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Monte Roraima: o que você precisa saber antes de visitar o gigante da tríplice fronteira

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“Quando dizem que o Monte Roraima (RR) é um lugar único no mundo, sim, é verdade”. Esse é o relato da viajante Pricilla Tatagiba, que realizou uma expedição ao local.

“Não existe vídeo ou imagem que consiga captar aquela imensidão. Existe muito ali que foge do nosso entendimento. Saber ouvir os guias que têm intimidade real com esse lugar, me fez perceber que eu não conseguiria descobrir tudo numa única visita”, conta.

Paisagens diferentes de tudo que os olhos já viram e sensações diferentes de tudo que o corpo já experimentou. Apesar das palavras serem distintas, a descrição de quem conhece o Monte, são as mesmas. Pricilla chegou no destino sem pesquisar ou saber muito, foi aprendendo e entendendo a grandiosidade das formações rochosas, lá mesmo. “Fui sem expectativas e aprendi sobre o lugar in loco, mas me despedir do paredão foi doloroso demais. Caminhar e me distanciar do Monte era muito visceral. É dizer adeus para um grande amor sem a certeza de poder estar ali novamente”.

Quem busca o gigante normalmente não possui metade da consciência do que o espera. Formado há mais de 2 bilhões de anos, no período pré-cambriano, numa altitude de 2.875m, com a paisagem repleta por rios, cascatas e formações rochosas, cercado de diversos aspectos da espiritualidade de seus anfitriões e protetores indígenas Taurepang, guardado pelo Parque Nacional Monte Roraima (RR), na fronteira do Brasil com a Venezuela e Guiana, o Monte Roraima é uma das montanhas mais antigas do mundo e possui o cume mais extenso do planeta, com 34 km².

Leia também: Conheça cinco lugares para se aventurar em Roraima

É considerado um verdadeiro santuário e meta de ascensão por um número cada vez maior de praticantes de caminhada, o trekking em inglês. De acordo com um relatório da Future Market Insights (FMI), a busca global por turismo de aventura entre os anos de 2023 e 2033 deve aumentar 16,2% ao ano. Além dos viajantes brasileiros, que em sua grande maioria são do sul e sudeste do país e escolhem o Monte como seu destino, estrangeiros também estão na lista. Roraima recebeu turistas, principalmente, do Chile, Argentina e Estados Unidos entre 2022 e 2023, que chegaram pelos aeroportos de Brasília (42,5%) e Guarulhos (22,1%).

Espiritualidade e cosmovisões

Ir até o Monte Roraima para conhecê-lo, é, além de uma grande aventura, uma experiência que coloca o viajante frente a frente com a história da Terra. As lendas que o cercam remetem ao seu surgimento, como a que diz que os indígenas Macuxi, que então viviam na área, certo dia notaram uma bananeira no local, seguida de um aviso divino que dizia não ser permitido cortá-la ou comer seus frutos. Após não respeitarem o recado e terem cortado a planta na raiz, a natureza se revoltou e, com raios e trovoadas, fez surgir o paredão.

Mais do que as lendas contadas há séculos, estar no local já é uma verdadeira experiência de um lugar mágico e diferente de todo o resto. “Há aqueles que se aventuram para o Monte para superar desafios físicos, porém, o real sentido dessa expedição está na compreensão dos aspectos sagrados da sabedoria ancestral de indígenas de diferentes etnias que reverenciam, respeitam e compreendem este espaço único do planeta Terra como fonte de vida, de espiritualidade e, sobretudo, de transformação. O intercâmbio que tive com os Taurepang me transformou completamente e foi um divisor de águas na minha concepção de mundo”, destaca Alberto Rabelo, produtor de experiências Vivalá e do roteiro ao Monte Roraima.

Seus atuais protetores são os indígenas Taurepang, que também são guias e levam os grupos de viajantes pelas trilhas, que devem ser feitas sempre com um local. O roteiro oferece uma imersão na cultura e no folclore Makunaima.

“A experiência com os indígenas e venezuelanos da equipe é maravilhosa. Pessoas incríveis, com histórias incríveis e super poderes de transportar todo o equipamento e nos cuidar de forma tão respeitosa, acolhedora, calorosa e carinhosa”, cita Pricilla.

A viajante também relembra o primeiro momento de contato visual com o Monte Roraima, que, apesar de simples, tem um significado especial para quem estava presente: “Lembro que até chegarmos no acampamento base, ele (o Monte Roraima) estava sempre coberto por nuvens, como se não quisesse se mostrar. Mas ali na base, aos poucos, as nuvens foram se dissipando até ele se mostrar por completo. Foi um momento de muita euforia e felicidade para o grupo. O primeiro contato com o paredão foi muito emocionante. Estar lá em cima e ver o tempo mudar em questão de segundos era lindo. Me permitir sentir a energia do lugar, sentir o frio, o vento, o sol, as águas… é tudo mágico se a gente se abrir para a experiência”.

