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Terra tem agosto com temperatura 1,51°C acima do nível pré-industrial

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Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

A temperatura do planeta ultrapassou no mês de agosto deste ano 1,51 graus Celsius (°C) acima do nível pré-industrial, pelo 13º mês nos últimos 14 meses. Foi o agosto mais quente da Terra da série histórica do Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas da União Europeia, com uma temperatura média do ar na superfície 0,71 °C acima da média do período 1991 a 2020.

A média na temperatura global, de setembro de 2023 a agosto de 2024, foi a maior registrada para qualquer período de 12 meses 0,76 °C acima do período entre 1991 e 2020 e 1,64 °C acima da média pré-industrial de 1850 a 1900.

A temperatura média da superfície do mar para agosto de 2024 foi 20,91°C, considerando as zonas Temperadas e Intertropical, a cerca de 10 metros de profundidade. De acordo com Serviço Copernicus para as Alterações Climáticas, esse é o segundo valor mais alto já registrado para o mês, e apenas 0,07°C abaixo de agosto de 2023.

De acordo com o Boletim Agosto de 2024, publicado pela instituição no dia 6 de setembro, é provável que o ano de 2024 supere as temperaturas registradas em 2023.


Na análise hidrológica, a instituição constatou ainda que agosto foi mais seco do que a média na maior parte da América do Sul e registrou a incidência de incêndios florestais no Brasil.

Financiado pela União Europeia, o Copernicus é o principal programa de observação da Terra que utiliza medições de satélites, navios, aeronaves e estações meteorológicas em todo o mundo, para produzir análises de dados sobre da atmosfera, marinho, Terra, alterações climáticas, segurança e emergência.

O programa é coordenado e gerido pela Comissão Europeia e implementado em parceria com Estados-Membros, Agência Espacial Europeia (ESA), Organização Europeia para a Exploração de Satélites Meteorológicos, Centro Europeu de Previsões Meteorológicas em Médio Prazo, entre outros.

*Com informações da Agência Brasil

Queimadas e clima seco: saiba como proteger a saúde das crianças nesse período 

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Com o aumento das queimadas na Amazônia e o período de clima seco e quente que assola a região, a preocupação com a saúde respiratória das crianças torna-se ainda mais urgente.

A Prefeitura de Porto Velho, juntamente com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), em Roncônia, divulga informações e promove ações de conscientização para reduzir os impactos das queimadas e do clima seco na saúde da população.

“Com cuidados simples e prevenção, é possível enfrentar este período com mais segurança e saúde”, aponta a médica pediatra Lidiane Cavalcante, da UPA José Adelino, que aponta os principais cuidados que devem ser adotados para evitar o adoecimento.

A pediatra destaca ainda que, com a chegada da primavera, a situação pode se agravar e aumentar os processos alérgicos. Por isso, é importante manter atenção redobrada aos sintomas de irritação nos olhos, nariz e garganta. Em casos de sintomas mais graves, como falta de ar, chiado no peito ou tosse persistente, os pais devem procurar atendimento médico imediatamente.

Dicas para proteger as crianças

1. Manter a Hidratação

A médica enfatiza a importância da hidratação e reforça que é essencial que as crianças consumam bastante água ao longo do dia.

2. Uso de inalação com soro fisiológico

Lidiane recomenda inalações frequentes com soro fisiológico para ajudar a aliviar os sintomas respiratórios. “A inalação com soro fisiológico ajuda a umidificar as vias aéreas, aliviando os sintomas de irritação”, esclarece.

3. Umidificação do ambiente

A pediatra também sugere métodos simples para melhorar a umidade do ar dentro de casa.

4. Proteção para os olhos

Segundo Lidiane, o cuidado com os olhos é igualmente essencial. “Em um clima seco, o uso prolongado de telas, como celular e computador, pode causar irritações e até conjuntivite viral. O ideal é limitar o tempo de uso das telas conforme a idade da criança e utilizar lubrificantes oculares para evitar o ressecamento.”

5. Prevenção de queimadas

Além dos cuidados diretos com as crianças, Lidiane reforça a importância da conscientização comunitária. “Não podemos queimar lixo ou qualquer outro material, seja no quintal de casa ou no do vizinho. As queimadas agravam ainda mais a qualidade do ar e causam danos à saúde de todos, especialmente das crianças.”

*Com informações da Prefeitura de Porto Velho

Conflitos causados pela mineração na Amazônia Legal são mapeados por pesquisas

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A corrida pela exploração dos chamados minerais críticos à transição energética acentua os conflitos socioambientais existentes no setor mineral brasileiro. Esses elementos naturais são necessários para o desenvolvimento de uma economia de baixo carbono e a produção de componentes utilizados na fabricação de baterias, veículos elétricos, painéis solares, turbinas eólicas, entre outros itens. Além disso, eles também são aplicados majoritariamente em atividades não relacionadas com a transição energética. 

No total, 101 mil pessoas em 15 estados foram impactadas pela extração de minerais da transição, que desencadeou 380 confrontos no país entre 2020 e 2023. A Amazônia Legal, composta por nove estados brasileiros, foi a região com mais disputas, concentrando 46,3% das ocorrências. Na avaliação individual por unidade da federação, Pará e Minas Gerais agruparam 66,7% dos embates. Os dados foram mapeados em estudo publicado em agosto pelo Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil, iniciativa composta por pesquisadores de instituições de todo o país, movimentos sociais e organizações não governamentais (ONG).

