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Resíduo de andiroba tem potencial para desenvolver pesticida natural, aponta pesquisa

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Andiroba. Foto: Nailana Thiely/Acervo Uepa

Em pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Sociedade, Natureza e Desenvolvimento (PPGSND) da Universidade Federal do Pará (Ufopa), experimentos apontaram que o resíduo derivado do subproduto industrial da produção de óleo de andiroba tem importantes propriedades acaricidas, que possibilitam o combate a carrapatos.

A andiroba, cientificamente conhecida como Carapa guianensis, é uma planta amazônica cuja semente é prensada para extração de óleo, e o material que sobra depois desse processo, geralmente, é descartado.

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A pesquisa, que buscou conhecer as propriedades desse resíduo, sugere que o subproduto industrial pode ser uma alternativa viável para a formulação de agentes acaricidas naturais. Esse resultado abre possibilidades promissoras para o controle de uma espécie de carrapato (Dermacentor nitens) que infesta cavalos, e de outras espécies relacionadas.

O resultado do estudo foi publicado como artigo científico na revista Veterinary Sciences, um periódico internacional sobre ciências veterinárias. De acordo com a publicação, assinada por nove pesquisadores da Ufopa, constatou-se que o extrato de andiroba na concentração de 5% pôde matar todos os carrapatos no teste utilizado.

O texto enfatiza que “atualmente, o controle do carrapato é baseado em acaricidas químicos, geralmente em uma formulação em pó para uso tópico. No entanto, seu uso indiscriminado resulta no surgimento de linhagens de carrapatos resistentes”.

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Diante disso, a pesquisa buscou testar as atividades biológicas do resíduo de andiroba como alternativa nesse combate. Confira o artigo completo AQUI.

A pesquisa recebeu financiamento da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

*Com informações da Ufopa

Certificado pela OMS: Suriname é o primeiro país amazônico livre de malária

Foto: Reprodução/OPAS-OMS

O Suriname se tornou o primeiro país da região amazônica a receber a certificação ‘livre da malária’ da Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 30 de junho. Este marco histórico é resultado de quase 70 anos de compromisso do governo e do povo surinamês para eliminar a doença de suas vastas florestas tropicais e comunidades diversas.

“A OMS parabeniza o Suriname por esta conquista notável”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. “Esta certificação é um forte endosso do princípio de que todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade, origem ou status migratório, merecem acesso universal ao diagnóstico e tratamento da malária. O forte compromisso do Suriname com a equidade em saúde serve de inspiração para todos os países que lutam por um futuro sem malária”.

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Com o anúncio, a OMS já certificou um total de 46 países e um território como livres da malária, incluindo 12 países na Região das Américas.

“O Suriname fez o que precisava para eliminar a malária: detectou e tratou rapidamente todos os casos para prevenir sua disseminação, por meio do engajamento com as comunidades”, afirmou Jarbas Barbosa, diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), Escritório Regional da OMS para as Américas. “Esta certificação reflete anos de esforço contínuo, especialmente para alcançar áreas remotas. Significa que as gerações futuras poderão crescer livres desta doença potencialmente mortal”, acrescentou.

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A OMS certifica que um país eliminou a malária quando demonstra, além de qualquer dúvida razoável, que a cadeia de transmissão autóctone foi interrompida em todo o seu território durante pelo menos os últimos três anos.

Amar Ramadhin, ministro da Saúde do Suriname, declarou: “Estar livre da malária significa que nossa população não corre mais o risco de contrair a doença. Além disso, a eliminação da malária terá efeitos positivos em nosso setor de saúde, impulsionará a economia e melhorará o turismo”.

“Ao mesmo tempo, estamos cientes de que manter esse status exigirá vigilância contínua. Devemos continuar adotando as medidas necessárias para prevenir a reintrodução da malária. Estamos orgulhosos de que nossas comunidades estejam agora protegidas e ansiosos para receber mais visitantes em nosso belo Suriname, mantendo-nos totalmente comprometidos em salvaguardar essas conquistas obtidas com tanto esforço”.

O caminho do Suriname rumo à eliminação

Os esforços de controle da malária no Suriname começaram na década de 1950 nas áreas costeiras densamente povoadas do país e consistiam principalmente na pulverização de residências com o inseticida DDT e tratamento antimalárico. Na década de 1960, as áreas costeiras estavam livres da malária e a atenção se voltou para o interior florestal do país, lar de diversas comunidades, incluindo indígenas.

