Turismo comunitário nas Serras Guerreiras de Tapuruquara une cultura indígena e preservação ambiental no Médio Rio Negro

Dormir em rede, tomar banho de rio, navegar em canoas tradicionais, percorrer trilhas na mata e subir serras com vistas de tirar o fôlego fazem parte da programação nas Serras Guerreiras.

Foto: Reprodução/ISA

O relógio marca o início da tarde na comunidade indígena de Boa Vista, no Médio Rio Negro, Amazonas. À mesa, cará roxo, beiju, peixe moqueado, buriti, abacaxi e outras iguarias da floresta recebem os visitantes. Seguindo a tradição, os anfitriões indicam que os turistas se sirvam primeiro, uma forma de demonstrar respeito e acolhida.

Assim começam as Expedições Serras Guerreiras de Tapuruquara, viagens de experiência criadas para apresentar o território e os modos de vida dos povos indígenas da região. O projeto, desenvolvido pela Associação das Comunidades Indígenas e Ribeirinhas (ACIR) em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (FOIRN), o Instituto Socioambiental (ISA) e a ONG Garupa, com apoio da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI) e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), estruturou o turismo comunitário como alternativa de renda e como ferramenta de monitoramento territorial.

Leia também: Moradores de comunidades indígenas do Rio Negro reabrem roteiros de Serras Guerreiras do Tapuruquara

turismo nas Serras Guerreiras de Tapuruquara
Foto: Reprodução/ISA

Dormir em rede, tomar banho de rio, navegar em canoas tradicionais, percorrer trilhas na mata e subir serras com vistas de tirar o fôlego fazem parte da programação. A imersão vai além do contato com a natureza: festas, danças, rituais, cultivo tradicional da farinha e do beiju, confecção de artefatos de fibra e cerâmica e histórias ancestrais revelam a profundidade cultural das comunidades.

À sombra após o almoço, enquanto o calor amazônico convida ao descanso, um encontro inesperado: Seu João Vieira Brazão, do povo Baré, rascunha uma pequena gramática ilustrada de nheengatu.

Desenha rostos, escreve palavras, reçá (olho), tym (nariz), yakãga (cabeça), yorou (boca) — e ensina frases como se akãga sacy (“minha cabeça dói”). A aula improvisada não faz parte do roteiro oficial, mas sintetiza a essência do projeto: aprendizado mútuo e convivência genuína.

Foto: Reprodução/ISA

Roteiros oferecidos nas Serras Guerreiras de Tapuruquara

A viagem acontece entre as cidades de São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do Rio Negro, com um cenário único onde há serras em meio ao tapete verde da floresta.

As expedições ocorrem em dois roteiros principais:

  • Maniaka (8 dias) – com ênfase na cultura (próxima saída: 13 a 20 de setembro)
  • Iwitera (8 dias) – com foco na aventura (próximas saídas: 15 a 22 de novembro e 8 a 15 de janeiro)

A visitação acontece de agosto a fevereiro, quando as chuvas diminuem na região.

Foto: Reprodução/ISA
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