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Assembleia Legislativa do Amazonas incentiva a vacinação de crianças para erradicação de doenças

Foto: Danilo Mello/Aleam

Dados divulgados nesta semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) comprovam que o Brasil voltou, após um ano, à 17ª posição no ranking dos países com mais crianças não imunizadas no mundo. A Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) atua, por meio de projetos de lei e legislações sancionadas, com ações que incentivam e destacam a importância das vacinas para a proteção de crianças e a erradicação de doenças.

O presidente da Aleam, deputado Roberto Cidade (UB), destacou que a vacinação é um dos pilares mais importantes da saúde pública, tanto para crianças quanto para o restante da população.

“A vacinação infantil é um ato de amor, responsabilidade e um dos pilares mais importantes da saúde pública. Garantir que nossas crianças estejam com a caderneta de vacinação em dia é assegurar um futuro mais saudável para elas e para toda a população. Doenças que já haviam sido controladas ou até erradicadas estão voltando justamente por causa da baixa adesão às campanhas de imunização”, alertou.

O parlamentar reforçou ainda o compromisso com políticas que incentivem a vacinação e ampliem o acesso das famílias aos serviços de saúde. “Vacinar é proteger, é garantir qualidade de vida, reduzir internações e preservar vidas. O bem-estar das nossas crianças reflete diretamente na construção de uma sociedade mais segura, produtiva e resiliente”, declarou.

Leia também: Assembleia Legislativa do Amazonas celebra o Dia Nacional do Homem com ações de conscientização e cuidados com a saúde masculina

Na mesma linha, o deputado George Lins (UB), que também é médico, se manifestou sobre a queda na cobertura vacinal no país.

“A volta do Brasil ao ranking dos países com mais crianças não vacinadas é um alerta importante. No Amazonas, a baixa cobertura vacinal infantil reflete um cenário nacional preocupante, agravado pelos desafios históricos da nossa região: grandes distâncias, dificuldades logísticas e o acesso limitado a comunidades ribeirinhas e indígenas”, destacou.

“Como médico e parlamentar, reforço a importância de intensificarmos a busca ativa e fortalecermos a atenção básica, especialmente nos municípios do interior. A vacinação é uma medida segura, eficaz e indispensável para evitar o retorno de doenças já controladas, como a poliomielite e o sarampo. Vacinar é proteger o presente e o futuro das nossas crianças”, afirmou.

Leis e projetos

A Assembleia Legislativa instituiu a Lei nº 6.322, de 26 de julho de 2023, oriunda do Projeto de Lei (PL) nº 330/2023, de autoria da deputada Mayra Dias (Avante), que criou o “Dia D de Vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV) – Combate e Prevenção” no Calendário Oficial de Eventos do Estado do Amazonas.

Mayra Dias. Foto: Aguilar Abecassis/Acervo da Assessoria

De acordo com a parlamentar, a iniciativa visa promover campanhas simultâneas em nível estadual, conscientizando a população sobre a importância da prevenção do câncer de colo do útero, do câncer de pênis, entre outras doenças causadas pelo HPV.

Já a Lei nº 4.574/2018, de autoria do deputado Abdala Fraxe (Avante), obriga a apresentação da carteira de vacinação no ato da matrícula em escolas que oferecem Ensino Infantil, Fundamental e Médio no Amazonas.

O deputado João Luiz (Republicanos) é autor da Lei nº 5.784/2022, que institui a campanha estadual de conscientização e incentivo à vacinação DTPa (Tríplice Bacteriana Acelular).

Na avaliação da deputada Dra. Mayara Pinheiro Reis (Republicanos), a situação é preocupante, pois, a melhor forma de cuidar da saúde sempre será a prevenção.

“É uma pena voltar ao ranking de crianças não vacinadas após termos um grande êxito nos índices de 2023. As crianças precisam estar protegidas e fora de risco e, cabe aos pais ou responsáveis, manter a carteira de vacinação atualizada. Aqui no Amazonas, infelizmente, a cobertura vacinal de crianças menores de 2 anos está abaixo da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, mas, tenho acompanhado o esforço da FVS-AM (Fundação de Vigilância em Saúde) ao emitir alertas para a população e disponibilizando vacinas no calendário básico para prevenir doenças como tuberculose, hepatite, difteria, tétano, paralisia infantil, pneumonia, meningite, rotavírus e outras doenças que podem ser evitadas através da imunização. Levar as crianças para vacinar é essencial” afirmou Dra Mayara.

Centro Médico

O diretor do Centro Médico Dr. Luiz Carlos de Avelino, médico Arnoldo Andrade, destacou a importância da vacinação em crianças e na população em geral, apontando como um retrocesso negativo para o Brasil estar entre os países com menor cobertura vacinal infantil.

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“É um grande retrocesso na história da medicina. A medicina deu alguns saltos importantes, e um deles foi a criação das vacinas, com as quais conseguimos controlar doenças infectocontagiosas. Muitas crianças morriam de sarampo, catapora, rubéola e poliomielite. Esses são alguns exemplos de doenças que foram controladas graças às vacinas, que ensinam o sistema imunológico a se defender”, destacou.