Expedição de dez dias

Uma das formas de conhecer o Monte Roraima é por meio de uma Expedição de Aventura, como a collab entre a Vivalá e a Roraima Adventures (RRAdv), especialista na região há 22 anos e pioneira nas expedições ao Monte Roraima. “A Amazônia é o berço da Vivalá e ficamos extremamente felizes de expandir nossa operação para o sétimo dos nove estados da Amazônia Legal, especialmente para um local realmente inacreditável como a experiência no Monte Roraima que vai oferecer uma uma experiência incrível e transformadora para nossos viajantes”, afirma Daniel Cabrera, Cofundador e Diretor Executivo da Vivalá.

De acordo com o diretor-geral da RRAdv, Joaquim Magno, a parceria no roteiro se dá pelos objetivos em comum dos negócios sociais. “A contribuição é recíproca, pois as duas empresas proporcionam uma experiência que tem um objetivo comum, que é levar os viajantes a viver uma experiência no destino, mas com qualidade, segurança, impacto positivo e sonho realizado”.

Magno ainda destaca o quão único é o destino:

“Datado de 2 bilhões de anos, com formações geológicas pré-cambriana, onde a vida pouco evoluiu, com um endemismo de flora e fauna muito específico, com formas rochosas curiosas e pitorescas, o lugar é dotado de uma energia indescritível, com o topo forrado de cristais de quartzo. Isso atrai a atenção de turistas, aventureiros, cientistas, biólogos, antropólogos, esotéricos, místicos e todos aqueles que buscam nesta fascinante aventura o reencontro consigo mesmo e com a origem da vida, levando a todos a repensarem sobre o verdadeiro sentido da vida”.

Foto: Divulgação

O roteiro foi criado não somente para oferecer ao viajante uma linda e inesquecível experiência, mas também para impactar positivamente o lugar que irá ser palco da aventura. Esse impacto é fruto do turismo sustentável, que busca contribuir com a preservação ambiental do local, as comunidades participantes e a experiência dos viajantes.

“Desde o primeiro contato com nosso material de marketing e equipe de vendas até o retorno da Expedição, nosso viajante recebe todo o suporte e orientação para que sua experiência seja a mais agradável possível, o que inclui boas práticas relacionadas à sustentabilidade e segurança”, destaca Daniel Cabrera que, além de estar à frente da Vivalá, integra o conselho da Abeta – Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura.

“O melhor impacto que o turismo sustentável pode proporcionar ao meio ambiente, se bem conduzido, começa no aspecto social, gerando emprego e renda em comunidades que não têm muitas oportunidades. Mas também avança no aspecto da preservação ambiental, porque a atividade se desenvolve em espaços naturais, e isso agrega valor ao conservacionismo. O turismo tem uma responsabilidade de impacto positivo, mas claro, se feito de forma responsável e sustentável”, afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), órgão responsável pela elaboração de normas técnicas adotadas no mundo inteiro, Luiz Del Vigna.

A expedição

O impacto social da Expedição ao Monte Roraima inicia na condução do roteiro e durante a subida, guiada por indígenas locais, que conhecem e possuem contato direto com a região. A expediçãotem duração de dez dias e é indicada para pessoas que já possuem um preparo físico, pois são 100 km de caminhada.

O dia um é apenas de embarque para Boa-Vista (RR), onde no segundo dia de roteiro todos os viajantes do grupo irão se encontrar e receber as últimas orientações da equipe, principalmente para questões de logística, segurança e desenvolvimento da parte operacional. Após o almoço, o grupo segue viagem até a fronteira com a Venezuela e realiza os procedimentos de aduanas, para então pernoitar em Santa Elena de Uairén, na Venezuela.

No terceiro dia a grande jornada começa. Após o café é hora de partir até a Comunidade de Paraitepuy, onde será o acampamento da primeira noite, às margens do rio Tek ou Kukenan. Na manhã seguinte o trekking continua até a base, para mais uma noite frente ao paredão. O quinto dia possui um dos caminhos com o cenário mais bonito, com paradas para contemplação da paisagem e fotos com os jardins de bromélias, orquídeas e pequenos pássaros. Neste dia, o grupo se aproxima do topo e é possível observar o Monumento de Makunaima, além de ser recepcionado pelos “Guardiões da Montanha”, três imensos blocos com formato de observadores.

O dia seis é de imersão total no topo, com destaque para o Vale dos Cristais. “O lugar por si só traz a sensação do Macro e do Micro, dos extremos, do surreal, do cósmico, do inexplicável. A energia desse lugar não se traduz em palavras, mas em suspiros, sons, silêncios, reflexões e observações caladas. Após passar pelo Ponto Triplo, a parada final do dia é o El Fosso”, explica Alberto.

