Após 17 anos, Terra Indígena no Pará tem direito a território reconhecido

Demarcação da TI Sawré Muybu, do povo Munduruku, protegerá região contra o garimpo e a extração de madeira ilegais. Portaria foi assinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Foto: Mariana Pontes/Acervo Cimi Norte 2 (2018)

Depois de 17 anos de espera, o povo indígena Munduruku teve o direito à Terra Indígena Sawré Muybu reconhecido pelo ministro da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Ricardo Lewandowski. A Portaria nº 779/2024 foi assinada nesta quarta-feira (25), no Palácio da Justiça, em Brasília (DF), em encontro com lideranças do povo contemplado.

A discussão sobre a área, no Pará, começou em 2007. O estudo que delimitou o território de 178.173 hectares foi concluído pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em 2016 e somente em 2023 o processo chegou ao MJSP. A área abriga, aproximadamente, 420 indígenas. O povo Munduruku vive também em outros territórios no Pará que, somados, ocupam 2,6 milhões de hectares.

Essa é a quarta portaria de demarcação de terras indígenas assinada pelo ministro da Justiça em menos de um mês. Em 5 de setembro, Lewandowski havia reconhecido oficialmente os territórios Maró e Cobra Grande, também no Pará, e Apiaká do Pontal e Isolados, em Mato Grosso (MT).

Foto: Robson Alves/MJSP

O ministro também destacou que o reconhecimento da área será importante para proteger a Terra Indígena Sawré Muybu de práticas ilegais, como a garimpagem de ouro e a extração de madeira, além de promover a conservação ambiental da região.

“O ato de hoje tem um aspecto ainda mais relevante porque estamos falando de uma localidade que, nos últimos anos, infelizmente, se tornou símbolo do garimpo ilegal e da extração ilegal de madeira. O garimpo ilegal também tem impactado a região com a contaminação por mercúrio, afetando, principalmente, mulheres e crianças”, afirmou.

De acordo com dados do Greenpeace Brasil, até março deste ano, a área total desmatada dos povos Munduruku somava 7.115 hectares. O número coloca o território como o segundo mais devastado do País.

“Agradeço a todos que nos ajudaram a sanar os obstáculos jurídicos para que conseguíssemos efetivar essa demarcação e, especialmente, ao ministro Lewandowski por este ato tão importante para a garantia dos direitos dos povos indígenas”, ressaltou a secretária de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho.

Também participaram do encontro a cacica Maria do Socorro Avelino Sau Munduruku; o secretário-executivo do MJSP, Manoel Carlos de Almeida Neto; e o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macedo.

O ato final sobre a demarcação das áreas é do presidente da República que, por meio de decreto, decide sobre a concessão definitiva da titularidade da terra indígena à comunidade.

*Com informações do Ministério da Justiça

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