Na avaliação do médico, à medida em que a vacinação diminui, as crianças ficam mais expostas a novas cepas que podem trazer de volta essas doenças graves. Ele lembrou que essas enfermidades eram responsáveis por um índice altíssimo de mortalidade infantil, o qual foi reduzido principalmente pelas vacinas e pelos cuidados desenvolvidos pela medicina moderna.

“É um retrocesso não atingirmos as metas de vacinação infantil. É necessário que o Poder Legislativo se una ao Executivo para retomar as campanhas e a conscientização de que a vacinação é extremamente necessária e salva vidas”, enfatizou.

Altamira entre rios e riscos: dissertação analisa relação entre qualidade da água e doença renal

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Biólogo analisa qualidade da água e sua relação com doenças renais em Altamira. Foto: Wesley Storch/Acervo pessoal

A região de Altamira, localizada no sudoeste do estado do Pará, sofre com a atividade do garimpo, responsável por uma série de problemas, entre eles, a contaminação dos corpos hídricos por metais pesados como mercúrio, arsênio e chumbo. A presença desses elementos na água prejudica a qualidade de vida do ecossistema aquático e, principalmente, das pessoas que dependem do rio para sua alimentação e renda.

Além disso, ao entrar em contato com o corpo humano, esses metais prejudicam a saúde afetando o sistema nervoso central, causando danos aos rins e aumentando os riscos de alguns tipos de câncer.

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Diante dessa preocupação, Wesley Storch, biólogo com experiência em análises ambientais, buscou investigar a presença de metais pesados na água potável consumida pela população de Altamira e avaliar possíveis relações com a ocorrência de doenças renais crônicas (DRC) no município e na região do Xingu.

Esse foi o objetivo principal da dissertação Avaliação da presença de metais pesados na água potável fornecida à população urbana de Altamira e o seu possível impacto epidemiológico sobre doenças crônicas renais‘.

Segundo o biólogo, foram analisadas 24 amostras de água de pontos estratégicos na zona urbana de Altamira, incluindo residências, áreas de captação do rio Xingu, estação de tratamento e reservatórios. A análise dos metais foi desenvolvida por Espectrometria de Massa com Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), realizada pelo Instituto Evandro Chagas (IEV).

“Já o levantamento epidemiológico para os casos de DRC utilizou dados secundários do DataSUS, de 2000 até 2020, e, também, dados de prontuários médicos do Hospital Público Regional Transamazônica (HPRT), de 2007 – início dos tratamentos por meio de hemodiálise – até 2023”, detalha o pesquisador.

Leia também: As 10 maiores cidades brasileiras estão na Amazônia; Saiba quais são

Durante a pesquisa, foram analisados dados epidemiológicos de 403 pacientes com DRC, atendidos pelo Hospital Público Regional Transamazônica (HPRT). A maioria dos casos registrados foi em homens com mais de 60 anos, diagnosticados com hipertensão arterial sistêmica (HAS), isoladamente ou associada ao diabetes mellitus (DM), mas nenhum paciente teve o diabetes mellitus como causa única da doença.

Outro aspecto revelado pelo estudo é que mais da metade dos pacientes (54%) recebeu o diagnóstico de DRC um ou dois anos antes de iniciar o tratamento dialítico, evidenciando um cenário de diagnóstico tardio e a ausência de triagem precoce da função renal na população urbana.

“No que diz respeito à qualidade da água, as análises em pontos urbanos de Altamira indicaram que, de forma geral, os parâmetros estavam dentro dos limites estabelecidos pelas legislações vigentes no período das coletas. No entanto dois pontos apresentaram concentração de alumínio (Al) acima do valor máximo permitido”, revela Wesley Storch.

Contaminação pode ocorrer na rede de abastecimento

O pesquisador destaca que a amostra coletada diretamente do rio Xingu, no ponto de captação, apresentou valores normais para o alumínio. No entanto, ele alerta para a possibilidade de contaminação na rede de abastecimento e para a necessidade de uma nova coleta para confirmação dos dados.

Ainda segundo Wesley Storch, um dado curioso foi a sobreposição entre os bairros com maior número de casos de doenças renais e as áreas que recebem, de forma contínua, a água tratada do rio Xingu.

“Embora essa correlação não seja suficientemente estabelecida como ‘causa e efeito’, ela levanta uma hipótese importante, a possível contribuição de fatores ambientais, especialmente contaminantes hidrossolúveis, como metais-traço, para o agravamento da DRC”, relata.   

O pesquisador aponta que a hipótese levantada se torna ainda mais pertinente diante de estudos prévios na região. “Estudos anteriores demonstram o aumento de metais pesados, como o mercúrio, durante o período de cheia, algo que não foi possível avaliar nesta pesquisa, pois as amostras foram coletadas apenas durante a estação seca”, explica Wesley Storch.

Com base nesses resultados, a pesquisa reforça a necessidade de monitoramento contínuo da qualidade da água e políticas públicas voltadas à detecção precoce da doença renal crônica. O autor reforça que é preciso abrir caminho para estudos que investiguem, com mais profundidade, a interface entre saúde pública, meio ambiente e exposição a contaminantes na região amazônica.

