Caroços de açaí são transformados em embalagens biodegradáveis

Resíduos das fibras são reaproveitados por pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá, que aprimoram a ideia da produção de plástico de açaí.

Bastante consumido na Amazônia, o açaí é um fruto que gera bastante resíduos depois que é utilizada a polpa, e o descarte irregular pode desencadear problemas à natureza e às pessoas. Por isso, pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (UEAP) estudam o reaproveitamento das fibras e os resíduos do açaí se tornaram matéria-prima para a produção de embalagens biodegradáveis.

O projeto surgiu mesmo com a ideia de dar uma melhor destinação a todo o resíduo descartado das amassadeiras de açaí. A iniciativa, que também tem parceria com outras instituições de ensino superior do país, resulta no que se parece um verdadeiro plástico de açaí. O material se chama filme de nanocelulose e, de acordo com os pesquisadores, faz bem ao meio ambiente.

Plástico de açaí: caroço da fruta da Amazônia é transformado em embalagens biodegradáveis – caroços do açaí. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AP

O trabalho é realizado por dois professores: o cearense Tarcísio Alves e o mineiro Tiago Marcolino. Eles coordenam o pós-doutorado desenvolvido pelo engenheiro florestal Mário Scatolino, que resultou no plástico de açaí.

As atividades começaram a ser desenvolvidas no ano passado e o acompanhamento é feito todo a distância por causa da pandemia. “Essa parte de tecnologia, a partir dos aplicativos que a gente tem favoreceu bastante para que a gente pudesse trabalhar remotamente, né? Eu em Minas Gerais e o professor Tarcísio que pode me enviar esse material para que a gente possa trabalhar aqui”, falou Scatolino.

Para que os resíduos se transformem em filme são feito alguns processos. Isso dura cerca de sete dias, e não pode ser usado qualquer caroço de açaí. O ideal é usar aquele que acabou de ser despolpado. O material é lavado para eliminar as impurezas, passa pela secagem em uma estufa para impedir que a semente possa germinar. Depois, as fibras são separadas do caroço.

“Essa fibra passa também por um processo para ser transformada nesses filmes de nanocelulose. O primeiro passo é alguns tratamentos químicos onde são eliminados outros constituintes das fibras como extrativos e a ligulina”, citou Marcolino.

Plástico de açaí: caroço da fruta da Amazônia é transformado em embalagens biodegradáveis. Foto: Reprodução/Rede Amazônica AP

A partir do líquido, é colocado o material em recipientes para secagem, até que se chegue aos discos de plástico. A embalagem ainda passa por testes, mas os primeiros resultados do estudo já estão surgindo.

“Nós temos alcançado resultados animadores. Já temos condições de produzir esses filmes, claro que em escala laboratorial. E a gente tem trabalhado na ativação desses filmes com algum aditivo, por exemplo: como o óleo de copaíba”, acrescentou Marcolino.

A ideia é ir aperfeiçoando o projeto e, quem sabe, usar esse filme para fabricação de embalagens biodegradáveis.

“Essas embalagens seriam ideais para produtos que não entrassem tanto em contato com a água, como embalagem de pão, de produtos secos, porque a celulose é hidrofílica, tem afinidade com a água”, declarou o engenheiro Scatolino.

Por Karina Rodrigues e Jorge Júnior 

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