No sétimo dia de expedição é hora dos viajantes se deslumbrarem com as Piscinas Jacuzzis e com o Mirante La Ventana, sendo possível admirar as quedas d’água e o vale de florestas do Monte Kukenan (Pai dos Ventos). Além de contemplar e se reconectar consigo mesmo, o grupo alcança o ponto mais alto do Monte e avista a Gran Sabana e a trilha que cruzaram até chegar à base. Para finalizar o dia e se sentir dentro de um santuário, é possível visitar o Salto Catedral, antes de ir até o Paso de Los Cristales e repor as energias.

O oitavo dia do roteiro é um momento de despedida da Casa de Makunaina, onde começa a descida até a base, com direito a pernoite com o céu mais estrelado da viagem. No dia seguinte o grupo realiza os últimos 15 Km de caminhada até a Comunidade de Paraitepuy, para embarcar em veículos 4×4 que os levarão até a fronteira para procedimentos de aduanas e pernoite em hotel na capital. O último dia é reservado para check-out e retorno para casa.

Os roteiros têm saídas previstas de uma a duas vezes no mês e incluem o transporte terrestre a partir de Boa Vista até a Comunidade Indígena Paraitepuy, onde o grupo passa tanto na ida, quanto na volta.Com um investimento é de R$ 5.500, que pode ser feito em 5x no cartão de crédito, PIX ou boleto, a expedição inclui treinamentos antes da viagem, hospedagem em Boa Vista e em Santa Elena de Uairén, transporte, todo o apoio de camping, incluindo equipamentos coletivos de acampamento, alimentação, taxa de entrada nas Comunidades e uma equipe capacitada para guiar a expedição. Ainda há vagas disponíveis para a próxima expedição que acontecerá em 07 de junho. Para mais detalhes sobre o roteiro e reservas, acesse AQUI.

Revestimento de ração medicada melhora controle de parasitas em tambaquis

Pesquisadores da Unicamp e da Embrapa conduziram um estudo para minimizar os impactos ambientais e maximizar a eficácia no tratamento de parasitas em tambaquis, peixes amazônicos de importância econômica. Uma pesquisa, realizada em Manaus, AM, concentrou-se em revestir a ração medicamentosa  com etilcelulose, um polímero e o efeito deste na redução da lixiviação do albendazol, a partir da ração.

Este medicamento tem sido demonstrado eficaz no controle do acantocéfalo Neoechinorhynchus buttnerae , verme que parasita o intestino dos tambaquis. Após 34 dias de tratamento, a eficácia do albendazol foi de 34% nos peixes alimentados com ração não revestida e de 66% nos alimentados com ração revestida.

De acordo com Claudio Jonsson, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, a lixiviação, na água, de medicamentos provenientes de rações medicamentosas é uma preocupação ambiental significativa. Vários trabalhos relatam o problema a respeito do albendazol, um anti-helmíntico – medicamento que controla esses vermes, que ataca principalmente peixes e anfíbios. Entretanto, seu uso pode representar riscos tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana quando utilizado indiscriminadamente.

O estudo, aprovado pelos órgãos reguladores competentes, envolveu a análise de 340 tambaquis, adquiridos de duas pisciculturas, sendo uma com histórico de acantocefalose e outra sem esse histórico. A prevalência da parasita N. buttnerae foi de 100% nos peixes do primeiro grupo, evidenciando a necessidade de tratamento. Os peixes foram alimentados com ração medicamentosa contendo albendazol, sendo parte dela revestida com etilcelulose. 

A bioacumulação de albendazol em tecidos comestíveis dos tambaquis não foi afetada pelo revestimento com etilcelulose, mostrando-se uma opção viável para reduzir a lixiviação do medicamento sem comprometer sua eficácia no tratamento dos parasitas. Jonsson destaca que os resultados sugerem que o revestimento de ração medicamentosa pode ser uma estratégia eficaz para mitigar os impactos ambientais associados ao uso de medicamentos na aquicultura, ao mesmo tempo em que mantém a eficácia no controle de parasitas.

“Este estudo destaca a importância da pesquisa contínua na busca por soluções sustentáveis ​​para os desafios enfrentados pela aquicultura”, acredita o pesquisador.

A equipe do estudo é formada por Rafaelle Cordeiro, Patrícia Braga, Felix Reyes Reyes, da Unicamp; Claudio Jonsson, da Embrapa Meio Ambiente; e Edsandra Chagas e Franmir Brandão, da Embrapa Amazônia Ocidental.