Leia também: Pesquisadores analisam qualidade da água de rios de Marabá no Pará

Sobre a pesquisa 

A dissertação ‘Avaliação da presença de metais pesados na água potável fornecida à população urbana de Altamira e o seu possível impacto epidemiológico sobre doenças crônicas renais‘ foi defendida por Wesley Storch, em 2024, no Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Conservação, da Universidade Federal do Pará, Campus Altamira, sob orientação do professor Adenilson Leão Pereira e coorientação do professor Kleber Raimundo Freitas Faial. A pesquisa foi realizada com o apoio técnico do Instituto Evandro Chagas (IEC).

*O conteúdo foi originalmente publicado pelo Jornal Beira do Rio, da UFPA, edição 175, escrito por Elizabete de Jesus

“Quem não chegou ainda, vem para o Parque Anauá”: governador de Roraima convida população para celebrar Arraial no Anauá

Foto: Renato Freitas/Mega Filmes

A 32ª edição do São João no Parque Anauá, em Boa Vista, começou! Até o dia 27 de julho, o evento realizado pelo Governo de Roraima está cheio de atrações para todos os públicos.

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O governador Antonio Denarium agradeceu o público presente na abertura do evento e convidou toda a população para comparecer ao Parque Anauá e aproveitar o São João.

Leia também: O que fazer no São João do Parque Anauá 2025? Veja a programação completa

Arraial do Anauá 2025

O projeto Arraial do Anauá 2025, realizado pela Rede Amazônica Roraima, com apoio do Governo do Estado de Roraima, tem como objetivo promover a cultura e tradição junina da região com diversas ações pensadas em todos os públicos.

Acreano investe no cinema para transformar comunidades da periferia

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Rio Torto será gravado no Acre e vai abordar temas como feminicídio. Foto: Divulgação

“O cinema feito no Acre, pra mim, é o futuro”, enfatiza Gabriel Knoxx, acreano nascido na periferia de Rio Branco e que conquistou destaque nacional como protagonista de Noites Alienígenas, longa lançado em 2022 que lhe rendeu o prêmio de Melhor Ator Brasileiro no Festival de Cinema de Gramado.

De volta ao estado, o artista grava seu novo trabalho, ‘Rio Torto’, um filme que abordará, com sensibilidade e lirismo, a violência contra a mulher e o papel simbólico do Rio Acre na identidade local.

Leia também: ‘Noites Alienígenas’: filme faz panorama sobre o Acre urbano com as tradições da Amazônia

Filho de empregada doméstica e criado por três mulheres guerreiras da periferia de Rio Branco, Knoxx saiu de casa aos 14 anos. A arte foi o seu abrigo, embora o caminho tenha sido tudo, menos fácil. Viver da arte independente exige resiliência, resistência e persistência.

Antes de subir aos palcos e ganhar projeção, ele enfrentou noites ao relento, fome, e inúmeros “nãos”. E foi sem nenhuma experiência como ator que encarou o teste para Noites Alienígenas, dando vida ao personagem Rivelino, criação do roteirista e diretor Sérgio de Carvalho, paulista com o coração acreano.

Arte que transforma

A virada veio com o filme, mas o sonho de Knoxx vai além. Ele vê na arte um potente vetor de transformação social. “A arte me ajudou a superar essas barreiras de necessidades básicas que agora eu consigo correr atrás dos meus sonhos. Hoje eu consigo viver 100% do cinema e, além disso, faço parte da Mídia Ninja há dois anos. Trabalho na sede da Mídia Ninja, na nave coletiva, com produções de eventos culturais, que pra mim é um sonho realizado”, avalia.

Noites Alienígenas não foi só um marco na sua trajetória. Knoxx acredita que o filme elevou o nome do Acre no cenário nacional e revelou a força da narrativa amazônica.

“Acredito que chegou a vez de o Norte colocar a cara também não apenas no âmbito nacional, mas internacional. Precisamos nos posicionar cada vez mais, porque é uma grande potência o cinema do Acre. Temos grandes profissionais cada vez mais experientes e acredito que nossas histórias têm que ser contadas por nós mesmos”, destaca.

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Políticas públicas e novas oportunidades

Ao longo da gestão do governador Gladson Camelí, diversos projetos e medidas vêm sendo articulados para impulsionar o setor cultural. Somente no ano passado, a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) conseguiu viabilizar R$ 41 milhões por meio das leis de incentivo Aldir Blanc e Paulo Gustavo, além do Fundo Estadual de Cultura, fomentando ações em todo o estado.

Knoxx reconhece a importância desses investimentos: “As leis de apoio, de fomento à cultura são importantes para não ficarmos reféns de ter que vir produtoras de fora pra tentar falar sobre o que a gente passa, vive e contem nossas histórias. Acho que é muito importante isso, deixar nossas histórias em nossas mãos, para que nós possamos contá-las”, enfatiza.

Gabriel Knoxx é acreano e conta que por meio da arte tem conseguido mudar sua realidade. Foto: Divulgação

O presidente da FEM, Minoru Kinpara, destaca que 2024 foi um ano de grandes realizações e investimentos no setor cultural e define esse momento como histórico.

“Um investimento sem precedentes na história cultural do Acre. O governo do Estado, por meio da Fundação Elias Mansour, realizou extensas escutas com os nossos fazedores de cultura para entender, em profundidade, como os editais deveriam ser construídos e de que forma os recursos deveriam ser distribuídos. Todo esse processo foi conduzido de maneira democrática, respeitosa, transparente e dentro da legalidade”, ressalta.

