O PCT Guamá fomenta a rede entre instituições de ensino, pesquisa, poder público e iniciativa privada.
Já faz quase uma década que Walter Oliveira Júnior, CEO da Inteceleri Tecnologia para Educação, viu no Parque de Ciência e Tecnologia (PCT) Guamá, em Belém (PA), a estrutura necessária para desenvolver seu projeto. Sua startup, a primeira residente do espaço, hoje conta com 35 startups e 12 laboratórios. “Fomos acelerados aqui. A orientação que recebemos nos dá a segurança que não teríamos em outro lugar. Temos estrutura, recursos e perspectiva de crescimento com valores que nos identificamos”, afirma Walter Júnior, que acompanha o crescimento do complexo científico e tecnológico.
No Brasil, e em outros países, os parques tecnológicos são importantes no processo de inovação, promovendo o desenvolvimento de empresas e prestando múltiplos serviços à sociedade. Dentro dessa diretriz, o PCT Guamá estimula o contato entre instituições de ensino, pesquisa, poder público e iniciativa privada, criando um ambiente de incentivo intelectual e comercial.
Quando se instalou no Parque, a Inteceleri contava com cinco funcionários. Com o apoio do PCT, a startup hoje conta com a atuação de 22 profissionais. O faturamento anual começou com R$ 300 mil, e cresce a cada ano. A perspectiva para 2024 é alcançar R$ 5 milhões, além da expansão da equipe para 30 funcionários.
Planejamento
Mais de 500 mil estudantes do ensino básico já foram beneficiados com soluções desenvolvidas pela empresa em seis estados (Pará, Amapá, Amazonas, Ceará, Maranhão e São Paulo). Atualmente, o trabalho está em expansão internacional, com parcerias previstas em Portugal, França, Estados Unidos e países da África.
“Outras startups podem alcançar o que estamos alcançando no PCT Guamá. Nos desenvolvemos à medida que o Parque cresce. Nossa história se entrelaça à daqui, e nossas conquistas também são do Parque”, destaca Walter Júnior.
Crescimento
Visando aprimorar o apoio a empresas no Pará, o PCT Guamá vai ganhar nova estrutura física: o ‘Espaço Sustentável’, junto aos prédios em operação – ‘Espaço Inovação’ e ‘Espaço Empreendedor’ – além de inserir um polo de capacitação e de eventos. A meta é fortalecer a cooperação entre empreendimentos inovadores nas áreas de ciência, tecnologia e sustentabilidade, coordenando pesquisa aplicada, prestação de serviços e transferência de tecnologia. A expectativa é que o novo prédio esteja concluído para a COP 30 (conferência mundial do clima), que será realizada em Belém, em 2025.
O governo federal, por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), anunciou o investimento de R$ 11 milhões para a construção do prédio. O projeto desenvolvido pela Fundação Guamá, organização social gestora do PCT Guamá, foi selecionado na Chamada Pública de Propostas para Apoio Financeiro a Parques Tecnológicos, na categoria ‘Parques em Operação’.
Entre os impactos positivos gerados pelo novo espaço estão o desenvolvimento de novas tecnologias, a fixação de capital intelectual local, o aumento no registro de marcas e patentes, o crescimento de empresas de base tecnológica e a geração de empregos diretos e indiretos.
“Hoje, o PCT Guamá é maior do que antes da pandemia de Covid-19, que se mostrou um desafio gigantesco de diferentes modos, mas que não nos estagnou. Este é um resultado que reflete os esforços do nosso ecossistema de inovação interno, nacional e internacional, sempre para proporcionar melhorias sustentáveis e inovadoras na qualidade de vida da população. Estamos mostrando que é possível”,
destaca Rodrigo Quites, diretor-presidente da Fundação Guamá.