*Com informações da Embrapa

Árvores amazônicas que já inspiraram canções são citadas em livro

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Bananeiras, buritis, ipês, quaresmeiras e tucumãs, em meio a quase 150 espécies de árvores, inspiraram mais de 600 canções, interpretadas, entre outros, por Alceu Valença:

“Da manga-rosa quero gosto e o sumo/ Melão maduro, sapoti, juá…”

Pela banda Pato Fu: “Olha a preta, de caroço branco, que a mão do moleque arranca no toque/ O que bate na boca, que a jaboticaba, faz ploquet pluft nhoque”; por Tom Jobim (1927-1994), Gildo de Freitas (1919-1982) e vários Chicos (Brown, Buarque, César e Conrado).

Dedicado à restauração florestal, o engenheiro-agrônomo Ricardo Viani, do campus de Araras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), reuniu as plantas e os artistas no livro ‘As árvores e a música brasileira’ (Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, Ipef, 2023).

Com 442 páginas, a obra contém muitas fotografias (a maior parte do próprio autor), histórias e informações sobre cada espécie, trechos de canções e QR Codes para ouvir as músicas.

Com acesso livre no site do Ipef, o livro valoriza tanto a arte quanto a preservação da natureza. Autor do prefácio, o compositor e violeiro mineiro Chico Lobo alerta: “E tomba madeira de lei/ Nas entranhas do país […]/ Ipê e jacarandá/ Pau-de-ferro e jequitibá […]/ Cerrado tem sua aflição […]/ Queima o verde das matas/ Aroeira e guatambu […]”.

Viani produziu também um podcast de 21 episódios com música e explicações, veiculado pela rádio UFSCar, com acesso via internet.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp

Você sabia que o Acre teve governador deposto durante o período do Golpe Militar?

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Em março de 1964, o Acre era o mais novo Estado do Brasil. Depois de mais de 50 anos de luta autonomista, o território foi alçado a categoria de unidade federativa em 1962. O primeiro governador democraticamente eleito, José Augusto de Araújo, havia assumido o cargo exatamente um ano antes, em março de 1963. O golpe militar, entretanto, enterrou todas as esperanças criadas para o desenvolvimento da região.

Acreano de Feijó, Araújo era um político até então desconhecido. Filiado ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), o mesmo do presidente João Goulart, Araújo havia vencido a eleição contra um oponente de peso. O senador José Guiomard Santos, autor do projeto de lei que criou o Estado do Acre. Santos, um carioca que fez carreira política na região acabou preterido pelos acreanos.

O clima de celebração, contudo, não durou muito tempo. Com ideias consideradas revolucionárias para época e que estavam alinhadas com o que Goulart defendia para o Brasil, como a realização de uma reforma agrária, Araújo acabou despertando a ira de opositores e até mesmo de aliados.

“Era uma pessoa que lia muito e queria dar o melhor que pudesse para o Estado dele”, disse, em 2014 a ex-primeira-dama Maria Lúcia de Araújo.

Governador do Acre, José Augusto de Araújo e presidente João Goulart defendiam reforma agrária. Foto: Acervo histórico do Museu Universitário da Ufac

‘Subversivo’ e ‘comunista’

Com o estabelecimento da ditadura, os opositores de Araújo viram a chance perfeita para se livrar dele. O governador escolhido pelo povo passou a ser denunciado aos militares como ‘subversivo’ e ‘comunista’.

A situação ficou insustentável até que no dia 8 de maio de 1964, José Augusto foi forçado a renunciar pelo comandante da 4ª Companhia Militar, capitão Edgar Pedreira de Cerqueira Filho, durante o episódio que ficou conhecido como ‘Cerco ao Palácio’.

Comandados por Cerqueira, os militares cercaram o Palácio Rio Branco e exigiam que o governador renunciasse ou iriam invadir o local. Maria Lúcia conta que aliados do governador ainda tentaram convencê-lo a resistir. No entanto, temendo que houvesse derramamento de sangue, ele recuou.

“Naquele tempo tínhamos a guarda territorial, eram poucos homens e que não podiam nunca confrontar o pessoal do exército com metralhadoras, quando o estado não tinha nem arma para revidar. Aí, ele disse: ‘vai correr sangue, então para que lutar?’. Aí resolveu renunciar”, lembra a viúva.

O governador, porém, assinou o documento apenas com suas iniciais, um forma de deixar claro que estava sendo obrigado a tomar aquela decisão.

Carta de renúncia de José Augusto de Araújo foi assinada apenas com as iniciais. Foto: Acervo histórico do Museu Universitário da Ufac

O golpe dentro do golpe

Em uma cerimônia rápida, os deputados estaduais do Acre deram logo posse a Cerqueira como novo governador do estado. A decisão, porém, teria sido tomada sem que o alto comando do Exército fosse consultado.