Outro levantamento elaborado pelo mesmo observatório em 2023 indica que, desde 2020, as atividades de extração legal e ilegal de todo o setor mineral têm ocasionado de 850 a 950 conflitos e afetado cerca de 1 milhão de pessoas por ano. O documento também mostra que Minas Gerais (37,5%), Pará (12%) e Alagoas (10,1%) concentraram em 2022 a maior parcela de pessoas atingidas por esses embates.

Um dos autores das pesquisas, o geógrafo Luiz Jardim Wanderley, da Universidade Federal Fluminense (UFF), esclarece que são considerados conflitos as reações dos atingidos pelos impactos socioambientais e pelas situações de violência, que incluem trabalho em condições análogas à escravidão, estupros, acidentes, ameaças, tentativas de assassinato e mortes. 

“Durante a pandemia, o setor mineral registrou inúmeras violações trabalhistas por não ter adotado políticas eficientes para preservar a saúde de funcionários”, comenta. O “Relatório anual do Conselho Internacional de Mineração e Metais” indica que, no Brasil, 43 funcionários de empresas associadas à entidade morreram em razão de acidentes de trabalho, em 2021. Em 2019 e 2020, os números foram 287 e 44, respectivamente.

Wanderley explica que, para entrar nos mapeamentos, o conflito precisa ter suscitado reações na população, entre elas processos judiciais, manifestações, cartas de repúdio ou denúncias em jornais. 

“Quando o embate não causa essa resposta, não entra em nossa contagem”, informa. Para fazer os levantamentos, os estudos analisaram dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que desde 1985 registra conflitos agrários, e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ambos órgãos da Igreja Católica. Também se valeram de dados sobre esse tipo de ocorrência registrados em documentos de ONGs, denúncias de movimentos sociais, notícias veiculadas pela imprensa, entre outros meios.

No estudo sobre minerais necessários à transição energética, foram abarcados conflitos envolvendo 31 elementos, entre eles alumínio, bário, boro, cádmio, cobalto, cobre, lítio, manganês, nióbio e níquel. De acordo com informações da Agência Nacional de Mineração (ANM), de 2013 a 2022, o valor da extração desses minerais passou de R$ 27,7 bilhões para R$ 38,6 bilhões, resultando em um crescimento real (descontada a inflação) de 39%. No mesmo período, os números correspondentes para o setor mineral como um todo subiram de R$ 243 bilhões para R$ 266 bilhões em valores deflacionados, o que representa um crescimento de 9,3%.

Os conflitos identificados nesse levantamento podem se sobrepor. O tipo mais prevalente abarca disputas pelo uso da terra, que abrangeram 59,2% das ocorrências, seguidos de embates relativos a acesso à água (39,4%), problemas de saúde (16,4%) e questões trabalhistas (12,4%), explica Wanderley. O cobre e a bauxita foram os minerais utilizados na produção de componentes necessários à transição energética que provocaram mais danos, com 25,3% das ocorrências cada um. Ao mesmo tempo, esses elementos apresentaram uma valorização de mercado entre 2020 e 2023. 

Foto: Alessandro Falco/Bloomberg via Getty Images

Barcarena (PA), Canaã dos Carajás (PA) e Craíbas (AL) ocupam os três primeiros lugares da lista de cidades com maior número de disputas envolvendo a mineração associada a elementos importantes para equipamentos da transição energética. 

Em Barcarena, predomina a extração e o processamento de bauxita, utilizada para a obtenção de alumínio. Em 2018, a população local denunciou o vazamento de rejeitos de uma barragem, que contaminou rios e igarapés. Já em Canaã dos Carajás, a principal atividade de mineração é a extração de minério de ferro e cobre, que tem causado o deslocamento de comunidades locais. 

“A situação gera conflitos relacionados à perda da terra e impacta os modos de vida de comunidades, sobretudo indígenas e ribeirinhas”, diz Palheta. A cidade é também palco de embates trabalhistas associados às mineradoras. Na região está o maior projeto de extração de minério de ferro da história da Vale, com capacidade de produção de 120 milhões de toneladas anuais.

Palheta desenvolve estudo em quatro cidades paraenses que abrigam projetos de mineração: além de Canaã dos Carajás e Barcarena, Parauapebas e Paragominas. De acordo com ele, os municípios com maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil, frequentemente, abarcam localidades com grandes empreendimentos industriais ou extrativos, como é o caso de Parauapebas. 

“No entanto, a exemplo do que ocorre com outras cidades com essas características, Parauapebas é marcada por situações de pobreza, o que inclui falta de saneamento básico”, relata.

Segundo ele, isso ocorre em razão da falta de transparência sobre o uso dos recursos provenientes da Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM), receita patrimonial cobrada sobre os ganhos obtidos com a atividade. “Os recursos obtidos com a CFEM só podem ser investidos nas áreas da saúde e de educação, mas faltam mecanismos de controle para identificar onde de fato o dinheiro é gasto”, afirma o geógrafo. 

De acordo com os relatórios produzidos pelo Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) está abaixo da média nacional em 27 dos 50 municípios mais minerados do Brasil. Em relação ao Índice de Gini, que mede desigualdades, 34 dessas 50 cidades têm indicadores piores do que o 14º país mais desigual do mundo, a República do Congo.

