Árvore típica da Amazônia, cedro rosa é utilizado no controle da diabetes e gordura no sangue

Ao longo de uma pesquisa realizada no Mato Grosso, foi confirmada propriedade anti-hiperglicemiante capaz de impedir a absorção dos carboidratos, mostrando qual parte presente no extrato da árvore possuía ação biológica e medicinal.

O cedro rosa (Cedrela fissilis) é uma espécie arbórea que representa a família Meliaceae. A sua altura varia entre 8 e 35 metros e seu tronco pode alcançar até 90 cm de diâmetro. Suas folhas atingem até 18 cm de comprimento. A árvore é típica da Amazônia e uma das características mais marcantes é o uso de suas cascas na medicina popular, especialmente em forma de chá ou tônico.

Entre os benefícios relatados estão o auxílio no tratamento de pessoas debilitadas combatendo a febre, diarreia, verme e infecções em machucados. Cientificamente, um estudo revelou que as plantas da árvore possuem potencial na diminuição dos lipídios no sangue, que consequentemente promove a redução da gordura no sangue.

Portal Amazônia conversou com a doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Mayara Peron, que esteve à frente da pesquisa, especialista em potencial farmacológico e toxicológico de espécies vegetais, para entender o que representam esses resultados. 

Foto: Divulgação/ FAPEMAT

O cedro rosa é uma árvore nativa da Amazônia que possui diversas propriedades medicinais, como apontou pesquisa coordenada pela UFMT com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Mato Grosso (FAPEMAT). A pesquisa iniciou em 2012, sendo impulsionada pela literatura e saberes das comunidades ribeirinhas da baixada cuiabana.

O objetivo era confirmar cientificamente as propriedades e benefícios medicinais presentes no cedro rosa. Para as etapas da pesquisa foram utilizados ratos de laboratório, um dos principais animais aceitos na comunidade científica para testes.

“Muitas pesquisas básicas começam com o uso de ratos, o nosso projeto atual é in vitro. Então a gente não tá manuseando o animal o tempo inteiro, a gente só utiliza parte do seu fígado. O rato é fácil de manusear, o que garante uma melhor reprodução dos resultados. Quando a gente consegue delimitar o que o rato come, o ciclo dele, acaba que encontramos poucas variações entre os resultados, o que mostra que os nossos resultados são bons”, explicou a doutora.

Ao longo da pesquisa com o cedro rosa, foi confirmada a sua propriedade anti-hiperglicemiante capaz de impedir a absorção dos carboidratos, mostrando qual parte presente no extrato da árvore possuía ação biológica e medicinal.

“No mercado temos medicamentos que diminuem o açúcar e tratam a diabetes. Já o cedro rosa ele vem para impedir o aumento do açúcar. Até porque a gente sabe que o açúcar no sangue vem principalmente da dieta, por isso que o paciente diabético tem que evitar o consumo de carboidrato, açúcar, doce, massa, que são fontes de carboidratos. Então, o cedro rosa age diminuindo a absorção intestinal desse açúcar, após a refeição”, 

acrescentou a pesquisadora.

Foto: Divulgação/ FAPEMAT

Com os resultados alcançados, novas dúvidas foram levantadas, que direcionam a pesquisa para novas etapas. “Temos estudos que mostram que outras espécies e gêneros já atuam diretamente diminuindo o açúcar no sangue, isso também é bom para o diabético. São espécies que agem de uma outra forma. Então tem diversos grupos de pesquisas que trabalham com plantas medicinais para diabetes e hiperlipidemia e encontram resultados positivos com mecanismos de ação diferentes”, concluiu a doutora.

Além das propriedades medicinais, árvores nativas como o cedro rosa são indicadas para ações de reflorestamento, preservação ambiental, arborização, paisagismo e até mesmo plantios domésticos. 

Cedro rosa. Foto: Reprodução/UFMT

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