Confira como alguns Estados da Amazônia investem em energia limpa

A geração de energias limpas e energias renováveis como alternativa para a crise energética na Amazônia será o tema do segundo fórum da plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero’.

A geração de energias limpas e energias renováveis é um dos temas que tem ganhado destaque nos últimos anos. A Amazônia possui usinas hidrelétricas, mas são trabalhadas na região diversas pesquisas e estudos em busca de desvendar os grande potenciais para gerar energias alternativas.

Leia também: Entenda a diferença entre os tipos de fontes de energia na Amazônia

O Portal Amazônia reuniu informações e alguns dados em relação a energia limpa ou renovável em Estados da Região Norte. Confira:

Roraima

Para entender a relação de Roraima com a energia limpa é preciso saber que o Estado é o único que não está ligado ao sistema elétrico nacional. Por muitos anos, Roraima foi dependente da energia da Venezuela. Contudo, devido à crises econômicas e sociais, o país suspendeu o fornecimento de energia em 2019.

Nesse intervalo, Roraima passou a ser abastecida por cinco termoelétricas movidas à diesel, que é poluente e não sustentável. A solução viria a partir da união da linha de Tucuruí. Porém, esse fato gera discussões entre ambientalistas e autoridades, pois as torres passariam pela Reserva Indígena Waimiri Atroari.

Por esses motivos, ainda em 2019, o governo iniciou o primeiro leilão de energias renováveis no qual cinco empresas venceram com proposta de gás natural, bioenergia e biomassa de madeira. Com isso, surgiu a primeira termoelétrica movida à gás natural do Estado, a Usina Jaguatirica 2. O gás é explorado em Silves (AM) e transportado em estado líquido para o interior de Boa Vista.

Em relação à energia solar, atualmente existem sete usinas solares que produzem pouco mais de 6 megawatts. Na zona rural de Boa Vista está localizada a maior usina de energia solar da cidade, são 15 mil placas às margens da BR-174, com a potência de 5 megawatts, que possui capacidade para abastecer 75% dos prédios públicos municipais.

Atualmente, locais como a sede da Prefeitura de Boa Vista, paradas de ônibus e até o Teatro Municipal, possuem placas de energia solar. Todo esse investimento gera uma economia de quase dois milhões de reais.

Em Boa Vista, sedes de prédios públicos funcionam com energia solar. Foto: Divulgação/Prefeitura de Boa Vista

Acre

O Acre está na antepenúltima posição no país em se tratando de geração solar distribuída. Com potencial de 169 megawatts, mais de 90% da energia vem de usinas termoelétricas, e destas, 137 megawatts, representados por 25 empreendimentos, são a diesel. Apenas dois empreendimentos são de biomassa e ainda há poucos investimentos em energia solar.

Existem ainda problemas logísticos de distribuição de energia elétrica para áreas mais remotas do Estado, como em comunidades ribeirinhas, pois exigem mais esforços para transportar estruturas físicas pela floresta e pelos rios. Por isso, o investimento em energias limpas poderia sanar essas questões. A especialista da WWF Brasil, Alessandra Mathys, explica que essas comunidades são “reféns” da energia elétrica:

“Do ponto de vista socioambiental e econômico, a energia renovável e de geração distribuída hoje as comunidades isoladas são reféns do combustível para manter mais ou menos três horas noturnas na cidade ou meia hora para uma bomba de água. Em alguns lugares o litro do combustível passa de R$ 10 nos postos fluviais que tem nas comunidades dentro dos rios”, 

explica.

Além disso, o investimento promoveria a criação de emprego e renda para comunidades e para acessar escolas e hospitais, não seria necessário se locomover para outras cidades.

No Acre, Vila Restauração é beneficiada com projeto que utiliza energia limpa. Foto: James Maciel/Energisa

Amazonas

O Amazonas é uma das principais potências nacionais na produção de gás natural. Isso ocorreu, principalmente, após a criação do Gasoduto Urucu-Coari-Manaus. É considerado o terceiro maior produtor do gás no Brasil, gerando 14 milhões de metros cúbicos por dial.

