Foto: Maria Isabel Castro/Acervo pessoal
Com o objetivo de adquirir novos conhecimentos sobre o melhoramento genético e o manejo do cupuaçu (Theobroma grandiflorum), a estudante Maria Isabel Castro está desenvolvendo uma pesquisa baseada no fruto da região amazônica brasileira. Ela é intercambista da Universidade de Nariño, da Colômbia, e está no décimo semestre do curso de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).
“Na Colômbia não temos plantação de cupuaçuzeiros em larga escala, somente pequenos produtores. A ideia é aumentar o conhecimento sobre a cultura e incrementar o melhor manejo do cupuaçuzeiro para produtores locais, para que eles possam aumentar a produtividade do fruto”, disse.
A estudante está analisando várias características dos cupuaçuzeiros, incluindo a quantidade de frutos por árvore, o tamanho dos frutos, as sementes e características morfológicas e químicas.
“Estamos comparando o que já foi feito no Brasil e os cupuaçuzeiros da Colômbia, para saber se eles possuem as mesmas características ou se há diferenças que podem ser exploradas para melhorar a produção por lá”, conta Maria Isabel.
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Segundo Maria Isabel, a maior diferença entre o cupuaçu cultivado na Colômbia para o fruto produzido na região norte brasileira está nos processos de melhoramento que já foram desenvolvidos no Brasil.
“Estou fazendo uma caracterização morfológica para depois encontrar materiais vegetais de lá que possam ser mais resistentes a doenças. Por exemplo, aqui não se tem a doença popularmente chamada de monilíase, que é muito devastadora e acaba com cultivos inteiros porque afeta diretamente o fruto”, explicou.
A Monilíase é uma doença, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, que ataca diretamente o fruto do cacaueiro e do cupuaçuzeiro em qualquer fase do seu desenvolvimento e pode comprometer até 100% de uma produção.
Maria Isabel conta que a intenção de vir à Ufra para desenvolver o trabalho começou a partir de um projeto de pesquisa, de caracterização genética do cupuaçu, que ela já participava na Universidade de Narinõ. “Nós pesquisamos o lugar onde o cupuaçu se originou e descobrimos que foi aqui, na região amazônica brasileira”, disse.
A partir desse momento, o orientador da estudante na Colômbia encontrou pelas redes sociais o Grupo de Pesquisa e Extensão em Manejo e Fertilidade do Solo Da Ufra (GPEMFS), que já realizava pesquisas com a cultura do cupuaçu, e entrou em contato com o engenheiro agrônomo, Doutor Jessivaldo Galvão, coordenador do grupo e especialista em cultura do cupuaçu.
Juntamente com o pesquisador e engenheiro agrônomo Rafael Moisés Alves, também especialista em cultura do cupuaçu, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), eles puderam viabilizar o intercâmbio da estudante para desenvolver o trabalho na região norte brasileira.
Na Ufra, Maria Isabel está sob orientação do engenheiro agrônomo, Jessivaldo Galvão. Segundo ele, embora o cupuaçu cultivado na Colômbia pertença ao mesmo gênero que o brasileiro, há diferenças significativas entre eles. “Esses frutos apresentam variações quanto ao sabor, produtividade, espessura da casca e composição da polpa. Aqui na Amazônia, já acumulamos muito conhecimento que pode auxiliar no melhoramento do cupuaçu colombiano, especialmente no aumento da resistência a doenças, o que pode beneficiar a produtividade e a qualidade do fruto”, disse.
Ele também destacou que o cupuaçu da Amazônia brasileira, reconhecido por sua qualidade, é resultado de anos de pesquisas sobre melhoramento genético. A estudante também desenvolve a pesquisa na EMBRAPA e é orientada pelo pesquisador Rafael Alves.
A previsão é para que a pesquisa seja finalizada no primeiro semestre de 2025, com o intuito de fornecer informações que ajudem os produtores colombianos a melhorar a qualidade e a produtividade do cupuaçu. Além disso, a estudante também está escrevendo um livro sobre a cultura do cupuaçu, que será publicado no mesmo ano e servirá como base para a aplicação dos resultados.
*Com informações da UFRA