Rondoniense de coração: conheça a trajetória do poeta Vespasiano Ramos

Maranhense, o escritor é um dos principais da Região Norte do país e marcou a história da literatura em Rondônia.

Alguns personagens fazem parte da história de um lugar, mesmo não nascendo lá, por sua contribuição com a cultura, história ou algum outro setor. Na Amazônia, um destes exemplos é o poeta Vespasiano Ramos, maranhense de nascença que é considerado o precursor da literatura de Rondônia.

O Portal Amazônia reuniu os principais destaque da vida e trajetória do “poeta de um livro só”. Confira:

Vespasiano Ramos aos 18 anos. Foto: Julio Olivar/Acervo pessoal

Raízes

Nascido no município de Caxias, no Maranhão, no dia 13 de agosto de 1884, Joaquim Vespasiano Ramos era de origem humilde e desde os 13 anos trabalhava no comércio como caixeiro, aproveitando para escrever versos em pequenos pedaços de papel.

Viajante e estudioso, percorreu o país todo compartilhando seus poemas e pensamentos. A única obra que publicou, no ano de sua morte, foi o livro ‘Coisa Alguma’, na então capital do Brasil, Rio de Janeiro.

RAMOS, Vespasiano. Coisa alguma. 3ª. edição. São Luis do Maranhão: Conselho Estadual de Cultura, 1984.

O título do livro, de acordo com o jornalista Júlio Olivar, revela dois traços da personalidade de Vespasiano: a modéstia e a ironia. Ele mesmo justificou-o: “Lede estas rimas todas uma a uma. Podereis encontrar alguma cousa no livro que não vale cousa alguma”. O livro possui 170 páginas, contendo 41 sonetos e 22 poemas.

Em 1929, aos 32 anos, o poeta faleceu de malária agravada por uma cirrose e desnutrição no dia 26 de dezembro em Porto Velho, que atualmente é a capital de Rondônia, mas, na época, era uma comarca do município de Humaitá, no Amazonas. 

Para além da obra

Embora tenha vivido apenas seus últimos dias em terra rondoniense, o poeta deixou seu nome marcado na história local. O escritor aparece no Mapa Brasileiro de Literatura como o representante de Rondônia. Olivar conta que “seu espírito boêmio o trouxe para cá, fugindo de um amor não correspondido no Maranhão”, referindo-se à chegada de Vespasiano às terras rondonienses.

Em um de seus artigos, Olivar – que é autor da biografia ‘O poeta que morreu de amor’ – afirma que a vida de Vespasiano vai além de sua poesia.

“Ele se fez notado em seu meio pelo que escrevia e declamava; uma obra popular carregada de lirismo. Ficou eternizado muito mais, no entanto, por ser folgazão, carismático e cavalheiro. Fácil de chegar a essa conclusão. Basta observar a imprensa da época, que fez preciosos registros sobre o quão ele, desde menino, era amável e virtuoso; conquistava facilmente as pessoas que dele se aproximavam, sem deixar de lado a fuzarca social que o arrebatava”,

explica.

Homenagens

Nos meios acadêmicos, Vespasiano Ramos ainda é nome recorrente em Rondônia, no Maranhão e no Pará. O período de publicações dos poemas de Vespasiano Ramos, que durou 14 anos, isto é, de 1902 a 1916, coincide com o Pré-Modernismo (1902/1922): transição entre o simbolismo e o modernismo. Veja algumas das principais homenagens realizadas para o poeta que marcou a literatura amazônida:


  • Patrono da cadeira 5 da Academia Caxiense de Letras;
  • Patrono da cadeira 23 da Academia de Letras de Rondônia;
  • Patrono da cadeira 2 da Academia Rondoniense de Letras;
  • Busto na Praça do Pantheon, em Caxias (MA);
  • Rua Vespasiano Ramos, bairro Nova Porto Velho, em Porto Velho (RO);
  • Praça Vespasiano Ramos, centro de Caxias (MA);
  • Rua Vespasiano Ramos, bairro Diamante, São Luís (MA);
  • Centro de Ensino Vespasiano Ramos, escola pública estadual, Imperatriz (MA). 
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