É a primeira turbina hidrocinética flutuante a operar na região. Desde 2006 uma máquina desse tipo não é instalada na Amazônia.
Uma equipe composta por professores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) e da Universidade de Brasília (UnB) instalou uma turbina hidrocinética na comunidade de Cachoeirinha do Mentae, na Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA), Oeste do Estado.
Trata-se de um protótipo desenvolvido inicialmente por uma equipe da UnB e adaptado, por um fabricante local, às peculiaridades da região, incluindo a adição de uma estrutura flutuante que permite que os comunitários movam a turbina de lugar conforme a estação do ano (águas altas ou baixas), aproveitando melhor as correntezas.
A iniciativa é parte do projeto ‘Convergência para soluções inovadoras de energia: capacitando comunidades fora da rede com tecnologias de energia sustentável‘.
“A equipe vem trabalhando há pouco mais de um ano com as comunidades da Resex, com o objetivo de levar energia limpa e firme para essas localidades, definidas como ‘sistemas isolados’, pois não podem ser conectadas à rede elétrica existente”,
explicou a coordenadora local do projeto, Karina Ninni (MSU).
As alternativas de geração de energia ofertadas pelo projeto utilizam duas fontes: a água e o sol. No primeiro caso, a turbina hidrocinética não exige barramento de água, usando apenas a velocidade da correnteza do rio para gerar energia continuamente, o que a torna uma opção para compor um sistema isolado, acrescido de outras fontes.
No segundo, utiliza-se a tecnologia solar fotovoltaica, tanto por meio da instalação de microssistemas isolados de geração e distribuição de energia elétrica (MIGDIs) quanto de sistemas individuais de geração de energia elétrica com fonte intermitente (SIGFIs).
“Instalamos, em novembro de 2022, uma usina fotovoltaica que gera energia para a escola, um barracão comunitário, uma igreja e ainda fornece iluminação para a área central da comunidade“,
informou o coordenador do Laber/IEG, Lázaro Silva
Para o professor Rudi Henri Van Els (UnB), o projeto pode trazer conforto para quem vive longe das redes de energia elétrica, com a vantagem de trazer benefícios ao meio ambiente:
“Os ribeirinhos moram ao longo dos rios e igarapés, local que sempre tem uma correnteza natural, e essa correnteza pode ser aproveitada para gerar energia elétrica. Geralmente quem mora na beira do rio também mora longe da rede de energia elétrica”,
diz.
Próximos passos
Ao todo, além da turbina hidrocinética, o projeto já instalou dois MIGDIs: um para atendimento da totalidade das casas, na comunidade de Porto Rico, e outro para atendimento de demandas comuns (barracões comunitários, escola e igreja), na comunidade de Cachoeirinha do Mentae. Além disso, também na comunidade de Porto Rico, foi instalado um sistema solar automatizado dedicado ao poço de água (para mover a bomba e encher a caixa d’água). Os moradores já tinham o poço, a bomba e a caixa, mas faltava energia para a operação do sistema.
Outros dois sistemas semelhantes (dedicados a bombear água para um reservatório) serão instalados em julho de 2023 nas comunidades de Vista Alegre do Maró e Prainha do Maró, também na Resex Taoajós-Arapiuns. Quanto à turbina, a equipe irá monitorar seu desempenho com visitas periódicas, já a partir de junho. No momento, a equipe está começando a desenvolver um sistema de monitoramento à distância, em tempo real.