Segundo a organização, os grupos mais afetados pela exploração de minerais associados à transição energética são pequenos proprietários rurais (envolvidos em 23,9% das ocorrências), trabalhadores das empresas de mineração (12,1%) e indígenas (9,8%). Do outro lado, mineradoras internacionais (46,3%) e nacionais de médio porte (33,6%) foram as principais organizações implicadas nos embates. 

Foto: Nelson Almeida/AFP via Getty Imagens

A observação é corroborada pela economista Beatriz Macchione Saes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com pesquisas sobre a relação entre desenvolvimento econômico, mineração e os conflitos deflagrados pela atividade, ela traz como exemplo a situação do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais.

Desde 1991, a região conta com projetos de exploração de lítio, metal utilizado em equipamentos como baterias de carros elétricos, mas há cada vez mais mineradoras interessadas em atuar com a atividade. “No momento, quatro companhias tentam aprovar iniciativas para explorar lítio na região e a eventual chegada delas pode acirrar os conflitos com as comunidades locais”, avalia.

Estudioso das corporações do setor mineral, o engenheiro de produção Bruno Milanez, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica que, após a década de 1990, essas empresas passaram a adotar práticas para mitigar impactos socioambientais. De acordo com o pesquisador, até 1989, por exemplo, as mineradoras que atuavam em Oriximiná, no Pará, jogavam os rejeitos diretamente nos rios, em um procedimento que, naquela época, era aceito pelo Estado brasileiro. “Até hoje, essas empresas tentam reparar os danos resultantes da atividade”, diz. 

Nos anos 2000, as corporações criaram barragens para conter os rejeitos e, atualmente, é possível empilhar os resíduos a seco, utilizando sistemas de filtragem. “Porém, mesmo com a redução dos impactos, não há como escapar de efeitos socioambientais negativos”, afirma. Milanez conta que algumas mineradoras reconhecem o problema e, inclusive, abandonaram o uso do termo “mineração sustentável”. “Atualmente, o conceito mais utilizado pelo setor é o de ‘mineração responsável’. 

Por meio dele, as companhias reconhecem que os impactos negativos são inerentes à sua atividade, mas sustentam que é possível adotar estratégias de redução de danos”, relata o pesquisador.

Em declaração enviada por e-mail, o Grupo Hydro, multinacional produtora de alumínio, destaca que as atividades de empresas que recebem seus investimentos no país são monitoradas e auditadas, com o compromisso ‘de serem boas vizinhanças às comunidades’. Uma delas é a Mineração Paragominas, no Pará, que adotou uma técnica capaz de devolver os rejeitos inertes da mineração de bauxita às áreas já exploradas. 

Essa metodologia, afirma a empresa, permite reconstruir a topografia original do terreno e reduzir o risco de erosão, minimizando os impactos ambientais. Por sua vez, a Anglo American, multinacional focada na exploração de minerais como diamante, mercúrio, cobre e níquel, informa, por e-mail, que em 2019 criou um plano para melhorar os sistemas de educação e saúde das comunidades que recebem suas operações no país.

Para Saes, da Unifesp, o momento conhecido como o boom das comodities, entre 2000 e 2014, foi marcado por um acirramento na incidência de conflitos do tipo no país. Naquele período, o Brasil registrou um aumento acentuado na demanda por bens primários e matérias-primas, incluindo minerais. 

Nas primeiras décadas do século XXI, o país registrou dois de seus maiores desastres ambientais causados pela extração de minério de ferro. Em 2015, o rompimento da barragem da empresa Samarco (controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton) na região de Mariana (MG) matou 19 pessoas e liberou por volta de 39 milhões de metros cúbicos de lama tóxica, que atingiu o leito do rio Doce e diversas comunidades em Minas Gerais e no Espírito Santo ao longo de mais de 600 quilômetros (km).

Segundo o Atlas do problema mineral brasileiro, publicado em 2023, o grupo constituído pela Samarco, Vale e BHP Billiton foi o que causou a maior quantidade de conflitos no campo entre 2004 e 2020, com um total de 462 ocorrências nesse período.

Já em 2019, o colapso de uma barragem da Vale em Brumadinho (MG) matou cerca de 270 pessoas e contaminou a bacia do rio Paraopeba, que se estende por 510 km. Em comunicado enviado por e-mail, a Vale esclareceu que estão previstos R$ 37,7 bilhões para reparação dos danos do desastre – 70% desse total já foi aplicado. A companhia afirma que, desde o começo de 2023, tem criado mecanismos para escutar as demandas das populações atingidas.

Em Mariana, o processo de reparação estabelecido pela Samarco destinou R$ 37 bilhões para ações de reparação e compensação de danos decorrentes do rompimento da barragem. Do total, R$ 17,48 bilhões foram em indenizações e auxílio financeiro emergencial. A empresa informa, em comunicado enviado por e-mail, que 85% dos casos de reassentamento das comunidades impactadas foram concluídos. 

Foto: Victor Moriyama/Bloomberg via Getty Images

Apesar dos acordos, as vítimas seguem buscando reparação na Justiça inglesa, na medida em que uma das controladoras da Samarco, a BHP, tem procedência anglo-australiana. Em 2023, um escritório de advocacia em Londres entrou com um pedido de indenização de R$ 230 bilhões para 700 mil vítimas do desastre.

Com pesquisas sobre o desenvolvimento desse processo de reparação, a socióloga Raquel Oliveira, do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma que ele tem gerado tensões internas entre as comunidades afetadas. Oliveira explica que antes do desastre muitas famílias compartilhavam os terrenos entre os seus parentes. Assim, avós, pais e filhos, por exemplo, construíam suas casas no mesmo sítio, mantido como terra de herdeiros.