Ele afirma que os resultados ganham corpo ao conhecer histórias como a de Gabriel. “O mais valioso é que essas produções culturais capturam nossa memória, nossa identidade, valores e crenças. Ao vivenciar cada uma dessas expressões artísticas, reafirmamos o orgulho pelo nosso estado, pelo nosso querido Acre e por tudo o que nos constitui. A Lei Paulo Gustavo é, sem dúvida, um marco histórico e transformador para a cultura acreana”, conclui.

Além do longa Rio Torto, Knoxx prepara também um curta-metragem contemplado pela Lei Paulo Gustavo, que será gravado no Acre. Seu sonho? Fazer a arte chegar a quem mais precisa.

“Quero abrir casas de cultura dentro de várias comunidades e expandir cada vez mais para que crianças, ao saírem da escola, tenham atividades culturais e possam desenvolver o canto, desenho, violão e trabalhar o melhor delas. Quero voltar para o Acre com esse recurso e poder gerar essa oportunidade para todas as crianças, absolutamente todas, sem nenhuma ficar de fora”, planeja.

Rio Torto

O novo longa mergulha em um tema doloroso e urgente: o feminicídio. A trama acompanha os momentos de libertação de uma mulher que enfrenta as opressões do patriarcado. Para escapar de um relacionamento tóxico, ela embarca em uma jornada pelo rio, guiada por um catraeiro. Nessa travessia, vai se encontrando — com a ajuda das lições que o próprio rio lhe oferece.

“Em nosso filme, o rio que corta o Acre é um personagem importante. Falamos do contraste entre um urbano caótico e o rio plácido que está presente em nossas vidas, mas que os próprios moradores se esquecem de olhar e cuidar. É um tema sensível. E o filme fala de tempos. Um tempo acelerado da cidade e o tempo do rio. Uma mulher que vive oprimida e a liberdade que ela encontra ao sabor das correntezas. Creio que o público em geral irá gostar. Falamos do Acre atual, mas também do Acre de nossos antepassados”, explica.

Acre tem tido projeção nacional com produções feitas no estado por acreano. Foto: Divulgação

Cinema como ferramenta de mudança

Para Knoxx, o sucesso de Noites Alienígenas revelou a potência do Acre e a urgência de novos investimentos na cultura. “Mostrou a força, potência e a importância de novos investimentos em todas as áreas culturais. Colocamos o Acre no mapa do cinema brasileiro, isso não é pouca coisa em um país tão preconceituoso com o povo do Norte. Por isso também é importante a implementação de novas políticas públicas de cultura sérias para que mais e mais gente possa fazer, possa brilhar. Somente através da cultura e da educação poderemos elevar a autoestima de nosso povo.”

E ele acredita: valorização de artistas e ações efetivas são o caminho para que o estado conte sua própria história com protagonismo. “A distribuição melhor de renda e investimentos na força do nosso povo vai fazer com que a gente possa contar nossa própria história e não mais ver e ouvir outros povos com suas narrativas sobre nós. O teatro, a dança, a cultura popular, o cinema, precisam ser priorizados em novas políticas públicas para que possamos ser protagonistas neste país. E o empresário acreano precisa entender que investir em cultura não é gasto, mas investimento.”

Sobre Rio Torto, ele deixa uma última provocação: o filme vai trazer questões que precisam ser debatidas com urgência. “Estamos mostrando relacionamentos tóxicos abusivos, porque as mulheres sofrem nesses ambientes. A gente tem que fazer essa denúncia ao vivo e a cores e espero que esse filme alcance esses lugares, os maiores lugares para que essa denúncia chegue cada vez mais longe e as pessoas tenham consciência desse desafio, que é uma luta que todos devem abraçar.”

Manaus recebe murais feitos com tintas de cinzas de incêndios florestais

Projeto faz alertas sobre incêndios florestais. Foto: Divulgação/Festival Paredes Vivas

Manaus, capital amazonense, será a primeira cidade a receber a nova edição do Festival Paredes Vivas – Cinzas da Floresta, iniciativa cultural que transforma cinzas reais de incêndios florestais em tintas para criar murais urbanos que denunciam a destruição ambiental e homenageiam os brigadistas florestais. A edição de 2025 reforça a presença da Amazônia urbana e periférica no debate ambiental e antecipa o contexto da COP30, que será realizada no Brasil.

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Entre os dias 21 e 25 de julho, o bairro Lago Azul, na Zona Norte, será palco de duas ações principais: a pintura de uma empena em um prédio residencial, feita pela artista local Mia Montreal, e a realização de um mural colaborativo com estudantes da Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco Braga, conduzido por Denis L.D.O.

Além das obras, os estudantes participam de oficina de arte e educação socioambiental, com exibição do curta “Cinzas da Floresta”, debate e pintura com tintas feitas de cinzas. A programação inclui ainda uma visita guiada à empena pelos alunos.

Histórias que ecoam entre cinzas

A obra da empena, intitulada “A Altruísta”, retrata Débora Avilar, que perdeu seu filho de cinco meses por complicações respiratórias causadas pela fumaça dos incêndios florestais. Hoje, atua como brigadista voluntária. A artista Mia Montreal se inspirou em Débora para homenagear mulheres que, mesmo diante da dor, transformam sofrimento em cuidado coletivo.