A viúva de Araújo diz que duas situações lhe chamaram atenção assim que ela e o marido tiveram que deixar o estado.

A primeira foi ao chegar em Porto Velho (RO). “Um coronel nos perguntou o que havia acontecido, porque a comunicação foi toda fechada. Ele vinha para assumir o governo, mas o Cerqueira se apressou e exigiu que os deputados votassem nele, segundo me contaram. Um golpe dentro do golpe”, comenta.

Já no Rio de Janeiro onde iriam viver nos anos seguintes, o casal foi recebido pelo general Homem de Carvalho e a pedido do general Humberto Castelo Branco, que ocupava a Presidência, teve que fazer um relatório sobre a situação ocorrida no Acre.

O historiador Gerson Albuquerque também crê que Cerqueira agiu de forma independente. “O golpe foi dele, na trama para tomar o poder, ele tem papel fundamental, mas ele não faz isso sozinho e sim porque tinha uma conjuntura favorável”, esclarece.

Anos de exílio

José Augusto e a esposa se refugiaram no Rio de Janeiro. No entanto, nem assim tiveram paz. O ex-governador teve que responder a diversos processos com acusações de corrupção, de conduta subversiva e comunismo. “Diziam que ele era comunista porque quis fazer reforma agrária”, lembra Maria Lúcia.

Em 1965, para responder a um desses processos teve que voltar o Acre, agora governado pelo capitão Cerqueira, e acabou ficando preso durante sete meses. Com a saúde fragilizada, por causa de problemas no coração, acabou cumprindo a pena no Hospital de Base de Rio Branco.

“O Hospital era uma coisa horrível, um hospital que era de indigência. Quando eu tinha que viajar, tinha que passar por cima dos cadáveres para poder chegar até a saída do hospital. Foi uma das piores fases da minha vida. O que passava na minha cabeça é que eu tinha que lutar para sair daquilo porque era uma injustiça, e sem ter apoio nenhum porque estávamos na Ditadura”, conta.

José Augusto conseguiu a liberdade através de um habeas corpus, em março de 1966 e voltou ao Rio de Janeiro. No mesmo ano, no entanto, ele teve os direitos políticos cassados por 10 anos pelo Regime Militar.

Todas essas adversidades acabaram por deixar o governador cada vez mais debilitado, até que no dia 3 de abril de 1971, ele acabou falecendo no Hospital Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro. “Quando recebi a notícia fui em outro mundo e voltei porque ele estava bem, conversando”, conta.

Humberto de Alencar Castelo Branco, ex-ditador criou lema ‘Integrar para não entregar’ para justificar ocupação da Amazônia. Foto: Reprodução/Palácio do Planalto

Resistência nos anos 70

Se nos primeiros anos da Ditadura Militar houve pouca resistência e até mesmo apoio entre a classe política no Acre, a situação começou a mudar a partir da década de 1970. Oprimidos pelas políticas de ocupação da Amazônia, os seringueiros e trabalhadores rurais começaram a se organizar para resistir aos desmandos da ditadura.

O lema ‘Integrar para não entregar’ surgiu com o marechal Castelo Branco, ainda nos anos 60. A ideia era ‘colonizar’ a região Amazônica e assim evitar que a região fosse ‘invadida’ por estrangeiros e subversivos. Em julho de 1970, já no governo do general Emílio Médici é lançado o Plano de Integração Nacional (PIN).

A medida dá início à migração de fazendeiros do Sul e Sudeste do Brasil para o Acre e consequentemente aumenta o desmatamento. É nesse contexto que surge a resistência.

“No Acre a grande resistência ao projeto da Ditadura brota a partir do movimento dos seringueiros. As políticas de intervenção na Amazônia, o reordenamento das tradicionais formas econômicas, a expropriação das comunidades que estão na floresta e vem para a cidade e a resistência a esse projeto econômico é que vai provocar uma resistência política”, explica o historiador Gerson Albuquerque.

Os sindicatos começam a se organizar nas cidades de Brasiléia e Sena Madureira e a expulsão dos moradores da zona rural para os centros urbanos acabam estimulando o crescimento de outros movimentos.

“Aí sim você vai ter nesse contexto dos anos 70, pessoas dentro de Rio Branco, professores e estudantes começando a pensar e articular a necessidade de tomar uma posição a favor desses movimentos”, ressalta. Artistas, comunidades eclesiásticas de base e estudantes secundaristas começam a se mobilizar.

Terror psicológico

O historiador diz desconhecer casos de desaparecidos políticos no Acre, porém, o terror psicológico era constante. “A repressão não se dá só nesse modelo. Aqui no Acre houve uma a violência muito forte por causa do medo porque é uma sociedade paroquial, todo mundo se conhece e as artimanhas da tortura são mais acentuadas. A violência simbólica ela é tão agressiva e impactante quanto a violência física”, reflete.