Outro problema, segundo a antropóloga Gabriela de Paula Marcurio, que faz doutorado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) com bolsa da FAPESP, é que as mineradoras implicadas nos desastres desconsideram perdas relevantes para as comunidades atingidas ao inventariar os danos causados por suas atividades. Entre elas, estão as alterações na forma de viver e o tempo gasto para gerenciar problemas ocasionados pelo rompimento da barragem, como a participação em reuniões.

No doutorado, Marcurio pesquisa a chegada de empresas para a exploração de minério de ferro, cobre e fosfato na região de Juazeiro, no sertão baiano, área de expansão da fronteira mineral. De acordo com ela, mesmo antes da instalação formal de uma mineradora no território, a população já começa a sentir seus impactos. 

“Pequenos agricultores têm reclamado da presença de drones e de pessoas que não fazem parte da comunidade circulando por suas propriedades sem consultá-los”, exemplifica.

Milanez, da UFJF, destaca que o subsolo do país é um bem da União e, por causa disso, as pessoas podem ser desapropriadas de suas casas para viabilizar projetos do setor. Além disso, de acordo com a ANM, quem consegue autorização para instalar uma mina em determinado lugar, conquista exclusividade para explorar o território em questão. “Esses aspectos fazem com que os conflitos, em muitas situações, ocorram em um contexto caracterizado pela desigualdade de poder”, comenta o engenheiro.

Com a meta de articular e disseminar estratégias para restringir ou proibir a mineração em determinadas áreas, um grupo de pesquisadores, movimentos sociais, comunidades locais e organizações não governamentais criou a plataforma Territórios Livres de Mineração (TLM), em 2022. O repositório traz informações sobre medidas elaboradas a partir de legislações municipais, plebiscitos e consultas populares que conseguiram frear projetos indesejados em áreas vulneráveis.

Foi o que aconteceu em Muriaé (MG), onde os moradores da cidade impediram a instalação de um projeto de exploração de bauxita no distrito de Belisário, no entorno do Parque Estadual Serra do Brigadeiro.

A reportagem acima foi publicada com o título “Territórios em disputa” na edição impressa nº 343, de setembro de 2024.

Projeto
A memória da Comissão Pastoral da Terra de Juazeiro diante da mineração no semiárido baiano (nº 23/02480-1); Modalidade Bolsa de Doutorado; Pesquisador responsável Jorge Luiz Mattar Villela (UFSCar); Bolsista Gabriela de Paula Marcurio; Investimento R$ 342.357,84.

Artigos científicos
MAGNO, L. et alTerritórios corporativos da mineração: Barragens de rejeito, reconfiguração espacial e deslocamento compulsório em Minas Gerais. Revista NERA, 26 (66). 2023.
PALHETA, J. M. et alDinâmica territorial dos grandes projetos de mineração em Barcarena no estado do Pará, região Norte do Brasil. Contribuciones a las ciências sociales. 16(9). 2023.

Relatórios
Transição desigual: As violações da extração dos minerais para a transição energética no Brasil. Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração. Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil, 2024.
Conflitos da mineração no Brasil 2022: Relatório Anual. Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à MineraçãoObservatório dos Conflitos da Mineração no Brasil. 2023.
Atlas do problema mineral brasileiro. Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração.  Observatório dos Conflitos da Mineração no Brasil. 2023.

Livro
MARCURIO, G. P. A máquina do terror ‒ A luta das pessoas atingidas pelo desastre da Samarco em Mariana (no prelo).

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Revista Pesquisa Fapesp, por Christina Queiroz

Solução econômica também é uma das demandas da Amazônia 

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Foto: Reprodução/University of Cambridge

Para proteger a Amazônia e apoiar o bem-estar do seu povo, a sua economia precisa mudar de uma produção prejudicial ao meio ambiente, para um modelo construído em torno da biodiversidade, das populações indígenas e das comunidades tradicionais, visando a manutenção da floresta em pé.

Um grupo de pesquisadores do Brasil, incluindo a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Bolívia, Peru, Equador, EUA e Reino Unido afirmam que os atuais esforços de conservação e desenvolvimento nunca serão sustentados ou ampliados sem mudanças sistêmicas na forma como as economias são concebidas.

Apesar da extensa destruição da Amazônia em nome do desenvolvimento econômico, as comunidades amazônicas registraram poucas melhorias na renda, na expectativa de vida e na educação. Os pesquisadores sugerem um novo modelo e mudanças políticas associadas que poderiam criar um futuro justo e sustentável para a Amazônia e seu povo, melhorando a infraestrutura, as cadeias produtivas e as organizações sociais.

Os seus resultados, publicados na revista Nature Ecology and Evolution, centram-se na Amazônia, mas os pesquisadores afirmam que modelos econômicos semelhantes poderiam ser implementados em outros biomas se existir vontade política.

“Precisamos de uma visão diferente para a Amazônia se quisermos protegê-la”, disse a autora principal, Professora Rachael Garrett, do Departamento de Geografia da Universidade de Cambridge e do Instituto de Pesquisa em Conservação. “Meio século de desmatamento e exploração da Amazônia não resultou num desenvolvimento para toda a sua população, e agora o valor econômico das áreas desmatadas está ameaçado, para não mencionar as ameaças ao clima global e à segurança hídrica.”