Leia também: Semana de Arte Mundana: conheça mostra que utiliza cinzas da Amazônia para compor quadros

Na escola, a obra “Psicoholograma” projeta um guariba, espécie símbolo da fauna amazônica, como uma criatura robótica, expressando um futuro em que a floresta só sobreviveria artificialmente. A imagem é um alerta emocional, especialmente em um bioma que, em 2024, registrou a maior área queimada da história, com mais de 15 milhões de hectares, segundo o MapBiomas.

A maior parte dos incêndios no Brasil é causada por ação humana. No contexto das mudanças climáticas, brigadistas florestais, a maioria de forma voluntária, são a linha de frente no combate ao fogo e na proteção da biodiversidade e das pessoas.

As tintas utilizadas nas obras são feitas com cinzas reais coletadas por brigadistas voluntários de todo o Brasil em 2024. A tinta, misturada com resina acrílica, carrega traços do que foi perdido e, ao mesmo tempo, o potencial de memória e reconstrução. Parte do processo foi documentado no filme “Cinzas da Floresta”, dirigido por André D’Elia e idealizado por Mundano, fundador da Parede Viva. Assista ao trailer:

Arte para além do centro: Amazônia urbana e COP30

A edição do Festival em Manaus antecipa simbolicamente os debates da COP30, que acontecerá em Belém. A proposta é ampliar a visibilidade da Amazônia urbana e periférica, muitas vezes ignorada nas discussões ambientais.

Leia também: Portal Amazônia responde: o que é a COP 30?

Segundo a coordenadora do projeto, Bea Mansano, “a arte urbana aproxima temas urgentes das comunidades e transforma espaços invisibilizados em pontos de memória coletiva e resistência”.

Histórico e impacto

Manaus abre a segunda edição temática “Cinzas da Floresta” e a terceira edição geral do Festival Paredes Vivas. Em 2024, o Festival passou por Campo Grande, Fortaleza, Goiânia, Belém e São Paulo, com ampla repercussão na mídia e nas redes sociais. Imagens da edição de 2024, e que podem ilustrar a divulgação prévia da agenda em Manaus, estão disponíveis neste link.

Programação em Manaus:

Empena

21 a 25 de julho
Av. da Felicidade, s/n – Bairro Lago Azul
Artista: Mia Montrea

Mural colaborativo na escola

23 a 25 de julho
Escola Estadual Eliana Socorro Pacheco Braga – Rua Rio Maicuru, Lago Azul
Artista e oficineiro: Denis L.D.O.

Oficina de arte e educação

24 de julho – com exibição do filme Cinzas da Floresta, debate e pintura com cinzas

Visita guiada à empena pelos alunos

25 de julho

Conheça 9 guardiões que defendem a Amazônia todos os dias

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A Amazônia não é protegida apenas por políticas públicas ou ONGs, mas pelas próprias comunidades locais e grupos indígenas. Foto: Ricardo Oliveira/IPAAM

Celebrado no mês de julho, o Dia de Proteção às Florestas homenageia o conhecido Curupira, símbolo do folclore brasileiro e protetor da natureza. A criação da data aconteceu na década de 70, em meio aos crescentes debates sobre desmatamento e degradação ambiental, e hoje ganha ainda mais relevância diante da emergência climática global.

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A Amazônia, que concentra 20% da fauna mundial, abriga mais de 50 mil espécies de plantas e 30 milhões de animais, mas ela não é protegida apenas por políticas públicas ou ONGs, são as próprias comunidades locais e grupos indigénas que, dia após dia, enfrentam os desafios da conservação e mostram que é possível viver nesse local com respeito à floresta.

Para marcar a data, Lucas Ribeiro, fundador do PlanetaEXO, plataforma que promove o ecoturismo de base comunitária na Amazônia e em outros destinos naturais do Brasil, destaca algumas personalidades que representam essa luta:

Leia também: 11 guardiões da Amazônia que o Greenpeace reencontrou após 20 anos

Roberto Brito

Ex-madeireiro e hoje líder na comunidade Tumbira, no Amazonas, transformou sua relação com a floresta por meio do turismo de base comunitária, gerando renda para moradores e fortalecendo a conexão com a natureza.

guardiões que defendem a Amazônia
Roberto Brito, Ex-madeireiro e hoje líder na comunidade Tumbira. Foto: Divulgação

Juma Xipaya

Primeira mulher cacique do povo Xipaya no estado do Pará, é referência na luta contra o garimpo ilegal e na defesa do território. Comunicadora e coordenadora do Instituto Juma Xipaya, é também protagonista e produtora do documentário Yanuni, dirigido por Richard Ladkani em parceria com Leonardo DiCaprio.

Juma Xipaya, primeira mulher cacique do povo Xipaya no estado do Pará. Foto: Divulgação

José Pancrácio

Cacique da comunidade Nova Esperança, Amazonas, lidera ações de educação e preservação como a soltura de filhotes de tartaruga-da-Amazônia e a construção da escola local, financiada com o desenvolvimento do ecoturismo.

