Agentes agroflorestais indígenas no Pará recebem formação para plantio sem queima

Formação busca contribuir para restauração ecológica e cadeia produtiva de mudas e sementes florestais no território paraense.

Fotos: Divulgação/DGBio/IDEFLOR-Bio

A formação dos 120 agentes agroflorestais indígenas na Terra Indígena Alto Rio Guamá, no Pará, tem avançado com o curso ‘Agroecologia em Terras Indígenas: preparo de área de plantio’, realizado entre 24 e 30 de agosto. Promovida pelo Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), em parceria com a ONG Aldeia Cabana e o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola (Cirad) do governo francês, a ação ocorreu nas aldeias Cajueiro, Tekohaw e Canindé, no município de Paragominas. No dia 2 de setembro foi realizada a entrega dos certificados para os primeiros concluintes.

O curso faz parte do Projeto Apoio à Gestão e Restauração Florestal da Terra Indígena Alto Rio Guamá, financiado pelo Fundo de Desenvolvimento Florestal do Estado do Pará (Fundeflor). Um dos objetivos principais é capacitar 120 agentes agroflorestais indígenas, distribuídos em dois polos de aldeias: Santa Luzia do Pará e Paragominas.

Nas seis aldeias beneficiadas pelo projeto, cada grupo de 20 agentes será responsável por implementar um hectare de agrofloresta, contribuindo para a restauração ecológica e para a cadeia produtiva de mudas e sementes florestais no Pará.

A técnica do Ideflor-Bio e coordenadora da ação, Cláudia Kawhage, destaca a importância da prática de plantio sem queima.

Nesta fase, os agentes em formação aprenderam a preparar a área de plantio sem utilizar a queima, técnica sustentável que evita a emissão de gases de efeito estufa e promove a preservação da matéria orgânica do solo. A implantação dos módulos experimentais de agroflorestas ao lado das escolas indígenas permite o acompanhamento comunitário, reforçando a importância da prática agrícola sustentável.

Vantagens dos Sistemas Agroflorestais

Entre os benefícios das agroflorestas, destacam-se a redução da emissão de gases de efeito estufa e o sequestro de carbono. Ao evitar a queima, a emissão de dióxido de carbono (CO₂), metano (CH₄) e óxidos de nitrogênio (NOₓ) é significativamente reduzida.

Além disso, as árvores e plantas presentes nesses sistemas capturam CO₂ da atmosfera, armazenando carbono em sua biomassa e no solo, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas.

Outro benefício é a melhora da qualidade do solo, que, sem a queima, preserva sua matéria orgânica. Isso resulta em maior fertilidade e capacidade de retenção de água, além de promover a biodiversidade do solo. A cobertura vegetal constante das agroflorestas também ajuda a reduzir a erosão, protegendo o solo contra a degradação e evitando a liberação de carbono estocado no solo para a atmosfera.

A biodiversidade e a resiliência dos ecossistemas são fortalecidas pelas agroflorestas, que promovem a variedade de plantas, insetos e outros animais, criando ambientes mais equilibrados e resistentes às mudanças climáticas. Esses sistemas também ajudam a regular o microclima, controlando a temperatura local e a umidade, o que beneficia o crescimento das culturas e reduz a necessidade de irrigação.

Durante o curso, os indígenas também discutiram sobre a soberania e segurança alimentar em suas aldeias, com foco na conservação da agrobiodiversidade e na manutenção da cultura alimentar ancestral. O consumo crescente de alimentos industrializados, transgênicos e com agrotóxicos foi apontado como uma ameaça à saúde nas aldeias, reforçando a importância de preservar os modos tradicionais de cultivo e alimentação.

O Ideflor-Bio atua na Terra Indígena Alto Rio Guamá, uma das regiões biogeográficas mais ameaçadas de perda de biodiversidade na Amazônia. Embora 33% do território já tenha sido desmatado, a área ainda abriga o último grande e contínuo de floresta primária do nordeste paraense, servindo de refúgio para várias espécies ameaçadas de extinção.

*Com informações do Ideflor-Bio

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