Povos tradicionais preservam até 80% de vegetação nativa, mesmo sob pressão de desmatamento, diz estudo

Comunidades e Povos Tradicionais e Agricultores Familiares desempenham um papel essencial para a conservação ambiental no Brasil.

Povos tradicionais da Amazônia. Foto: Divulgação

Os territórios ocupados por Comunidades e Povos Tradicionais e Agricultores Familiares desempenham um papel essencial para a conservação ambiental no Brasil. É o que reforça o 6º Relatório de Povoamento do Tô no Mapa, lançado pela iniciativa que apoia, desde 2020, a autodeclaração territorial dessas comunidades por meio de aplicativo gratuito. 

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O estudo teve como foco o uso da terra nas comunidades e povos tradicionais e analisou 399 territórios tradicionais, distribuídos em 111 municípios de 11 estados diferentes, cruzando essas informações com a série histórica da iniciativa MapBiomas, que abrange dados do período de 1985 a 2024. 

Povos tradicionais
Povos tradicionais preservam cerca de 80% da vegetação nativa, bem acima das áreas vizinhas, e tiveram 16 vezes menos desmate entre 2023 e 2024. Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)

Leia também: Ferramenta digital busca garantir direito territorial dos povos tradicionais no Brasil, afirma MPF

O levantamento inédito mostra que os territórios tradicionais autodeclarados preservam, em média, 80% de vegetação nativa, enquanto as áreas ao redor apresentam um índice de cerca de 65%. Entre 2023 e 2024, o desmatamento dentro dos territórios automapeados foi 16 vezes menor do que em seu entorno. 

Esses resultados revelam que os territórios tradicionais atuam como “barreiras vivas” contra a degradação ambiental, especialmente em biomas sob forte pressão, como o Cerrado, que registrou os maiores índices de desmatamento do país nos últimos dois anos. 

Agricultura familiar. Foto: Mauro Neto/Secom AM

“O modo de vida das Comunidades e povos Tradicionais conserva os territórios e os territórios conservados viabilizam o modo de vida, em uma relação cuja permanência é essencial para um equilíbrio ambiental que beneficia a sociedade como um todo”, destaca o coordenador executivo da iniciativa Tô No Mapa e assessor técnico do ISPN, André Moraes.

Principais destaques do relatório: 

  • 1,3 milhão de hectares já automapeados no aplicativo Tô No Mapa.
  • 80% de vegetação nativa preservada dentro dos territórios. 
  • 4 dos 6 biomas brasileiros já possuem comunidades mapeadas. 
  • 19 segmentos de PCTs representados no aplicativo Tô no Mapa (como quilombolas, extrativistas, ribeirinhos, indígenas, entre outros). 
  • Maranhão lidera em número de comunidades cadastradas (231).

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O cruzamento dos dados do Tô no Mapa com informações sobre uso do solo, como as geradas pelo MapBiomas, representa um avanço significativo para o reconhecimento dos territórios de Povos, Comunidades Tradicionais e Agricultores Familiares. A tecnologia aliada aos conhecimentos tradicionais permite identificar sobreposições com atividades como desmatamento, expansão agrícola, mineração e infraestrutura, fornecendo subsídios para políticas públicas e processos de regularização fundiária. 

A iniciativa

A iniciativa também tem integração com a Plataforma de Territórios Tradicionais (PTT), coordenada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), fortalecendo a defesa dos direitos territoriais. 

Assentamentos povos tradicionais indígenas do Pantanal Maranhense. Foto Rodrigo Méxas/FioCruz

O Tô No Mapa é uma realização do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), do Instituto Cerrados, da Rede Cerrado, com apoio financeiro da Climate and Land Use Alliance (CLUA), da Good Energies Foundation, da Ecosia e do DANIDA. A ferramenta é gratuita, acessível e construída a partir do diálogo direto com as comunidades. 

O relatório completo está disponível AQUI

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