Embora a pulverização interna tenha sido bem-sucedida nas áreas costeiras, seus efeitos foram limitados no interior do país devido à predominância de construções tradicionais de estilo aberto, que oferecem pouca proteção contra mosquitos. Em 1974, o controle da malária no interior do país foi delegado ao Medische Zending, o serviço de atenção primária à saúde do Suriname, que recrutou e treinou profissionais de saúde das comunidades locais para fornecer serviços de diagnóstico e tratamento precoces.

O aumento das atividades de extração de minerais, particularmente a mineração de ouro, que frequentemente envolve viagens entre áreas endêmicas de malária, levou a um aumento nos casos, que ultrapassaram 15 mil em 2001 — a maior taxa de transmissão de malária nas Américas.

Desde 2005, graças ao apoio do Fundo Global de Combate à AIDS, Tuberculose e Malária, a capacidade de diagnóstico foi significativamente ampliada por meio de melhorias na microscopia e do uso de testes rápidos de diagnóstico, especialmente entre populações itinerantes. Tratamentos à base de artemisinina com primaquina foram introduzidos no Suriname e em países vizinhos por meio de estudos liderados pela OPAS no âmbito da Iniciativa Amazônica contra a Malária (AMI-RAVREDA), com apoio dos Estados Unidos. A prevenção também foi reforçada entre grupos de alto risco por meio da distribuição de mosquiteiros tratados com inseticida, financiados pelo Fundo Global.

Em 2006, a malária havia diminuído drasticamente entre as populações indígenas, levando o Suriname a mudar seu foco para populações itinerantes de alto risco em áreas remotas de mineração. Para alcançar esses grupos, muitos dos quais eram migrantes de países vizinhos onde a malária é endêmica, o país estabeleceu uma rede de prestadores de serviços de malária, recrutados diretamente das comunidades de mineração. Esses agentes comunitários treinados e supervisionados oferecem serviços gratuitos de diagnóstico, tratamento e prevenção da malária, desempenhando um papel vital na resolução das lacunas de acesso em regiões de difícil acesso.

O Suriname eliminou com sucesso a malária, garantindo o acesso universal ao diagnóstico e tratamento, independentemente da condição da população, mobilizando uma ampla rede de agentes comunitários de saúde e implementando a triagem da malária em todo o país, inclusive nas travessias de fronteira. O último caso de malária por Plasmodium falciparum, transmitido localmente, foi registrado em 2018, e o último caso de malária por Plasmodium vivax data de 2021.

Compromisso sustentado com a liderança e o financiamento

O governo do Suriname demonstrou um forte compromisso com a eliminação da malária, particularmente por meio do Grupo de Trabalho Nacional para a Eliminação da Malária, do Programa Contra a Malária, do Fundo para a Eliminação da Malária e da colaboração transfronteiriça com o Brasil, Guiana e Guiana Francesa. Há muitos anos, a OPAS/OMS, com o apoio do governo dos Estados Unidos, oferece cooperação técnica na campanha contra a malária no Suriname. Desde 2016, o país também participa da iniciativa Eliminação 2025, que envolve um grupo de países que, segundo a OMS, podem eliminar a malária até 2025.

O sucesso do Suriname demonstra que a eliminação da malária é possível nos ambientes complexos da Bacia Amazônica e dos países tropicais continentais. A certificação como país livre da malária é fundamental para o avanço da Iniciativa de Eliminação de Doenças da OPAS, que visa eliminar mais de 30 doenças transmissíveis nas Américas até 2030, incluindo a malária.

Certificação da OMS como país livre de malária

A decisão final sobre a concessão da certificação de país livre de malária é tomada pelo diretor-geral da OMS, com base na recomendação do Grupo Consultivo Técnico para a Eliminação e Certificação da Malária e após a validação da recomendação pelo Grupo Consultivo de Políticas Contra a Malária. Você pode encontrar mais informações sobre o processo de certificação aqui.

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo OPAS/OMS

Tenreiro Aranha: conheça a história da famosa praça do Centro de Manaus

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Praça Tenreiro Aranha, em Manaus. Foto: Adneison Severiano/Acervo Rede Amazônica AM

Símbolo da memória urbana de Manaus (AM), a Praça Tenreiro Aranha atravessa mais de 170 anos de história, mudanças políticas e transformações na paisagem. Localizada no Centro Histórico da capital amazonense, ela é um reflexo vivo da evolução da cidade e da luta pela preservação do patrimônio local.

