O trabalho previsto envolve a realização de pesquisas em campo, oficinas com ênfase em conhecimento tradicional associado à agrobiodiversidade, agroecologia, gênero e diversidade cultural.
Aprovado no final de março, na Chamada Agroecologia e Produção Orgânica em apoio ao Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo), o projeto ‘Registro dos Sistemas Agrícolas Tradicionais do Alto Juruá (RSAT Alto Juruá)’ tem como objetivo registrar práticas tradicionais agrícolas da região como sistema importante do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM).
Com prazo de execução de dois anos, as atividades iniciam em junho deste ano e serão desenvolvidas em cinco municípios acreanos, que compõem a bacia hidrográfica do Alto Juruá (Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Porto Walter, Mâncio Lima e Marechal Thaumaturgo), e dois no Amazonas (Ipixuna e Guajará).
O trabalho previsto envolve a realização de pesquisas em campo, oficinas com ênfase em conhecimento tradicional associado à agrobiodiversidade, agroecologia, gênero e diversidade cultural.
“Também vamos reunir documentos sobre a caracterização dos agroambientes, práticas agrícolas e florestais e sobre paisagens culturais manejadas pelas populações tradicionais e povos indígenas, segurança alimentar e conservação da biodiversidade agrícola e florestal, além de aspectos sociobioeconômicos e culturais inclusivos associados ao conhecimento tradicional das populações locais do território do Alto Juruá”,
explica o pesquisador da Embrapa, Amauri Siviero, líder do projeto.
Sistemas Agrícolas Tradicionais (SATs)
Os SATs incluem elementos culturais, históricos, socioeconômicos e ecológicos e constituem um conjunto de saberes, práticas e técnicas produtivas resilientes e sustentáveis, formando paisagens características e manejadas por povos e comunidades tradicionais
Segundo Siviero, nesses contextos de produção tradicional as diversidades culturais e ecológicas coexistem e evoluem em interações transmitidas de geração para geração e envolvem desde o cultivo da terra, a ecologia das plantas e as técnicas de transformação dos elementos da natureza.
“São processos simbólicos e produtivos particulares, que permeiam o modo de vida, de trabalho e as relações culturais e com o ambiente”,
afirma.
Instituições envolvidas
Além da Embrapa Acre, participam da pesquisa, a Embrapa Sede (Brasília/DF) e as Unidades Amazônia Ocidental (AM), Solos (Rio de Janeiro) e Alimentos e Território (Maceió/AL). Também são parceiros do projeto o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista em Botucatu (FCA/Unesp Botucatu), Universidade Federal do Acre (Ufac) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac).
O projeto também conta com o apoio da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa), SOS Amazônia, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) e a Reserva Extrativista do Alto Juruá (PNDS/Resex Alto Juruá).