Produtor rural cultiva alface com técnica de hidroponia na zona Rural de Boa Vista, em Roraima. — Foto: Naamã Mourão/Rede Amazônica
Coentro, cebolinha e o alface são algumas das hortaliças que podem ser cultivadas com a hidroponia, uma técnica que utiliza apenas água e nutrientes para cultivar plantas, sem o uso do solo. Em Roraima, produtores rurais têm apostado no modelo como estratégia para aumentar a produção de forma econômica, mais sustentável e com maior qualidade ao consumidor.
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Com uma estrutura que não utiliza terra, a técnica de cultivo substitui o solo pelo cultivo na água, onde é possível controlar melhor os nutrientes necessários ao plantio, como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio.
O engenheiro agrônomo e consultor Victor Bosio é um dos produtores que utilizam o sistema hidropônico em Roraima. Proprietário de uma área de produção voltada ao cultivo de alface no Colina Park, zona rural de Boa Vista, ele cultiva a hortaliça em um espaço de aproximadamente 1.820 metros quadrados. A produção é voltada a atender ao mercado da capital roraimense.
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“Despertou o nosso interesse devido a grande procura por hortaliças de alta qualidade aqui no nosso estado. Nós adquirimos de um antigo produtor que resolveu sair da atividade, então nós vimos como uma oportunidade de negócio fazer um investimento numa estrutura que já estava montada, e dar continuidade nesse segmento”, conta o produtor.
Com manejo considerado sustentável, o cultivo prioriza o uso de insumos biológicos, evitando o uso de defensivos agrícolas. O sistema conta com cinco caixas d’água de 5 mil litros cada, que abastecem toda a estrutura.
A água traz os nutrientes e percorre as canaletas de PVC onde as mudas de alface são cultivadas. A irrigação é controlada automaticamente: as bombas são acionadas, de forma aleatória, a cada quinze minutos entre 6h e 18h, garantindo o suprimento ideal para o crescimento das plantas.
“A gente tem tipos [de manejo]. O de águas profundas, a solução nutritiva e a oxigenação. Ela é frequente, então a raiz da planta está 100% em contato com a água, como se fosse um piscinão e essa planta estivesse suspensa em umas placas de isopor, basicamente isopor, e ela está 100% em contato com a água e a solução nutritiva”, explicou o engenheiro agrônomo.
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A sustentabilidade, segundo o produtor, é o diferencial do modelo de plantação já que a produção hidropônica tem uma irrigação cíclica, o que evita o desperdício de água. Além disso, o investimento com itens, como fertilizantes e defensivos, é menor em relação ao cultivo convencional.
“Nesse caso, de forma suspensa, a água é bombeada do lado da caixa, ela chega até essas canaletas, passa por elas, a planta absorve a água e o nutriente necessário, ela retorna novamente para a caixa”, ressaltou Victor.
Além do controle sobre os nutrientes, a estufa também possui um sistema de nebulização que ajuda a manter a temperatura ideal para o cultivo. Quando o calor aumenta, aspersores são acionados para umedecer o ambiente por três a quatro minutos, e regula a temperatura na estufa.
“A gente tem aqui uma diminuição de mão de obra, nós temos a diminuição de entrada de agroquímicos, e nós temos também a questão da ambientação e da intensificação da produção, no qual a gente consegue adensar e produzir mais em menos espaço”, completou Victor Bosio.
Para este ano, a expectativa do produtor rural é aumentar o alcance dos produtos hidropônicos no mercado roraimense e expandir a área de produção.
Por Naamã Mourão, Amazônia Agro — Boa Vista