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Entre as ruas Marquês de Santa Cruz, Guilherme Moreira, Theodoro Souto e Marcílio Dias, a praça é um dos espaços públicos mais antigos da cidade, de 1845, quando o terreno foi desapropriado para dar lugar à então Praça Nova, em meio ao processo de expansão urbana de Manaus ainda na época provincial.

“A área ficava próxima à antiga ponte de madeira dos Remédios, junto à orla do Rio Negro, e suas origens estão ligadas à expansão urbana da década de 1840”, revelou o historiador Allan Carneiro ao Portal Amazônia.

Com o passar das décadas, a praça foi ganhando importância como espaço logístico e simbólico. Em 1865, foi batizada como Praça Tamandaré, em homenagem ao almirante da Marinha, e recebeu aterros, calçamento e uma rampa para facilitar o desembarque de cargas e passageiros, especialmente com o avanço do ciclo da borracha.

Entre 1873 e 1879, o calçamento foi reconstruído para atender à crescente movimentação fluvial e urbana. A urbanização mais acentuada da praça viria a partir de 1881, quando o primeiro jardim da área foi projetado pelo Dr. Turbino de Azevedo, conforme cita o pesquisador Mário Ypiranga Monteiro no livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’.

Poucos anos depois, o superintendente municipal Coronel Adolpho Guilherme de Miranda Lisboa promoveu melhorias no espaço, reforçando seu valor como ponto de convivência da cidade.

Leia também: Onde estão as estátuas que representavam o passado e futuro em praça de Manaus?

A estátua de Tenreiro Aranha

Tenreiro Aranha
Monumento à Província do Amazonas. Foto: Reprodução/livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’

No início do século XX a praça assumiu seu papel mais simbólico, e em 1906 o espaço foi remodelado para receber uma estátua em homenagem a João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha, primeiro presidente da Província do Amazonas, oficializada pela Lei Imperial de 5 de setembro de 1850. 

Tenreiro Aranha, nascido no Pará em 1798 e falecido em 1862, foi filho do poeta Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha e um dos grandes defensores da elevação da comarca do Rio Negro à categoria de província, além de atuar na viabilização da navegação a vapor no rio Amazonas.

Segundo Ypiranga Monteiro, a estátua em bronze, que retratava o homenageado com o olhar voltado para o encontro dos rios Negro e Solimões, foi fabricada na Itália e inaugurada em 5 de setembro de 1907, durante a gestão do governador Constantino Nery e com a presença do filho do homenageado, o deputado Bento Aranha.

O monumento havia sido inicialmente reservado para a Praça 5 de Setembro (conhecida como Praça da Saudade), no entanto, foi a Praça Tamandaré que acabou acolhendo a homenagem a Tenreiro Aranha.

Com a inauguração do monumento, a praça passou por reformas no calçamento, arborização com palmeiras e figueiras, e ganhou novo prestígio público. Em 1921, por lei municipal, o espaço passou a se chamar oficialmente Praça Tenreiro Aranha.

Apesar de seu valor histórico, a praça enfrentou o abandono, e em 1932 a estátua de Tenreiro Aranha foi transferida para a Praça da Saudade, esvaziando o caráter simbólico do local. Nos anos seguintes, propostas urbanas tentaram apagar a praça do mapa. Em 1946, por exemplo, um decreto municipal chegou a autorizar a construção de um hotel no local, o que foi revertido após críticas públicas.

Durante a década de 1970, a área foi convertida em estacionamento público, o que descaracterizou completamente o espaço como jardim histórico, fato lamentado por urbanistas e historiadores.

Leia também: Com 114 anos, conheça a história do Pavilhão Universal

Feira de artesanato indígena da Praça Tenreiro Aranha. Foto: Reprodução/ Artesanato Manaus

A partir dos anos 1980, um novo capítulo começou a ser escrito e o Pavilhão Universal, antes localizado na Praça Ribeiro da Cunha, foi transferido para a Praça Tenreiro Aranha. Com ele, veio a instalação de uma feira de artesanato indígena e cabocla, o que reaproximou o espaço de sua vocação popular e praça ganhou o apelido de ‘Praça do Índio’, por abrigar vendedores, artistas e artesãos da região.

De acordo com o historiador Allan Carneiro, a estrutura do pavilhão foi restaurada em 2008 e, em 2016, seis oitizeiros [árvore conhecida como Oiti (Licania tomentosa)] foram transplantados para enriquecer o paisagismo, marcando um esforço de recuperação ambiental e estética da praça.

