Foto: Ivo Lima/Ministério do Esporte
Você provavelmente já ouviu alguém usar a expressão “bafo de onça” para se referir a um cheiro forte e desagradável. Mas você sabia que essa expressão tem raízes reais na biologia da onça-pintada (Panthera onca), um dos maiores predadores da fauna brasileira?
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Para entender a origem desse termo, o Portal Amazônia conversou com o biólogo Rogério Fonseca, Doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre.
Segundo o especialista, as expressões ‘bafo de onça’ ou ‘catinga de onça’ não se referem literalmente ao hálito do animal, mas sim ao forte odor que ela exala — resultado de comportamentos ligados à marcação territorial.
“A onça é um animal extremamente territorial. Ela marca os locais por onde passa não apenas com urina, mas também esfregando os órgãos reprodutivos, as costas e até mesmo as patas, que também exalam odores”, explica o biólogo.
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Assim como os gatos domésticos — que, segundo Fonseca, são ‘congêneres das onças’ — o felino selvagem utiliza cheiros para delimitar seu espaço. Essa prática está ligada à comunicação química entre indivíduos da mesma espécie, que podem disputar território ou buscar parceiros reprodutivos. Ao contrário do que muitos pensam, o cheiro não vem apenas da urina, mas de feromônios liberados por diferentes partes do corpo.

E os comportamentos curiosos não param por aí. O pesquisador ainda revelou que há registros de onças interagindo com leguminosas fermentadas, como uma espécie de ‘marula amazônica’ — fazendo uma comparação com a fruta africana que provoca efeitos de embriaguez em alguns animais.
“Indígenas, ribeirinhos e até pesquisadores já observaram onças visitando árvores com leguminosas grandes. A fermentação desses frutos pode produzir algo parecido com álcool, e há relatos de que os felinos parecem gostar”, contou Fonseca, destacando que estudos estão sendo realizados para comprovar cientificamente esse comportamento.