considerada uma situação rara e crítica.

Em todo o Brasil, o desperdício de água tratada chegou a 5,8 bilhões de metros cúbicos em 2023. O volume equivale a mais de 6 mil piscinas olímpicas por dia e seria suficiente para abastecer cerca de 50 milhões de pessoas por um ano.

Além do Amapá: Norte precisa de atenção

As regiões Norte (49,7%) e Nordeste (46,2%) lideram os índices de perdas. Entre os estados, Alagoas (69,8%), Roraima (62,5%) e Acre (62,2%) registram os piores resultados.

Leia também: Região Norte ainda vive cenário crítico de saneamento básico, aponta levantamento do Trata Brasil

Segundo o Instituto Trata Brasil, as perdas elevadas pressionam os mananciais e aumentam os custos de produção. Além disso, dificultam o acesso à água em comunidades vulneráveis. No país, cerca de 34 milhões de pessoas ainda vivem sem abastecimento regular.

No caso do Amapá e de Macapá, a situação reforça a necessidade de investimentos em infraestrutura e gestão eficiente, segundo o estudo. Sem isso, o desperdício continuará agravando a crise hídrica e comprometendo o abastecimento da população.

Perdas de água
Foto: Reprodução/Instituto Trata Brasil

Leia também: Saneamento que transforma: como a distribuição de água e tratamento de esgoto impulsionam o turismo em Manaus

Entre os 100 maiores municípios, apenas 13 atingiram a meta considerada ‘excelente’ de perdas abaixo de 25%. A capital do Amapá, Macapá, aparece no grupo dos piores resultados, ao lado de capitais como Belém (61,9%), Rio Branco (56%) e Maceió (71,7%).

O estudo mostra que o Brasil tem um longo caminho para reduzir as perdas de água. A meta de 25% até 2034 exige ações urgentes para garantir água potável e enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.

*Por Rafael Aleixo, da Rede Amazônica AP

Queimadas podem reduzir expectativa de vida em até 2 anos no Acre, aponta pesquisa

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Acre reforça situação de emergência ambiental por conta de agravamento da seca. Foto: Marcos Vicentti/Secom AC

As queimadas podem reduzir, em até dois anos, a expectativa de vida dos moradores do Acre. Isto é o que afirma uma pesquisa divulgada pela organização ambiental Greenpeace Brasil no início de novembro, com base em dados de poluição registrados de 2019 a 2023.

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O relatório mostra como a poluição do ar cresceu em áreas importantes da Amazônia, ameaça a saúde das pessoas e acelera as crises do clima e da biodiversidade.

inda segundo os dados, pesquisadores do projeto Índice de Qualidade do Ar e Vida (AQLI), da Universidade de Chicago, constataram que os estados do Acre e Amazonas tiveram média de 30 microgramas por metro cúbico (µg/m³). Veja a série histórica de 2019 a 2023:

  • 2019 – 33,4 µg/m³
  • 2020 – 35,0 µg/m³
  • 2021 – 30,1 µg/m³
  • 2022 – 34,9 µg/m³
  • 2023 – 30,9 µg/m³

Tais dados se referem ao material particulado fino no ar, medido ao longo de um ano e expresso em microgramas por metro cúbico. A título de comparação, a Organização Mundial de Saúde (OMS) considera aceitável 15 µg/m3.

Os pesquisadores também avaliaram que o nível médio anual de PM2,5 (µg/m³) no Acre chegou a 32,8.

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Queimadas podem reduzir expectativa de vida em até 2 anos no Acre, aponta pesquisa
Queimadas passam de 8,6 mil focos entre agosto de 2024 e 2025 no Acre. Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Impactos negativos das queimadas na saúde e bem estar

Segundo especialistas das áreas de saúde e meio ambiente ouvidos pelo Grupo Rede Amazônica, o fogo tem impacto direto na redução da qualidade do ar por conta de gases poluentes que resultam da queima de vegetação.

Ainda segundo Sonara, as queimadas na região da Amazônia tem se tornado cada vez mais frequentes, o que torna o fato motivo de preocupação.

“Apesar de sempre ocorrer, eram em intervalos maiores, e com os nossos estudos, é comprovado que esses incêndios tem se tornado muito mais frequentes, afetando uma quantidade de áreas cada vez maior”, afirmou a doutora em ciências de florestas tropicais, Sonaira Silva.

Para o médico infectologista Eduardo Farias, o cenário potencializa o surgimento de doenças que podem ocasionar infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC).

“Nesses locais acontece a ação de doenças respiratórias crônicas como asma, rinites e bronquite, sobretudo nas queimadas urbanas, que têm pneus velhos e produtos biológicos. Pessoas que moram perto de lixões podem desenvolver até câncer, com o tempo, por conta das partículas cancerígenas que são jogadas para a atmosfera”, complementou.

Mesmo em um cenário de redução do registro de focos de incêndio no último ano, o estudo aponta que a ocorrência de queimadas aumenta a quantidade de carbono na atmosfera, o que propicia mudanças climáticas e intensifica o efeito estufa.

O estudo também mostrou que a região Amacro, localizada entre os três estados do Amazonas, Acre e Rondônia, também conhecida como a ‘fronteira do desmatamento’, mostra que a prática das queimadas estão aumentando ao longo das estradas existentes e na abertura de novos ramais.

“Com a pesquisa, também registramos os depoimentos de comunidades, líderes locais e populações diretamente afetadas. Entre os principais efeitos observados estão os conflitos fundiários resultantes do avanço do desmatamento, a interrupção das atividades diárias e os problemas de saúde associados à inalação de fumaça”, destacou o levantamento do Greenpeace Brasil.

*Por Walace Gomes, da Rede Amazônica AC