*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar (com informações do livro ‘Roteiro Histórico de Manaus’, de Mário Ypiranga Monteiro)

Prefeitura de Porto Velho propõe PL que multa em até R$ 10 milhões quem provocar queimadas criminosas

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Queimadas em Porto Velho. Foto: Divulgação/Prefeitura de Porto Velho

O prefeito de Porto Velho, Léo Moraes, encaminhou à Câmara de Vereadores, no dia 14 de julho, um Projeto de Lei (PL) que propõe multar em até R$ 10 milhões quem for flagrado provocando queimadas ilegais dentro do território municipal. A proposta deve ser votada nas próximas sessões plenárias.

Segundo a Lei nº 9.605, queimada criminosa é aquela realizada sem autorização ou em desacordo com as normas ambientais. Atualmente, a multa é calculada com base na proporção do terreno e, em casos de grandes danos, pode chegar a 2 mil UPFs (Unidades Padrão Fiscal), conforme o prejuízo ambiental causado.

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De acordo com o prefeito, a nova proposta que aumenta o valor da multa busca conter o avanço das queimadas, que todos os anos afetam a saúde da população e o meio ambiente da capital durante o período de estiagem.

Enquanto o texto segue em análise na Câmara, o município já vem notificando e autuando os proprietários de terrenos baldios como forma de prevenir possíveis focos de incêndio.

NASA substitui equipamento em observatório para otimizar coleta de dados no Pará

O novo equipamento instalado pela NASA vai possibilitar fazer medições noturnas. Foto: Divulgação/Ufopa

O Observatório Atmosférico da Amazônia, localizado na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), faz a coleta de dados sobre a radiação solar em diferentes níveis atmosféricos, visando a entender as mudanças climáticas na região. Esse processo será potencializado com a substituição de um equipamento chamado espectrômetro cimel, realizada, nesta semana, por um técnico da NASA, agência espacial dos Estados Unidos.

O equipamento faz parte da rede Aeronet, desenvolvida pela NASA, que investiga a suspensão de partículas no ar (aerossóis), como poeira, cinzas e fumaça, por exemplo. A Ufopa faz parte dessa rede por meio do Projeto Sonda, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), com quem a universidade tem parceria.

Leia também: Observatório no Pará analisa influencia da radiação solar na Amazônia

O novo equipamento instalado vai possibilitar fazer medições noturnas, o que não ocorria com o anterior. Além de verificar a quantidade de aerossóis a partir da radiação solar, também poderá coletar informações a partir da luminosidade da Lua.

De acordo com o professor Lucas Vaz Peres, do curso de Ciências Atmosféricas da Ufopa, “ele consegue medir a quantidade de aerossóis no período noturno, o que é de grande importância, em função de que Santarém, assim como toda a região amazônica, sofre as consequências das queimadas, dos aerossóis que ficam em suspensão na atmosfera em função das queimadas, principalmente entrando agora no período seco”.

A troca do equipamento foi motivada pela preocupação com a chegada do tempo conhecido como ‘verão amazônico‘, quando há maior incidência de queimadas na região, principalmente depois dos registros feitos no ano passado, quando a região ficou encoberta por fumaça durante um grande período.

“Ano passado a gente sofreu bastante com relação a isso, então a NASA, que é a proprietária desse equipamento, que está na sua rede, na rede Aeronet, está preocupada em bem monitorar essa questão aqui na Amazônia”, enfatizou Peres.

A troca do equipamento foi feita pelo técnico da NASA, Christopher Bennett. Fotos: Divulgação/Ufopa

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Essa potencialização da coleta de dados atmosféricos no Observatório da Ufopa também ajudará nas pesquisas científicas para trabalhos de conclusão de curso na graduação, dissertações de mestrado e teses de doutorado.

A troca do equipamento foi feita pelo técnico da NASA, Christopher Bennett, acompanhado pelos professores Lucas Vaz Peres, Rodrigo da Silva e Theomar Neves, do curso de Ciências Atmosféricas do Instituto de Engenharia e Geociências (IEG) da Ufopa. A atividade também contou com o acompanhamento da estudante Nicole de Oliveira, aluna do curso e bolsista do Inpe.

*Com informações da Ufopa

“Espetacular”: gringos reagem ao Festival Folclórico de Parintins

A russa Olga Kovalenko reagiu às apresentações dos bois de Parintins. Foto: Reprodução/Youtube-Olga do Brasil

O Festival Folclórico de Parintins, também conhecido como ‘Festival dos Bois’, é uma das manifestações culturais grandiosas do Brasil. Realizado anualmente na Ilha Tupinambarana ou Ilha da Magia, nomes famosos dados a Parintins (AM), durante o último fim de semana de junho, o evento mobiliza as torcidas dos bois Caprichoso (azul) e Garantido (vermelho), com apresentações repletas de toadas, alegorias, lendas indígenas e coreografias que emocionam plateias de até 35 mil pessoas no Bumbódromo.