O cerne da proposta é aproveitar o sucesso das comunidades indígenas e tradicionais para desenvolver novas economias, que poderiam proteger grande parte da Amazônia e, ao mesmo tempo, melhorar os meios de subsistência, a saúde e a segurança alimentar das muitas pessoas que aí vivem. Estes modelos econômicos são conhecidos como sociobioeconomias (SBEs), e já podem ser vistos em ação no Mato Grosso, de acordo com o pesquisador Oscar Zalla Sampaio Neto, da UFMT.

Desde em 2023, pesquisadores da área de ciência e tecnologia de alimentos da  UFMT, em parceria com grupos de pesquisa de outras 06 universidades brasileiras, desenvolvem o projeto Fortalecimento da cadeia de valor da castanha-do-Brasil: uma abordagem focada na Cooperativa dos Agricultores do Vale do Amanhecer (Juruena/MT), aprovado no âmbito da Iniciativa Amazônia +10. 

O modelo SBEs é focado em usar e restaurar ecossistemas de forma sustentável, e apoiar populações indígenas e comunidades tradicionais. As SBEs vão desde o ecoturismo,  a colheita e processamento sustentáveis ​​de produtos produtos florestais não madeireiros em alimentos, bebidas, roupas e medicamentos.

“A COOPAVAM surgiu no assentamento Vale do Amanhecer, onde há uma reserva florestal comunitária. No início eles utilizavam apenas essa reserva para a coleta de castanha do brasil, mas com o crescimento da cooperativa, passaram a incluir as comunidades indígenas ao redor, que coletam em suas próprias terras. Isso faz com que a floresta em si gere renda para as comunidades, diminuindo a pressão sobre o desmatamento e mantendo a sustentabilidade do processo”.

Hoje, a operação da COOPAVAM envolve aproximadamente 400 pessoas, que têm como principal fonte de renda as atividades vinculadas à cooperativa, resultando em uma melhoria considerável em sua qualidade de vida.

No artigo publicado na revista Nature Ecology and Evolution,  os pesquisadores apresentam recomendações e salvaguardas para o desenvolvimento das SBEs. Sob um modelo de SBEs, os subsídios governamentais seriam direcionados para o desenvolvimento sustentável. Eles também descrevem como construir conexões entre políticas rurais e urbanas nas SBEs. 

Outras mudanças políticas que poderiam dar suporte a um modelo SBEs incluem redirecionar o financiamento para atividades de conservação e restauração, apoiar empreendimentos comunitários e garantir processos participativos para garantir benefícios inclusivos e de longo prazo.

“É possível ter uma economia forte e que funcione para todos quando ousamos desenvolver novos modelos e visões que reconheçam a interconexão entre pessoas e natureza”, disse Garrett. “Ao popularizar essas ideias, investir em pessoas e empresas que estão fazendo a diferença e apoiar a pesquisa em inovação, podemos apoiar uma transformação tanto na conservação quanto no desenvolvimento na Amazônia”.

*Com informações da UFMT

Museu do Seringal fecha por conta da seca do Rio Negro em Manaus

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Foto: Divulgação/SEC AM

A seca severa que afeta o Amazonas vai fechar temporariamente, a partir de segunda-feira (16), o Museu do Seringal, localizado no Rio Negro, região ribeirinha de Manaus (AM). O acesso ao local acontece exclusivamente por rio, segundo o governo do estado.

O Amazonas vive um caos ambiental, potencializado pelas queimadas e pela estiagem severa. Nesta semana, a prefeitura de Manaus decretou situação de emergência pelos próximos 180 dias por conta da seca do Rio Negro – que banha a capital – e, que atingiu, na sexta-feira (13), a cota de 16,75 metros.

Situado no igarapé São João, afluente do igarapé do Tarumã Mirim, o Museu do Seringal Vila Paraíso tem seu acesso comprometido, em virtude do nível muito baixo dos rios.

Segundo o Governo do Amazonas, atualmente, os visitantes estão realizando o desembarque em um porto provisório, tendo que percorrer aproximadamente um quilômetro para chegar ao museu, o que se constitui em uma caminhada muito mais longa do que de costume, levando cerca de 20 a 30 minutos.

De acordo com a diretora, os turistas que visitam o museu atualmente estão sendo obrigados a passar por uma trilha provisoriamente sinalizada, três pontes de madeira provisórias, subindo e descendo barrancos, além de ficarem expostos ao aparecimento de animais peçonhentos como aranhas, escorpiões e cobras.

A diretora ressalta ainda que os visitantes ficam expostos por estarem fora do perímetro de vigilância do espaço, e que, em caso de qualquer intercorrência com animal peçonhento, por exemplo, o transporte da vítima até um local onde possa ser realizado o socorro também fica prejudicado.

O fechamento provisório do museu tem duração indeterminada, “O equipamento cultural ficará fechado para visitação até o tempo que ocorra a elevação do nível das águas dos rios, assim retornando o funcionamento normal do espaço”, afirma Aline Santana.

O museu

O Museu do Seringal Vila Paraíso, localizado no Igarapé São João, na área rural de Manaus, foi inaugurado no dia 16 de agosto de 2002. O espaço reproduz um seringal do final do século 19 e início do século 20, época do ciclo da borracha e período de grande ascensão econômica do Amazonas.

As instalações originalmente foram usadas como locações para as filmagens do filme “A Selva”, do diretor português Leonel Vieira, que adaptou o livro de mesmo nome do escritor português Ferreira Castro.

