O projeto nasceu de um sonho do empresário norte-americano Henry Ford em criar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo.
O projeto “Fordlândia” nasceu após o empresário Henry Ford, por meio de sua empresa Ford Industrial do Brasil, comprar uma área de terras às margens do Rio Tapajós. “Expectativa e realidade”. Não existe expressão melhor para definir a construção milionária da Fordlândia. A ousada infraestrutura foi um sonho de Henry Ford, que tinha como objetivo implantar um cultivo racional de seringueiras na Amazônia, transformando-a na maior produtora de borracha natural do mundo.
Porém, a busca de um terreno que comportasse a estrutura imaginada por Ford, levou um tempo. Então, o governo brasileiro cedeu para o milionário um milhão de hectares de terra, localizado entre os municípios de Itaituba e Aveiro. A vila teria toda a infraestrutura de uma cidade moderna made in USA (“produzida nos EUA”).
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o projeto ‘Fordlândia’ conseguiu a concessão do Estado do Pará, por meio do governador Dionísio Bentes, e aprovada pela Assembleia Legislativa em 20 de setembro de 1927.
Mas o sonho não aconteceu, pois a Fordlândia não era uma área propícia para ser base de implantação do projeto. Por isso, técnicos da Holanda e EUA iniciaram intensas investigações para encontrar uma área que fosse ideal para o projeto da Companhia Ford.
“A descoberta era perfeita: uma planície elevada às margens do Rio Tapajós, coberta por densa floresta. A essa área Ford chamou de ‘Bela Terra’, que depois passou a ser chamada de ‘Belterra’. A partir daí, o projeto começava a se tornar realidade, e Belterra ficou conhecida como ‘a cidade americana no coração da Amazônia'”, contextualiza o IBGE.
O projeto teve início e uma estrutura nunca antes montada em toda a região foi dando vida à futura cidade modelo. Hospitais, escolas, casas no estilo americano, mercearias, portos próximos à praia foram construídos para abrigar as famílias de todos os empregados que estavam trabalhando no projeto. Grande parte dos trabalhadores braçais vinha do sertão nordestino, fugindo da seca, e encontravam no projeto de Henry Ford a salvação.
Em cinco anos, o projeto ganhou dimensões incomuns para a região naquela época: campos de atletismo, lojas, prédios de recreação, clube de sinuca e cinema. De 1938 a 1940, Belterra viveu o seu período áureo e foi considerado o maior produtor individual de seringa do mundo.
No entanto, o final da segundo Guerra Mundial, a morte do filho de Henry Ford, a grande incidência de doenças nos seringais e, principalmente, a descoberta da borracha sintética na Malásia foram fulminantes para a decadência do projeto em Belterra. A partir daí, a área foi negociada para o Brasil e a Companhia Ford abandonou o sonho.
Durante 39 anos, Belterra foi esquecida e a ‘cidade americana’ foi transformada, entre outras denominações, em Estabelecimento Rural do Tapajós (ERT), ficando sob jurisdição do Ministério da Agricultura. Somente em 1997, os moradores de Belterra conseguiram a emancipação do município.