60 anos do Golpe Militar

A renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961, desencadeou uma série de fatos que culminaram em um golpe de estado em 31 de março de 1964. O sucessor, João Goulart, foi deposto pelos militares com apoio de setores da sociedade, que temiam que ele desse um golpe de esquerda, coisa que seus partidários negam até hoje. O ambiente político se radicalizou, porque Jango prometia fazer as chamadas reformas de base na “lei ou na marra”, com ajuda de sindicatos e de membros das Forças Armadas. Os militares prometiam entregar logo o poder aos civis, mas o país viveu uma ditadura que durou 21 anos, terminando em 1985.

*Por Yuri Marcel, do g1 Acre

Povos indígenas (Festival Folclórico de Parintins)

Fotos: Divulgação/Secom AM

O item 13 no Festival Folclórico de Parintins é a representação dos povos indígenas, agrupamento nativo da Amazônia. Faz parte da disputa o melhor desempenho do corpo de dança representando indígenas. Mais de 150 jovens participam do balé que apresenta a cultura local, cujas indumentárias e desenhos coreográficos recriam as tradições étnicas da região.

Ministério da Justiça lança edital para pesquisa sobre crimes ambientais e financeiros na Amazônia Legal

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O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), lançou no dia 14 de junho um edital voltado a Instituições Federais de Ensino Superior (IES) para a produção de diagnóstico sobre crimes ambientais e crimes financeiros relacionados a ilícitos ambientais na Amazônia Legal.

Leia também: Entenda a diferença entre Amazônia Legal, Internacional e Região Norte

Os resultados dessa pesquisa, que será coordenada pela Diretoria de Ensino e Pesquisa (DEP) da Senasp, servirão de subsídios para o fomento, elaboração e implementação de políticas públicas por parte do MJSP. Isso serve para promover a cooperação federativa e contribuir para a segurança e desenvolvimento da região, com importantes impactos locais, regionais e internacionais.

O edital promove o chamamento público em dois eixos: o primeiro abordará os crimes ambientais relacionados, sobretudo, à extração ilegal de madeira, garimpo ilegal e atividades de caça e pesca ilegais. O segundo tratará dos crimes financeiros praticados na Amazônia Legal, que estejam conectados com o primeiro eixo.

“As dinâmicas dos crimes e das atividades ilícitas na região amazônica têm características próprias e se interligam de variadas formas à destruição e exploração do bioma e à insegurança das populações que vivem no território. Os resultados dessa pesquisa ajudarão a subsidiar e orientar políticas capazes de impactar positivamente, de maneira mais eficiente, a segurança pública da região”, afirma a diretora de Ensino e Pesquisa da Senasp, Michele dos Ramos.

Propostas

A equipe de Coordenação-Geral da DEP realizará uma audiência pública on-line, no dia 11 de julho, às 9h, com o objetivo de esclarecer dúvidas das IES sobre o processo seletivo. As instituições interessadas podem se inscrever até 9 de julho, enviando um e-mail para renaesp.senasp@mj.gov.br com o assunto “Inscrição audiência pública Amas”.

As propostas para o edital publicado na última sexta-feira (14) devem ser submetidas até 14 de agosto. A íntegra do edital e seus anexos estão disponíveis aqui e no Portal Transferegov.br (TED).

Para mais informações, envie um e-mail para renaesp.senasp@mj.gov.br.

*Com informações do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP)

Amazônia+10 e Belmont Fórum cooperam em parceria em chamada sobre florestas tropicais

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A Iniciativa Amazônia+10 está atuando em parceria com o Belmont Fórum na chamada de propostas ‘Florestas Tropicais: implicações globais e ações urgentes’, lançada no dia 14 de junho em evento na Finlândia.

O edital é endossado pelo G-20 e contará com recursos financeiros de 20 agências de fomento em 22 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, China, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Estados Unidos, Equador, França, Guatemala, Jamaica, Japão, Indonésia, México, Noruega, Suíça, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai.

No Brasil, a participação de agências estaduais de fomento foi articulada no âmbito da Iniciativa Amazônia+10. Já participam as Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) de Alagoas, Paraná, Rondônia, Santa Catarina, São Paulo e Ceará. Estão também em processo de adesão as FAPs do Amapá, Espírito Santo, Amazonas, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Pará.

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A chamada financiará projetos de pesquisa colaborativa com até três anos de duração que busquem coordenar ações e projetos com abordagem transdisciplinar para desenvolver soluções inovadoras para os desafios enfrentados nas regiões de florestas tropicais e sistemas naturais associados.