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A cidade triplica sua população durante o festival. Em 2025, por exemplo, mais de 120 mil turistas estiveram na ilha, muitos internacionais, ávidos por capturar cada instante dessa festa visual e sonora. Isso porque, nos últimos anos, a internet ajudou a levar o impacto cultural do festival a uma nova dimensão: vídeos de ‘gringos’ – estrangeiros – , que assistem às transmissões online, têm gerado reações diferentes e viralizado nas redes sociais.

Esses vídeos, conhecidos como “reacts” (do inglês, ‘reações’), mostram o sentimento e comentários de quem assiste ou vê algo pela primeira vez. E o espetáculo folclórico parintinense não poderia faltar nesta lista, o que tem ajudado a internacionalizar ainda mais o festival.

Leia também: ​Veja reações de gringos com vídeos sobre a cultura amazônida

O Portal Amazônia encontrou três canais de estrangeiros que mostram reações à cultura do boi-bumbá:

Embaixadores da cultura parintinense?

Alguns youtubers estrangeiros se tornaram referências nesse tipo de conteúdo. O canal ‘Gringo da Suécia’, comandado por Carl Malmqvist, já produziu um vídeo reagindo ao Festival Folclórico de Parintins. Embora hesitante no início — por causa da duração das gravações — Carl assistiu à festa e relatou ter se apaixonado pelo evento:

“Achei tão espetacular esse festival […] As roupas, os costumes, as cores e as coreografias […] realmente toda arte vinda da Amazônia”.

Embora o vídeo não possa ser mais encontrado no Youtube por ter sido excluído, gerou várias visualizações e cedeu uma entrevista ao Portal Amazônia comentando sobre a cultura amazônica. Carl depois fez outro vídeo em que fala que se identificou como torcedor do Garantido e passou a divulgar sua toada favorita: ‘Legião Vermelha’.

O canal ‘Alwhites‘, do britânico Alfie White, também já reagiu a diversos vídeos da cultura Amazônica. Um em específico, ele gravou reações a cenas sobre o Festival de Parintins. O vídeo foi publicado há três anos e já possui mais de 43 mil visualizações.

Já o canal ‘Olga do Brasil’, da youtuber russa Olga Kovalenko, aborda temas brasileiros variados, incluindo episódios sobre o Festival de Parintins. Ela que vive no Brasil e já possui um português fluente apesar do sotaque carregado, e seu canal possui mais de um milhão de inscritos. O vídeo sobre o Festival de Parintins já possui mais de 233 mil visualizações.

Impacto cultural e emocional nas reações

Os vídeos de gringos reagindo ao Festival servem como uma ponte cultural. Por um lado, esses influenciadores trazem uma visão externa — curiosa e, muitas vezes, emocionada — diante da riqueza visual e sonora brasileira. Por outro, os espectadores brasileiros encontram nesses conteúdos motivo de orgulho.

No canal ‘Brasiliando’, do brasileiro Johny Mendes, que vive na Espanha, há um vídeo com diversas reações de espanhóis à vídeos do Festival Folclórico de Parintins.

A presença de estrangeiros felizes com o Festival de Parintins, tanto pessoalmente quanto em reações mundo afora, reforça a importância cultural e simbólica dessa manifestação folclórica para além das fronteiras do Brasil.

Quando visitantes de outros países demonstram encantamento com as apresentações dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, eles reconhecem o valor das tradições amazônicas, das narrativas indígenas e da riqueza estética do evento.

Esse reconhecimento internacional fortalece a identidade cultural da Região Norte e amplia a visibilidade do festival no cenário global, favorecendo o intercâmbio cultural. A alegria dos estrangeiros também destaca o papel do festival: um patrimônio vivo, capaz de emocionar e conectar diferentes culturas por meio da arte, da música e da ancestralidade.

*Por Hector Muniz, do Portal Amazônia

Descoberta sobre reprodução de caranguejo-uçá pode causar alteração em lei de defeso no Amapá

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Novo período de andada reprodutiva do caranguejo-uçá é registrado no Amapá. Foto: Divulgação/Costamar

Uma andada reprodutiva da espécie caranguejo-uçá foi registrada fora do período de defeso, na Estação Ecológica Maracá Jipioca (ESEC), no litoral do Amapá. A ocorrência foi registrada por pesquisadores do projeto Costamar durante a noite, no final do mês de junho deste ano.

