Fordlândia: expedição propõe imersão na história da Amazônia

Com historiador a bordo, viagem de barco explora região paraense que ficou conhecida por ter abrigado o sonho de um dos ícones industriais norte-americanos, Henry Ford.

Há quase cem anos, o norte-americano Henry Ford estabeleceu um ambicioso empreendimento no Rio Tapajós para fornecer látex à ascendente indústria automotiva mundial: a Fordlândia. A cidade surgiu como uma excêntrica réplica tropical de um vilarejo nos moldes das pequenas cidades dos Estados Unidos, bem no meio da selva amazônica, no Pará.

Agora, as pessoas poderão conhecer mais deste tesouro perdido por meio de uma expedição à Fordlândia, criada pela Kaiara Amazônia, onde será possível conhecer a região marcada por uma das passagens históricas do Brasil: a fase áurea do ciclo da borracha na Amazônia.

Foto: Divulgação/Kaiara Amazônia

De acordo com a empresa de turismo, a viagem é proporcionada a bordo do Belle Amazon, um barco de oito cabines com capacidade de até 16 hóspedes. O anfitrião escolhido é o historiador, engenheiro florestal e especialista em heveicultura – a cultura do extrativismo do látex da árvore seringueira – Joaquim Cristovam Sena, quem também fundou a Biblioteca Boanerges Sena, instituição referência com extenso acervo de livros e documentação da história amazônica. 

“Não bastasse as paisagens naturais do Rio Tapajós, de um verde maciço e intocado, e praias de areia branquinha banhadas por águas azuis, esta viagem conta uma história fascinante, a da seringueira e a matéria prima que ajudou a moldar uma nova era da humanidade”, adiciona o Sena.

O roteiro planejado percorrerá, entre os dias 20 e 25 de agosto: Alter do Chão; Fordlândia; a Floresta Nacional do Tapajós (FLONA); e a Comunidade Jamaraquá, em Belterra. Atividades como mergulhos, contemplação da natureza, trilhas pelas matas e até passeios noturnos de canoa fazem parte da viagem.

Foto: Divulgação

Visita à Fordlândia

Alcançando Fordlândia, é a vez do historiador convidado, Cristovam Sena, conduzir a visita pela vila. Ainda que em ruínas, o local preserva o casario e o maquinário da época, e apresenta-se ao visitante como foi o processo artesanal de extração do látex para as produções de pneus. Ford sonhava em recriar uma nova América naquele canto isolado do planeta, e desenvolveu infraestrutura com luz elétrica, praças, cinemas, piscinas, campos de golfe e casas padronizadas.

Foi do declínio de Fordlândia – que ocorreu devido ao solo pedregoso que não favoreceu ao cultivo de seringueiras – que deu-se o surgimento em 1934 de um 2º polo agroindustrial da borracha, a simpática cidade de Belterra. Visitando também o local, nota-se a fase áurea da borracha na herança arquitetônica.
Em 1990, foi iniciada uma petição Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para tombamento e preservação do patrimônio material das áreas de Fordlândia e Belterra, ainda em análise devido a necessidade de regularização fundiária e a dificuldade de acesso ao local, distante quatro horas de Santarém por via fluvial.

O roteiro varia a partir 4 mil reais até cerca de 14 mil, inclusos traslados terrestres e com todas as refeições. 

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