José Pancrácio, Cacique da comunidade Nova Esperança. Foto: Divulgação

Izolena Garrido

Fundadora de uma oficina de biojoias em Tumbira, no Amazonas, une arte, educação e sustentabilidade ao acolher jovens em situação de vulnerabilidade e resgatar o vínculo com o território.

Izolena Garrido, fundadora de uma oficina de biojoias em Tumbira. Foto: Divulgação

Nilde Silva

Empreendedora ribeirinha de Acajatuba, interior do Amazonas, comanda o Caboclos House Ecolodge, uma pousada ecológica operada por moradores locais. Premiada pelo Sebrae, é referência em liderança feminina na floresta.

Nilde Silva, empreendedora ribeirinha de Acajatuba. Foto: Divulgação

Val Sawré (Val Munduruku)

Ativista indígena nascida no Alto Tapajós no estado do Pará, atua na defesa de territórios e da diversidade. Participou da retirada de garimpeiros ilegais de sua terra e é voz ativa em conferências do clima.

Foto: reprodução/Instagram @vall_munduruku

Txai Suruí

Ativista indígena do povo Paiter Suruí, em Rondônia, ficou conhecida após discursar na COP26, denunciando a violência contra os povos da floresta. Atua na proteção territorial e na formação de jovens lideranças, unindo tradição e mobilização política.

Val Sawré, ativista indígena nascida no Alto Tapajós no estado do Pará. Foto: Divulgação

Gisele

Empreendedora ribeirinha, comanda a Casa de Farinha da Gisele, em Acajatuba, onde recebe viajantes para compartilhar o saber tradicional da mandioca. Curandeira e massagista, integra práticas de cura com o uso de plantas da floresta, unindo ecoturismo, alimentação e acolhimento comunitário.

Gisele, empreendedora ribeirinha, comanda a Casa de Farinha da Gisele. Foto: Divulgação

Daniel Gutierrez Govino

Fundador da Brigada de Alter do Chão, um distrito localizado a 37km de Santarém, mobiliza a população para combater incêndios florestais e promove educação ambiental em parceria com o World Wide Fund for Nature (WWF) e instituições públicas.

Daniel Gutierrez Govino, fundador da Brigada de Alter do Chão. Foto: Divulgação

“Viajar também pode ser uma forma de proteger o que temos de mais valioso: a floresta e os povos que dela fazem parte”, afirma Lucas Ribeiro, fundador do PlanetaEXO, plataforma que promove o ecoturismo de base comunitária na Amazônia e em outros destinos naturais do Brasil. “Ao escolher vivências sustentáveis, o viajante contribui para a preservação e o fortalecimento de quem vive nesses territórios.”, conclui Lucas. 

Leia também: Parceria entre pesquisadores e comunidades protege mangues na Amazônia

Sobre o PlanetaEXO

O PlanetaEXO é uma plataforma de ecoturismo dedicada a conectar viajantes do mundo inteiro a experiências sustentáveis e autênticas no Brasil. Com o compromisso de apoiar comunidades locais e proteger o meio ambiente, o PlanetaEXO promove o turismo como uma força transformadora para a conservação e o desenvolvimento sustentável. Por meio de parcerias com operadoras locais, a empresa divulga as belezas naturais do Brasil para o mundo, com foco em promover um turismo mais consciente e responsável.

A origem do ‘Povo do Sapo’, segundo os próprios Puyanawa

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Indígenas Puyanawa se apresentam em festejos na aldeia, em Mâncio Lima. Foto: Lís Carvalho/Secom AC

Segundo o próprio povo indígena Puyanawa, encontrado no Acre, a origem do “Povo do Sapo” está ligada a um mito ancestral que faz parte da cosmologia e da tradição oral transmitida pelos mais velhos. Conforme contam os anciãos, os Puyanawa são descendentes de um povo que surgiu da transformação de sapos em humanos, após um pedido feito ao criador espiritual. Esse sapo, símbolo de resistência e transformação, representa a ligação profunda do povo com a natureza e a floresta.

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O nome “Puyanawa” vem do tronco linguístico pano e pode ser traduzido como “povo do sapo” ou “gente do sapo”, sendo “puya” relacionado a sapo e “nawa” a gente, povo. Essa origem mítica não é apenas uma história: ela é um pilar identitário, que reforça a relação espiritual com os seres da floresta e reafirma a sabedoria ancestral guardada por gerações.

Foto: Diego Silva/Secom AC

Os Puyanawa se consideram originários de três personagens do mundo ancestral: Irica, Puyawakêvu e Dukawa. Num dado momento do tempo, Irica explodiu e, do seu corpo, surgiram todos os seres da floresta chamados por eles de Dimãnã, termo que também serve para “floresta”.

Leia também: Você sabia que um sapo na Amazônia foi batizado em homenagem a Ozzy Osbourne?

Assim, de acordo com a cosmologia Puyanawa, a origem do povo está ligada à natureza e ao tempo. Antes de se tornarem humanos, seus ancestrais eram pequenos sapos surgidos da decomposição da folha da capemba, uma folha espessa que se desprende do mangará de palmeiras amazônicas e se decompõe no solo úmido.

Esses sapinhos, chamados puyadawa, foram gradualmente tomando forma humana e encontrando na floresta os elementos para a sobrevivência.