Leia também: Você sabe o que é a “andada” dos caranguejos?

A descoberta levanta a possibilidade de que o atual calendário referente à proteção da espécie esteja atrasado, o que pode causar uma revisão na lei que estabelece o período de defeso.

A última andada reprodutiva antes da ocorrida em junho foi registrada no mês de abril, dentro dos conformes do calendário.

O supervisor regional do projeto Costamar, Jonas Rosa, que monitora a espécie e sua reprodução, disse que a pesquisa está em fase inicial e será feita no período de três anos, para resultados mais precisos. “O estudo está em uma fase inicial, começamos a atuar em fevereiro, e é feito um monitoramento a cada 15 dias. Nossos técnicos vão a campo fazer esse monitoramento das andadas dos caranguejos”, disse.

Monitoramento da espécie é feito no litoral do Amapá. Foto: Divulgação/Costamar

A definição da data correta de reprodução permite que a andada reprodutiva aconteça corretamente, ainda segundo Jonas.

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“A andada reprodutiva do caranguejo é aquele momento onde eles saem para acasalar e fazem uma recuperação do seu estoque natural. O defeso é quando ele cobre esse período, permitindo que o caranguejo faça essa reprodução sem que aja a interferência do caranguejeiro pegando ele”, explicou o supervisor.

O estudo já foi realizado em outros estados, onde foram registrados novos períodos de defeso, com mudanças previstas no calendário de conservação da espécie.

“O benefício de deixar o caranguejo reproduzir no momento correto, é que existem menos conflitos com a fiscalização e permite mais economia. O caranguejeiro pode estar levando o alimento para a sua mesa sem que esses problemas ocorram”, finalizou Jonas.

*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP

Plataforma reúne dicas e jogos para auxiliar ensino de Física nas escolas de Roraima

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Imagem: Geralt via Pixabay

Com o objetivo de democratizar o acesso ao conhecimento científico e oferecer suporte a professores que dão aula de Física nas escolas, acadêmicos do curso de licenciatura em Física da Universidade Estadual de Roraima (UERR) criaram um espaço digital. O ambiente é dedicado à produção, sistematização e divulgação de materiais didáticos voltados à realidade da educação no estado.

O site Física na Prática – UERR reúne nove materiais, entre apostilas e apresentações de slides com linguagem simples e dinâmica. Os conteúdos incluem até sugestões de jogos didáticos que podem ser usados por professores para facilitar a compreensão da matéria.

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Além da plataforma, os alunos preparam um robô que usa inteligência artificial para contribuir com o ensino: o Isaac, uma homenagem ao físico inglês Isaac Newton (1643-1727) – considerado um dos maiores cientistas de todos os tempos.

O projeto foi coordenado pelo professor Elemar Kleber Fraveto e envolveu 15 alunos dos 4º semestre. Ele explicou que a ideia de desenvolver de materiais didáticos para o ensino de física surgiu de uma disciplina focada no desenvolvimento de projetos de extensão, em que os universitários conectam o conhecimento acadêmico à comunidade externa.

Fraveto explicou que os materiais da plataforma se diferenciam dos livros didáticos tradicionais pela abordagem mais prática dos conteúdos. Segundo ele, além da leitura, o site apresenta exemplos de como a Física é aplicada no dia a dia e inclui jogos didáticos que vão além do que normalmente é encontrado nos livros.

“É possível desenvolver diversos materiais didáticos para que os conhecimentos de física possam ser mais significativos através de jogos de tabuleiro, através de outros tipos. Materiais de sucata, por exemplo, podem ser transformados em em simuladores físicos”, destacou.

Cada grupo trabalhou com os assuntos que tinha mais afinidade, para que fosse mais fácil traduzir o conteúdo de um jeito dinâmico e de fácil compreensão.

Agora, a plano é que o site se torne algo agregado às outras disciplinas do curso, em que os alunos farão materiais didáticos para incorporar esses conteúdos e auxiliar na divulgação científica para o ensino no estado.

“Os alunos gostaram muito da proposta e se organizaram em grupos. Cada grupo desenvolveu um material específico. Alguns foram apostilas, outros, apostilas interativas. Outro grupo trabalhou com guia didático. Um outro grupo trabalhou, inclusive, com o uso de inteligência artificial na construção de simuladores de física”, explicou.