Reconhecendo as diferenças na governança, na diversidade social e cultural e na configuração territorial, a chamada abrange florestas tropicais em todo o mundo. As propostas de pesquisa e os consórcios devem incluir perspectivas das ciências sociais e humanas, assim como das ciências naturais e físicas. Devem também envolver efetivamente atores sociais, usando abordagens participativas, cocriação, codesenvolvimento e coimplementação.

As propostas devem atender pelo menos dois dos três temas a seguir, buscando conexões transversais entre eles:
– Reduzir o desmatamento, promover o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento econômico liderado localmente;
– Função do Ecossistema, Conectividade e Ciência das Mudanças Climáticas;
– Justiça e Governança Ambiental.

Incentiva-se o aproveitamento das redes e sínteses existentes, bem como a criação de novas atividades colaborativas. Recomenda-se o uso de plataformas virtuais e outras abordagens digitais de intercâmbio.

Proponentes que solicitem recursos às FAPs participantes deverão consultar as exigências e requisitos necessários para o financiamento nos anexos de sua respectiva fundação, disponíveis AQUI.

O pesquisador interessado no Estado de São Paulo deverá submeter à FAPESP uma consulta quanto à sua elegibilidade até 30 de setembro. Nesse mês, um curso virtual sobre transdisciplinaridade será oferecido pelo Inter-American Institute for Global Change Research (IAI) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc).

A lista completa de participantes pode ser encontrada em: belmontforum.org/cras#forests2024.

*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Fapesp

Indígenas do Xingu lançam chocolates durante festival internacional em Altamira

O empreendedorismo indígena foi destaque no Chocolat Xingu 2024, festival internacional realizado entre os dias 13 e 16 de junho de 2024 em Altamira, no Pará, sexta maior produtora de Cacau do Estado. De origem amazônica e produzidos a partir das amêndoas do fruto, os chocolates Karaum Paru, que significa “Arara da Água”, e Yudjá, nome da etnia, lançados durante o evento, também carregam em suas composições os saberes dos povos originários e a preservação da natureza e da biodiversidade.

Os dois chocolates nasceram do trabalho dos povos indígenas Yudjá e Arara da Volta Grande do Xingu, com a Norte Energia, concessionária da Usina Hidrelétrica Belo Monte, e com a Cacauway, primeira fábrica de chocolate da região. A expectativa é que a parceria gere renda para seis aldeias da Terra Indígena Paquiçamba e quatro da Terra Indígena Arara da Volta Grande do Xingu.

O Karaum Paru e o Yudjá foram criados após o sucesso de outras duas marcas de chocolates com proposta semelhante e que também surgiram na região. O Sidjá Wahiü (Mulher Forte), produzido por indígenas da etnia Xipaya, vem conquistando o Brasil e participando de diversos eventos do setor. Outro caso bem-sucedido é o do chocolate Iawá – nome é uma homenagem a matriarca da comunidade – desenvolvido pelos Kuruaya, premiado com o 3° lugar na categoria Melhor Chocolate ao Leite 50% Cacau, na Chocolat Xingu 2023.

Uma das representantes da marca Yudjá, Leliane Jacinto Juruna, da aldeia Mïratu, da Terra Indígena Paquiçamba, esperava a oportunidade de trabalhar com a produção de chocolate desde que uma oficina foi realizada na comunidade em 2022. “É uma oportunidade muito boa que estamos tendo, porque é única. Eu tive uma criação, por morar na aldeia, mas os meus filhos vão ter outra visão, porque eles já vão aprender a trabalhar com cacau e com chocolate, o que vai gerar uma boa renda e valorizar o que a gente está fazendo”, comemora a Leliane, grávida do quinto filho.

Gerente de Projetos de Sustentabilidade da Norte Energia, Thomás Sottili destaca a importância da valorização da cultura indígena e da geração de renda para as comunidades. “Nosso objetivo é construir um legado positivo e contribuir para o desenvolvimento socioeconômico dos territórios onde a Usina está inserida. Temos como premissas no processo de desenvolvimento dos chocolates potencializar as produções indígenas, incentivar o empreendedorismo sustentável, dialogar com as comunidades na elaboração das identidades visuais, agregar valor nas vendas e trazer desenvolvimento socioeconômico com foco na qualidade de vida da população e na proteção ambiental da bacia do rio Xingu. Queremos criar uma experiência sensorial capaz de honrar, pelo menos, parte de toda biodiversidade amazônica”, disse Thomás Sottili, responsável pelo programa.

Apesar dos quatro chocolates serem resultados recentes do apoio do Belo Monte Comunidade, a jornada dos indígenas com o cacau começou bem antes, há cerca de dez anos, com o apoio do Plano Básico Ambiental do Componente Indígena da Usina Hidrelétrica Belo Monte.