Expansão
Os parques tecnológicos no Brasil estão em ascensão, aliando pesquisas científicas ao mercado. De acordo com dados do MCTI, nos últimos 10 anos o número de parques em operação aumentou de 20 para 55. A região Sul lidera com 28 ambientes; seguida pelo Sudeste, com 19; Nordeste, com sete; Centro-Oeste, com três, e Norte, com o PCT Guamá, pioneiro na Amazônia brasileira, e referência para a expansão na região. Além do Pará, há novas estruturas em desenvolvimento no Amazonas e Amapá.
O PCT Guamá é membro da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec) e Associação Internacional de Parques de Ciência e Áreas de Inovação (Iasp), se consolidando nos cenários nacional e global.
Conexões
A importância do PCT Guamá, dentro e fora do Brasil, foi fortalecida em 2023. Em maio deste ano, um Acordo de Cooperação foi celebrado com o Parque de Inovação Tecnológica São José dos Campos (PIT), de São Paulo, e com o Parque Tecnológico de Viçosa (TecnoPARQ), de Minas Gerais. Esta cooperação permitiu a promoção do evento Amazônia Tech, que reúne especialistas e entusiastas para discutir tópicos sobre o desenvolvimento inovador na Amazônia. O PCT Guamá também atuou na coordenação da comissão científica da Conferência Anprotec pelo quarto ano seguido.
Em âmbito internacional, foram estabelecidas conexões e intercâmbios com centros de pesquisa e mercado dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Japão, África do Sul, México e Suriname.
Desenvolvimento e preservação
Laboratórios do PCT Guamá também colaboram com iniciativas do Governo do Pará para o fortalecimento da bioeconomia, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). Pequenos extrativistas recebem qualificação para a produção de óleos vegetais, como ação do Plano Amazônia Agora. O curso é realizado em parceria com o Laboratório de Óleos da Amazônia (LOA), instalado no Parque, vinculado à Universidade Federal do Pará (UFPA) e apoiado pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Profissional e Tecnológica (Sectet) e Finep.
Outras iniciativas, em parceria com o complexo, são a instalação de rede tecnológica de baixo custo para garantir o acesso de comunidades a serviços de internet e telefonia; realização de trilha ecológica na área do PCT, para aproximar estudantes e a comunidade do bairro da sociobiodiversidade, e a instalação de um datacenter, local físico para armazena máquinas de computação, que garantem o funcionamento de sistemas usados pela Secretaria.
Outro destaque no Parque é o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, que possui sua Coordenação Espacial da Amazônia (Coeam) instalada no PCT Guamá, e retomou as operações em sua sede no complexo.
Responsável por pesquisas e pelo monitoramento por satélite em áreas relacionadas ao espaço e ao meio ambiente na Amazônia e no Cerrado, o Inpe fornece dados detalhados sobre desmatamento, degradação e exploração florestal que auxiliam políticas públicas de combate a crimes ambientais, sendo fundamental para preservar a biodiversidade.
Acesso
Empreendimentos interessados em se tornar residentes no PCT Guamá passam por seleção. O processo é feito por meio de edital contínuo, aberto conforme ocupação total dos ambientes. Após essa etapa, há análise das documentações e apreciação da proposta de negócio por uma comissão de avaliação.
Critérios para ser residente no PCT Guamá:
• Pessoas jurídicas com empreendimento de base tecnológica ou impacto socioambiental, com projetos e empreendimentos em estágio de validação de produto ou serviço;
• Empresas que já validaram seu produto ou serviço e possuem projeto de estruturação para ampliação da carteira de clientes;
• Empresas constituídas há menos de dois anos, que já começaram um negócio e buscam acelerar suas atividades,
• Empresas em operação há, no mínimo, um ano, com resultados e projeções financeiras positivos.
Serviços oferecidos às empresas e laboratórios:
• Acesso à infraestrutura completa com segurança nas 24 horas;
• Estacionamento;
• Vestiário;
• Internet de alta velocidade;
• Serviços gerais;
• Sala de reunião;
• Auditório;
• Coworking;
• Salas para treinamentos;
• Acesso ao Programa de Qualificação para Exportação (Peiex);
• Acesso às redes da Anprotec e Iasp,
• Descontos na contratação dos serviços dos 12 laboratórios instalados no Parque.