Fachada da UERR em Boa Vista. Foto: Reprodução/UERR

Inteligência artificial ‘Isaac’

Os alunos desenvolveram até uma inteligência artificial própria, chamada Isaac, criada para auxiliar no ensino das leis de Newton, com acesso via WhatsApp. A ferramenta ainda está em fase de testes. A expectativa é que, conforme evolua, novas funcionalidades sejam implementadas e o uso seja divulgado nas escolas, segundo professor.

“No momento, ela [a ferramenta] só usa recursos textuais. Conforme formos atualizando, pretendemos colocar mais possibilidades de elementos visuais, como imagens e simuladores”, destacou o professor.

O professor destaca que o projeto beneficia tanto os estudantes, ao tornar o aprendizado da Física mais acessível, quanto os professores, ao oferecer ferramentas tecnológicas que tornam as aulas mais leves e interativas, como jogos e inteligência artificial.

“Vejo que esse projeto tem grande potencial, não só para auxiliar os professores, mas também na aprendizagem individual dos alunos”, resumiu.

*Por JG Grana, da Rede Amazônica RR

Estudantes de design conquistam público com produtos inspirados em Caprichoso e Garantido

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Fernando e Samuel contam como foi a experiência de criar pensando na cultura dos bois de Parintins. Foto: Reprodução/Ufam

Estudantes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) se reuniram na ‘Exposição de Design de Superfície’ no hall da Faculdade de Tecnologia (FT), em Manaus (AM), nesta terça-feira (15) e apresentaram diversos produtos inspirados nos bois-bumbás Caprichoso e Garantido, de Parintins.

O objetivo era aprender mais sobre a cultura amazonense, exercitar a criatividade e utilizar os conhecimentos adquiridos para desenvolver produtos atrativos para os apaixonados pelos bois-bumbás. Ao fim da exposição, os participantes prestigiaram a apresentação dos dois bois.

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A professora Patrícia dos Anjos Braga Sá dos Santos ministrou a disciplina e propôs a exposição aos estudantes. “O objetivo é estimular os alunos a trabalharem o design com a cultura amazônica e também cobrir um pouco desse nicho de mercado de produtos relacionados ao boi-bumbá que a gente quase não tem nada muito diferenciado”, disse.

“Fiquei muito satisfeita. Os alunos são finalistas, então, os trabalhos foram muito bons, mostraram um nível profissional, inclusive muitos dos trabalhos que estão expostos, o pessoal já está querendo comprar, e isso é muito gratificante. A gente sempre tem um trabalho muito com camisetas e ecobags, mas me chamou a atenção o trabalho que eles fizeram este ano com a louça, tipo xícaras de café, luminárias, que nós não tínhamos tido ainda. Então, eu vi que eles expandiram para outros produtos. Que essa era a ideia mesmo, é sair do lugar comum e ver outros produtos”, completou.

Todos os produtos foram avaliados por profissionais da Ufam e convidados para a eleição dos melhores trabalhos. Um dos avaliadores foi Guto Kawakami, designer e compositor do Boi Caprichoso. “Eu fico cheio de gratidão de ser convidado para uma iniciativa dessa, porque além do design, além da gente estar vendo o que a gente mexe todo dia na nossa profissão, eu consegui ver também uma das minhas paixões sendo trazida para cá, que é a nossa cultura. Eu nasci em Parintins, desde sempre, então, vivi o boi-bumbá , e ver a galera unindo design, toada e boi e todo esse tipo de coisa, eu fico muito feliz quando esse tipo de iniciativa acontece e eu sou chamado aí para estar olhando os trabalhos”, comentou.

“Eu queria parabenizar a todos pela iniciativa e aos alunos também por esses produtos muito belos que estão fazendo, desde xícaras, blusas, artesanatos. Está tudo muito bonito, e eu espero que essa mesclagem do design e da cultura se perpetue”, expôs.

Samuel Duarte e sua equipe trabalharam o design para o Boi Garantido, com aplicação em tecido, banner e luminária. “Essa proposta foi originada de um dos itens principais do festival, que é a batucada do Garantido. Ela compõe um dos 21 itens principais que são julgados. Ela é responsável por manter o ritmo de cada apresentação. A gente pegou alguns versos das próprias toadas que fazem referência à batucada para elaborar o trabalho. Nós fizemos três aplicações, uma delas foi a luminária, que é o item de decoração, a peça de vestuário, além de ela ser uma bandeira, ela também serve como um topzinho e a gente fez o nosso banner, que serve como estandarte também”, contou o estudante.