*Com informações da Rede Amazônica AM

Mais de 900 focos de queimadas são registrados no Amazonas em apenas um dia

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Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica AM

O Amazonas registrou 930 focos de queimadas no dia 12 de setembro, segundo dados da plataforma BDQueimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número é referente aos focos identificados na data e mostra um aumento expressivo em relação a média registrada no mês até então.

A marca fez com que o Amazonas fosse o segundo estado com mais focos de queimadas no dia em todo o Brasil, atrás apenas do Mato Grosso, que lidera o ranking com 974 focos.

Todos os 62 municípios do Amazonas foram declarados em estado de emergência devido à seca severa e às queimadas que afetam o estado este ano.

Até quarta-feira (11), o estado mantinha uma média de 238 focos por dia em setembro deste ano. O número registrado na quinta-feira (12) representa um aumento de 290,7% comparado a média do mês. Ao todo, já são 3.550 focos de queimada nos últimos 12 dias.

Focos de queimadas no Amazonas em setembro de 2024:

🔥1 de setembro: 261 focos
🔥2 de setembro: 540 focos
🔥3 de setembro: 269 focos
🔥4 de setembro: 142 focos
🔥5 de setembro: 282 focos
🔥6 de setembro: 76 focos
🔥7 de setembro: 376 focos
🔥8 de setembro: 139 focos
🔥9 de setembro: 149 focos
🔥10 de setembro: 338 focos
🔥11 de setembro: 187 focos
🔥12 de setembro: 930 focos

Queimadas crescem no estado

Amazonas enfrenta um aumento significativo nas queimadas, que têm provocado novas ondas de fumaça. Em agosto, foram registrados mais de 7 mil focos de calor no estado, contra 4 mil no mesmo mês em 2023. Em julho, o estado alcançou o maior número de queimadas dos últimos 26 anos.

Apenas em agosto, um incêndio atingiu uma área de mata próximo a um estaleiro no município de Manacapuru e quase atingiu embarcações que estavam atracadas no local. Em Boca do Acre, o fogo das queimadas quase alcançou uma área residencial e em Apuí, um incêndio de grande proporção atingiu uma área de pasto.

Os principais focos de calor estão localizados na região sul do Amazonas, onde há uma significativa presença da pecuária. O Corpo de Bombeiros destaca que muitos incêndios em áreas de vegetação são causados por ação humana.

Os efeitos das queimadas também foram sentidos pela população – houve fumaça no sul do estado e em Manaus uma densa “neblina” de fumaça encobriu a cidade por quatro dias. A fumaça resultante dos incêndios chegou até a Região Sul do país.

*Por Juan Gabriel, da Rede Amazônia AM

Comissão do Senado reconhece Festa do Sairé como manifestação da cultura nacional

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Foto: Reprodução/Iphan

A Festa do Sairé, realizada em setembro no distrito de Alter do Chão, no município de Santarém (PA), será reconhecida como manifestação da cultura nacional. Projeto com essa finalidade foi aprovado no início de setembro na Comissão de Educação (CE). Da Câmara dos Deputados, o PL 1.765/2024 recebeu parecer favorável do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) e, caso não haja recurso para votação em Plenário, segue para sanção.

Leia também: Sairé ou Çairé: qual é a grafia certa da famosa festa de Alter do Chão?

Conforme explicou Zequinha Marinho, a Festa do Sairé, que remonta ao século 17, começou como um ritual indígena e foi adaptada pelos jesuítas para facilitar a catequização, incorporando ao longo do tempo elementos das culturas africanas e dos caboclos. 

O lado religioso é marcado por procissões, missas e atividades católicas que atraem centenas de fiéis, enquanto o lado cultural é representado pelo Festival dos Botos. Essa festa folclórica envolve uma disputa entre os grupos Boto Tucuxi e Boto Cor-de-Rosa, que encenam a lenda amazônica do boto, um golfinho de água doce que se transforma em um jovem sedutor. As apresentações são acompanhadas por torcidas organizadas, e um grupo de jurados decide o vencedor.

O relator ressaltou que a festa estimula o turismo e contribui significativamente para o desenvolvimento econômico no oeste do Pará. 

“Ao preservar tradições e estimular o turismo, a Festa do Sairé contribui significativamente para o desenvolvimento econômico, gerando empregos diretos e indiretos em Alter do Chão e em Santarém, com reflexos positivos em todo o Oeste do Pará. Este impacto econômico ressalta a importância de reconhecer e apoiar eventos que preservam a identidade cultural brasileira e promovem o desenvolvimento regional”. 

Proposições legislativas: PL 1765/2024

*Com informações da Agência Senado

Projeto ‘Pipoca em Cena’ encerra primeira semana de atividades com exibição de 21 curtas

Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Após uma semana de atividades intensas, os alunos da Escola Estadual Áurea Pinheiro Braga finalmente puderam assistir o resultado de tanto esforço e dedicação. Neste fim de semana, a instituição recebeu a mostra do projeto ‘Pipoca em Cena’. Ao todo, com a ajuda dos oficineiros, os estudantes conseguiram entregar 21 curtas-metragens.

Desenvolvido pela Fundação Rede Amazônica (FRAM), o projeto ‘Pipoca em Cena’ tem o objetivo de fomentar a criatividade dos jovens na área do audiovisual. Durante uma semana, os alunos participaram de oficinas em que puderam aprender o passo a passo da produção de um curta-metragem.

