A região amazônica é um local rico em recursos renováveis, podendo ser bastante utilizados para iniciativas em recursos locais.
Sabe-se que para gerar energia, ela pode ser obtida através de diversas formas, a partir da transformação de diversos recursos. As fontes de energia são todos os elementos encontrados na natureza ou criados pelo homem que são utilizados para a produção de algum tipo de energia, sendo classificadas em renováveis e não renováveis.
As chamadas fontes de energia não renováveis também são conhecidas como fontes de energia convencionais, quando formam a base do fornecimento de energia. Isso significa que, caso sejam esgotadas, demorarão muito tempo para se formarem novamente.
Petróleo, carvão mineral e gás natural são os principais exemplos de fontes de energia não renováveis. Alguns recursos energéticos, como o petróleo, têm esgotamento estimado para algumas poucas décadas, outra preocupação é as consequências das mudanças climáticas, devido a poluição.
Uma das alternativas para impedir que as mudanças climáticas piorem é o investimento e produção da energia limpa, que utiliza como fonte de energia os materiais renováveis, aquelas que não se esgotam ou que podem ser renovadas de forma natural no meio ambiente, como a energia solar ou a dos ventos.
O Portal Amazônia entrevistou o diretor do Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico (CDEAM) da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Rubem Cesar Rodrigues Souza, para tirar dúvidas sobre esse tipo de energia. Logo de início o professor ressalta que energia limpa e energia sustentável são termos distintos, que muitas vezes são confundidos.
“Energia renovável é toda e qualquer fonte de energia em que o consumo é igual ou inferior a sua taxa de consumo, por exemplo, hídrico, solar, biomassa etc. A Energia limpa precisa ser renovável, mas também, precisa ter baixo impacto no ambiente humano e natural. Há diversas fontes de energia renovável, e que muitas vezes, usam o termo limpa como sinônimo, o que não é verdade. Vamos ver o caso da energia solar fotovoltaica. Nesse caso a fonte é renovável, o sol, porém, a tecnologia que é utilizada para converter a energia do sol em eletricidade possui uma série de problemas. As células solares são feitas de silício ou germânio, que são minerais. Portanto, há uma indústria de mineração que consome muita energia e gera muitos resíduos. O silício, que é o mais utilizado, precisa ser purificado até atingir o que denominamos de silício grau solar (99,9999% de pureza), que consome mais de 50% da produção mundial de carvão mineral para geração de energia. Considerando esses aspectos não podemos dizer que a energia solar fotovoltaica é limpa”,
explica o professor Rubem Cesar Rodrigues Souza.
De acordo com o professor, é possível dizer que a fonte de energia renovável não significa que é fonte de energia limpa. A biomassa (queima de substâncias orgânicas), por exemplo, emite agentes poluentes ao ser produzida, causando algum impacto ambiental, mesmo que em pequena escala.
A UFAM possui um Centro de Desenvolvimento Energético Amazônico (CDEAM) que desenvolve projetos na área de fontes renováveis de energia e de eficiência energética. Desde 2019, o CDEAM instituiu o Fórum Permanente de Energia da UFAM, que congrega mais de 24 instituições, objetivando estabelecer parcerias e propor políticas públicas para o desenvolvimento do setor energético do Amazonas.
Como marco das ações do Fórum, tem-se a lei estadual 5.350 de dez de 2020 que foi gestada pelo mesmo, como instrumento para promover o uso de fontes renováveis e tecnologias de energias renováveis no Estado.
Fontes Renováveis na Amazônia
O diretor da CDEAM explica ainda que a região amazônica é um local rico em recursos renováveis, podendo ser bastante utilizados para iniciativas locais. “A região amazônica é rica em recursos renováveis, o que não acontece com outros países. Deveríamos estar focados no aproveitamento de nossos recursos locais. Dessa forma estaríamos gerando emprego e renda aqui na região e, particularmente, no interior. Existe tecnologia dominada para produção de álcool de mandioca que, por sua vez, é uma cultura nativa da Amazônia, inclusive passível de ser produzida em áreas antropizadas. O bioetanol (álcool da mandioca) pode ser utilizado tanto para geração de eletricidade como para substituir os combustíveis fósseis utilizados largamente no transporte na região”, explica.
O professor lembra que existem diversas fontes de energia: a hídrica, diversos tipos de biomassas (caroço de açaí, casca de cupuaçu, caroço de tucumã e outras, em processo de gaseificação); a planta aquática aguapé em processo de biodigestão e o bioetanol da mandioca.
Para a realidade brasileira, os recursos hídricos localizados na Amazônia, assumem papel fundamental na medida em que tais recursos localizados em outras regiões do país se encontram quase que totalmente explorados. Somente na Região Norte, o potencial chega a 66% e o seu potencial, somando com a Região Centro-Oeste, está concentrado em sua maior parte, nos rios Tocantins, Araguaia, Xingu e Tapajós.
Entretanto, a construção de barragens em tais rios causaria um alto impacto ambiental, além do alto custo associado a transmissão da energia elétrica produzida até os centros consumidores.
2º Fórum ‘Amazônia que eu quero ‘
A geração de energias renováveis e energias limpas como alternativa para a crise energética na Amazônia serão algumas das pautas abordadas no segundo Fórum realizado pela plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero‘. Com a temática ‘Energias Limpas’, o evento acontecerá no dia 8 de fevereiro de 2022 a partir das 20h30 (horário Brasília), com transmissão simultânea no canal do Youtube da Fundação Rede Amazônica e no canal de TV Amazon Sat.
Este é o segundo evento de uma série de cinco fóruns previstos na edição 2022 da plataforma – “Caminhos da Democracia”. O primeiro deles debateu, no ano passado, a Infraestrutura na Amazônia. Assista:
Representantes de entidades e especialistas ligados ao tema estarão ao vivo discutindo e propondo soluções e melhorias para os problemas e dificuldades enfrentados pela população quando se trata de geração de energia na Amazônia. As soluções discutidas pelos convidados, durante o encontro, serão encaminhadas para a Câmara de Energias Limpas da plataforma ‘Amazônia Que Eu Quero’, que terá reuniões de trabalho para discutir e selecionar dez propostas que tragam caminhos e soluções para a Amazônia.
Estas propostas serão expostas nas multiplataformas do Grupo Rede Amazônica e se juntarão às propostas das outras câmaras temáticas do projeto em um caderno que será entregue em setembro de 2022 aos parlamentares.
Saiba mais: Conheça as propostas para infraestrutura na Amazônia da Plataforma ‘Amazônia que eu quero’
Este documento terá em sua totalidade 50 propostas para os temas de ‘Infraestrutura’, ‘Acesso à Saúde’, ‘Energia Limpa’, ‘Empreendedorismo e Inovação’, e ‘Florestas’.