Leia também: Conheça os 21 itens avaliados nas apresentações do Festival Folclórico de Parintins

Equipe de Samuel apresentou propostas com o Garantido como tema. Foto: Reprodução/Ufam

“A experiência com a disciplina foi muito enriquecedora, porque isso nos faz destacar alguns pontos fortes entre nós e, para quem tem essa parte já mais aflorada, que é a parte de ilustração, as pessoas que têm esses pontos fortes conseguem aflorar mais na disciplina. E também são itens vendáveis, são itens que a gente pode comercializar para fora. E tem muita gente de fora que vê o nosso trabalho aqui e usam como referência. E já saiu, inclusive, itens daqui já para o festival também, foi muito interessante”, comemorou.

A equipe de Fernando Lima Neto fez uma proposta para o Boi Caprichoso: “A experiência foi boa, o padrão foi muito bom, o complicado foi na hora dos produtos mesmo, porque a gente tinha que encontrar o local de aplicação. Antes disso, eu era totalmente alheio ao boi, então, foi um aprendizado, uma descoberta para mim. Foi uma experiência bacana. Acredito que a gente conquistaria o público com nossos produtos porque a professora adorou, ela até quis uma das camisas que a gente fez. Então, acredito que agradou o público que gosta do Caprichoso”.

Equipe de Fernando apresentou propostas com o Caprichoso como tema. Foto: Reprodução/Ufam

*Com informações da Ufam

Pirarucu é inspiração para proposta de arquitetura sustentável de mercado no Pará

Proposta do novo Mercado de São Brás é inspirada no pirarucu. Foto: Amarilis Marisa/Agência Belém

O maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu, não encanta apenas na gastronomia. Em Belém (PA), a capital amazônica que vai receber a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), o gigante da Amazônia também inspirou a arquitetura do novo Mercado de São Brás, que será reinaugurado especialmente para o evento em 2025 e leva a assinatura do arquiteto Aurélio Meira.

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O projeto valoriza a identidade regional ao trazer, no formato do telhado, linhas e texturas inspiradas no couro do pirarucu, criando uma conexão profunda com a floresta e seus povos, em um compromisso com soluções inovadoras, sustentáveis e alinhadas à conservação da floresta.

No Mercado de São Brás, as estruturas principais são compostas por grandes blocos alongados, conhecidos como “vagões” por lembrarem o formato de trens. Esses módulos abrigam diferentes espaços internos e ganham cobertura com telhados orgânicos, que evocam o movimento, a fluidez e a força do pirarucu.

Durante uma visita técnica ao local, a representante do ‘Gosto da Amazônia’ em Belém, Nalva Maia, conversou com o arquiteto Aurélio Meira e destacou a importância do projeto: “Ver o pirarucu, que é parte da nossa vida e da nossa cultura, inspirar uma obra tão grandiosa para a COP30 enche a gente de orgulho. É a Amazônia mostrando que sustentabilidade e tradição podem caminhar juntas”.

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Mercado de São Brás terá nova estrutura para a COP30. Foto: Reprodução/Prefeitura de Belém

Coordenado pela ASPROC, o arranjo comercial do pirarucu ‘Gosto da Amazônia’ fortalece essa conexão entre manejo sustentável, design e identidade cultural, levando ao mundo um produto que valoriza a floresta em pé e transforma a vida de comunidades na Amazônia.

Manejo do pirarucu

O manejo sustentável do pirarucu é uma estratégia de conservação que une conhecimento tradicional e ciência para garantir a preservação da espécie e o sustento das comunidades amazônicas. Considerado o maior peixe de água doce do mundo, o pirarucu já esteve ameaçado pela pesca predatória.

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Com o manejo, comunidades ribeirinhas e indígenas passaram a monitorar os lagos, definir cotas de pesca, proteger os períodos de reprodução e fiscalizar de forma coletiva a atividade. Essas cotas são autorizadas e regulamentadas pelo IBAMA, o que torna a pesca do pirarucu manejado uma atividade legalizada e totalmente rastreável, ou seja, cada peixe pescado tem origem controlada e certificada

Essa prática não só contribui para o equilíbrio ecológico, mas também gera renda digna, fortalece a economia local e incentiva a conservação da floresta em pé. Ao comercializar o pirarucu de manejo, como faz o ‘Gosto da Amazônia’, o consumidor apoia diretamente um modelo de desenvolvimento sustentável, que valoriza a cultura, os saberes e o território das populações tradicionais.