“Nos últimos anos, os povos indígenas vêm desconstruindo estereótipos e lançando-se em empreendimentos próprios, inclusive os gerados em torno do licenciamento ambiental. Ações dessa natureza, além de implementar o etnodesenvolvimento, oportunizam criar seus próprios negócios e gerar melhorias para suas comunidades, o que também contribui para a economia em geral.”, avaliou Sabrina Miranda Borges, Gerência Socioambiental do Componente Indígena.

Karaum Paru

As quatro aldeias da Terra Indígena Arara da Volta Grande do Xingu (Terrawangã, Guary-Duan, Itkoum e Maricá), no Pará, abrigam cerca de 78 famílias que cultivam as amêndoas usadas no Karaum Paru. O chocolate é leve, com 53% de cacau, contém cupuaçu desidratado, equilibrando a acidez típica da fruta amazônica com o doce do chocolate ao leite, o que resulta em um sabor único.

Yudjá

As seis aldeias da Terra Indígena Paquiçamba (Mïratu, Iya -Pukaká, Lakariká, Pupekuri, Jaguá, além da Paquiçamba), no Pará, abrigam aproximadamente 92 famílias que cultivam, de maneira integrada com a floresta, as amêndoas do Yudjá. O chocolate, feito com manteiga de cupuaçu, tem 63% de cacau e leva mangarataia, um gengibre cultivado na Amazônia, que traz um toque forte e apimentado, realçando o sabor intenso desse delicioso alimento.

Interior paraense ganha homenagem em novo álbum de Dona Onete: ‘Bagaceira’

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A rainha do Carimbó Chamegado está em festa. No dia 17 de junho, a cantora paraense Dona Onete comemorou 85 anos lançando um disco que celebra as festas do interior paraense e a diversidade musical amazônica. O quarto álbum da carreira chama ‘Bagaceira‘.

Com mais de 300 canções próprias, Dona Onete permanece a todo vapor, criando e compondo sobre a riqueza da cultura do Pará.

Leia também: Conheça Dona Onete, a diva do carimbó chamegado

Na origem dos ritmos que movem a sua música tem brega, carimbó, lambada e até banguê. Banguê, para quem não conhece, é um ritmo musical criado por negros escravizados no Marajó, ilha onde dona Onete nasceu, na cidade de Cachoeira do Arari, em 1939.

Considerada uma das vozes mais representativas da música amazônica, Dona Onete não só escreveu as dez composições do novo álbum, como também assina a direção musical do repertório.

Ela mesma fala sobre a alegria e a satisfação de cantar e contar as riquezas da sua terra, através de diversos gêneros musicais.

“Eu tô muito feliz porque, novamente, eu falo das nossas coisas aqui do Pará. Novamente, eu vou seguir aquilo que o meu coração manda. Bagaceira é o fim de uma festa. Viralizou, no Ver-o-Peso chegou, povo se misturou e foi um enorme tititi. Era um falatório, um zumzumzum. Toca brega, toca lambada, toca carimbó”.

Dona Onete

O curioso é que Ionete da Silveira Gama, nome de batismo, só virou a cantora dona Onete, em 2012, quando já estava com mais de setenta anos. Antes de fazer sucesso com o primeiro álbum, ela era professora de história, no município de Igarapé-Miri, no interior do Pará.

Para o músico Manoel Cordeiro, um dos principais mestres da guitarrada paraense, Dona Onete é patrimônio da música amazônica e brasileira: “Falar da dona Onete é sempre algo que me emociona. Uma legitima expressão da cultura da Amazônia. Uma guardiã da nossa cultura, que eu tenho muito orgulho de sermos amigos. A dona Onete é exemplo de vida, de artista, de amazoniedade… lendas, mitos e contemporânea ao mesmo tempo. Eu acho fantástico isso”.

A forte musicalidade de Dona Onete traz para a música do nosso país o tremor do jambu, os sons e cheiros do Mercado Ver-o-Peso, de Belém, e as festas populares do interior do Pará.

O novo álbum já está disponível nas principais plataformas digitais. Confira:

*Com informações da Rádio Nacional

Toada (Festival Folclórico de Parintins)

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Imagens: Reprodução/CDs Caprichoso e Garantido 2024

As toadas de boi bumbá são canções que retratam a rotina da população parintinense. O item 11 do Festival Folclórico de Parintins é a maneira de se expressarem através do linguajar falado pelos antepassados indígenas, fala das belezas, histórias e cultura. É ela a música, o canto, que dá o tom aos enredos encenados pelos bois.

As toadas agregam elementos históricos, geográficos, culturais e sociais, desde os momentos primitivos até os nossos dias. O item é julgado conforme a melodia, métrica, conteúdo, interpretação, composição e harmonia. Todo ano um novo álbum, com cerca de 15 toadas para cada boi, é lançado para as apresentações.