“Uma semana trabalhosa”, destacou o gerente de conteúdos especiais da Fundação Rede Amazônica, Anderson Mendes.

Alunos e oficineiros do ‘Pipoca em Cena’. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Ele acompanhou de perto a evolução de cada uma e confessou que ficou surpreso com a desenvoltura dos participantes. “Eles deram um show, desde a criação dos roteiros, passando pela atuação e edição dos curtas. Ver os jovens motivados e focados em entregar um bom material me deixou muito feliz”, afirmou.

Participantes, alunos e parentes deles celebraram o lançamento dos curtas-metragens, que aconteceu na quadra esportiva da instituição. Pouco a pouco, o espaço ficou lotado. De acordo com a coordenação da escola, a mostra do ‘Pipoca em Cena’ contou com a participação de mil pessoas.

Além da exibição dos curtas e do filme ‘Um Tio Quase Perfeito’, estrelado por Marcus Majella, cedido em parceria com a Globo Filmes, os participantes também contaram com áreas instagramáveis e já garantiram uma selfie. E, claro, não poderia faltar bastante pipoca e refrigerante.

Mas sabe quem “abrillhantou” o evento? A atriz Rosa Malagueta, que aproveitou a oportunidade para tirar a dúvida dos alunos.

De acordo com Rosa, a sua paixão pelo audiovisual começou dentro da Fundação Rede Amazônica. “A FRAM tem um lugar muito especial para mim, pois foi o local onde dei meus primeiros passos no audiovisual. Serei sempre grata a todo conhecimento que adquiri na instituição”, lembrou.

Público conheceu os 21 curtas produzidos pelos alunos. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

De mãos dadas com a comunidade

Há 10 anos, o papel do ‘Pipoca em Cena’ é levar arte para a comunidade. Durante o decorrer do tempo, o projeto se transformou e ganhou novos objetivos. Para a diretora-presidente da FRAM, Claudia Daou Paixão, a motivação da instituição é sempre agregar e compartilhar conhecimento.

“É um prazer para a FRAM e para o Grupo Rede Amazônica proporcionar uma programação tão importante para vocês. Após essa semana tão trabalhosa, vocês merecem relaxar e se divertir”, disse.

Segundo a diretora executiva da FRAM, Mariane Cavalcante, o ‘Pipoca em Cena’ surgiu como uma maneira de integrar o audiovisual com as comunidades. Ela destacou os trabalhos entregues pelos alunos da Escola Estadual Áurea Pinheiro Braga, que destacaram os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que envolvem sustentabilidade, meio ambiente e qualidade de vida.

“Dá para educar através da arte. Essa é a principal lição que podemos aprender através do ‘Pipoca em Cena’. Por exemplo, muitos alunos que não sabiam o que eram as ODS puderam conhecer e criar um alerta para a população através do audiovisual”, destacou.

Evento marcou o fim da primeira parte do ‘Pipoca em Cena’. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

Apoio

Para a realização do projeto, a FRAM contou com a parceria da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC). O secretário executivo da SEC, Cândido Neto, disse que o audiovisual da Região Norte é muito importante para a divulgação cultural. “Essa ação é de extrema importância para o cenário cultural local. Espero que daqui saiam futuros atores, diretores e roteiristas”, almejou.

Já o diretor do CMPM IV, tenente-coronel Jailson de Souza, que recebeu o projeto ‘Pipoca em Cena’ de braços abertos, confessou que está orgulhoso dos alunos e chamou a FRAM para realizar outras edições na instituição. “Vocês da FRAM estão mais que convidados para realizar outra edição do ‘Pipoca em Cena’ na escola. Eu pude ver o quanto os alunos se esforçaram para a realização dos curtas”, convidou o diretor.

Confira alguns momentos da Mostra:

Segunda Etapa

Neste ano, o Pipoca em Cena acontece de forma presencial em duas escolas estaduais de Manaus e segue até o dia 21 de setembro. Com o fim da primeira etapa, a partir do dia 16, o projeto vai levar as oficinas para a Escola Estadual Coronel Pedro Câmara (CMPM VIII), no bairro Compensa.

O projeto se expande para os demais públicos interessados em conhecer e estudar mais sobre cinema por meio das videoaulas, que também serão veiculadas em todas as emissoras do Grupo Rede Amazônica.

Sobre o Pipoca em Cena

A décima edição do Projeto Pipoca em Cena, da Fundação Rede Amazônica (FRAM), tem o apoio institucional da Globo Filmes; Policia Militar do Amazonas; Secretaria de Estado de Educação e Deporto Escolar (SEDUC); e o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural (AADC); Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC) e Governo do Amazonas.

Professor ‘usa’ fumaça de queimadas para explicar fenômeno óptico em Porto Velho

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Foto: Sebastião Vasconcelos/Casa das Ciências

Um professor de Física de uma escola particular de Porto Velho (RO) usou a poluição do ar causada pelas queimadas na região para explicar um fenômeno físico: o Efeito Tyndall, que ocorre quando a luz é dispersada por partículas suspensas no ar.

A explicação sobre o fenômeno surgiu por acaso, o professor dava uma aula sobre ametropia, que é um distúrbio visual.

Segundo ele, em condições normais, esse trajeto não seria facilmente percebido. Porém, a poluição do ar em Porto Velho, causada pelas queimadas, tornou as partículas de fumaça visíveis à luz, facilitando a observação do fenômeno durante a aula.

