Ao longo de 50 anos na Amazônia, o “alemão caboclo” produziu um vasto acervo fotográfico da Amazônia brasileira e peruana.
Antes da fase próspera do ciclo da borracha na Amazônia, eram poucos os registros fotográficos realizados com o intuito de criar um acervo documental da região.
Antes do desenvolvimento social, econômico e tecnológico promovido pelo látex, a Amazônia havia sido fotografada pelo alemão Albert Frisch, responsável pelas primeiras fotografias de índios brasileiros, realizadas por volta de 1865 no Rio Solimões e no Rio Negro.
Contudo, quem ficou bastante conhecido por documentar exaustivamente a Amazônia do fim do século XIX e início do XX, foi o também alemão George Huebner, que percorreu todo o Rio Amazonas registrando a história.
O Portal Amazônia relata a trajetória do fotógrafo e mostra seus principais registros:
Quem foi George Huebner
Nascido no ano de 1862 em Dresden, na Alemanha, Georg Hübner, foi um dos principais fotógrafos europeus que se estabeleceu no Brasil. Teve seu nome ‘latinizado’ posteriormente para facilitar a pronúncia, ficando George Huebner.
Em 1885 realizou sua primeira viagem para a América do Sul, na qual percorreu todo o Rio Amazonas e se estabeleceu na região de Iquitos e do rio Ucayali, no Peru.
No ano de 1988, enquanto fazia viagens pelo Peru, Huebner conheceu Charles Kroehle, outro fotógrafo alemão. Durante cerca de três anos e meio, percorreram o território peruano, desde os altiplanos andinos até a costa do Pacífico e a região amazônica.
O resultado dessa expedição foram centenas de fotografias, assinadas pelos dois, além de um profundo conhecimento da geografia e dos habitantes nativos.
Além disso, essas imagens foram as primeiras das quais se tem notícia de etnias peruanas, como os campa, mayonisha, caxibo, cunivo, pito, xipibo, muitas já extintas.
Em 1892, retornou à sua cidade natal, onde publicou textos ilustrados em revistas de ciência popular e de viagens como ‘Globus’ e ‘Deutsche Rundschau für Geographie und Statistik’. Nesse período palestrou em congressos e forneceu imagens para artigos científicos. Foi seu primeiro contato no meio científico.
Em 1894 retornou ao Brasil e realizou duas expedições: para a Venezuela, na nascente do rio Orinoco, e para o rio Branco, afluente do rio Negro. Em 1898 se estabeleceu em Manaus (AM).
Um ano depois, inaugurava seu estúdio ‘Photographia Allemã’, no então Hotel Cassina, atual Casarão Cassina. Nessa época, ocorreu o apogeu da borracha no Amazonas. Em três anos com o estúdio, o mesmo foi considerado o melhor e maior estúdio fotográfico da cidade.
Com o desenvolvimento tecnológico, equipamentos mais avançados permitiram maior rapidez na captação e reprodução de imagens. Por isso, Huebner também passou a investir em anúncios publicitários, documentação, divulgação, cartões de visita, álbuns comemorativos, dentre outros. Porém, nunca deixou de fotografar a fauna e flora amazônica, e ainda continuava a aprimorar suas técnicas fotográficas.
O fotógrafo gostava de realizar expedições floresta a dentro e registrar hábitos e costumes dos ribeirinhos. As imagens desse período impressionam tanto pela qualidade técnica, como pela precisão de enquadramento.
George possuía grande preocupação com as etnias nativas que, à medida em que o progresso avançava rio acima, perdiam seus hábitos e costumes. Ele buscava, ao menos através das imagens, preservar os primeiros brasileiros. Ele permaneceu na Amazônia até o fim da vida, em 1935, quando faleceu aos 73 anos.
O índio na fotografia brasileira
O projeto de pesquisa Iconografia fotográfica dos povos indígenas do Brasil tem como objetivo traçar um panorama visual sobre a construção da imagem do índio ao longo da história da fotografia brasileira.
São quatro eixos temáticos e em cada um, possuem diversos fotógrafos, os temas são: ‘O índio como um tipo ‘exótico”, ‘Projeto de Nação: a Comissão Rondon e O Cruzeiro’, ‘Registros etnográficos e antropologia visual’ e ‘Fotografia documentária e contemporânea’.
E aí, você conhecia o trabalho de George Huebner?