Plantas medicinais: pesquisadores indicam novos compostos para o tratamento de malária e leishmaniose

O estudo foi desenvolvido com o objetivo de descobrir moléculas com potencial farmacológico no tratamento das doenças.

Uma das principais patologias que atingem a população brasileira, especialmente a Região Norte são a malária e a leishmaniose. Pensando em descobrir formas de tratamento dessas doenças, o estudo ‘Compostos de coordenação com substâncias isoladas dos frutos de Vismia spp: síntese, caracterização e avaliação de atividades biológicas’ foi realizado com intuito de descobrir moléculas com potencial farmacológico para o tratamento dessas patologias.

Com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a pesquisa desenvolvida no município de Itacoatiara confirmou a presença de compostos metálicos sintetizados das espécies de plantas lacre (Vismia guiannensis) e lacre-branco (Vismia cayeannensis).

Para o estudo foi realizada avaliação e verificação biológica dos compostos metálicos sintetizados das espécies, quanto a atividade leishmanicida e antimalárica in vitro, citotoxicidade e potencial antioxidante frente ao radical de DPPH (identificação da capacidade antioxidante).

Foto: Andreza Miranda Barata da Silva/Acervo pessoal

Segundo a coordenadora da pesquisa, Dominique Fernandes de Moura do Carmo, do Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia (Icet), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em Itacoatiara essas plantas já são conhecidas pelo amplo uso popular contra pano branco, impinges e no tratamento de leishmaniose cutânea.

A presença de metabólitos secundários, como antronas, antraquinonas, flavonoides e derivados fenólicos, são os principais responsáveis pelo potencial biológico apresentado por espécies deste gênero.

“Medicamentos disponíveis para o tratamento das duas doenças são eficazes, no entanto, a alta toxicidade dos fármacos induz a uma gama de efeitos colaterais, que muitas vezes impossibilitam a continuidade do tratamento”, explicou a pesquisadora.

Com a pesquisa ainda em andamento, os resultados parciais revelam atividades antileishmania e antimalárica do extrato diclorometano dos frutos das espécies de Vismia frente às formas promastigotas da doença, isto é, a forma evolutiva do parasita do gênero Leishmania. Todos os extratos apresentaram quantidades consideráveis de compostos fenólicos, destacando-se os extratos metanólicos de Vismia cayeannensis e Vismia guianensis. 

Foto: Andreza Miranda Barata da Silva/Acervo pessoal

Ainda é necessário a continuidade dos estudos para o isolamento, identificação e avaliação farmacológica de substâncias oriundas, a fim de que o material vegetal seja transformado em um produto padronizado, que possa ser utilizado com segurança e eficácia terapêutica.

“Esses resultados obtidos até o momento sugerem a continuidade dos estudos para se obter uma melhor compreensão dos componentes individuais dos metabólitos secundários presentes na espécie, e o uso destes compostos como possíveis agentes terapêuticos para as patologias”, revelou Dominique.

Para se chegar a esses resultados preliminares, os estudos químicos das amostras obtidas foram conduzidos por meio do fracionamento dos extratos mais ativos, através da cromatografia em coluna (CC), sendo possível o isolamento de dois compostos identificados como quercetina e catequina, flavonoides utilizados como ligantes na síntese dos complexos metálicos.

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