Em relação à outros tipos de energia limpa, como a solar, apesar de existirem empresas especializadas no tema, ainda há um percurso para se tornar referência. Porém, segundo especialistas, o Amazonas possui algumas desvantagens na produção de energia limpa em relação ao Nordeste e Centro-Oeste do país.

O fato de estar próximo à linha do Equador, pode atrapalhar o Estado de atingir grandes níveis de radiação, mas há outros elementos que proporcionam eficiência na produção desse modelo. O território do Amazonas, por si só, que é de tamanho continental, já é um fator positivo.

Foto: Divulgação

Amapá

O Amapá entrou recentemente no cenário da produção de energias renováveis com a utilização em prédios públicos e residências. Apenas em novembro de 2017 aconteceu a primeira implantação de uma residência, com sistema fotovoltaico de produção de energia, à rede da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA). Duas empresas realizam o trabalho de implantação do sistema no Estado.

De acordo com dados da Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec) de 2018, o prédio da 10ª Zona Eleitoral de Macapá, possuía um sistema de energia solar implantado e 100% da energia consumida era gerada através da luz do sol.

No Amapá, duas empresas já atuam na instalação de sistemas fotovoltaicos de produção de energia. Foto: Reprodução/SETEC AP

Rondônia 

Em 2019, a procura por energia solar cresceu mais de 500% no Estado. Pelo menos 300 pedidos de substituição de rede para uso da energia solar eram feitos a cada mês segundo a Energisa, empresa distribuidora de energia elétrica na época.

Já em 2020, por exemplo, cinco usinas fotovoltaicas já funcionavam no Estado, atendendo mais de 10 mil casas e 43 mil pessoas, além de gerar empregos e desenvolvimento para o município de Porto Velho, Machadinho d’Oeste, Cujubim, Buritis e São Francisco do Guaporé.

Até o ano de 2021, já eram cerca de 90 mil famílias rondonienses utilizando energia limpa fornecida pelo Sistema Interligado Nacional (SIN). Até então eram abastecidas pelas por usinas térmicas movidas a diesel. Com isso, tiveram menos oscilações da tensão e  mais possibilidade de expansão na oferta de energia.

2º Fórum ‘Amazônia que eu quero 

E a geração de energias limpas e energias renováveis como alternativa para a crise energética na Amazônia será o tema do segundo de cinco fóruns da plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero‘. Representantes de entidades e especialistas ligados ao tema estarão ao vivo discutindo e propondo soluções e melhorias para os problemas e dificuldades enfrentados pela população quando se trata de geração de energia na Amazônia. 

O evento acontecerá no dia 8 de fevereiro de 2022 a partir das 20h30 (horário Brasília), com transmissão simultânea no canal do Youtube da Fundação Rede Amazônica e no canal de TV Amazon Sat.

Este é o segundo evento de uma série de cinco fóruns previstos na edição 2022 da plataforma – “Caminhos da Democracia”. O primeiro deles debateu, no ano passado, a Infraestrutura na Amazônia. Assista:

Representantes de entidades e especialistas ligados ao tema estarão ao vivo discutindo e propondo soluções e melhorias para os problemas e dificuldades enfrentados pela população quando se trata de geração de energia na Amazônia. As soluções discutidas pelos convidados, durante o encontro, serão encaminhadas para a Câmara de Energias Limpas da plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero’, que terá reuniões de trabalho para discutir e selecionar dez propostas que tragam caminhos e soluções para a Amazônia.

Estas propostas serão expostas nas multiplataformas do Grupo Rede Amazônica e se juntarão às propostas das outras câmaras temáticas do projeto em um caderno que será entregue em setembro de 2022 aos parlamentares.

Saiba mais: Conheça as propostas para infraestrutura na Amazônia da Plataforma ‘Amazônia que eu quero’

Este documento terá em sua totalidade 50 propostas para os temas de ‘Infraestrutura’, ‘Acesso à Saúde’, ‘Energia Limpa’, ‘Empreendedorismo e Inovação’, e ‘Florestas’ 

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