No dia 6 de setembro, a concentração de PM2,5 em Porto Velho é atualmente 40 vezes maior que o valor anual recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a qualidade do ar, de acordo com a plataforma de monitoramento suíça, a IQAir.

“O efeito Tyndall permite visualizar o caminho da luz por conta das partículas coloidais, como as de fumaça. A poluição causada pelas queimadas na cidade possibilitou a demonstração do fenômeno”, explicou ao Ezequiel Júnior.

Para facilitar o entendimento, o professor comparou o fenômeno com a dispersão de aerossol.”Se você usa um desodorante spray e ilumina o ar, consegue ver o trajeto da luz. Com a fumaça é a mesma coisa, pois as partículas são pequenas, mas grandes o suficiente para dispersar a luz”, explicou ele.

Durante a aula, o professor o falou que a visualização do efeito assustou a maioria dos alunos: “A maioria ficou chocada ao perceber, de forma mais clara, o quanto a qualidade do nosso ar está precária”.

Pior ar do Brasil

Rondônia enfrenta queimadas excessivas e uma seca extrema. Pela primeira vez, desde que começou a ser monitorado em 1967, o rio Madeira ficou abaixo de um metro. Além disso, a quantidade de queimadas registradas entre 1º de janeiro e 5 de setembro é a maior dos últimos quatorze anos.

A estiagem também é uma realidade dura. A capital do estado, Porto Velho, está há mais de três meses sem chuvas significativas, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Todo esse cenário coloca o estado, sobretudo Porto Velho, entre os piores índices de qualidade do ar do país. Há semanas consecutivas, a cidade amanhece encoberte por fumaça.

*Por Caio Pereira, da Rede Amazônica RO

Observatório Nacional contribui para estudo de terremotos profundos na Amazônia

Sismógrafo instalado pelo projeto. Foto: Divulgação/Observatório Nacional

O Observatório Nacional (ON/MCTI), por meio da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) e do Pool de Equipamentos Geofísicos do Brasil (PEG-BR), anuncia a participação no projeto ‘Tomografia Sísmica na Amazônia Ocidental: Terremotos Profundos na Placa de Nazca’, liderado pelo Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O principal objetivo é determinar a estrutura sísmica detalhada da placa de Nazca sob a Amazônia Ocidental, buscando compreender o regime térmico e a origem dos terremotos de fonte profunda (550 – 650 km) na região.

Leia também: Região Norte registra maior tremor de terra da história do Brasil

Para isso, uma rede sismográfica temporária está sendo instalada, composta por 11 sismógrafos de banda larga do PEG-BR, que é um projeto do ON, além de cinco sismógrafos da RSBR, coordenada pelo Observatório Nacional, bem como três sismógrafos do Laboratório Sismológico da UFRN e um sismógrafo da rede de monitoramento global (GSN).

Os terremotos profundos ocorrem no interior de placas oceânicas em subducção e o fenômeno, em si, não difere substancialmente dos terremotos que ocorrem perto da superfície terrestre. No entanto, devido às diferentes condições de pressão e temperatura nessas profundidades, o mecanismo físico por trás da ocorrência desses terremotos profundos não pode ser semelhante ao dos terremotos rasos.

Mapa das estações sismográficas. Fonte: LABSIS/UFRN

É importante ressaltar que a implantação da rede de estações sismográficas temporárias permitirá também ampliar a detecção de eventos na Amazônia Ocidental.

Além disso, com base nos dados coletados, as Defesas Civis dos estados poderão se preparar melhor para enfrentar terremotos expressivos. Planos de evacuação, estratégias de resposta e medidas de segurança podem ser desenvolvidos com base nas informações sísmicas disponíveis. O envolvimento dos gestores públicos, como prefeitos, secretários de Defesa Civil e outros, será fundamental para isso, através de tomada de decisões informadas com base nos dados coletados e a implementação de políticas de prevenção e resposta.

A conscientização pública será também fundamental para garantir que as comunidades estejam preparadas para lidar com esses eventos naturais, o que será feito através de palestras em escolas, universidades e instituições locais.

Parcerias

O projeto “Tomografia Sísmica na Amazônia Ocidental” conta com a participação de uma equipe multidisciplinar composta por dez pesquisadores e dois técnicos, representando oito instituições de ensino e pesquisa, além de uma empresa do setor privado.

A coordenação geral está a cargo do Prof. Dr. Jordi Julià Casas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), enquanto a vice-coordenação é realizada pelo Prof. Dr. Antonio Romero da Costa Pinheiro, da Universidade Federal do Acre (UFAC).

Os demais participantes são: Prof. Dr. Marcelo P. Rocha (UnB); Juraci Mário de Carvalho (UnB); Prof. Dr. Paulo Araujo de Azevedo (UFOPA); Prof. Dr. Marcelo Assumpção (USP); Prof. Dr. Rosana Maria do Nascimento Luz (UFRA); Prof. Dr. Waldemir Lima dos Santos (UFAC); Dr. Diogo Farrapo de Albuquerque (Braskem); Dr. Marcus Vinícius Ferreira (CPRM); Eduardo Alexandre Santos de Menezes (UFRN); Adriano Pereira Botelho (UnB).

O projeto obteve recursos do CNPq (Chamada Universal) e conta com o apoio financeiro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Tectônicos (INCT-ET).

*Com informações do Observatório Nacional