Foto: Diego Silva/Secom AC

As Terras Indígenas Puyanawa correspondem a uma área de 24 mil hectares, onde residem 750 indivíduos. No mês de julho, eles realizam o Festival Atsa Puyanawa, presente no calendário oficial do Acre, nas aldeias Barão e Ipiranga em Mâncio Lima, município localizado aos pés do Parque Nacional da Serra do Divisor.

Leia também: Festival Atsa Puyanawa: conheça a maior celebração tradicional da etnia Puyanawa no Acre

O evento conta com danças, músicas, culinária típica, reunindo visitantes do Brasil e do exterior. A programação destaca a mandioca (atsa), alimento sagrado e símbolo da autonomia econômica do povo, e reforça o fortalecimento da identidade indígena na região. Durante seis dias, visitantes do Brasil e de diversos países participam do festival.

*Com informações da Agência Acre

Pesquisa revela potência da bioindústria nos territórios da Amazônia

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PIB da Bioeconomia no Brasil já soma R$ 2,5 trilhões. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma pesquisa pioneira, voltada à estruturação de modelos de bioindústria na Amazônia Legal para fomentar a bioeconomia regional, foi apresentada durante a Semana do Clima da Amazônia, realizada neste mês de julho, em Belém (PA).

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O estudo, fruto de uma cooperação técnica firmada em 2024 entre o IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), foi tema do painel “Bioindústria na Amazônia: do potencial à realidade”.

bioindústria nos territórios da Amazônia
Potencial da bioindústria no Brasil – Foto: Ivars Utināns/Unsplash

Em execução, o projeto busca consolidar um conceito ainda em desenvolvimento e fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas que promovam uma industrialização sustentável e alinhada às realidades do território amazônico.

A pesquisa envolve um levantamento de campo, com uso de dados secundários, aplicação de questionários e monitoramento ativo de empreendimentos e novos negócios da bioeconomia, além do acompanhamento de eventos estratégicos voltados à agenda de desenvolvimento sustentável na região.

“O desenvolvimento sustentável da região tem sido uma agenda prioritária, tanto para a ABDI, quanto para o IPAM. A gente não está falando de qualquer tipo de industrialização, mas sim de uma bioindústria compatível com a floresta, que promova geração de renda e emprego com respeito ao território, à sociobiodiversidade e aos modos de vida locais”, explicou Rafaela Reis, pesquisadora de Políticas Públicas do IPAM, durante o evento.

Leia também: Estudo aponta caminhos para o desenvolvimento da bioeconomia na Amazônia

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Projeto do Centro de Bionegócios da Amazônia – CBA. Foto: CBA/Divulgação

Um dos desafios identificados durante a pesquisa é a predominância de cadeias produtivas curtas, baseadas na exportação de produtos in natura, com pouco valor agregado. O objetivo é justamente identificar oportunidades e gargalos para transformar essas cadeias em caminhos de desenvolvimento sustentável, com permanência da riqueza nos territórios locais e da Amazônia.

“Quando falamos em estruturar uma bioindústria na Amazônia, falamos de construir um modelo que valorize o conhecimento tradicional, a inovação local e que esteja alinhado às políticas públicas nacionais e aos arranjos territoriais”, completa Reis.

Segundo a pesquisadora, a ideia não é copiar modelos prontos, mas criar algo regional, com a cara da Amazônia. “Nossa pesquisa também considera aspectos como infraestrutura, acesso a mercados, uso de tecnologias e a presença de negócios de pequeno e médio porte com potencial de crescimento sustentável”.

Atualmente, a equipe do projeto já identificou mais de 11 mil empreendimentos ativos na Amazônia Legal, distribuídos em todos os estados da região. Esses dados estão sendo organizados em uma plataforma digital que permitirá análises cruzadas sobre produção, uso de conhecimento tradicional, estágio de maturidade dos negócios e suas relações com políticas públicas.

Foto: Divulgação

Além do mapeamento e da análise de dados, o projeto prevê a identificação de territórios com alto potencial para o desenvolvimento de bioindústrias, considerando fatores como disponibilidade de matéria-prima, organização social, capacidade técnica instalada e existência de iniciativas locais já em curso. A ideia é criar estratégias direcionadas que possibilitem a escalabilidade de negócios sustentáveis, articulando inovação, conservação ambiental e geração de renda nos próprios territórios.

O projeto contribui para ampliar o entendimento sobre as condições pré-competitivas necessárias para que a bioindústria amazônica se desenvolva, como infraestrutura logística, acesso a crédito, qualificação profissional e segurança.

“A bioeconomia na Amazônia já existe. O que falta é criar o ambiente adequado para que ela se fortaleça e escale. Estamos falando de políticas que garantam acesso, visibilidade, estrutura e oportunidades para os empreendimentos que nascem e resistem nos territórios”, finalizou Reis.

Esta atividade é um Evento Autogestionado da I Semana do Clima da Amazônia e integra a programação oficial do evento. Saiba mais em: semanadoclimaamazonia.com.br

*Com informações do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia – IPAM

Adjuto Afonso avalia positivamente acordo que garante pavimentação da BR-319

Foto: Ney Xavier

O presidente da Comissão de Transportes da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), deputado Adjuto Afonso (União Brasil), comemorou na quarta-feira (16/7) o acordo firmado entre os ministérios dos Transportes e do Meio Ambiente, que permitirá o avanço no asfaltamento da BR-319, rodovia estratégica que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO).

De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, o chamado Plano BR-319 foi apresentado pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e pelo ministro dos Transportes, Renan Filho, e prevê um conjunto de medidas socioambientais voltadas à viabilização do licenciamento da obra. O objetivo é garantir a pavimentação da estrada com responsabilidade ambiental.

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Foto: Cristie Sicsu/Observatório BR-319

Entre as ações anunciadas estão: a contratação de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), que irá mapear riscos e propor soluções sustentáveis para a região; a criação de um programa permanente de monitoramento ambiental, proteção de terras indígenas e combate ao desmatamento; apoio a atividades econômicas sustentáveis no entorno da rodovia; e, o estabelecimento de uma zona crítica de impacto ambiental, com cerca de 50 km de largura de cada lado da estrada.

Para o deputado Adjuto Afonso, o asfaltamento de aproximadamente 400 quilômetros do trecho central da BR-319 é uma reivindicação histórica da população amazonense, com potencial de transformar a logística, a economia e a conectividade do estado.

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“Hoje a população do Amazonas vive isolada. Esse anúncio traz esperança de que, finalmente, teremos um acesso terrestre regular ao restante do país. Isso impulsiona o turismo, fortalece a produção rural e facilita a entrada e saída de insumos do nosso Polo Industrial. Acompanhamos de perto as ações dos ministros Renan Filho e Marina Silva, que demonstram um avanço significativo nesta pauta tão urgente para o nosso estado”, destacou Adjuto.

Pau-cravo: árvore quase extinta é registrada após 40 anos no Pará

Foto: Regina Santos/Norte Energia

Depois de mais de quatro décadas sem registros oficiais, uma árvore quase esquecida da história brasileira foi documentada: o pau-cravo (Dicypellium caryophyllaceum). Espécie nativa da floresta amazônica, pode atingir até 30 metros de altura e é conhecida por seu aroma marcante e sua longa trajetória de exploração no Brasil Colonial. A planta, considerada criticamente em perigo de extinção, foi encontrada na área de influência da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

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Também conhecido como cravo-do-maranhão ou canela-cravo, o pau-cravo foi intensamente extraído a partir do século XVIII, tanto por seu valor como especiaria quanto por sua madeira de lei. O método de retirada da casca envolvia o corte completo da árvore, o que levou a um colapso populacional da planta. Ao longo do século XX, poucos registros foram feitos na Amazônia até a realização dos Estudos de Impactos Ambientais, em 2008, na região da Usina Belo Monte.

Na época, a Norte Energia, concessionária da usina, liderou ações visando a conservação genética da espécie. Entre os resultados estão a identificação e proteção de 30 árvores matrizes em Área de Preservação Permanente (APP), o transplante para áreas de preservação permanente de 11 plantas localizadas em áreas de supressão vegetal e, no ano de 2024, a produção de mais de 150 mudas em viveiro próprio.

“Estamos falando de uma espécie com importância ecológica, cultural e histórica. Ao cuidar da flora, a Norte Energia reforça seu compromisso com a conservação da biodiversidade da Amazônia e o respeito à memória viva da floresta. No caso do pau-cravo, realizamos um trabalho contínuo, técnico e cuidadoso, voltado à preservação genética e à recuperação dessa espécie rara em seu habitat natural”, afirma Roberto Silva, gerente de Meios Físico e Biótico da Norte Energia.

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Foto: Divulgação/Norte Energia

A importância da conservação do pau-cravo é reconhecida oficialmente pelo Estado brasileiro. Ele consta na Lista Nacional da Flora Ameaçada de Extinção, publicada pelo Ibama em 2008 — norma ainda vigente e que formaliza o status de risco da espécie no território nacional. Estudos mais recentes do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), coordenado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro, reafirmam essa condição.

Hoje, o pau-cravo é considerado endêmico do Brasil, com registros confirmados apenas nos estados do Pará — nos municípios de Itaituba e Vitória do Xingu — e do Maranhão, em Buriticupu. As ações de preservação seguirão com o monitoramento das matrizes, novas coletas de sementes, produção de mudas e plantios para recomposição de APPs.

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“A ocorrência dessa planta na área protegida pela Norte Energia oferece uma oportunidade única para a ciência, pois permite o estudo de sua biologia, genética, estratégias de regeneração e papel ecológico na floresta. É um ponto de partida para pesquisas que antes eram limitadas pela baixa ocorrência de exemplares em campo”, destaca Roberto.

Os dados obtidos pela Usina, inclusive, já subsidiaram parcerias para elaboração de trabalhos acadêmicos, incluindo tese de conclusão de doutorado.

O identificador botânico Lindomar da Silva Lima atua na região desde 2011 e participou diretamente desse trabalho. Ele conta que a descoberta transformou sua relação com a floresta:

“Quando a gente encontrou o pau-cravo foi uma alegria muito grande, porque era uma planta que ninguém conhecia, só os antigos falavam. Eu fico muito feliz de ter participado disso. Eu ajudei, apoiei, e vou contar essa história para meus filhos, meus netos, para eles já crescerem sabendo preservar”.

Foto: Divulgação/Norte Energia

*Com informações da Assessoria da Norte Energia